INTRODUÇÃO

A Maçonaria, como Ordem Iniciática Universal, é apresentada como uma comunidade fraterna, composta por uma hierarquia rígida, constituindo-se de homens de bens que se consideram e se tratam como irmãos. Sua forma de ingresso é através do voto. Une-se em pequenos grupos, reunindo-se em local denominado de Lojas ou Oficinas. Seus objetivos são claros e bem traçados: cumprirem sua missão a serviço de um ideal, o ideal maçônico congregado pela tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

A maçonaria não professa nenhuma religião, mas adota templos onde desenvolve um variado conjunto de cerimônias ritualísticas que se assemelham a um culto, dando feições diversas aos diferentes ritos. Os Ritos adotados visam despertar no Maçom o desejo de penetrar no significado profundo dos símbolos e das alegorias, de modo que os pensamentos velados neles contidos sejam decifrados e elaborados. Fomenta sentimentos de tolerância, caridade e de amor fraterno. Como associação privada e discreta que é, ensina a busca da Verdade e da Justiça.

Tem como preceito básico utilizar-se de rituais como método pedagógico de aprendizado, sendo o ritual uma representação teatral dramática de um fato histórico, ou algum momento marcante que visa despertar no iniciado um conhecimento embutido, ou simplesmente uma ideia essencial, oculta no impacto visual do desenvolvimento ritualístico.

DEFINIÇÃO (rito-ritual-ritualística)

Rito é um procedimento, uma regra cerimonial, que é determinado por uma autoridade com poderes para tal. Procurando uma definição mais precisa, vamos nos valer da definição dos nossos dicionários, que o definem como sendo:

“As regras e cerimônias que se deve observar na prática de uma religião; qualquer cerimônia de caráter sacro ou simbólico que segue preceitos estabelecidos”.

Por ser previamente estabelecido, o rito é formal, podendo ser transmitido de forma verbal, sendo oral ou escrito em um livro, manual ou código, formando assim o Ritual.

O Ritual também será definido conforme nossos dicionários:

“Livro que contem o conjunto de práticas consagradas pelo uso e/ou normas, e que se deve observar de forma invariável em ocasiões determinadas; cerimonial”.

Ritual, portanto, é o livro que contém o conjunto de ordens, regras, orações, símbolos e formas para colocar em prática o rito, ou seja, são as formas de conduzirem, com procedimentos e cerimoniais anteriormente estabelecidos, todas as cerimônias de um determinado Rito.

Ritualística é praticar o ritual, ou seja, quem se ocupa de ritos, ou simplesmente aquele que sobre eles escreve ou apenas o pratica.

OS RITOS E A MAÇONARIA

O uso de Ritos faz parte da essência e da natureza humana, algo instintivo e profundamente enraizado. Desse modo, o Ritual está presente nas cerimônias religiosas, nas preces e em outras cerimônias com as quais estamos acostumados no nosso dia a dia, incluindo Batismo, Casamento, Funeral, Júri e muitas outras.

O rito influencia a inteligência emocional, algo que só recentemente a Ciência passou a dar importância: aquele espaço que está entre a Razão e a Emoção, ou seja, o ponto por onde os sentimentos e emoções estimulam a Razão. Um rito bem elaborado e bem executado pode motivar e ajudar no desenvolvimento do indivíduo, abrindo-lhe novos horizontes, bem mais amplos, muito mais que qualquer curso com longas e trabalhosas horas de estudos.

No início, os rituais, em especial o maçônico, se transmitiam de forma verbal, e dessa maneira deveriam ser decorados, resguardando, portanto, o sigilo maçônico e, consequentemente, a perpetuação do rito, fazendo com que o mesmo permanecesse imutável.

A partir do momento que o Rito passou a ser escrito, começou a quebra do sigilo, a proliferação dos ritos, além da deturpação ritualística. A proliferação de Ritos acabou gerando práticas heterogêneas, ou seja, perdeu-se a característica do Rito original.

Os ritos maçônicos são os conjuntos de regras e procedimentos empregados nos cerimoniais litúrgicos das Lojas ou Oficinas Maçônicas. Emprega sempre símbolos e lendas para representarem princípios de moral e determinadas ideias conceituais. É também uma forma de preparação para aquisição de conhecimento, forma de despertar a atenção para os aspectos da vida interior.

Hoje percebemos que a maioria dos irmãos decora o ritual, sem a preocupação com a essência. Acostumam-se mecanicamente às ritualísticas maçônicas, esquecendo, de dar continuidade aos estudos dos rituais, extraindo dali todo conhecimento possível de se obter.

