menta: Se você não fizer com que haja flores ao entorno de sua casa, decerto as lindas borboletas irão adejar noutros jardins.

pessoas desejam ter notícias das outras, pois é próprio do humano recordar. Para atender a esse sentimento, não se exigem escrituras de muitas linhas, uma cartinha basta. O amigo distante, o filho em viagem, a namorada cheia de paixão, o parente atencioso escrevem cartas. Elas são, portanto, um instrumento íntimo. Não são um meio para atender a curiosidades dos muitos. A não ser em casos excepcionais, como a “carta” em que o Presidente Vargas anunciou sua “entrada na História”.

O jornal também é um meio de veicular notícias. Uma espécie de carta exagerada, escrita não por uma, mas por várias mãos. Os jornais existem, não por causa dos saudosos, porém, reparando bem, para saciar curiosidades. Coletor e revelador que é dos acontecimentos para os muitos. E como as notícias ficam registradas, deveriam ser magras, narradas sem o exagero dos adjetivos. A fonte sindicada à exaustão, para amanhã evitar seu desmentido. O jornal guarda os fatos, cuja ressurreição tem o nome de História. Daí a intransigência no respeito à verdade, a partir do que se tornarão importantes o jornal, a revista e o papel da imprensa como um todo na sociedade.

Todavia, este jornalismo, desprovido do sensacionalismo que aguça a curiosidade, infelizmente, não tem prosperado. Mais tem crescido um jornalismo alimentado pelos escândalos, pelas fofocas, pela falação da vida alheia. E, quando menos se espera, voltado para a ajuda a amigos palacianos… São motes que, repito, vão ao encontro da curiosidade. Realmente, tirando as mordidas dos pittbuls que dilaceram rostos de lindas mocinhas e frágeis idosos, não há interesse em saber que o cão mordeu a perna do homem. Agora, noticie que a mocinha da novela, em seu passeio à margem do Paranoá, mordeu a perna do cachorro! Inusitado, hein? Todo mundo está curioso e quer saber que tipo de fome é esta. Ou se carne crua canina é tônico da longevidade!

Alega-se que o jornal é produzido por uma empresa. Negócio que precisa de resultados financeiros, dado que paga imposto, paga funcionário, paga insumos, e outros custeios de funcionamento, como também remunera o capital investido em máquinas, equipamentos, móveis e utensílios, formação tecnológica etc. e ao término de cada exercício está sujeito à distribuição de dividendos – a parte doce do capitalista. E aonde, e como ir buscar esses resultados financeiros, senão na maior aceitação do produto pelas comunidades a que o jornal é o informante dos fatos! Então, quanto mais escândalo, mais fofoca, mais vida alheia, mais o produto é vendido.

O movimento de jornais impressos tem crescido. Isto não é ruim. Isto é muito bom. Porque havia uma desconfiança de que o advento da internet iria fazer definhar a tiragem dos jornais impressos. Não resultou verdadeiro esse pressuposto. Grandes investimentos têm sido feitos no setor. E a grande imprensa tem se tornado maior ainda, com a melhor expectativa de crescimento nos tempos vindouros. É possível até que o financiamento desse crescimento não seja apenas pelo aporte da reinversão dos lucros, mas através de grandes empréstimos, o que atesta a crença dos empreendedores do setor num futuro alvissareiro.

Quero fechar esta parte dedicada ao segmento profano da imprensa, repetindo notícia divulgada no quinzenário INFORMABIM 215, onde se lê que “Em dezembro do ano passado, jornalistas de todo o Brasil estiveram reunidos no Recife, para uma breve discussão sobre o papel do jornal em nossa contemporaneidade. Disse um de seus participantes de densa representatividade e experiência, que por sua destinação não há como substituir o jornal impresso. A quantidade de leitores cresce em cada ano, o que tem fomentado maiores investimentos no setor e estimulado a melhora da qualidade do produto final, com um ganho considerável para o leitor.

