Longe de apresentar candidatos às eleições municipais, a Maçonaria brasileira está a braços com a missão de impregnar os partidos com a doutrina da Ordem, isto é, com os princípios basilares que instruem a formação de seus adeptos desde tempos imemoriais.

O Grão-Mestre Geral, Marcos José da Silva, do Grande Oriente do Brasil, considera que a luta política deve ser travada dentro dos limites impostos pela retidão, a justiça e a tolerância. Trata-se de conduta difícil para não dizer impensável no torvelinho de paixões que envolvem as campanhas eleitorais divulgado em qualquer país.

Dentro de Lojas maçônicas proíbe-se a atividade política partidária para dar lugar à prática da política perene, com exemplo a exatidão da Pátria, do estado de direito, das liberdades, dos direitos humanos, etc. O sectarismo político, como o preconceito racial e o religioso são temas absolutamente verdadeiros nos templos maçônicos.

Sustenta-se que essa aversão ao empate partidário vem do ano de 1832, quando o Grão-Mestre José Bonifácio de Andrada e Silva fez publicar o famoso manifesto onde dizia: “A voz da política nunca mais soará no recinto dos nossos templos, nem o bafo impuro dos partidos e das facções manchará a pureza de nossas colunas”. O que porem não impediu que, três anos depois, o maçom Bento Gonçalves, fizesse de sua Loja, Philantropia e Liberdade, onde era Venerável, o marco inicial de uma revolta que durou dez anos e que ficou conhecida como “Guerra dos Farrapos”.

Eis a parte principal do pronunciamento do Grão-Mestre do GOB, que veio à luz no dia 9 de julho deste ano, ainda antes do início do horário eleitoral: Estamos nos inícios da campanha eleitoral que se estende praticamente a todo País para substituição de prefeitos e vereadores, cujo resultado, de uma forma ou de outra, vai alterar o mapa da configuração do poder político em toda a extensão do território nacional, com impacto maior nas grandes capitais de estado e com exclusão do Distrito Federal.

Assim, a política volta a dominar a vida dos cidadãos, centralizada no jogo dos partidos, no salutar exercício da cidadania e dos direitos civis consagrados na Constituição Federal Brasileira, penhor da pujante democracia que se fortalece e se aperfeiçoa em cada campanha e a cada alternação do poder.

É inevitável, e até compreensível, que paixões políticas, especialmente as da política partidária, dominem a cena eleitoral, em determinados momentos pondo em risco a capacidade de raciocínio equilibrado e a convivência harmoniosa entre pessoas que adotam pontos de vista diferentes no grande processo do controvertido que são as eleições municipais.

Aos Maçons é normal que se envolvam na política partidária e até desejável que se filiem aos partidos, levando para essas agremiações os nobres princípios que governam a nossa formação nas colunas. Sem nunca esquecerem, porém, que vencer as paixões é condição sine qua non para a prática da retidão, da justiça, da tolerância e demais virtudes proclamadas pela Maçonaria.

No âmbito das Lojas e das outras organizações maçônicas, entretanto, é claro que não pode haver política partidária nem anti-partidária, atividades proibidas pelos nossos rituais e pela Constituição do GOB, que considera o sectarismo político incompatível com a universalidade do espírito maçônico.

A política praticada dentro da Maçonaria é a política perene – a exaltação do estado de direito, o culto à pátria, ao patriotismo, à soberania nacional, à liberdade, admitida a correlata responsabilidade para os homens e as nações. A igualdade de direitos entre os homens e os países do mundo. A fraternidade universal, considerada a criatura humana uma gota no oceano da humanidade, e todos, filhos do mesmo Pai.

Oxalá cada Iniciado, durante a campanha que mal começa, saiba levar para os partidos políticos os imemoriais princípios maçônicos e consiga impedir, por todos os meios, que os vícios da política partidária venham a empanar o brilho natural que ostenta através dos séculos a Sublime Instituição.

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