Abóbada celeste, em astronomia, é o hemisfério celeste visível, conhecido popularmente como firmamento. Matematicamente, as observações e medições astronômicas executadas seguem os critérios estabelecidos pelo ramo da matemática denominado trigonometria esférica, que neste caso pertence ao domínio da astrometria, uma parte da astronomia.

ASTRONOMIA E ASTROMETRIA

Em astronomia, a utilização da astrometria permite a substituição de distâncias reais por projeções sobre uma superfície esférica de raio indeterminado (abóbada celeste), demonstrando assim, as distâncias reais entre os corpos celestes.
Foi graças a essa propriedade que os astrônomos puderam alavancar um tipo de sistema que, por se utilizar de medidas micrométricas, dá valor bem próximo das velocidades dos corpos no espaço, apesar das distancias imensas que os separam da Terra.

COORDENADAS ESPACIAIS

A utilização do conceito de abóbada se fez necessária para o estabelecimento de um sistema de coordenadas de espaço e tempo, de forma a facilitar a descrição científica do universo.
Esta descrição é conhecida como astronomia esférica ou astronomia de posição. Através destes conceitos, as posições dos astros podem ser determinadas através do uso das coordenadas esféricas.
Na abóbada celeste, a localização dos objetos é dada pela determinação de suas distâncias em relação ao centro ou origem do sistema de coordenadas e pelos dois ângulos, análogos à longitude e à latitude terrestres, formados pela linha visual do astro com os planos e eixos de referência.

CÍRCULO MERIDIANO

O círculo meridiano é o instrumento mais utilizado para determinar as coordenadas na abóbada celeste; este equipamento contém uma lente montada no plano meridiano do observatório astronômico, a qual é livre para realizar movimentos circulares.
Através deste aparelho é possível medir diretamente a altura de um corpo celeste quando este atravessa a linha do meridiano. Isto ocorre porque estas coordenadas são determinadas, conhecendo-se a latitude geográfica do observatório, o ângulo formado pela linha visual do astro (conhecido como declinação), e o plano da linha do equador, projetados de forma tridimensional na Abóbada Celeste.

INTRODUÇÃO

“No princípio, Deus criou o Céu e a Terra… Deus disse: Haja Luz! E houve Luz… Viu que a Luz era boa e separou a Luz das Trevas… Deus disse: Haja um firmamento… e chamou o firmamento de Céu”. O Céu da Loja em Maçonaria, simbolicamente, representa o firmamento natural e se denomina de Abóbada Celeste.
Platão já nos falava:

“Para crer em Deus basta erguer o olhar para cima”. 
A Abóbada Celeste com seus astros e estrelas tem a função mística destinada a produzir energia e contemplação. 
O Templo significa o Cosmo, é o símbolo da universalidade. Está atribuída à construção da primeira abóbada aos romanos, que tiveram influência dos etruscos e gregos na arquitetura, construindo-a com tal habilidade e beleza que, naquela época, foi considerada como inspirada pelos deuses.
Assim, o teto do templo maçônico é confeccionado em forma de abóboda ou céu com a cor azul celeste predominante, na qual figuram os astros e as estrelas que mais ferem a imaginação do homem. Sabemos que, normalmente, o céu é escuro, sendo o tom de azul o efeito da luz do sol, por isso com o movimento de rotação da terra temos o dia e a noite. Convém salientar que não são quaisquer astros ou qualquer disposição, mas sim determinados astros e numa posição previamente estudada e preparada. A distribuição dos astros e estrelas no teto da Loja variam em alguns ritos. Cada astro e estrela têm sua importância simbólica e merece um estudo mais aprofundado.
A palavra céu vem do latim “caelum” ligado também ao ar, espaço livre, atmosfera. Na verdade o céu é a parte física que vemos, e o firmamento do latim “firmamentum”, onde pela crença de cada um, imaginamos ser a morada dos deuses e anjos.
Cada astro e estrela, uniformemente dispostos na abobada celeste, representam funções e possuem valores místicos próprios, sendo que, no templo destinado à pratica do R∴E∴A∴A∴ existem com 35 (trinta e cinco) astros, cuidadosamente escolhidos, colocados em posição geométrica apropriada, os quais regem os cargos em Loja.

A ABÓBADA CELESTE NOS TEMPLOS MAÇÔNICOS

01) SOL – É a estrela do centro do sistema solar (e pensar que Galileu Galilei quase morreu por defender o óbvio!!!), tem cerca de cinco bilhões de anos e continuará brilhando por mais cinco bilhões de anos. O Sol também é o símbolo do Deus Único, sustentado por Akenaton (faraó egípcio) no século XIV antes de Cristo, numa época em que o politeísmo (vários deuses) era a idéia predominante. No Egito Osíris era representado no Sol; na Síria Adônis era o Sol; na Grécia, o sumo sacerdote conhecido como Hierofante, simbolizava o Sol. No nosso caso não vamos adentrar na figura mitológica do Sol (ex. a lenda do Deus Rá, símbolo do Sol); tendo seu significado para cada povo da Antiguidade. Basta verificarmos o Panteão de deuses e deusas na mitologia grega.
O Sol na Maçonaria aparece no painel de Aprendiz; no avental do Mestre Instalado; na joia do Orador; no oriente da Loja à frente do Trono. É a luz do céu da Loja, representando o Ven\M\ Colocado no oriente e no eixo da Loja – “Assim como o Sol aparece no Oriente para principiar sua carreia e romper o dia, assim o Venerável ali tem assento para abrir a Loja, ajudar os Obreiros com seus conselhos e iluminá-los com suas Luzes”.