Em 2006, as vendas de jornais comparadas com a do ano anterior, cresceram de dois e meio por cento no mundo, e de SEIS e meio por cento no Brasil. Em 2007, os resultados foram muito mais confortáveis, com as vendas crescendo de três por cento no mundo, e de ONZE vírgula oito por cento no Brasil.”

Esta notícia da Associação Mundial de Jornais, destacou o Informabim 215, deixa-nos felizes, porque nos desperta para a realidade de que mais brasileiros estão lendo e contribuindo para a formação do hábito da leitura. Embora, com todos esses ganhos financeiros, a ganância pelo lucro tenha retirado de circulação os cadernos de literatura que circulavam com os grandes jornais, aos domingos, e que era o estímulo e o reconhecimento que se atribuíam aos nossos escritores. Aí, convenhamos, o cachorro mordeu o homem. E não foi notícia …

Agora, falemos dos jornais e revistas dos maçons, na atualidade, que é o foco desta nossa conversa.

A imprensa maçônica é diferente da imprensa profana. O jornalista da imprensa profana é o empregado da organização. Tem a sua ação pautada, e quando recebe a incumbência de escrever algo sobre determinado e importante personagem, seu primeiro questionamento, antes de ir ao computador, é saber do patrão: “contra ou a favor?” O jornalista maçom não tem sua ação pautada. Ele não é um empregado. É o proprietário do jornal. Ademais, não nos destinamos apenas à informação. Nosso papel é sempre o de contribuir para o alavancamento moral da sociedade. Nosso papel, portanto, é missionário: instrumentalizar a maçonaria.

Nossa imprensa não vem de grandes conglomerados. São parcos seus recursos financeiros. Não existem ganhos monetários para a quase totalidade dos empreendedores. E os que já chegaram ao estágio de empresa – micro – não têm esses ganhos maiores. A remuneração básica é o amor à Ordem.

Constata-se, em nossos dias, porém, que há uma vontade muito acentuada de expansão. É como ensinava Peter Drucker: “Só existe uma saída para os pequenos. É tornarem-se grandes”. Agora, para que isto aconteça, há uma grave e urgente decisão a ser tomada pelos responsáveis pela Ordem, que precede o encaminhamento da ação da imprensa.

É preciso definir-se: a Loja é o limite? Ou a Loja é a vertente? A Maçonaria é só iniciática? Ou é também filantrópica? A sua ação é apenas templária? Ou é também comunitária? Então, é necessário e com urgência ver isto. Talvez ver como o apóstolo Tiago: “a fé nada vale sem as obras”.

Vale a pena fazer uma reflexão, nem que seja pequena. Estou na maçonaria, por quê? Porque amo a maçonaria e quero viver segundo os seus princípios ou porque eu quero tirar proveito da maçonaria? Para muitos, isto aqui é uma sociedade de ingênuos que disponibilizam de grandes fundos, e que um cara esperto, uma vez recebido em seu seio, terminará por tirar proveito desta circunstância. É possível que haja alguém na comunidade com esta presunção. Entra na Ordem, mas quando constata que não é assim, que os grandes fundos são outros, não são de caráter financeiro, caem fora (felizmente). Mas saem atirando contra a maçonaria e os maçons (infelizmente). Frei Caneca, em sua X Carta de Pitia a Damão, começo do século XIX, já denunciava este assunto. Diz que há dois tipos que falam mal da maçonaria: os que não conseguiram entrar, e os que dela foram expelidos, dado não terem encontrado ambiente para suas escusas pretensões.

Podemos dizer que a imprensa maçônica não se restringe a informar. Na realidade, o jornal maçônico tem compromisso com a preservação da cultura da comunidade em que circula e muito mais ainda tem o dever de lutar pelo aperfeiçoamento das relações sociais.

Está se exaurindo o tempo em que a maçonaria era noticiada como uma coisa abominável, que se prestava ao mal. A imprensa profana, com seus instrumentos poderosos de investigação, até que nos tem sido útil, porque se esta coisa ruim fosse verdadeira, tudo à luz do escândalo, já estaria do conhecimento público.

