Queridos Irmãos,

Há muito venho colhendo impressões sobre a Maçonaria e vivendo-as na carne, no espírito e na alma.

Irmãos têm me ensinado que devo ser proativo, tanto em minhas reflexões, quanto em meus dizeres e escritos… isto nem sempre me tem sido possível. Por vezes sou levado a uma melancolia, a uma tristeza, a um desamparo.

Por certo minhas impressões não são as mesmas que todos têm. Sem dúvida a observação de um ente ou objeto depende não só deste mesmo como também de outros fatores como o ambiente de observação, o ângulo em que se observa, a acuidade do observador e assim por diante.

Este meu escrito reflete um determinado momento de minha trajetória, ou seja, o momento atual (26/10/2010) e bem sei que dentro da dinâmica do Ser poderá e deverá ser outra a impressão que poderei expressar daqui a algumas horas, dias, meses, anos…

O importante é que neste momento, sou tentando a discorrer SOBRE A IMPOSSIBILIDADE DO SER MAÇOM.

Calma, não me julgue ainda! Antes, leia mais algumas linhas.

Em tudo que leio e vejo sobre a maçonaria REAL, não aquela de nossos ideários, aquela estilizada em nobres e altas concepções sobre fraternidade universal, edifício social ideal etc., mas a que é visível, palpável, vivida, vejo um grande e antagônico caminhar.

É como se o caminho traçado fosse rumo ao sul e o caminheiro estivesse indo para o norte…

Alguém poderá discorrer que o globo é esférico e um dia quem caminha em direção ao norte objetivando chegar no sul alcançará seu objetivo, isto se não desistir ao longo de tão ingrata jornada.

Mas o postulado maçônico respeita as mesmas leis da física? Há garantias que tal proceder leva ao “lugar” idealizado e objetivado pelos “pais” da maçonaria?

Algumas das questões que se me põem são como:
– tentando ser justos somos tão injustos?
– tentando ser perfeitos somos tão imperfeitos?
– tentando ser humildes somos tão vaidosos?
– tentando corrigir mazelas provocamos mais ainda?
Note a quantidade de “tentando” dos parágrafos anteriores.

Ai está uma das chaves… tentando… tentando… é o estacionamento da teoria (querer chegar ao sul) em conflito com a práxis (caminhando rumo ao norte). Não basta tentar, é preciso partir, se colocar a caminho.

O conjunto de alegorias, lendas, símbolos, ritos e rituais, legislação e estrutura organizacional maçônica são um veículo usado por nós neste caminho, mas são somente isso, veículo… o que nos impulsiona no caminho, seja a bordo de um potente ou fraco veículo ou ainda, seja “a pé”, é o nosso coração… UM CORAÇÃO SENSÍVEL AO BEM.

Todo veículo é útil, diria, utilíssimo, mas não é sine qua non.

A pé também se chega e, em algumas situações, bem mais rápido, embora não seja regra. Claro, muitos de nós preferimos o conforto do veículo, sua “segurança” (?).

Nos deslumbramos com o veículo (Maçonaria), suas marcas potentes (Obediências), pinturas com cores brilhantes e reluzentes (títulos, graus, medalhas, alfaias)…

 Mas o veículo é conduzido, não tem vida própria. O veículo utilíssimo, que “pode” nos levar onde queremos também, se conduzido sem pericia, pode atropelar, matar…

 Muitos Irmãos são mortos, seja dentro do veículo (colisões) seja no caminho (atropelados). Chamamos a estes não de mortos, mas de adormecidos ou apáticos.

Irmãos meus, popularizamos o veículo, já não cabem mais nas ruas e estradas. Democratizamos seu uso e condução. Todos são motoristas e os que não o são, fazem uso de enormes veículos comunitários, sendo conduzidos…

 Dou um tiro em meu próprio pé: quais e quantos de nós temos o perfil (CORAÇÃO SENSÍVEL AO BEM) para estar conduzindo ou sendo conduzidos nestes veículos ?

 Partindo da premissa, tão acalentada de que o veículo é o ideal, sem reparos a serem feitos, sem necessidades de revisão vivemos nos desentendo sobre a “propriedade” do veículo.

Vivemos brigando sobre qual seja a melhor marca, a melhor cor, o melhor condutor, o passageiro certo e não nos pomos a caminho, afinal, é muito mais prazeroso o embate, a discussão, a adrenalina de humilhar ou ser jocoso.

 Como não conheço PESSOALMENTE nenhum maçom que tenha chegado ao destino, embora conheça alguns que parecem estar chegando e, muitos outros, que como eu, estão no começo da estrada ou ainda estáticos na mesma, uma certa desesperança me toma conta.

 Quando afinal a Maçonaria deixará de ser um ente e será uma realidade palpável, sentida e vivida ? Quando a consciência que se almeja sentir, no final do caminho, a de um  Deus – Eu Sou, virá com a consequente ação da plenitude deste Eu Sou?

Alguém, em sã consciência, acredita que Eu Sou tem espaço em Si para picuinhas, discussões sobre veículos, marcas e pinturas???

 Eu Sou é tudo e nada. É princípio e fim. É o caos e a ordem…

 Como não tive a honra de conhecer Eu Sou, mesmo tendo milhares de conhecidos, como não o encontrei nem mesmo em mim, HOJE meu pensamento, minha reflexão PESSOAL e intransferível (não a tenha como sua), corrobora a IMPOSSIBILIDADE DO SER MAÇOM. Mas como já estou por aqui, na estrada e, não estou com pressa ou preocupado com outros caminhos, vou devagar, mas com passos ou veículo em movimento.
Perdão, é a minha reflexão.

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