Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, foi escrito pelo filósofo Platão e está contido em “A República”, no livro VII. Na alegoria narra-se o diálogo de Sócrates com Glauco e Adimato. É um dos textos mais lidos no mundo filosófico. A “história” narra a vida de alguns homens que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e ficavam voltados para o fundo dela. Ali contemplavam uma réstia de luz que refletia sombras no fundo da parede. Esse era o seu mundo. Certo dia, um dos habitantes resolveu voltar-se para o lado de fora da caverna e logo ficou cego devido à claridade da luz. E, aos poucos, vislumbrou outro mundo com natureza, cores, “imagens” diferentes do que estava acostumado a “ver”. Voltou para a caverna para narrar o fato aos seus amigos, mas eles não acreditaram nele e revoltados com a “mentira” o mataram. Platão utilizou a linguagem mítica para mostrar o quanto os cidadãos estavam presos a certas crendices e superstições. Com essa alegoria, Platão divide o mundo em duas realidades: a sensível, que se percebe pelos sentidos, e a inteligível (o mundo das ideias). O primeiro é o mundo da imperfeição e o segundo encontraria toda a verdade possível para o homem. Assim o ser humano deveria procurar o mundo da verdade para que consiga atingir o bem maior para sua vida. Em nossos dias, muitas são as cavernas em que nos envolvemos e pensamos ser a realidade absoluta”. Para os ensinamentos contidos no catecismo maçônico, a ignorância, a superstição e o fanatismo são as cavernas a serem combatidas, e que tornam o homem incapaz de ver nas suas próprias limitações um desafio e uma oportunidade de superá-las, e assim, conquistar o direito a viver uma vida virtuosa. E se a alma é imortal, como acredita todo o Maçom, então não existirá nenhuma fuga possível para os seus próprios males e nenhuma outra via de salvação que não seja por meio de transformações em vida, ou seja, pelo processo da palingenesia. O homem ignorante, destarte, é uma presa fácil aos preconceitos! Como é cediço, a Maçonaria é uma sociedade iniciática que tem como seu escopo o aperfeiçoamento moral e intelectual do homem – auxiliando-o no combate da cegueira das suas cavernas – e também o bem-estar da pátria e da humanidade, mediante ensinamentos esotéricos/exotéricos transmitidos em seus Templos aos seus iniciados de forma cifradas por meio de símbolos e alegorias, à semelhança da associação pitagórica que detinha segredos que proibia revelar aos impuros. “Os Símbolos revelam velando e velam revelando” (Georges Gurvith). Nesse diapasão, dando início às minhas elucubrações filosóficas, o ingresso inicial de um homem em uma Loja Maçônica simboliza preliminarmente a sua introdução à ciência do conhecimento de si próprio – máxima Socrática: “Conhece-se ti a ti mesmo” – ato esse capaz de promover nossa autotranscendência. Em todas as escolas herméticas há uma cerimônia com a qual se recebe o profano (etimologicamente aquele que se encontra fora e ao lado do templo), chamada cerimônia de iniciação. Essa cerimônia, longe de ser compreendida pela maioria dos candidatos, é um ato muito significativo, cuja verdadeira importância está oculta sob a “verdadeira” aparência do véu exterior. A iniciação é o começo de um caminho que não tem fim, do mesmo modo que o saber. Há sempre algo para se aprender. De uma maneira ou de outra, cedo ou tarde, descobriremos como as mesmas verdades universais têm sido representadas por culturas e civilizações muito distantes entre si. Na verdade, duvido que haja para o ser pensante momento mais decisivo do que aquele que, caindo-lhe a venda dos olhos, ele descobre que não é um elemento perdido nas solitudes cósmicas, mas que é uma vontade de viver universal que nele converge e se homizia. “Olhei para cima, estava no interior daquilo a que se convencionou chamar uma Câmara de Reflexões. Um pequeno cubículo, de um por meio metro com cerca de três de pé direito. Estava coberto por lâminas de mármore negro, com algumas faixas em seda negra e que reluziam, com suavidade, devido à vela acesa do castiçal dourado, pousado numa minúscula banca pintada de negro mate, onde também se encontrava um pequeno cofre, um galo, uma tigela com sal, o galo era de metal, uma caveira, que, no meio de todo aquele cenário, pareceu-me verdadeira. De quem seria? ”. É naquela escuridão própria da Câmara das Reflexões em que os elementos