“William Preston (Edimburgo, 7 de agosto de 1742 – Londres, 1 de abril de 1818) foi um autor, editor e palestrante escocês. Depois de frequentar a escola e a faculdade, tornou-se secretário do linguista Thomas Ruddiman, o qual foi seu guardião após a morte do pai. Com a morte de Thomas, Preston tornou-se impressor sob Walter Ruddiman, irmão de Thomas. Em 1760, mudou-se para Londres e começou uma carreira de destaque com o impressor William Strahan. Nesta época, tornou-se Maçom, instituindo um sistema de preleções de instrução e publicando Esclarecimentos sobre Maçonaria, que teve várias edições. Foi sob Preston que a Lodge of Antiquity se separou da Grande Loja dos Modernos, assumindo o título de “A Grande Loja de Toda a Inglaterra ao Sul do Rio Trent” por dez anos. Depois de uma longa doença, faleceu em 1818 e foi sepultado na Catedral de São Paulo. ”[1]

A data exata da iniciação de Preston não é conhecida, mas ocorreu em Londres em 1762 ou 1763. Ele foi recebido em sua Loja Mãe em uma reunião no White Hart Tavern em Strand. Esta loja foi formada por maçons de Edimburgo peregrinando por Londres, que depois de ter recusado um convite da Grande Loja da Escócia, aceitou um convite do Grande Corpo Escocês que era ligado à antiga Grande Loja de Londres. A ata da Grande Loja dos Antigos mostra que a Lodge Nº 111 foi constituída em cerca de 20 de abril de 1763, com William Leslie (Mestre), Charles Halden (Vigilante) e John Irwin (Vigilante), e o nome de Preston foi listado como o décimo segundo entre os vinte e dois na lista de filiação.[2]

Em 1777 ocorreu um evento que foi importante nos assuntos maçônicos do período. Por conta dos problemas formados por sociedades rivais da Grande Loja da Inglaterra Moderna, ela havia proibido suas Lojas e membros para aparecer em público paramentados. A Loja dos Antigos, em 17 de dezembro de 1777, resolveu participar de um culto religioso no dia de São João, que ocorreria no dia 27 seguinte, indo à Igreja de St. Dunstan, do outro lado da rua de onde a Loja se reunia.

Alguns dos membros protestaram, dizendo que isso era contrário à regulamentação da Grande Loja, com o resultado, apenas dez compareceram, vestindo luvas e aventais na sacristia da igreja, e, em seguida, entraram para ouvir o sermão.

No final do culto voltaram para a Loja sem primeiro remover suas roupas maçônicas. Essa ação foi motivo de debate na próxima reunião da Loja em que Preston expressou a opinião de que a Lodge of Antiquity nunca tinha se rendido aos seus privilégios e prerrogativas quando ele participou da formação da Grande Loja em 1717 e considerou que ele poderia mostrar-se.

O incidente fez com que a Grande Loja condenasse Preston, em virtude da proibição tradicional às Lojas de se mostrarem publicamente sem a sua autorização. Preston invocou a título de privilégio o fato de que a sua Loja trabalhava “desde tempos imemoriais”, opinião juridicamente insustentável, pois ela colocava a Loja na condição de Obediência autônoma. Preston foi expulso da Maçonaria.

Cisma da Grande Loja e a Criação da “Grande Loja de Toda a Inglaterra ao Sul do Rio Trent”

Em 27 de dezembro de 1777, alguns membros da Lodge of Antiquity, incluindo Preston, retornaram da Igreja de São Dunstano portando suas insígnias maçônicas, tratando-se meramente de atravessar a rua. Alguns membros originais da Antiquity que não estavam presentes (e que incluíam os dois homens que persuadiram Preston a se juntar à Antiquity) decidiram relatar o incidente à Grande Loja como se fora uma procissão maçônica proibida. Ao invés de tratar como um incidente menor, Preston escolheu defender as suas ações e as de seus irmãos enfatizando a senioridade de sua Loja, que, enquanto Ganso e Grelha, fora uma das fundadoras da Grande Loja. Preston argumentava que sua Loja apenas respondia às constituições originais e regulamentos posteriores não se aplicavam a ela. Depois do devido processo, Preston e seus apoiadores foram expulsos em 1779, o que dividiu a Antiquity. Os membros mais antigos permaneceram com a Grande Loja. O restante da Loja se aliou com a Grande Loja de Toda a Inglaterra, em York, tornando-se, durante a separação, “a Grande Loja de Toda a Inglaterra ao Sul do Rio Trent”, constituindo pelo menos duas Lojas sob este título. Em maio de 1789, a disputa foi resolvida e Preston, após um pedido de desculpas, recebeu de volta suas honras maçônicas, a Lodge of Antiquity se reunindo em 1790.[3]

O nome de William Preston permanece ligado aos seus “Illustrations of Freemasonry” (Esclarecimentos sobre a Franco-Maçonaria), cuja primeira edição é de 1772. A obra teve dezessete edições, das quais doze durante a vida do autor, que morreu em 1818 e foi enterrado na catedral de São Paulo em Londres.

O Illustrations of Masonry é dividido em quatro livros:

Book I – The Excellency of Masonry Displayed Sobre a simetria e proporção das obras da natureza, origem da ordem, governo na fraternidade, características dos maçons, maçons impostores, entre outros.

Book II – General Remarks – Sobre as cerimônias de abertura e fechamento de lojas, leis, candidatos a ingressar na ordem, geometria, outras sociedades, regras para visitação, entre outros.

Book III – The Principles of Masonry
Explained – Sobre Pitágoras, segredos
dos maçons, astrologia e etc.

Book IV – The History of Masonry in England – Como o nome já diz, trata-se da história da Grande Loja da Inglaterra com minuciosos detalhes dos acontecimentos da época.

Embora considerado um grande estudioso maçônico, poucos maçons modernos leram sua obra. Conquanto sua história da Maçonaria na Inglaterra seja infundada como aquela escrita por James Anderson, tendo como ponto de partida o reinado de Athelstan, suas preleções e explicações devem ser vistas como obra da época, relacionando a Franco-maçonaria do final do século XVIII ao povo de seu tempo. O legado mais duradouro de Preston foi afastar a percepção da Franco-maçonaria da mesa de jantar e dos bares, dando-lhe um apelo mais cerebral. Preston também é considerado, junto ao Grande Secretário James Heseltine e a Thomas Dunckerley, um dos responsáveis pela transferência das reuniões maçônicas de tavernas para edifícios maçônicos. [3]

Em tudo é preciso PRUDÊNCIA e CONHECIMENTO, às normas, aos costumes e às tradições, todavia, com a expulsão do Irmão William Preston, o campo da pesquisa, conhecimento e produção intelectual da Maçonaria teve um prejuízo que se não pode mensurar neste hiato. Se tivesse eu, no dia de São João Evangelista, na Idol Lane, em Londres, naquele instante… bradaria em alto e bom som:“- Cuidado, Irmão Preston!. Cuidado ao atravessar a rua! …”

REFERÊNCIAS
[1] – https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Preston
[2] – https://www.oprumodehiram.com.br/illustration-of-masonry-1772/
[3] – https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Preston

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DYER, Colin. William Preston and His Work.
Preston, William (2017). «William Preston – uma pequena biografia».
Esclarecimentos sobre Maçonaria. Rio de Janeiro: Arcanum Editora.