Nós, maçons, utilizamos após algumas letras três pontos em forma triangular. Essa maneira de pontuar é adotada principalmente como uma forma de abreviação de palavras de uso constante.

Inicialmente, sobre o tema é importante destacarmos que o emprego dessa abreviatura não pode ser indiscriminado, devendo obedecer algumas regras, quais sejam:

A) A tripontuação somente deve ser utilizada como abreviatura após a letra inicial de uma palavra, quando esta palavra não pode ser confundida com outra;

B) Havendo essa possibilidade é preferível utilizar-se a primeira sílaba ou as primeiras letras, como p. ex. Apr.’., para evitar a confusão com Altar, Arquiteto, etc.;

C) Todavia existem palavras consagradas pelo uso que podem não obedecer à regra acima, p. ex Mestre que é abreviado simplesmente como M.’.;

D) Ao tempo que, quando são abreviadas várias palavras, em regra, deve ser empregada apenas a inicial de cada;

E) Por fim, o plural das palavras faz-se dobrando a primeira letra. Em relação à origem desse sinal temos que os povos antigos já utilizavam a linguagem abreviada. Por exemplo, Xenofontes1, servia-se de signos particulares para reter o conhecimento das palavras proferidas por Sócrates. As abreviaturas eram tão comuns nos manuscritos do século VI que o Imperador Justiniano foi obrigado a proscrevê-las.

Do mesmo modo, a partir do século X, as abreviações eram tão utilizadas que em 1304, Filipe O Belo, rei da França, publicou uma ordenação para proibir em atas notariais e nos autos jurídicos o uso de abreviaturas. Os três pontos utilizados na maçonaria têm, portanto, sua origem nas abreviaturas, tradição antiguíssima que foi trazida até nós ao longo dos anos. Dessa forma, inicialmente, o emprego da abreviatura em documentos maçônicos deve ter sido sugerido pela preocupação como segredo. 1 historiador grego, século V a. C. Entretanto, posteriormente a sua origem, os três pontos passaram a ser relacionados a outros símbolos maçônicos, recebendo interpretações esotéricas e começaram a ser usados na assinatura dos Maçons.

Assim, os três pontos tornaram-se, um símbolo maçônico, o símbolo da DISCRIÇÃO, o que constantemente é trazido à lembrança de nós maçons no momento em que apomos nossas assinaturas em qualquer documento.

Ao mesmo tempo em que os três pontos, na forma de triangulo eqüilátero, produzem o triangulo, primeira figura das superfícies geométricas e aquela de deu origem a trigonometria, base de todas as medidas. Os simbolistas dão ao triangulo a idéia de eternidade ou de Deus, sendo que os três ângulos significam para eles Sabedoria, Força e Beleza atributos de Deus.

Esse símbolo pode representar também o Sal, o Enxofre e o Mercúrio que, segundo os hermetistas2, eram os princípios da obra de Deus, ou ainda, representa as três fases da revolução perpétua: nascimento, vida e morte.

Nesse sentido o triangulo, a mais simples das figuras geométricas, tornou-se a representação gráfica da idéia ternária a qual está ligada a: (i) pai, mãe e filho; (ii) passado, presente e futuro; (iii) dia, noite e aurora; (iv) sentir, pensar e agir; (v) vontade, sabedoria e inteligência. Destaca-se ainda a existência de centenas de ternários.

Nos ensinamento de Octaviano de Meneses Bastos: “Três são os pontos que o neófito deve se orgulhar de apor ao seu nome… Esses três pontos… são um dos nossos emblemas mais respeitáveis. Eles representam todos os ternários conhecidos e especialmente as três qualidades indispensáveis ao Maçom: Amor, Vontade e Inteligência…. Vêse pois, que todo Maçom que quiser ser digno desse nome deve cultivar igualmente essas três qualidades, representadas pelos três pontos que apõem ao seu nome…” 2 O hermético é o conjunto de convicções filosóficas e religiosas, baseado nos escritos atribuídos a Hermes Trimegisto.

Ainda, e finalizando, o número três acha-se intimamente ligado ao Aprendiz por intermédio do simbolismo constante das viagens, da marcha, da idade, entre outros, constantes desse grau.

Ao colocar os três pontos após o seu nome, a Maçonaria pretende relembrar cada maçom dos compromissos assumidos no dia de sua Iniciação, em particular, do juramento prestado.

Concluímos assim que a abreviação tripontuada continha, originariamente, a idéia subjetiva de segredo e, posteriormente, adquiriu uma simbologia profunda e muito interessante.

Bibliografia

Trabalho baseado em texto constante do livro “Estudos Maçônicos sobre Simbolismo” da lavra do irmão Nicola Aslan, editado pela Ed. A Trolha.

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