Mas está ficando um vácuo. O falar mal tem diminuído. Porém, aqui e ali, começa a se ouvir a pergunta: “a maçonaria ainda existe?”. Agora é preciso estimular o nascimento da curiosidade a nosso respeito. É preciso reinventar a curiosidade sobre a maçonaria. Porém, ter o cuidado de mostrar a maçonaria tal como a maçonaria é: uma sociedade de homens arrojados, líderes, que se destinam ao bem, livres, de bons costumes, homens de ação pela iniciAÇÃO, pela elevAÇÃO, pela exaltAÇÃO.

É preciso vigiar, porque o inimigo não dorme. Aliás, neste particular, o próprio maçom é danado para contribuir. Vejamos o seguinte: pesquisa-se 10, 15 anos nas fontes da mais profunda credibilidade. Escreve-se um livro, contendo cristalinas verdades maçônicas. Dois ou três lêem… Raro será o comentário. Todavia, um malandro, sem grana, escreve uma porcaria de livro, em linguagem chula, e alardeia que naquele livro encontra-se a verdade sobre a maçonaria, que ali estão revelados todos os segredos, que a maçonaria é realmente um condomínio dos demônios, que um Papa de nome Jabicó 99 excomungou todos os maçons. Aí não sobra um exemplar em prateleira alguma. Não sobra um sequer nem pra se fazer um chá. Vende-se tudo e se vende especialmente aos maçons que, como formiguinhas saem dizendo um ao outro: “Viu? Li e estou muito preocupado. Não sei como minha mulher vai ver essa história”. O malandro enriquece. Sai da região. Espirrando dinheiro por todos os poros, compra uma mansão do “outro lado da luz” e vai desfrutar a vida engordada pelos fundos financeiros dos ingênuos…

Então, se o maçom realmente ama a maçonaria, tem que atender às exigências de Tiago:
torná-la obra, torná-la ação. Entrou na maçonaria? Ame a maçonaria. Seja como o novo rico: exibicionista da maçonaria. Rasgue o casulo, como tenho pregado.

A imprensa maçônica tem contado com o estímulo da ABIM. A ABIM não tem faltado com a sua presença e seu estímulo. Todos os senhores são testemunhas disto. Os objetivos têm sido alcançado. A demolição dos muros começa com sua atuação. Graças ao Informabim, tudo são pontes. As notícias de todas as Obediências à disposição de todas as Obediências. Na maçonaria brasileira, a imprensa maçônica não tem jornalistas. Tem grandes pontífices. A profecia de James Anderson, enfim se verifica: a Maçonaria é “um centro de união”.

Podemos dizer, com satisfação, que já existe uma grande imprensa maçônica. Quer dizer: não tão grande… mas dentro de nossa realidade, grande. Trata-se do setor ocupado pelas revistas maçônicas. Empresas organizadas e legalmente habilitadas. Umas microempresas, outras sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Mas já organizadas, com um produto final de excelente qualidade e de circulação a tempo certo.

Sem financiamento do governo, nem espaço vendido para a propaganda absolutamente desnecessária de que temos o “aquífero guarani”.

Refiro-me às revistas (em circulação) Na Sombra da Acácia (Santarém/PA), o Jornal do Maçom (Bahia), o Malhete (Minas Gerais), Astréa e Engenho & Arte (Rio de Janeiro), 7º Milênio, A Verdade, A Palavra Maçônica e Universo Maçônico (São Paulo), A Trolha (Paraná), O Prumo (Santa Catarina), O Vigilante e Acácia (Rio Grande do Sul), Consciência (Mato Grosso do Sul), Jornal da Grande Loja, União de Goiás e Liberte (Goiás), Egrégora e Zenyte (Distrito Federal). São revistas editadas por Potências Maçônicas ou Empresas organizadas por maçons que se igualam em padrão e qualidade às melhores do País, de origem profana. Contudo, a messe é muito grande e pouquíssimos são estes operários.

