Recordo das noites dos tempos, quando o nada sequer existia e tampouco nada habitava o caos…Só havia um silêncio profundo no es- paço. Nada do nada imaterial, que não se pode ver ou sentir, nenhuma sensação ou uído, nada do nada objeto, palpável e racional, nem como objeto sequer essência. Não havia estrelas, nem astros nem sóis, só o mergulho absoluto nos pélagos escuros e va- zios do inexistente. Sequer memória de alguma coisa existia, porque nenhuma coisa existia que pudesse criar no interior de si a sua própria e indefectível história, ou o seu próprio registro como Ser. Tem- po: ente inde nido e in nito, o antes e o depois de si mesmo; tempo: frio absoluto, sem pensamentos, é como um estado de coma quando se adormece como se entorpecido, entregando-se ao próprio vazio de si mesmo, como um retorno ao útero, como numa regressão em que sentimos na pele o frio gelado do retorno, dos átomos se desfazendo e retornando ao caos primordial, inde nido, incorpóreo, vazio… porque voltamos a não existir. Nem como ser… nem como nada… nem corpo/matéria, nem uído transcendental de Espírito, porque este, também adormece, como quem cochila momentaneamente no colo primordial e etéreo da sua imaterialidade.

Assim era e é a noite dos tempos, caríssimos IIr∴. A noite misteriosa e in nita dos tempos que ainda habita nos dias de hoje em alguns pontos dos cos- mos sem m. Assim estava o caos, antes do advento do Universo, imerso na sua solidão silenciosa, fria e aterradora. Isso porque existe o terror nas noites dos homens, quando eles não conseguem explicar o inexplicável e de nir o inde nido que habitam dentro de si mesmos. Então, da amplitude do caos surge uma faísca de energia que sequer é percebida, mas ela emerge daquele redemoinho desordenado e na sua essência pagã vai crescendo, in ando na sua massa não identi cada, na sua frieza sem forma, au- sente de conteúdo – nem substância, na sua imensi- dão gelada e cega, sem direção, igual à ignorância daqueles que não são iniciados na nossa Sublime Or- dem∴. O homem comum não sabe orientar-se diante do desconhecido, nenhum deles. Já os Maçons não. Os Maçons são outra elite de Ser e consequentemente terrores neles não existem. Os Maçons são antes de tudo Iluminados e pautam-se pela serenidade abso- luta em todos os sentidos e direções, caracterizada na sua consciência cósmica, silenciosa e onisciente. O MAÇOM É A HARMONIA E O REFLEXO DE SI PRÓPRIO! As suas sendas são iluminadas pela luz da Sabedoria e da Razão que já existiam no tempo do caos primordial que antecedeu a criação dos mundos, de todos os mundos habitáveis e civilizados de uni- versos desconhecidos até o momento pela maioria de todos nós, mas que eles existem, existem sim! Este postulado não se discute! O Maçom é a ordem dentro da desordem. Razão e Caos. O Maçom é a Ordem Exata! A síntese da equação absoluta que traduz o re- sultado perpétuo do cálculo da plenitude geométrica existente entre o Esquadro e do Compasso.

A Via Láctea é apenas uma faixa mágica e tê- nue de luz que paira/ utua altaneira e nobre sobre a escuridão do caos primordial que sempre existiu e perenemente existirá no Universo. Nós habitamos e fazemos parte dessa réstia de luz chamada Via Láctea é justamente esta luz que dá razão as existências de civilizações inteiras, a maioria delas, até o momento, desconhecidas da raça humana… NÃO ESTAMOS SÓS!… Nunca estivemos… E de repente do nada sur- ge o Universo… do caos absoluto brota a luz, a luz da vida, inicialmente pálida e difusa, débil chama, mas que vai adquirindo força e luminosidade assemelhan- do-se ao sol, quando nasce nas manhãs, surgindo do vazio que habitava a noite, espantando a escuridão do caos das madrugadas frias com a luminosidade dos seus raios mornos e serenos. A serenidade de morte da noite, da noite que falece todos os dias, quando os primeiros raios do sol rasgam as cobertas frias das madrugadas com os seus raios iluminados da energia vital que move as coisas do mundo!

A razão absoluta do sol, com a sua luminosida- de nita, é compreendida como o m temporário do estado de ignorância dos homens quando desco- nheciam as luzes da Maçonaria, quando ainda não tinham sido iniciados nos seus augustos e sagrados mistérios. Galileu Galilei quase perde a sua vida por teimar diante do seu carrasco inquisidor que a terra era redonda… e que por si, movia! A Igreja Católica condenou o Galileu Galileu… Naqueles tempos, nin- guém podia ser mais sábio que a igreja, mas apesar de tudo, a terra até hoje continua a girar sobre o seu próprio eixo, e ela se move, como se para comprovar a teoria, hoje transformada em prática do Galileu Ga- lilei. A Igreja Católica não gira sobre o seu próprio eixo justamente porque não é um corpo físico, cons- tituído de volume e forma, mas sim um corpo de fé que consiste no seu próprio princípio teísta que por si acredita nela, alicerçada no seu monoteísmo, na cren- ça de um só Deus, digni cada no seu teísmo cristão. Já a Maçonaria é como o sol, meus queridos IIr∴, um sol bonito e maravilhoso a clarear o mundo maçônico com a perenidade dos seus raios. Mas pergunta-se: após o sol não existe noite? Ela não volta, volta sim, mas não volta para os Maçons, meus IIr∴ pois eles trabalham desde o meio-dia até a meia-noite. Mas os nobres IIr∴ ainda perguntariam: mas depois da meia-noite todas as Lojas Maçônicas não fecham? Evidentemente que sim, mas é somente depois da meia-noite, segundo as palavras do nosso Ir∴ Sebas- tião Alves Vieira, que os Ir∴ Maçons de todo o Universo começam as suas peregrinações culturais pelas ruas, avenidas, ladeiras, esquinas e praças descalças e mal iluminadas do mundo, difundindo as suas ideias, seus postulados, seus ensinamentos!