inerentes à matéria se corrompem e ocorre a morte simbólica daquele prestes a se tornar, por meio da sua iniciação, um neófito Aprendiz Maçom. É a primeira viagem que deve ser realizada pelo profano ao seu interior antes de adentrar em nossos insondáveis e augustos mistérios; o verdadeiro estado de escuridão, ou trevas, daqueles que ainda estão em busca de palmilhar os ensinamentos inerentes ao primeiro grau; de maneira bastante marcante simboliza aquela do caos reinante antes da criação do homem, ou da noite na qual foram mergulhados os descendentes do homem em consequência de sua transgressão original. É também fortemente emblemática da escuridão do ventre que antecede o nascimento natural do homem; a dor psíquica infligida em sua entrada adequadamente representa as suas angústias, e ambas as sensações lhe remete à sua entrada na “loja” desta quadriculada vida, tal qual um exausto viajante encontrado num sombrio e inóspito deserto. A sua sofrível condição naquele ambiente sugere-lhe a desolada e desamparada situação do homem num estado natural, e ensina-lhe já, por conseguinte, o valor das boas ações que devem mutuamente ser praticadas e o exorta a estender sua ajuda aos outros, tanto quanto gostaria para si próprio – confortando o aflito, saciando o faminto e vestindo aquele que está nu. Em tal ambiente de forte conteúdo espiritualista é que aquele ainda profano se depara com a divisa do V.I.T.R.I.O.L. Somente após tal reflexão preliminar na mencionada câmara das reflexões ele é trazido à luz do mundo e à luz da sabedoria. Sua investidura é fortemente significante da primeira vestimenta da raça humana (a sub-raça humana, dotada do poder de consciência, surge com a terceira raça mãe denominada de Lemuriana), e assinala o modelo propósito da roupagem primordial – o proto homo sapiens. Inobstante a cognoscibilidade adquirida na sua nova condição inicial, as ferramentas de trabalho inerente ao grau de Aprendiz Maçom são ainda os toscos implementos do gênio não instruído e os grosseiros emblemas das mais simples verdades morais, denotando o árduo trabalho que o esforço humano deve suportar quando não assistido pelos eficientes dispositivos de uma educação. Após concluído o processo de sua iniciação, como uma das suas lições lhe é ministrado de que o seu organismo é representado por um edifício de quatro quadrados ou de quatro lados. Isso se dá em conformidade com a antiquíssima doutrina filosófica órfica-pitagórica de que o número “quatro” é o símbolo aritmético de tudo aquilo que é manifesto ou possui forma física. O Espírito, que não é manifesto e nem físico, é expresso pelo número “três” e o triângulo. Porém, o Espírito ao se projetar para se tornar objetivo e “vestir” um corpo ou uma forma material é denotado pelo número “quatro” e pelo quadrângulo ou quadrado. Daí o nome hebraico da Deidade, tal como conhecido e venerado neste mundo exterior, ser o grande impronunciável e inefável nome de quatro letras, ou tetragrama, enquanto os pontos cardinais do espaço também são quatro, e cada uma das coisas manifestas é composta dos quatro elementos físicos básicos: Fogo, Água, Ar e Terra. É ensinado, ainda, por meio das pertinentes lições, de que no referido grau de Aprendiz Maçom ainda se encontrará totalmente preso às vaidades da caverna conhecida como matéria, da qual terá que aos poucos ir se desprendendo para que possa vir a fazer progressos mediante seus estudos. Ou seja, nesse grau inicial a matéria se encontra sobreposta ao espírito, o que é representado quando do simbolismo da abertura do Livro da Lei. Nesse diapasão, é sabido de que simbolicamente a Maçonaria considera o homem profano (etimologicamente aquele que se encontra fora e ao lado do templo), como sendo aquele que se encontra agrilhoado e cego e que necessita ser libertado das suas variadas cavernas alegóricas a que se refere Platão, o que intenta fazer por meio dos seus ensinamentos de cunho espiritualistas e morais; uma pedra bruta retirada dessas montanhas, tosca, bruta e informe, conforme pregado pelo Padre Antônio Vieira no sermão do Espírito Santo. Por isso procura por meio dos seus ensinamentos livrá-lo de ser apenas mais um do “bando de gaivotas” que não deseja alçar voos mais altos em busca da verdade, como no mito de Fernão Capelo Gaivota. Após o seu efetivo ingresso em nossa ordem será lhe mostrado a caminhada que deve ser efetuada por todos do