A abertura do Livro Sagrado marca o início real dos trabalhos em uma Loja Maçônica, pois esse ato simples, porém solene, é de grande importância, visto que simboliza a presença efetiva da palavra do G:.A:.D:.U:.

Segundo alguns artigos por mim pesquisados na internet, a prática de se usar o Livro Sagrado foi estabelecida em 1717, a partir da Grande Loja da Inglaterra, embora haja referência ao seu uso a partir de 1670. Segundo o Ir.’. Castelani (in memorian), a leitura do Salmo 133 foi usada pela primeira vez perto da metade do século XVIII, por algumas lojas de Yorkshire, na Inglaterra, quando ainda nem havia um rito plenamente organizado.

O Salmo 133 é uma eloquente descrição da beleza do amor fraternal, e, por essa razão, muito apropriado para ilustrar uma sociedade cuja existência depende daqueles nobres princípios.

Faz-se mister registrar que a leitura desse Salmo já era adotada pelos antigos Cavaleiros Templários, nas suas iniciações, no ano de 1128, conforme nos demonstram os dizeres extraídos dos Cânones do ritual de recepção na Ordem do Templo onde se lê: “…E o Ir:. Capelão deve recitar o Salmo que diz: Eis, como é bom, como é bom , como é delicioso, /viverem os IIr.’. em boa união.”

Não irei aqui me estender por dissecar o referido Salmo, pois, além de deixar a apresentação deste trabalho em Loja um tanto cansativa para os apurados ouvidos dos IIr:., tal estudo levar-me-ia a um delicioso, porém extenso passeio por temas que renderiam várias laudas, desde o Rei Davi, que é definido na Bíblia como Cantor dos Cânticos de Israel, passando por Aarão, irmão mais velho de Moisés e patriarca da classe sacerdotal, tão como pelo Monte de Hermon, Sião, a arca da aliança etc…

Vou me prender então somente na primeira linha desse maravilhoso Salmo, visto que só dessa afirmativa, por mais óbvia que seja, resume-se o objetivo primordial de uma loja e quiçá de toda uma Ordem.

Esta primeira frase é o canto de Davi pela confraternização dos romeiros que passavam os dias reunidos na grande esplanada do Templo. Entretanto, usada na abertura de nossos trabalhos, vem a ser motivo de reflexão profunda e interior para que possamos verdadeiramente responder se estamos realmente vivenciando tudo aquilo que pregamos.

Não basta apenas abrirmos o Livro da Lei e lermos qualquer passagem dele sem ao menos refletirmos sobre o que se é dito. Um dos maiores motivos de orgulho e até de força de nossa Augusta ordem vem a ser a tolerância que faz com que aprendamos a conviver com pessoas que apesar de todas as diferenças nos são iguais, pois todos somos Livres e de bons costumes. Porém, a maior expressão de força da Maçonaria Universal está na UNIÃO!!!

A Maçonaria é una, e por tal motivo, por sermos todos uma só família independente de país, rito ou potência é que somos respeitados e conseguimos ao longo da história mudar o rumo em favor da humanidade.

Ao sermos recebidos pela Ordem, logo em nossa iniciação, somos lembrados que daquele momento em diante seremos chamados de Irmão, e a leitura do Salmo 133 vem tão somente nos fazer lembrar que devemos reforçar nossos laços a cada dia, respeitando e amando nossos Irmãos tendo com eles a mesma consideração que desejamos receber em troca. Não basta apenas chamarmos uns aos outros de IIr.’. e tais palavras saírem da boca pra fora, não expressando o real significado de Irmandade. Tal ato, além de hipócrita, só contribui para desestabilizar a verdadeira harmonia que se deve reinar em nossos trabalhos, em nossas Lojas e em nossa Augusta Ordem. Sejamos então verdadeiramente Irmãos, tenhamos então verdadeiramente amor e carinho fraternal para com nossos Irmãos, não porque teremos que conviver semanalmente com eles dentro de Loja e eventualmente em nossos momentos de ágape, não para que possamos cumprir com uma obrigação social de convivência, mas sim porque verdadeiramente os consideramos como Irmãos e temos por eles um carinho fraternal.

Deixemos de lado nossos orgulhos, nossas vaidades e ambições para que realmente entremos em Loja esquecendo lá fora nossos títulos, cargos, posses e classes sociais, tendo em mente e em nossos corações que aqui dentro somos realmente todos iguais. Trabalhemos em prol de um objetivo comum e não de nossas ambições pessoais.

Só assim poderemos verdadeiramente vivenciar os três pilares de nossa Augusta Ordem:

IGUALDADE, LIBERDADE, e principalmente, FRATERNIDADE.

E verdadeiramente afirmar: “Oh! Quão bom e suave é que os Irmãos vivam em união!!!”

E que esse seja o início de trabalhos de um ano de muita fraternidade e força em nossa Loja!!!

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