A vaidade

VAIDADE, palavra pequena e de fácil pronunciamento, de tonalidade suave aos ouvidos, porém, encerra em muitas ocasiões, situações gravíssimas no comportamento do ser humano, com consequências desastrosas.

A vaidade, literalmente falando, é a qualidade do que é vão, vanglória, ostentação, presunção malformada de si, futilidade e etc. Dessas qualidades, a vanglória é perniciosa, pois objetiva o indivíduo jactancioso, ou seja, presunçoso, arrogante e frívolo.

A presunção malfundada de si traz, em seu seio, situações embaraçosas, notadamente na Maçonaria, visto que aqui todos tratam-se por Irmãos e presume-se que a verdade deva imperar sempre. Os detentores dos altos Graus filosóficos sabem mais que ninguém a se portarem como tal. Essa má fundamentação sobre si levanta claramente suspeitas sobre a idoneidade daquilo falado.

A tão propalada vaidade feminina não traz consequências, pois atém-se, tão somente, na área de estética. A masculina, quando não se atém às futilidades, torna-se algo de preocupação, encerra-se muitas vezes em disputas desnecessárias, gerando graves problemas de ordem interna, principalmente quando essa vaidade inclui o fator poder. O fator poder é inerente ao ser humano. Na Maçonaria, no desbastar da Pedra Bruta, ou seja, no seu próprio burilamento, cada um recebe a incumbência de burilar a si próprio e aos que estão à sua volta.

Arvorar-se na condição do dever cumprido, de ser possuidor de títulos ou de possuir extensa bagagem maçônica, não contribui em nada para os destinos da Ordem. Maçonaria se faz no dia a dia, na conquista permanente de novos adeptos e na tentativa da melhoria constante da espécie humana. A busca incessante e permanente da verdade faz, da Sublime Instituição, organização sem similar.

A permanência da Maçonaria como instituição respeitável como é, deve necessariamente contar com a renúncia das possíveis vaidades de seus membros para o bem comum.

Mas vemos com frequência Irmãos desentendidos ou que se fazem de desentendidos, querendo manter a ferro e fogo o seu círculo de poder. Apesar da inerência do poder ao ser humano, o Maçom, pelos ensinamentos recebidos, não pode a isso se ater.

A perpetuação de uma instituição passa, com absoluta certeza, pelo grau de compreensão de seus membros e na renovação sistemática de suas lideranças. Cabe a cada um de seus membros renunciar às vaidades e presunções infundadas para o bem.

A título de exemplo, têm Irmãos que gostam de apologizar-se, em descumprir a legislação em vigor, criando com esses atos bolsões de intransigências, que mais tarde derivam-se na mais pura vaidade e arrogância de ser um descumpridor, notadamente, de um poder que não tem coercitividade, que afinal é o caso da Maçonaria.

Para vivermos em Igualdade, sem qualquer Grau de subordinação, é muito difícil; porém, dentro da Maçonaria é necessário.

Não basta respeitar ao Irmão como homem, deve respeitar como Maçom. Não importa qual o Grau ou Rito que frequente, importa sim, o respeito pelo ato da Iniciação e pela instituição a que o Maçom pertence.

Esta diversidade que o Maçom possui deve crescer sempre em benefício da ordem e não transformar-se em um poço de orgulho, egoísmo e vaidade.

Ter vaidade de ser Maçom é muito bom e proveitoso, mas ser um Maçom vaidoso e refém do poder, com absoluta certeza, não trará qualquer benefício à Ordem e aos Irmãos.

O tripé de sustentação da Maçonaria: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, não deve ser distorcido de sua real finalidade. Ao viciar qualquer ensinamento ou distorcê-lo, é um perjúrio, os Irmãos devem ter consciência disso.

As reuniões costumeiras e obrigatórias deveriam servir como bálsamo às nossas dificuldades e angústias do dia a dia. Infelizmente não é isso que amiúde presenciamos, a praxe é uma guerra surda no sentido de manter posições, ou seja, o “statu quo ante”, isso é incompatível com o princípio da Sublime Instituição.

Entre um homem, simplesmente vestido de Avental e um Maçom, tem uma diferença significativa.

O valor monetário que cada um possui não deveria servir de nível para o empreendimento das ações internas. Cada expressão monetária entregue para a guarda e aplicação de cada Irmão, feita pelo G∴A∴D∴U∴, deve ser entendida como encargo e não como alavanca do bem ou do mal. De cada centavo de real confiado a cada um, vai ser exigida a respectiva prestação de contas. A parábola dos talentos vem a isso confirmar. Ninguém é dono de nada, apenas o seu guardião. Os Irmãos devem disso se lembrar. O nivelamento pelo valor monetário disponível por cada um não serve para a caracterização do reconhecimento e vinculação maçônica. Cada Irmão deve ser entendido e aceito independentemente, o que vale e significa muito para a Maçonaria são os fatores intrínsecos, isto é, os fatores internos da Ordem, a sua irradiação de valores humanos, hauridos por seus membros em Loja.

A Maçonaria é uma escola de humanismo e disso ninguém pode duvidar. Tanto no estudo da filosofia, da filologia e no campo social, a Maçonaria incute aos seus adeptos essa capacidade de modificação no comportamento e na visão geral da sociedade, notadamente, nas condutas de moral e ética.

Portanto, dentro da ordem não há espaço para as vaidades pessoais, devemos, sim, preservá-la e mantê-la fora dessas situações, tão comprometedoras de seu futuro. Não temos o direito de atentar contra seus sublimes princípios.

Meus Irmãos, reflitamos nossas atitudes.
“SE AS JOIAS SÃO MÓVEIS, NINGUÉM PODE SE PERPETUAR NO PODER, PORQUE A MAÇONARIA É UMA SOCIEDADE DE IGUAIS”.

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