Ocidente – região das trevas em um Templo Maçônico – em direção ao Oriente – esse como sendo a região em que brilha a luz fulgurante do astro rei -, a ser empreendida galgando os vários degraus da escada de Jacó. Por isso, a simbologia contida no catecismo maçônico assemelha o Aprendiz justamente a uma pedra bruta – sem forma (disforme), a ser trabalhada a partir das Luzes no templo recebidas. Esse trabalho se transformará numa árdua e diuturna tarefa moral e espiritual, isto é, em um importante, difícil e longo aprendizado a ser buscado com denodo e perseverança, cujo escopo é a de vir a torná-lo alfim um homem livre e de bons costumes. Toda formação moral deve ter por objeto desenvolver as inclinações mais nobres, inspirar as paixões generosas, ajudar a submeter os pendores desregrados e a sufocar o germe das paixões más. É o que prega os ensinamentos exotéricos contidos no catecismo maçônico. Contudo, o verdadeiro e dedicado Maçom tem que progredir e ousar a fazer novos voos na sua jornada iniciática com o intuído de vir a transpor o seu apego à matéria, o que é feito por meio dos estudos contidos na filosofia esotérica/exotérica maçônicas. A metafísica do catecismo maçônico se inicia, portanto, no grau de Companheiro Maçom. Nos abeberando da sabedoria de Fernão Capelo Gaivota, clássico da literatura mundial, a maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples fatos do voo – como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar. Antes de tudo o mais, Fernão Capelo Gaivota adorava voar. Essa maneira de pensar não o popularizava entre os outros pássaros, como veio a descobrir. “Por quê, Fernão, POR QUÊ? – Perguntava-lhe a mãe – Por que é que lhe custa tanto ser como o resto do bando? Por que você não deixa os voos baixos para os pelicanos, para o albatroz? Por que não come? Filho, você está que é só pena e osso! – Não me importo de estar só pena e osso, mãe. Eu só quero saber o que posso fazer no ar e o que não posso, é tudo. Só quero saber isso”. De tal modo, assim como o proceder de Fernão Capelo Gaivota ao se insurgir com as ideias preconcebidas dos seus iguais, deve ser o palmilhar do verdadeiro maçom em sua jornada de subir os degraus da escada de Jacó em busca da suprema verdade, o que deve ser feito mediante o seu aprofundamento constante dos ensinamentos maçônicos, a despeito de outras “gaivotas” somente preferirem o comodismo das sombras que invadem as suas cavernas. Costumo dizer que a verdadeira maçonaria não é encontrada nas águas rasas em que se encontram o simbolismo da maçonaria azul, e sim, naquelas abissais, local onde reside a verdadeira inteligência humana. Como dantes falado, percebida pelos Maçons desde o seu ingresso quando ainda profano na Câmara das Reflexões, a sigla V.I.T.R.I.O.L é conhecida pelos Hermetistas, dela fazendo uso os místicos em geral, os Rosa-cruzes, Alquimistas, Iluminati e Filósofos, sendo elevada a um patamar de referência especial pelo Rito Escocês, pois a expressão está intimamente associada à elevação da mente e à plena transformação do profano em verdadeiro Iniciado; à passagem do estágio de Neófito para o de Mestre. Todavia, a sigla V.I.T.R.I.O.L. não é, posteriormente, esclarecida ao candidato. Ou seja, não damos ao V.I.T.R.I.O.L. a devida importância. As palavras contidas na sigla, na sua expressão latina, são: “Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem” (Visita o Interior da Terra e Retificando Encontrarás a Pedra Oculta). O âmago do V.I.T.R.I.O.L. diz respeito ao mergulho em que o Ser, conscientemente, e em decorrência dos seus esforços de aprendizagem visando a ascensão espiritual, fará em sua intimidade na ingente tarefa de aperfeiçoamento interior, transformando, no seu Ego, o que é pedra bruta em pedra polida, em seu verdadeiro EU desbastado das impurezas da vida mundana. É garimpar o íntimo do Ser em busca das asperezas existentes; dos efeitos e dos vícios arraigados, das imperfeições adquiridas que tornam a alma pequena: ódio, egoísmo, luxúria, intolerância, soberba e orgulho, vaidade e ambição sem freios. Essa busca interior é a “Visita ao Interior da Terra”, considerando que somos, nós humanos, pó da terra desde nossa constituição física, e estamos certos de retornar ao pó de nossa origem, conforme referido no capítulo 3, versículo 1 e 7, de Eclesiastes. Nossa constituição orgânica absorveu da Terra as partículas necessárias à