Dia 04 de maio de 2010 assisti a um debate na TVE, em um programa chamado Direito e Literatura, sobre a obra de Arthur Miller, intitulada ‘As Bruxas de Sallem’, que me motivou a parar para pensar e juntar o que eu tinha de idéias sobre a Verdade, lembrando que um dos objetivos da Maçonaria é a Busca da Verdade e então passei a refletir um pouco sobre o que é a Verdade? Onde ela está? Com quem? A quem ela pertence? De que forma ela é?

Qual a sua natureza?

Do que penerei de minhas memórias, compreendi que a Verdade é construída por um molde de três itens: a) tempo; b) espaço e c) ótica. Os dois primeiros são objetivos, não merecendo maiores delongas. Conforme o lugar e a época em que posicionamos o foco, a Verdade será uma ou outra. O terceiro item é subjetivo, carregado de conhecimentos e sentimentos produzidos por um juízo de valor, conforme a bagagem de informações e emoções armazenadas em nossa mente e espírito.

Entendi então que a Verdade é construída por meio de um discurso, feito pelas pessoas que detém o poder em determinado tempo e espaço, sendo este poder exercido pelos mais fortes, mais inteligentes ou mais bem aquinhoados – Karl Marx já dizia em sua obra ‘O Capital’, de que a Verdade que conhecemos é a verdade dos vencedores. Ou seja, vence quem é mais forte, mais inteligente ou mais poderoso economicamente, enfim.

Assim, em um determinado tempo e espaço, quem detém o poder exerce o direito de dizer qual é a Verdade, conforme o seu ponto de vista, de acordo com os seus interesses.

Prosseguindo, questionei-me se seria possível existir mais de uma Verdade para um mesmo objeto em análise no mesmo tempo e espaço? Penso que sim, acompanhando o que o colunista do Jornal Correio do Povo, Juremir Machado da Silva reproduziu sobre Pascal, filósofo francês do séc. XVII, “que o contrário de uma verdade profunda pode não ser um erro grosseiro, mas outra verdade profunda”.

Se Pascal estiver certo, o encontro da verdadeira Verdade ou da Verdade plena pode muitas vezes não ser atingido, pois cada pessoa pode ter em si a sua Verdade. E se cada um possui a sua Verdade e se as Verdades não são erros grosseiros, o trabalho do observador deve então ter como meta aglutinar todas estas Verdades, para, ao aglutiná-las, adquirir o conhecimento das várias Verdades existentes sobre o objeto analisado. Em conseqüência, verificar-se-á que o observador poderá ter o molde do tempo, o molde do espaço, mas faltar-lhe-á o molde da ótica, ou seja, o seu ponto de vista, carregado de informações e sentimentos que fariam com que o observador tomasse sua posição. Nesta situação, torna-se o observador um maçom melhor, pois seu nível de tolerância eleva-se. Seria o observador um ser humano com conhecimento pleno de todas as Verdades existentes e possíveis sobre determinado objeto analisado, Senhor de Si e de Sua Consciência, mas não Senhor da Verdade.

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