02) LUA – “Selene” É o único satélite natural da Terra, tendo exatamente ¼ do tamanho da Terra. Nas antigas Escolas de Mistério, sempre esteve representada. No Egito era a deusa Ísis, patrona dos Mistérios Menores; na Síria, era a deusa Astaroth; na Grécia, Hecate. Na Loja a Lua aparece acima do Altar do Primeiro Vigilante e no Painel de Aprendiz.

03) STELLA PITAGORIS – A estrela Virtual ou Estrela Flamejante, colocada sobre o altar do Segundo Vigilante (O Homem, Deus, Cristo, Buda ou mesmo Hércules, o iluminado que transcende a condição humana).

04) SATURNO – Com seus satélites – É o sexto planeta e o segundo em tamanho, possui três anéis na altura do Equador e mais quinze satélites, dos quais só nove eram conhecidos na época em que os rituais foram escritos. Na Loja, Saturno é representado com seus três anéis e seus nove satélites, exatamente sobre o centro geométrico do ocidente. Saturno rege a cadeia de união. Os seus três anéis representam os Aprendizes, os Companheiros e os Mestres Maçons. Os nove satélites representam os nove cargos: Venerável Mestre, Primeiro Vigilante, Segundo Vigilante, Secretario, Orador, Tesoureiro, Chanceler, Mestre de Cerimônias e Guarda do Templo.

05) MERCÚRIO – Símbolo da astúcia, protetor dos viajantes e dos comerciantes. Identificado como Hermes dos gregos, era filho de Maia e de Zeus (Júpiter) de quem recebeu o encargo de mensageiro dos deuses. Carregava um bastão com duas serpentes enroladas (Caduceu) símbolo da paz (harmonia) e forças opostas. É o menor e mais rápido dos planetas, e também o primeiro e o mais próximo do Sol e por isso representa o Primeiro Diácono.

06) JÚPITER – Era Zeus para os gregos. O maior planeta do sistema solar era o guardião do Direito, o defensor do Estado, protetor das fronteiras e do matrimônio. Júpiter representa a sabedoria, rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre e a felicidade. Júpiter é o astro regente do ex-venerável e por isso fica no Oriente.

07) VÊNUS – É o segundo planeta e o mais próximo da Terra. Surge sempre próximo à Lua (Primeiro Vigilante) e é o astro regente do Segundo Diácono. Conhecido ainda hoje como “Estrela Vésper”, a primeira a aparecer no céu, Vênus era o “Mensageiro do Dia”, anunciava a hora de começar e de encerrar o período de trabalho.

08) ARCTURUS – Estrela Alfa da constelação de Bootes. Por sua posição junto à Ursa Maior é conhecida como a “guardiã do Urso” e correspondente ao cargo de Orador, guardião do Oriente. Sua posição é em cima da grade do Oriente.

09) ALDEBARAN – Estrela Alfa da constelação de Touro, as quais pertencem as Plêiades e as Hyades. Na abóbada maçônica rege o cargo do Tesoureiro.

10) FOMALHAUT – Alfa Piscis Austrinis – em latim significa peixe do sul, é aqui uma correlação com a coluna zodiacal dos peixes. Fomalhaut é uma palavra árabe que significa “a boca do peixe do sul”, o que se aplica ao cargo de Chanceler.

11) REGULUS – Alfa Leonis é a estrela mais brilhante na constelação de Leão. Na Astrologia, Regulus sempre manteve posição de comando. Ela dirige todos os trabalhos do paraíso. Foi Nicolau Copérnico quem a batizou com o nome Regulus, que significa “Regente”. Correspondente ao cargo de Mestre de Cerimônia.

12) SPICA – Alfa Virginis, em latim, “a Espiga”, é a estrela gerente do cargo de Secretário. Por outro lado, os primitivos instrumentos de escrita usados pelos gregos e romanos não eram penas, mas canetas feitas de caules ocos de vegetais chamadas de “Spícula”.

13) ANTARES – Alfa Scorpii, a estrela vermelha gigante. Durante muitos séculos, a maior estrela conhecida. Às vezes confundida com Marte, razão do grego chamá-la de “O Rival de Marte”. Tanto Antares como Marte, são vermelhas e, ocasionalmente, aparecem próximas. Por essa razão, Antares é conhecida como o astro regente do Guarda do Templo.