vida, à ação, incluindo o ouro, valioso, embora sem jaça, em nossa organização somática, em decorrência das imperfeições morais que integram nosso Ser, conforme esclarece Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”. Porém, a “Visita ao Interior da Terra” não deve ser vista apenas como uma aventura movida pela vã curiosidade, uma simples expedição arqueológica, mas como busca racional embasada na certeza de melhores dias, desde que, efetuada a retificação, ou seja, a reforma interna, o “Retificando” da expressão esotérica, proceda-se a transmutação de profano para verdadeiro Iniciado, e homem com perseverança, coragem e sinceridade alcance a ascensão galgando os degraus da “Escada de Jacó”, constatando, em nossos passos, a presença dos mistérios iniciáticos. A “Descoberta da Pedra Oculta “é o descobrimento da chave que responderá às mais elevadas indagações da mente inquiridora, às questões mais contundentes do pensamento humano: Quem sou? De onde venho? Para onde vou? O que é a vida? Depois da morte, nada mais resta, defeitos e virtudes? Tem sentido a vida, e qual é esse sentido? Enquanto estivermos longe das respostas a essas perguntas, seremos ainda “Buscadores” na senda, mas não Mestres. Destarte, nos socorrendo da filosofia platônica, afirmamos: somente quem se livra de suas cadeias e abandona a caverna para ingressar no mundo além dela pode vir vislumbrar a verdadeira realidade, ainda que ao se expor à luz pela primeira vez talvez seja dominado por sua luminosidade deslumbrante e torne-se incapaz de identificar o seu caráter real. O prisioneiro libertado das cadeias e que conseguiu ver a luz é o filósofo, que da contemplação das coisas sensíveis, sombras das ideias, se eleva à visão da luz das ideias mesmas (local em que residiria os arquétipos das coisas, segundo Platão). A partir de então começa a sua missão iluminadora e libertadora para com os outros prisioneiros: e esta é a missão que Sócrates dizia ter-lhe sido confiada por Deus, comparável à da Descida ao Hades, celebrada por órficos e pitagóricos. Essa é a nobre missão conferida pela Maçonaria aos seus Mestres Maçons, quando dos resgates dos Aprendizes e Companheiros até o momento em que se encontrarem por completo fora das suas respectivas cavernas. Encaminhando-me agora, após os adredes devaneios filosóficos, para as minhas humildes conclusões. O mito da caverna nesse singelo trabalho lembrado simboliza o aspecto ascético, místico e teológico do platonismo; a vida na dimensão dos sentidos e do sensível (Graus de Aprendiz e Companheiro) é a vida na caverna, assim como a vida na pura luz é a vida na dimensão do espírito (Grau de Mestre). O voltar-se do sensível para o inteligível é representado expressamente como “libertação das algemas”, como conversão, enquanto a visão suprema do sol e da luz em si mesma é visão do Bem e contemplação do Divino. Por seu turno, o esoterismo do V.I.T.R.I.O.L. é a divisa que nos convida a que façamos a nossa viagem interna em busca da verdade, a qual somente encontramo-la após sermos devidamente retificados das nossas rudes asperezas. É como no mito de Fernão Capelo Gaivota, que nos ensina de que somente cresce aquele quem se atreve a quebrar paradigmas estabelecidos como preconceitos arraigados do seio dos conformistas. Ou seja, o verdadeiro homem livre e de bons costumes tem por dever imperioso o de vir a fazer sempre novos progressos na Maçonaria, visando além do seu crescimento espiritual, o bem da pátria e da humanidade. Dentro de um Templo Maçônico, o aspecto do “sensível” – local representativo do mundo fenomênico em que reside apenas as ideias imperfeitas da verdadeira realidade, segundo lição de Platão – na sua planta é representado pelo Ocidente, onde fica a chamada “res do chão”; e o “inteligível” – local em que reside o foco ejetor das luzes que iluminam nossas cavernas, nele é representado pelo espaço do Oriente. O Venerável é o elemento (demiurgo) que faz a interface entre o mundo do espírito e o da matéria; entre a civitas dei (cidade de Deus) e a civitas terrena (cidade dos homens). Assim como o Venerável é o elo em uma loja que se encontra mais perto do espírito, os cobridores (interno e externo) são aqueles que se encontram mais próximos da matéria. Dessarte, chegando em tal estágio, é esperado por parte daquele outrora iniciado, ao fim e ao cabo dos seus estudos da doutrina maçônica, que tendo