Em um cálido entardecer acompanhando aos Irmãos Luiz Roberto da Silva e Senival Nunes de Oliveira nos dirigimos até a cidade de Bauru, SP a fim de participarmos de uma Sessão Magna de Iniciação.

A Loja que realizava a cerimônia, Mahatma Ghandi utilizava suas modernas e amplas instalações em magnífica construção recém terminada em um dos bairros da “Cidade Sem Limites”, que por sinal, tiveram suas ruas todas alteradas de “Rua Nº” para “Rua Nominal”, e por incrível que pudesse parecer, só tínhamos o nome da Loja. Deu-se início ao processo de indagar de todo e qualquer transeunte que encontrávamos se podiam nos orientar, sem, contudo lograr êxito.

Nosso inimigo, o relógio, dava-nos a impressão que seus ponteiros cheios de vigor nos avisando que a hora estava chegando, e encontrar o Templo, quem dera!
Às portas de desanimar pelos insucessos e pela escuridão, pensamos em certo momento de desistir da empreitada, quando em meio a uma quadra, ou quarteirão como é conhecido na região, eis que surge um grupo, com toda certeza composto por mais de duas famílias, entre adultos, jovens e crianças, usufruindo do frescor daquele início de noite.
Era a última esperança! Quando formulamos a pergunta, novamente a resposta explicativa que para nós não representava absolutamente nada:

– É complicado, senhor, pois o bairro mudou recentemente as denominações de todas as ruas, e ainda persiste o impasse: por número ou por nome? Infelizmente não temos como ajudá-los.
Foi nesse instante que o nosso benfeitor apareceu: destacou-se do grupo, aproximou-se da “janela” do carro, deu àquela observada em cada um dos ocupantes, examinou bem a forma como estávamos vestidos, e ao notar a austeridade do terno preto, camisa branca e gravata, não titubeou, tal qual fiscal da Receita Federal e só então perguntou:
– O senhor está procurando a IGREJA MAÇÔNICA?
E diante das três vozes mais sonoras e uníssonas que “Os Três do Rio”, respondemos:
– Sim, meu jovem! Você sabe como chegar lá?
E o desenvolto rapaz explicou com riqueza de detalhes um caminho que, sem suas explicações, amanheceríamos o dia sem lograr êxito.
Agradecemos e nem sequer procuramos saber qual o seu nome. Ele que, naquele momento, representava a presença de três Obreiros ansiosos e desejosos de assistir ao ingresso de mais um Irmão na grande Família Universal da Maçonaria.
Que lição preciosa eu aprendi daquele que, até instantes atrás, era a nossa preocupação maior, afinal, fomos reconhecidos pelo nosso modo de trajar!
E, sozinho, no banco traseiro imaginava: e se estivéssemos vestidos com roupas simples e comuns, será que seríamos identificados como membros da “Igreja Maçônica”; e se naquele momento estivéssemos praticando qualquer ato ofensivo à moral, mesmo “internados”, seríamos reconhecidos domo Maçons?
Nosso pequeno Mestre incógnito nos transmitiu sem querer uma valiosa lição: temos que ser reconhecidos pelo nosso caráter, pelos nossos atos, pelo modo como lidamos no mundo profano, no trabalho, na escola, na sociedade, de como nos portamos em casa com nossos familiares, de como nos tratamos em nossos encontros semanais com nossos Irmãos!
Afinal, fomos pinçados no mundo profano não porque éramos ruins com o objetivo de a Maçonaria nos aprimorar, mas sim porque éramos Homens Livres e de Bons Costumes para que a Maçonaria nos aperfeiçoe e nos torne ainda melhores.
Obrigado jovem de Bauru, a lição que me deste naquela noite levarei enquanto viver, e quem sabe se for a vontade soberana do Grande Arquiteto do Universo, um dia ao participar de uma Sessão Magna de Iniciação eu possa ouvir o recém Iniciado dizer com voz emocionada:
– Meu Irmão, eu sou aquele rapaz!
Que o Grande Arquiteto do Universo nos abençoe e guarde!

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