O Companheiro Maçom é um obreiro com no- vos conhecimentos, novas ferramentas e no- vas tarefas na construção do Edifício, uma
vez que “deixastes de se dedicar ao trabalho físico de aparelhar arestas, para iniciar o esquadrejamento e o polimento (…) na Pedra Cúbica”.1
“O Grau de Companheiro do Rito Brasileiro é consagrado à exaltação do trabalho construtivo e ao estímulo da solidariedade maçônica, iluminados pelo sentimento superior da espiritualidade que emana da Estrela Radiante”. A Dedicação do Grau de Companheiro é à “exal- tação do trabalho”. Porém, é muito mais amplo e ex- traordinário, visto que, além de estimular a produção, também incita a divisão do produto com os seus se- melhantes, assim fomentando o senso solidário.

O trabalho e a solidariedade estão intimamen- te relacionados, devendo estar sempre sob a Luz da Sabedoria do S∴A∴D∴U∴, que é represen- tada pela Estrela Flamejante. No entanto, sob as nuvens da ignorância se tornariam desordenados e infrutíferos.A Estrela Radiante, Flamejante ou Flamígera, para o Maçom, simboliza o Gênio que eleva a alma às Supremas tarefas, emblema da Divindade, princípio da sabedoria, Estrela luminosa da Maçonaria, Luz que ilumina os discípulos, eterna vigilância e proteção do S∴A∴D∴U∴. Segundo J. Castellani e R. Rodrigues, a Estrela Flamejante representa o Homem Ideal, que deve ser a grande aspiração do Companheiro. A Estrela é Luz, e Luz é o símbolo da verdade e do saber. O trabalho realizado com sabedoria edi ca ‘obras maravilhosas’, onde toda inércia desaparece, o uni- verso sofre gigantescas transformações e tudo per- manece em constante ‘movimento’. O Companheiro deve sempre exaltar o trabalho com respaldo nos nobres princípios da dignidade, principalmente nesta época em que os valores inver- sos sobrepujam a ética, e as tarefas não são executadas com alegria e nem consideradas parte do crescimento espiritual. Para aperfeiçoar tanto o seu labor quanto a si mesmo, o Maçom utiliza-se de todas as ferramentas colo- cadas à sua disposição.

Ele deve manter a deter- minação e o bom senso do Maço e do Cinzel; inserir cri- térios e regras em sua vida, lembrando-se da Régua de 24 polegadas; buscar a justi- ça e a sabedoria do Compas- so e do Esquadro, e sempre manter a fraternidade entre os irmãos. Simbolicamente, na Arte Real, cada membro é um ponto de apoio, que, quando unidos, represen- tam a Alavanca. Um enor- me poder que só a Ordem propicia.

Além dessas ferramentas, a Trolha também com- põe o painel simbólico do segundo Grau. Dentre tan- tos signi cados, simboliza a indulgência, cabendo ao Maçom a nobre tarefa de usá-la para corrigir os even- tuais rebordos restantes entre os irmãos. Aliás, o trabalho do Companheiro se funde com o espírito fraterno e os conceitos de Irmandade – já en- raizados em seu coração desde o início da sua jornada como Aprendiz. Sendo o Maçom o portador das ‘chaves’ da ver- dade, cabe deixá-lo abrir a porta, e, com sua vida, e não com palavras, pregar a doutrina que professa há tempos. Assim, unindo a espiritualidade Divina e a fraternidade humana para concluir o Templo Eterno, ou seja, o Grande Trabalho, gerador de todas as coi- sas pelas quais é Glori cado o Criador!

ALMA PELO CONTATO COM DEUS. O TRABALHO É O INTEIRAR, O DESENVOL- VER, O APURAR DAS ENERGIAS DO CORPO E DO ESPÍRITO, MEDIANTE A AÇÃO CONTÍNUA DE CADA UM SOBRE SI MESMO E SOBRE O MUNDO ONDE LABUTAMOS. (…) O CRIADOR COMEÇA E A CRIATURA ACABA A CRIAÇÃO DE SI PRÓPRIA. QUEM QUER, POIS, QUE TRABALHE, ESTÁ EM ORAÇÃO AO SENHOR.”

Se até o próprio Supremo trabalhou arquitetando o universo, como seria aceitável que a Maçonaria ad- mitisse o parasitismo e o comensalismo? ‘Quem não age, não vive’, por isso o Maçom deve trabalhar à exaustão. Assim, o homem que não vive do resultado do trabalho, não deve pertencer à Ordem. E a espa- da é concedida ao Maçom para contrariar os antigos costumes da nobreza, e honrar somente os que traba- lham, ou seja, os que usam avental.