passado pelo mergulho simbólico de visita ao seu interior e devidamente se retificado (V.I.T.R.I.O.L), efetivamente tenha aprendido a cavar masmorras aos vícios de todos os preconceitos e conhecido as realidades arquétipas que se encontram com a sabedoria dos Mestres, e dais quais fala Platão, para poder vir a ser merecidamente, quando dali emergir, considerado definitivamente também como um Mestre Maçom, livre dos grilhões que o aprisionavam em sua caverna inicial com os olhos voltados somente para a irrealidade das sombras projetadas no Ocidente, momento esse em que conhecerá o significado da luz radiante do sol – astro de primeira grandeza – que brilha no céu do Oriente em um Templo Maçônico. Espera-se ainda, da sua parte, atitudes firmes como aquelas de Fernão Capelo Gaivota, para quem o importante não é somente comer aquilo que alimenta ao corpo, como também o que alimenta a alma. Ou seja, chegando em tal estágio de desprendimento, em que o espírito suplanta a matéria, repito, o aquele outrora iniciado se tornará um verdadeiro Mestre Maçom e descobrirá que não é apenas um elemento perdido nas solitudes cósmicas , e sim, um elo de uma corrente poderosíssima de 81 nós, momento também em que terá reavido a palavra perdida e edificado o verdadeiro Templo do Senhor; a nova Jerusalém Celeste esperada quando do advento da parusia, segundo o livro bíblico das revelações. Como dantes mencionado, a maçonaria é um amálgama de ensinamentos esotéricos e exotéricos. As lições exotéricas têm o escopo é o de vir a conduzir o Maçom para os caminhos retos da vida em sociedade, ou seja, para formar um homem livre e de bons costumes. Cícero afirmava de que cada qual deve, em todas as matérias, ter um só objetivo: conformar o seu próprio interesse com o interesse geral; pois se cada um chamar tudo a si, dissolve-se a comunidade humana. Outrossim, o pensamento Kantiano relativo a moral exerce uma profunda inspiração dentro da Maçonaria: “Duas coisas enchem o espírito de admiração e de reverência sempre nova e crescente, quanto mais frequente e longamente o pensamento nelas se detém: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim”. Atingindo tal estágio de refinamento moral, cujos princípios éticos também foram aprendidos no seio da maçonaria, estará formado o verdadeiro Maçom, para gáudio da sociedade e pronto para ser devolvido ao tecido social do qual foi adredemente retirado ainda como uma pedra bruta, agora como uma verdadeira pedra angular, ou seja, aquela única pedra capaz de sustentar toda a construção social. Os ensinamentos exotéricos contidos do catecismo maçônico residem justamente em o que Kant define como sendo um Imperativo Categórico, ou seja, o dever moral como um juízo sintético a priori. “Devo fazer porque tenho que fazer e não porque algo me obriga a que faça”. É como o preceito da verdadeira caridade Cristã: de dar com uma mão sem que a outra saiba. Eis, portanto, nas minhas modestas conclusões, o verdadeiro significado da transformação que devemos operar em atendimento ao esoterismo contido na divisa V.I.T.R.I.O.L encontrada na Câmara das Reflexões! Eis, por conseguinte, o verdadeiro significado do esoterismo/exoterismo contido no catecismo maçônico e considerado como sendo o segredo da Maçonaria, a sua pedra filosofal, e que reside no aperfeiçoamento espiritual e moral do homem, o que faz mediante a sua libertação da senda tortuosa de todos os tipos de ignorância e preconceitos que dantes o atormentavam! Que o Grande Arquiteto do Universo, senhor dos mundos, continue a nos iluminar e as nossas famílias no empreendimento de nossas jornadas maçônicas, livrando-nos de toda a cegueira contida no mundo das vaidades fenomênicas por ventura remanescente em nossa civitas terrena interior! Bibliografia: – Adoum, Jorge, 1897-1958. Grau do aprendiz e seus mistérios, 1º grau / Jorge Adoum. – São Paulo : Pensamento, 2010 – (Coleção Biblioteca Maçônica Pensamento). 21ª reimp. Da 1ª ed. – Bréhier. Émile. História da Filosofia. Tomo primeiro. A Antiguidade e a Idade Média. Tradução de Eduardo Sucupira Filho / Émile Bréhier. – São Paulo, SP, – Editora Mestre Jou. 1ª ed. Em língua portuguesa, 1977. – Costa, Wagner Veneziani. Maçonaria : escola de mistérios : a antiga tradição e seus símbolos / Wagner Veneziani Costa. – 2. Ed. – São Paulo : Madras, 2015. – Jolivet, Regis. 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