Após a meia-noite os Maçons ministram a sua doutrina nos mundos conhecidos e desconhecidos dos paramos cósmicos e as luzes dos seus conheci- mentos iluminam o caos: ORDO AB CHAO… Nada mais posso falar porque iria de certa forma invadir os segredos de outros graus maçônicos que ainda não me pertencem. Portanto contenho-me no grau que agora estou falando diante de todos vocês, meus IIr∴ no grau sereno de Aprendiz, de Aprendiz Maçom… Aprendiz do Mundo, das coisas do mundo, da se- renidade concreta e racional do mundo: ORDO AB CHAO onde chegaremos gradativamente, seguindo a senda da perseverança e do paciente e necessário es- tudo que nos levará ao conhecimento dos graus futu- ros mediante a observação atenta do contido nos nos- sos Rituais. Os nossos Rituais são os nossos guias, assim como a Estrela D’Alva está como um guia de luz para os primeiros raios de sol que voltam a inva- dir as trevas da noite com a serenidade dos seus raios, carregados da sabedoria universal maçônica. É por isso, meus abnegados Ir∴ que vós futuramente tam- bém ensinarão após a meia-noite, vós também sereis peregrinos, peregrinos do Saber, assim que as Lojas Maçônicas encerrarem os seus trabalhos e o sopro universal da vida deixar de habitar em vosso corpo material, então, como e cientes apóstolos do GADU, na companhia dos nossos IIr∴. Elementares, vocês também prosseguirão na sua caminhada ministrando os ensinamentos maçônicos no seu eterno caminhar.

O Mundo Maçom… O Mundo Maçom é consti- tuído por sábios ensinamentos que expressam uma série de Símbolos e Ritos, que nada mais são do que vários exemplos de ensinamentos não só do campo material, mas, sobretudo, do lado espiritual da nossa Ordem, não só presentes na nossa exegese maçôni- ca, também encontrados pelas esquinas e estradas do mundo profano, por onde desde tempos longín- quos peregrinaram os pés descalços dos primeiros lósofos, sábios, poetas, alquímicos, anjos, bruxos cabalistas, matemáticos e geômetras, bem como os próprios Maçons.

O mundo surgiu do caos e ao caos retornará, assim como o homem. Já os Maçons não retornarão ao caos porque dele não vieram. Os Maçons são INICIADOS, portanto, somos seres ILUMINADOS, deten-
tores de luz, de luz própria e quem possui essa luz não perece… é imortal, daí sermos ETERNOS. Nós, os Maçons, não somos lhos da luz, quem o é, é o próprio LÚCIfER
como o seu próprio nome o diz: “Lúcifer (em hebraico, heilel ben- -shachar; em grego é heosphoros) é uma palavra do Latim (lucem ferre) que quer dizer “portador de luz”, re- presenta a estrela da manhã (a estrela matutina), a estrela D’Alva, o plane ta Vênus”. E nós, meus IIr∴ quem somos nós? Somos homens JUSTOS e PERFEITOS daí não sermos “lhos da luz”, como o Lúcifer o é… Somos detentores e proprietários das nossas próprias luzes. Eis a nossa diferença.

Na qualidade de IIr∴ Maçons, somos eternos e íntegros nos nossos exemplos, virtudes e dignida- de; somos eternos nas nossas razões e ensinamen- tos; eternos na nossa humildade e seriedade ao le- varmos para todos os nossos conhecimentos, como obreiros universais que somos, como seres Ilumi- nados, pois, para este mister aqui viemos e aqui estamos. Não queria dizer isso que acabo de vos falar, pois não me sinto pertencente a este mundo. Faço parte de outros mundos, alguns ainda incóg- nitos e sem nome, sinto isso em mim, bem dentro de mim, embora não tenha de dar satisfações de mim mesmo para mim mesmo, mas para vós que ainda não fazem parte de mim. Presto esta satisfação a vós, queridos IIr∴ como numa forma de explicar-lhes que não pertencemos a nós mesmos. Frente a este habi- tat visivelmente concreto que me cerca, trazendo-me oxigênio para respirar e chão para pisar, para me dar apoio e sustento a um corpo que carrego comigo… Não sou nada disso que sois, embora me apresente as vossos olhos como um Ser carnal, eu nada disso sou… pois, sou um SER ELEMENTAL.