A solidariedade, a alegria e o pensamento positivo devem acompanhar o Maçom na edi cação do Tem- plo, inevitavelmente, o ocupando com a preparação do seu próprio intelecto1. Como disse o escritor ame- ricano Ralph Waldo Emerson: “Uma das mais belas compensações desta vida é que nenhum ser humano pode sinceramente ajudar o outro sem que esteja aju- dando a si mesmo.” (1847). O Maçom deve sempre ser um ‘trabalhador por excelência’, com perfeita e justa razão deter o codi- nome ‘Obreiro’ e designar o local de sua labuta como ‘O cina’. Esse conceito se torna cabível ao Compa- nheiro Maçom, quando sua qualidade de trabalhador se enaltece frente ao seu espírito solidário, e passa então a compor a essência losó ca do Grau. Maior será o júbilo quando descobrir, em verdade, que a construção é um processo de transformação, no qual, em cada pedra assentada, os vícios são suprimidos, assim como a intolerância, os ressentimentos, os receios, as má- goas e tudo que se opõe à Virtude, são eliminados e, grada- tivamente, o espírito sobrepuja a matéria. A este fenômeno, “ouso chamar de Espiritualidade maçônica, e a rmar que, apenas através do trabalho, ela poderá ser verdadeiramente aprofundada no interior de cada maçom. Não um conceito que se aprenda em livros, tem de se sentir e de se viver como fruto de um percurso iniciático. A espiritualidade que aqui tratamos remete-se para a relação do homem com o divino, em vida, – aqui na Terra – e como essa relação pode condicionar as suas ações com vista ao cumpri- mento de um ideal ou desígnio.” Característica indis- pensável ao aprimoramento da humanidade, que é o principal fundamento da Ordem.

Referência Bibliográfica
1. Ritual: 2o Grau – Companheiro Maçom – Rito Brasileiro / Grande Orien- te do Brasil. pag. 201 – 202. São Paulo, 2009
2. Ritual: 2o Grau – Companheiro Maçom – Rito Brasileiro / Grande Orien- te do Brasil. pag. 52. São Paulo, 2009
3. Castellani, José e Rodrigues Raimundo. Cartilha do Companheiro, pag. 193. – 4o Ed. – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2009.
4. Guedes, Pablo R. Justino. Análise da representação simbólica da Estrela Flamejante. Revista Universo Maçônico, no 29 – dezembro/2014. Ed. Domínio
5. Camino, Rizzardo da. Simbolismo do Segundo Grau ‘Companheiro’. pag. 193. – 4o Ed. – Rio de Janeiro: Ed. Aurora, 1990
6. D’Elia Júnior, Raymundo. Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro. pag. 42 e 51. – 1o Ed. – São Paulo: Ed. Masdras, 2013
7. A Bíblia Sagrada, traduzida por João Ferreira de Almeida. ECLESIASTES 9:10/ Sociedade Bíblica do Brasil, Brasília – DF, 1969
8. D’Elia Júnior, Raymundo. Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro. pag. 164 – 166 e 168. – 1o Ed. – São Paulo: Ed. Masdras, 2013
9. Veronesi, Ricardo. A terceira viagem do Companheiro Maçom – Régua e Alavanca. Revista Universo Maçônico, no 29 – dezembro/2014. Ed. Domínio
10. D’Elia Júnior, Raymundo. Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro. pag. 110 – 113. 1o Ed. – São Paulo: Ed. Masdras, 2013
11. Carvalho, Dênio Pinheiro de. Os Instrumentos do Companheiro Maçom – Medidas das coisas. RevistaUniverso Maçônico, no 28 – outu- bro/2014. Ed. Domínio
12. Castellani, José e Rodrigues Raimundo. Cartilha do Companheiro, pag. 97. – 4o Ed. – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2009.
13. D’Elia Júnior, Raymundo. Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro. pag. 275. – 1o Ed. – São Paulo: Ed. Masdras, 2013
14. Barbosa, Ruy. Oração aos moços. Pag. 26 e 27. – São Paulo: Ed. Martins Claret, 2003
15. D’Elia Júnior, Raymundo. Maçonaria – 50 Instruções de Companheiro. pag. 284. – 1o Ed. – São Paulo: Ed. Masdras, 2013
16. A Bíblia Sagrada, traduzida por João Ferreira de Almeida. EFÉSIOS 4:28/ Sociedade Bíblica do Brasil, Brasília – DF, 1969
17. Eduardo Souza, José. O trabalho maçônico e a espiritualidade – Dispo- nível em: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/196-o-trabalho-maconi- co-e-a-espiritualidade.html. Acesso em 23 de abril de 2015.

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ARLS Deus, Justiça e União no 2446 Oriente de Belo Horizonte • GOB/MG

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