O companheiro maçom na sua busca espiritual tem à sua disposição, além dos que trouxe pela sua passagem pela coluna do norte, a alegoria de quatro instrumentos que lhe foram apresentados nas viagens de elevação: a régua, o compasso, alavanca e o esquadro. A pedra foi desbastada no tempo de aprendiz, com o uso do pesado maço e do contundente cinzel. No tempo de companheiro, a pedra deve ser polida enquanto se assenta no topo da coluna do sul. Esta pedra representa as agruras do ser humano, suas imperfeições, seus vícios, impertinências, falta de prudência e tantas outras mazelas próprias da condição humana.

O andar reto, mas trôpego do aprendiz, deve dar lugar a um andar em busca da verdade maior, daí a marcha do companheiro voltar-se para o lado à procura desta verdade, e em seguida retornar à retidão rumo à verdadeira luz.

Nesta procura da verdade, a Sublime Ordem apresenta quatro outros instrumentos: a régua de 24 polegadas, o compasso, o esquadro e a alavanca.
Começando pela régua de 24 polegadas, dentre suas inúmeras significações, vem a lembrança de que vida reta não deve suspender-se em nenhuma momento, por todo o dia, durante suas 24 horas. A retidão de caráter permeia a vida do maçom. “Quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Palavras de São João Evangelista (João, 3:21).

Entretanto, nesta busca do que é reto, o maçom não deve se esquecer dos limites advindos de sua humanidade. Opondo-se à inflexibilidade e vastidão da reta traçada pela régua, apresenta-se o compasso. A partir de seu centro inabalável, traça-se um círculo perfeito, com a abertura de suas hastes. E nos oferece a imagem de que mesmo a reta, por onde trilha o maçom, conhece limites, os limites da finitude humana e de sua pequenez no plano individual. Ir além dos limites é tirar o compasso de seu centro, caindo-se no desequilíbrio.

Trazida esta lição para a vivência terrena, vê-se que os homens, maçons ou não, antes de abrir seu compasso e prospectar seus limites, querem ir além de suas capacidades. Assim, dizemos o que não sabemos, resolvemos o que não nos compete. Optamos pela palavra mal posta, esquecendo-se de que o silêncio também é forma de manifestação e de prudência. As discussões em loja, não raro põem-se ao longe das soluções, porque nós queremos alcançar o inalcançável. Saber o que não estudamos. O compasso com seu círculo perfeito, combate este vício, que nada mais é que do que a vaidade da palavra.

Buscar a perfeição não é buscar o impossível. Ao revés, é dentro da risca da finitude, fazer o que se tem ao alcance com exatidão. A Ordem do compasso é a Ordem dos limites.

Diante da fragilidade individual de cada um, surge um instrumento e a solução para este problema: a Alavanca. A alavanca empunhada é símbolo de força e superação de obstáculos.

Lembrando que a alavanca não é a vitória pela força bruta. Ao contrário representa o esforço mínimo, que sabiamente, se transforma em poder multiplicado. O fraco, com sabedoria e força conjunta, torna-se insuperável.

“Dêem-me um ponto de apoio e eu levantarei o mundo” palavras do genial Arquimedes sobre o poder das alavancas, isto nos imemoriais séculos antes de Cristo.
Então, convém perguntar: será que, os maçons, sabedores de sua limitação, ensinada pelo compasso, não criaram uma instituição que multiplica seus esforços comuns? Assim, não seria a Ordem a própria alavanca com o potencial de mover o mundo?

O Geômetra, criador dos céus e das terras, não faz nada em vão. Os aclamados poderosos irmãos tem de fato este poder, mas somente quando a cadeia de união em que se acham é capaz de fundir corações e mentes em “amor inquebrantável”… fazendo-nos ALAVANCA.

O esquadro, ficando para o fim, parece peça simples, forjada em ângulo reto, correspondendo à metade de um retângulo. Seria, então, figura incompleta?
Em verdade, o esquadro, em sua metade, completa a nossa própria metade. É instrumento que nos retira a imperfeição, e nos transmuta no próprio objeto de trabalho, forja-nos pedra polida em seus perfeitos ângulos e nos aproxima uns dos outros. Com a medida ajustada pelo esquadro, nos colocamos tão próximos, que o poder da alavanca se apresenta inteiro.

Pelo esquadro, o preconceito cai, porque já não existe aresta a machucar o irmão. Pelo esquadro, o outro é aceito, mesmo em suas imperfeições, por que o vemos como verdadeiro semelhante. Pelo esquadro, a vida, incompleta e imperfeita de cada um, se ajusta às vivências múltiplas dos obreiros, tornando-nos completos e prontos para a verdadeira Luz a se anunciar.

Com a medida exata das coisas, trazidas pelos instrumentos do obreiro, descobrimos que, a pedra, essência do que somos, pode tornar-se pedra angular, formando pontes entre os irmãos.

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ARLS União do Vale do Gorutuba nº 115 GLMMG/CMSB Oriente de Janaúba

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