Também referências especiais merecem os jornais maçônicos do mundo brasileiro. Dentre eles, são exemplos os periódicos: O Confrade, O Maçom, O Historiador, do Estado do Maranhão; a Voz do Templo, de Mossoró, Rio Grande do Norte; o Revérbero Maçônico, de João Pessoa, na Paraíba; o Novo Tempo, de Pernambuco, o Dia a Dia da Academia, Recife; O Vigilante, de Sergipe; O Malhete, do Espírito Santo; o Pesquisador Maçônico, O Unificador, Três Pontos, O Obreiro, A Voz do Escriba, O Cinzel, do Rio de Janeiro; O Aprendiz, o Espirro do Bode, o Berro do Bode, O ZZé, Arte Real, de Minas Gerais; A Tribuna Maçônica, A Gazeta Maçônica, O Aprendiz, O Companheiro, IOD, Folha Maçônica, Universus, Ampulheta, de São Paulo; O Cavaleiro de São João, do Paraná; O Adonhiramita, O Vigilante, o Jornal do Supremo Conselho, de Santa Catarina; Chico da Botica, O Delta, do Rio Grande do Sul; A Palavra, Alavanca, do Mato Grosso; Tijolo, de Brasília; Águia do Planalto e Liberdade e União, de Goiás.

São jornais associados à ABIM, circulando notícias da atualidade, divulgadores de bons artigos, lay out moderno. São produzidos, muitos deles, há muitos anos, às expensas de seus editores. Jornalistas que nesta atividade, exercem o sacerdócio. Trocam o lazer pelo amor à Ordem, parecem João Batista, segundo dizia Vieira. Quando perguntavam seu nome, ele respondia com o que fazia. Assim é o jornalista dos feitos da Ordem. Se lhe perguntam, qual é o seu ofício? Responderá de pronto: amar a maçonaria.

Mas neste tempo de fazer nascer a nova curiosidade pela maçonaria, torna-se necessário mais efeito demonstração, mais maçonaria na vitrine, mais maçonaria em ação, interagindo com a comunidade.

Para isto, cada Loja maçônica deverá ter o seu jornalzinho. Uma newsletter no mínimo. Um pequeno jornal tamanho ofício com 4 páginas em P&B, divulgando o que é a Loja Maçônica, o que faz um maçom. Que projeto filantrópico a Loja está desenvolvendo na comunidade. Quem são os maçons de minha Loja, sua família, aniversário, momentos de felicidade. Todo mês, mil exemplares na comunidade. Para uma Loja de muitos obreiros, um periódico mais robusto, de muitas páginas, cobertura regional, um quinzenal, em policromia. Vamos ousar que dá certo. Pior era a situação de Moisés. Ao ser convocado pelo Grande Arquiteto do Universo para retirar o povo de Deus da escravidão em que se encontrava, temeu, declarando-se frágil até na comunicação. Mas o Senhor mandou-o ousar, dizendo-lhe: “serei contigo”. E deu certo.

A Maçonaria é boa demais para ser somente minha. Jamais esqueçamos disto.

Gente, a candeia acesa (recomendou nosso Padroeiro, o Evangelista) não se coloca debaixo da cama. Coloca-se em local amplo, de modo que possa os muitos iluminar. Ou como ensinava Chacrinha: quem não se comunica se trumbica.

Agora, se o ilustre irmão, realmente, gosta das borboletas em seu convívio, não fique de braços cruzados! É partir para semear roseiras ao entorno de sua casa, senão as borboletas não chegam. Irão adejar, alhures, em outros jardins.

Palestra do Irmão António do Carmo Ferreira, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa Maçônica e Grão-Mestre do Grande Oriente Independente de
Pernambuco, durante o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica, realizado em Brasilía, nos dias 8, 9 e 10 de abril de 2010.
Fonte: blog do palestrante: http://domcarmo.blogspot.com.br

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