Capítulo XX: A Voz

Resumidamente, pode-se afirmar que a voz humana é o resultado do ar que, exalado pelos pulmões, vibra nas cordas vocais, caixa torácica e laringe, ressoando nas cavidades de ar da garganta, boca e nariz, em um processo que envolve três fases:
– Produção do som.
– Ressonância, ou amplitude harmônica.
– Articulação, ou saída dos sons vocálicos em formas linguísticas (palavras).

A produção da voz se dá somente na expiração; na inspiração dá-se a pausa, que o orador deve fazer coincidir com o intervalo entre as palavras e frases. O “fôlego” do orador depende do conhecimento e treino desses dois fatores.
Os sons vogais são qualidades tonais de voz carregados por um fluxo ininterrupto de ar.
As consoantes resultam da interrupção desses fluxos pelos movimentos dos lábios, língua e maxilares. Cada vogal falada, diferentemente da vogal escrita, comporta inúmeras variações vocálicas, possibilitando a essa uma performance muito maior que aquela.
Um bom orador sabe explorar completamente e tirar proveito desse potencial, usando-o para transmitir ao público uma gama enorme de emoções: alegria, tristeza, revolta, indignação, ironia, autoridade etc., tal como fazem os atores e intérpretes.
O mecanismo da voz está conectado às regiões cerebrais relacionadas às emoções e estas influenciam-na, revelando muito a respeito da personalidade do orador; este, por sua vez, deve aprender a identificar, no público, a personalidade daqueles que lhe formulam perguntas. Como regra geral, pode-se afirmar que:

• Voz muito baixa está associada à insegurança, ou dissimulação.

• Voz alta denota uma tentativa de chamar a atenção dos presentes.

• Voz muito alta, quase aos gritos, indica uma personalidade autoritária, provocadora e agressiva.

• Voz trêmula indica nervosismo e stress.

• Voz monótona demonstra desinteresse pelo interlocutor.

• Voz subserviente, muito “macia”, pode sinalizar complexo de inferioridade.

• Voz “melosa” geralmente caracteriza mentira ou bajulação.

• Voz ríspida indica indignação, protesto, insatisfação ou arrogância.

A fala e a conversação, por sua vez, também fornecem inúmeras indicações a respeito de nossa personalidade, como se pode verificar nos exemplos a seguir:

• Quem fala muito a seu próprio respeito – seja para contar vantagens ou fazer-se de vítima – e não presta atenção no que os outros dizem é egoísta.

• Quem se utiliza muito de meias palavras ou de palavras de duplo sentido é cínico.

• Quem confia detalhes de sua vida íntima com a intenção de saber detalhes da sua, é falso.

• Quem muito te elogia e fala mal dos outros é fofoqueiro.

• Quem “desconversa” ou responde por evasivas é dissimulador.

• Quem interrompe um orador ou um palestrante com um questionamento (não com perguntas) e, após ouvir a resposta, ainda quer replicar e, ainda pior, treplicar… é briguento e agressivo. Deve-se “neutralizá-lo” explicando que a questão suscitada é complexa e que uma explicação melhor lhe será fornecida após
a palestra.

• Quem pede ao palestrante permissão para fazer uma pergunta e, ao invés de ir direto a ela, começa a tecer comentários intermináveis, é um exibicionista. Deve-se interrompê-lo na primeira oportunidade que houver ou, então, na primeira pausa inspiratória que ele for obrigado a dar, explicando-lhe que o tempo é “curto”, ainda há muito a ser dito e, portanto, a questão será respondida em particular, após o término da palestra.

• Por último, é importante mencionar aqueles ouvintes que nos fazem perguntas mal formuladas, confusas, às quais não entendemos e, consequentemente, não conseguimos responder. Em geral tratam-se de pessoas incultas, porém bem intencionadas, que não sabem se expressar corretamente. Para não constrangê-las, deve o palestrante responder qualquer coisa que lhe venha à mente; ele, o ouvinte, imaginará que você não entendeu a pergunta; o público, porém, certamente entenderá que é ele que não soube formulá-la corretamente.

Capítulo XXI: Cuidados com a Voz

A voz é a principal “ferramenta” do orador e, para mantê-la em perfeita forma, há necessidade de se ter alguns cuidados especiais:
A alimentação é um dos principais fatores de sua saúde e interfere diretamente na qualidade de sua voz; cultive, então, hábitos alimentares saudáveis, investindo na pirâmide alimentar preconizada por muitos nutricionistas. Uma dieta alimentar balanceada consiste na ingestão de:
40% de carboidratos e grãos (cereais e massas).
30% de fibras (legumes, verduras e frutas).
20% de proteínas (carnes, leite e ovos).
10% de gorduras e doces (no máximo).
Evite, antes de suas apresentações, molho branco e queijo parmesão que, além de conterem altos teores de gordura, são extremamente indigestos, dificultando a movimentação do diafragma e interferindo na performance da voz.

Evite também chocolates e derivados do leite que, aumentando a secreção de muco, prejudicam a ressonância da voz e favorecem o pigarro.

Evite a ingestão de refrigerantes ou água mineral com gás, pois eles podem provocar flatulência e arrotos, criando condições vexatórias para você.

Evite o café e o chá, que provocam ressecamento das mucosas.

Tome muita água pois ela é fundamental para a hidratação das cordas vocais; evite, porém, a água gelada que, provocando choque térmico, acelera a produção de muco e dificulta a atividade vocal.Se, mesmo assim, você tiver muita produção de muco, adicione à água umas gotinhas de limão.

Utilize largamente a maçã; pelas suas qualidades adstringentes ela limpa o trato vocal e, ingerida nos 15 minutos que antecedem sua apresentação, exercita os músculos da articulação e da fala. Faça diariamente gargarejos suaves com água morna e uma pitada de sal marinho.

Não grite, nem mesmo para chamar seu cãozinho de estimação que foi visitar o poste da esquina. O grito, principalmente aquele estridente, agride as cordas vocais e propicia a rouquidão.

É possível elevar a voz sem gritar, utilizando uma técnica denominada Projeção Vocal, ensinada por Fonoaudiólogos e Professores de Canto.

Se você tem a voz muito “fina”, saiba que é possível torná-la mais grave com o auxílio de técnicas de impostação vocal. Consulte um especialista.

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