A maçonaria mundial conta hoje com mais de 150 ritos reconhecidos no mundo, sendo que no Brasil destacamos apenas 05 ritos: os ritos York, o Escocês Antigo e Aceito, o Francês ou Moderno, o Schroeder e o Adonhiramita.

Uma Loja de São João justa e perfeita representa simbolicamente o Universo, com suas leis, sua hierarquia e seus poderes de governança. No rito maçônico, a partir da abertura da loja até o seu fechamento, executa-se simbolicamente o ciclo de início e fim de uma atividade progressiva, evolutiva, que é o principal objetivo maçônico.

É através do Rito Maçônico que seus participantes se aproximam e entram em contato com a força criadora do Universo na figura do GADU, capacitando o maçom a colaborar humildemente na consagração diária do Universo, visando à transformação do mundo em algo melhor, sempre pensando na manutenção de nossa vida, nossa existência.

Mas por que usar um Ritual na Maçonaria? Além de ser uma forma de aprendizado, usa-se o ritual para a certeza de que todos os oficiais da loja saibam exatamente o que falar e fazer. O Ritual está enraizado na tradição Maçônica, que o usa da mesma forma que o ator usa o “script”. Por que os trabalhos se iniciam, transcorrem e terminam da mesma maneira todas as Reuniões? É essa repetição que nos leva a apreciar com mais clareza as belezas de nossas cerimônias. Alguns autores afirmam que, sem o uso do ritual, com certeza a maçonaria universal deixaria de existir.

Embora os Maçons afirmem se tratar de propósito primordial da corporação o respeito às preferências político-partidárias e religiosas dos seus obreiros, desta forma, desestimulando discussões sobre os temas não desconhece que os ritos são espelhos de movimentos coletivos empreendidos por setores da sociedade vinculados a uma religião e/ou a escolas filosóficas e culturais, em evidência nos séculos XVII e XVIII.

São muitos os fatores de época e de conhecimentos que contribuíram para a configuração dos principais rituais maçônicos. Em meados do século XVIII foram criados sistemas que organizaram ritualmente a Maçonaria. Na França, por exemplo, surgiram mais de 75 desses sistemas. A partir de 1760 começou o período de implantação da metodologia interna da Maçonaria. Foram elaborados ritos por justaposição ou por fusão de sistemas. Somente após essa fase é que apareceram rituais manuscritos para a formalização dos procedimentos como um culto.

CONCLUSÃO

Concluindo, fica claro que o ritual tem como objetivo transmitir uma mensagem, e, para alcançar esse objetivo, sua apresentação necessita de dedicação, ordem e organização. Sua função vai além de sua beleza visual. É através da prática ritualística e dos estudos dos Ritos que tocaremos a nossa consciência, pois é aí que reside a verdadeira função ritualística e todo seu ensinamento.

É através de seus ritos que a maçonaria tenta transmitir aos seus membros o seu conteúdo, gerando, com isso, a transformação individual. Portanto, não devemos nos achar estranhos por adorarmos uma sociedade secreta cheia de segredos ritualísticos, mas respeitá-la e amá-la. Não só a instituição maçônica, mas também seu rito, pois recebemos a contrapartida, ou seja, todo ensinamento que a ordem nos propicia. É esse o elo entre o maçom e a grande alma maçônica.

É na maçonaria que erguemos templos à virtude e cavamos masmorras ao vício, pois somente assim poderemos ser unidos, para que, de forma conjunta, possamos buscar o ideal da verdadeira fraternidade, que é encontrada por aqueles que são sábios e virtuosos.

Sejamos, portanto, parte da maçonaria para assim poder compartilhar de todo seu ensinamento, que nos é transmitido nas lições educativas da ritualística, através de seus diversos Ritos.

BIBLIOGRAFIA

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CASTELLANI, José. Curso Básico de Liturgia e Ritualistica. 1ª.Ed. São Paulo: Editora Trolha, 1991.
MACNULTY, W. Kirk. Uma Jornada por Meio do Ritual e do Simbolismo. São Paulo: Madras. 2006
FUKER, Josef A.V.K. Rituais e Símbolos. Disponível em: http://www.solbrilhente.com.br. Acesso em: 20. abril 2010.
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MARCON. Gilberto Brandão: Maçonaria: aprendizado pela ritualística: Disponível em http://www.recantodasletras.uol.com.br
Acesso em 04 maio de 2010.
OUTEIRO, Edson Luiz. Aspectos do Ritual de Iniciação.
Disponível em: http://www.guiadomacon.com.. Acesso em: 04 maio 2010.

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ARLS Estrela da Franca, nº 3962 Oriente de Franca • GOB/SP

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