Existem, ainda, representadas na Abóbada Celeste do Templo Maçônico, quatro grupos de estrelas pertencentes a quatro constelações, sendo elas: 

01) ORION – Constelação equatorial é formada por quatro estrelas brilhantes com uma linha de três estrelas que formam o “Cinto de Orion” e são popularmente conhecidas como “as Três Marias” ou “os Três Reis Magos”. No Teto do Templo só são representadas as três estrelas, porque representam a idade do Aprendiz, que ainda não tem o domínio do espírito sobre a matéria. Na tradição árabe mais antiga, Orion era chamada de “A Ovelha de Cinto Branco” e o avental de Aprendiz era feito, na sua origem de pele de carneiro. As três estrelas de Orion são regentes dos Aprendizes.

02) HYADES ou HÍADAS – É o notável grupo de cinco estrelas formando a ponta de uma flecha na constelação de Touro. As Híadas são as regentes dos Companheiros.

03) PLÊIADES – É um outro grupo de estrelas da mesma constelação de Touro. São também conhecidas como “As Sete Irmãs”. Elas regem os Maçons, a paz, plêiade de homens justos.

04) URSA MAIOR – É considerada a constelação mais antiga. No teto da Loja são Representadas as sete estrelas mais importantes que formam a “Charrua”. A última estrela da cauda da Ursa Maior é ALKAID, também conhecida como BENETNASCH; ambos os nomes fazem parte da frase árabe “QUAID AL BANAT AD NASCH”, que significa “A Chefe dos Filhos do Ataúde Mario”. Este nome provém da concepção árabe mais antiga, que representava a Ursa Maior como um caixão e três carpideiras. Esta interpretação interessa à Maçonaria, pois a representação egípcia coincidia com a arábica, de um sarcófago (de Osíris) e sua viúva (Isis) e o filho da viúva (Orus) em procissão fúnebre.

Ao todo contamos 35 (trinta e cinco) astros existentes na ABÓBADA CELESTE DO TEMPLO MAÇONICO, ressaltando a ausência do planeta Marte, o qual para os gregos era o deus da guerra e, como tal, não poderia figurar entre aqueles que buscam a paz e a harmonia universal, por isso foi para o átrio, o reino profano dos tumultos e das lutas. 
Por essa interpretação, Marte tem a incumbência de “cobrir o Templo”, sendo o astro do Cobridor Externo, enquanto, do lado de dentro do Templo foi colocado Antares, do Cobridor Interno, para garantir a fronteira entre o mundo iniciático e o profano.

CONCLUSÃO

Poderíamos concluir afirmando que, esse céu representado em nossos Templos é o do Hemisfério Norte. Sim, é verdade, no Hemisfério Sul o nosso maravilho céu é diferente, entretanto, a origem de nosso Rito nos leva às belezas vislumbradas e estudadas pelos nossos valorosos irmãos que nos antecederam e a eles devemos nosso respeito e gratidão.
Assim, a Abóbada Celeste existente nos Templos Maçônicos preparado para a prática do R∴E∴A∴A∴, estejam eles no Norte ou no Sul, se caracteriza numa gigantesca e inesgotável fonte de pesquisas e estudos, razão de nos levar as mais brilhantes viagens mentais, ou mesmo, de forma simples, vibrarmos unidos em contemplação do belo firmamento a nos elevar espiritualmente.

Bibliografia:
01) Ritual de Aprendiz Maçom, do REAA, de 1804, 1904 e 1927
02) Astronomia na Maçonaria, do Blog Luz do Universo 1953
03) A Origem da Maçonaria – David Stevenson – Editora Madras
04) O Firmamento, o zodíaco e a abobada celeste, brilhantemente exposto no blog do Mestre Maçom da GLMDF, Irmão Jose Roberto Cardoso (joseroberto735.blogspot.com.br)
05) Trabalho produzido pelo Mestre Maçom, Cadastro 2554-GLMDF, Antonio Rodiguero, o qual autoriza a reprodução e divulgação, desde que, seja mantida a integralidade do texto.
06) https://pt.wikipedia.org/wiki/Abóbada_celeste
07) http://conhecendomaconaria.blogspot.com.br/2012/05/aboboda-celeste.html
08) Símbolos Maçônicos e suas origens Assis Carvalho Ed. A Trolha
09) Comentários ao Ritual de Aprendiz, vol. 2 e 3, Nicola Aslan Ed. A Trolha
10) Grau do Aprendiz e Seus Mistérios Dr. Jorge Adoum Pensamento
11) Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom- Edit. A Gazeta Maçônica – 1a. ed. – 1985 – 2a. ed. 1992
12) Maçonaria, um estudo completo Júlio Doin Vieira Ed. A Trolha
13) Maçonaria Simbólica Raul Silva Pensamento
14) Iniciação à Astronomia, Vol. 1 e 2 Euclides Bordignon Ordem Rosacruz
15) Instruções de Aprendiz Adonhiramita GOSC
16) Ritual de Aprendiz Adonhiramita GOSC
17) Bíblia de Jerusalém Ed. Paulinas.

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ARLS União Ipuanense n° 3580 GOB/GOSP Oriente de Ipuã

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