O Brasil está constantemente no centro das atenções do mundo das drogas. Além de rota para alimentar o tráfico internacional, nosso país está, cada vez mais, se tornando um grande consumidor de entorpecentes.

Nossa cultura, entremeada pelo mito de sermos um povo feliz e alegre é, na verdade, “poluída” por uma prática cultural extremamente alcoólica. Nós brasileiros, vivemos um paradoxo: somos um povo alegre, porém sofredor e de grandes sacrifícios desde sua formação. E o consumo de drogas/álcool está diretamente ligado a isto.

A dependência química é resultante de um transtorno ligado às emoções que, por sua vez, dão origem à compulsão ao uso. Durante a formação do indivíduo, e ao longo do seu desenvolvimento, o mesmo se depara com inúmeras emoções/sentimentos que, por questões de valores morais, familiares, sociais, culturais, religiosos etc., ficam retraídos/sufocados. Porém, estas retrações/insatisfações buscam incessantemente uma vazão que, em forma de fuga, acabam sendo as drogas.

A família que não tem este tipo de problema em seu lar não tem a real dimensão dos transtornos causados pela dependência química. Quando há esta ocorrência as atenções familiares se voltam total e completamente para o integrante “problemático” e este se configura literalmente no “indivíduo problema”, provocando um completo desequilíbrio da estrutura e das relações familiares. E a família, por sua vez, por não saber lidar com a situação corretamente, por falta de conhecimento e orientação, acaba por agravar o problema. Por tudo isto, é necessário mais do que nunca, que este assunto seja discutido com mais seriedade.

Atualmente, é crescente o surgimento de instituições que se propõem a tratar o problema, porém há muitas delas que se aproveitam da fragilidade e da falta de conhecimento do assunto por parte da família do dependente para atingir interesses próprios, buscando atingir altos lucros explorando o sofrimento alheio. Há, ainda, algumas instituições/clínicas que utilizam métodos questionáveis em relação de sua eficiência e eficácia na solução do problema, se utilizando de violência física e mental, muitas vezes substituindo o uso de drogas ilícitas por lícitas, porém, não tratando dos problemas emocionais que levaram o indivíduo ao uso. E, por último, há instituições/comunidades que buscam a substituição da droga por prática religiosa, o que é altamente questionável.

No entanto, não podemos e nem devemos desanimar. O problema pode, sim, ser vencido. Conheço instituições sérias que têm tido excelentes resultados no tratamento deste tipo de transtorno, que utilizam um bom programa, com metodologia testada e aprovada, coordenadas por pessoas sérias, terapeutas experientes, equipe capacitada e treinada e com corpo técnico de psicólogos(as) e psiquiatras trabalhando em sincronia e, assim, conseguem oferecer auxílio, apoio, suporte e tratamento ao dependente e sua família que é co-dependente. São instituições que deveríamos apoiar mais, pois estão resgatando nossas famílias e nossa pátria.

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