Não preciso de nada disso de que precisais. Não preciso das coisas materiais do mundo. Sou ape- nas um Espírito, um Espírito Iluminado, amejante de luzes, apenas isso, e que no momento vos aten- de pelo nome passageiro de TADEU BAHIA∴. Não sou nada de concreto que vocês presentemente vêm, ou julgam ver. Como humano já não existo mais. Todas essas roupas que ocultam o meu Espírito, esse terno escuro que ora me apresento diante de vós e que esse suposto corpo carrega pelo efeito físico da Lei da Gravidade, são desnecessários para mim. Não sou humano, repito, sou ESPÍRITO, situação que vocês todos meus IIr∴ passarão a continuar a ser depois que desencarnarem. Eu, contudo já morri, já morri várias vezes, por isso declaro o meu estado real de Espírito, embora vestido desta roupa passageira e po- dre da carne, que me enche de pecados os quais eu depuro através de bons exemplos e obras, em atos e palavras que um dia reencontrarei nos lábios fu- turos dos vossos Espíritos, e também de outros que por aqui já passaram outrora, embora essa situação não que registrada nas vossas lembranças terrenas. Vocês sempre retornarão, outras vezes, e sempre nos encontraremos pelos caminhos iluminados da ETERNIDADE!

Lá, no azul do céu, onde está o GADU, para onde volto de vez em quando e depois retorno, trazendo comigo o conhecimento dos astros e das estrelas, digni cados nos Símbolos Místicos e Universais dos nossos Rituais Maçônicos, sinais, toques e palavras que retratam nos seus traçados geométricos e pronún- cias guturais toda a sabedoria da Eternidade, que de- pois de corretamente decifrados se transformarão na própria sabedoria do Mundo e de todos os homens, quando todos terão a oportunidade de poder subir – todos juntos e em harmonia – os degraus da “Escada de Jacó” quando terão acesso ao Rei dos Mundos, ao GADU, e então voltaremos todos ao espaço incorpó- reo que vocês aqui chamam poeticamente de “céu”, homens profanos e maçons, em igual pé de igualda- de, unidos por um mesmo sentimento fraterno e uni- versal, assim como a água da chuva que cai na terra e depois evapora e regressa aos céus em forma de nuvem, assim todos nós um dia para lá retornaremos, despidos de corpos, imersos nas luzes dos nossos Es- píritos, Iluminados e leves, utuando iguais as nu- vens, na nossa forma abstrata e sem forma, mas unís- sonos numa mesma UNIÃO, pois nesse momento o caos não mais existirá na noite dos tempos.

Os Maçons não são os sábios das eras antigas e obscuras da humanidade, de antes do tempo e das idades, eles são os sábios de sempre, de todo o sem- pre! O seu início não teve começo e o seu m jamais existirá. Os Maçons não têm corpo. O corpo não exis- te. O segredo apenas existe e a essência do segredo é a certeza de que a Morte também não existe, digo isso com certeza, pois como Espírito que sou de nada pre- ciso para existir: nem de um corpo quiçá uma alma. O que é um corpo sem ter um Espírito que o habite? O que é uma alma se não tiver um Espírito para ilumi- ná-la? O tempo precisa do dia e da noite, das luzes do sol e da lua, do brilho aterrador e poético dos astros e das estrelas, assim como o mundo para ser mundo também necessita de tudo isso. O mundo é o corpo, o tempo é a alma… Mas somente a humanidade é o seu Espírito, caracterizado pelos Espíritos de todos os homens iluminados por um mesmo feixe de luz. Adão, saído da terra, razão do seu próprio nome… Adão foi uma lenda, nunca o primeiro homem. O pri- meiro homem que habitou o planeta Terra nela não nasceu. O homem é uma criação do Universo e como ser onisciente e onipresente que é, está em todas as partes e tudo sabe. Não somente o GADU está em to- das as partes e tudo sabe, também os homens estão e sabem por que não somente o GADU é Deus, nós, os homens todos, Maçons ou profanos somos Deuses… Somos Deus de nós mesmos!

Onde é que se esconde a profundidade das coisas, de todas as coisas? Onde está escondida a sabedoria do Universo? O Universo não tem sa- bedoria… Ele tem formas abstratas e indefinidas, espaços claros ou escuros, nuances de escuridão e sombras, silêncios absolutos ou estrondos mo- numentais… Sábios, meus IIr∴ são os homens, quando deixam de ser homens e esquecendo-se da matéria que por um breve período lhes for- neceu sustento e forma, tornam-se à semelhança do caos e para lá retornam, como no começo dos mundos, ao seu estado primordial, infinitamente quasar, pura energia que com sua força titânica retornam à sua origem absoluta, ao seu início lí- quido, primitivo, inconsciente, à sua infinita in- consciência e antimatéria, ao seu próprio Ser… ao seu próprio NADA!

About The Author

ARLS Cavaleiros da Fraternidade, no 1353 Grande Oriente de Salvador • GOEB/GOB

Leave a Reply

Your email address will not be published.