A busca pelo auto – aprimoramento em todos os aspectos de nossa existência é uma máxima Maçônica. A Pedra Bruta é o símbolo das imperfeições do espírito que o Maçom deve procurar corrigir. O autêntico refinamento, o desbastar a pedra bruta, é um processo que nos ajuda a eliminar os excessos de pensamentos, de ansiedades e medos, na busca pelo desenvolvimento pessoal e moral. Ao sermos lapidados, polindo as faces e alisando as arestas, perdemos boa parte de nosso volume e peso, mas transformamo – nos em uma pedra muito mais bonita, mais valiosa e única, que fará parte da construção do edifício social.

Saliba (2008) provoca – nos afirmando que ao sermos iniciados assumimos também Responsabilidade Social, ou seja, lavramos um compromisso pessoal com a sociedade e com o planeta em que vivemos na busca do desenvolvimento sustentável, comprometendo – nos“em transformar nossas comunidades em ambientes fraternos e solidários, capazes de gerar distribuição de riquezas, felicidade e bem-estar social a todos”.

Todos nós sabemos que a nossa sociedade vive um momento particular: violência, discriminação, intolerância, corrupção, abuso de drogas lícitas e ilícitas, desrespeito aos direitos humanos, pandemias entre diversos outros problemas que fazem parte do nosso dia a dia. Chamamos a atenção de todos para a questão, pois o enfrentamento de todas essas questões exigem completa “clareza dos valores que devem orientar as ações de cada cidadão em direção à democracia e aos direitos de cidadania”(Brasilia, 2004).

Mais do que nunca temos a certeza de que é preciso recuperar os princípios éticos na formação das novas gerações, alimentando a esperança de que a humanidade possa superar esses problemas e construir uma sociedade verdadeiramente justa e democrática.
Recordemos que na década de 30 Gilberto Freyre escreveu um poema chamado “O outro Brasil que vem aí”onde afirmava:“Eu sinto os passos de um outro Brasil que vem aí, mais tropical, mais fraternal,mais brasileiro”.

A Maçonaria deve assumir seu papel fundamental na formação de valores sociais como a solidariedade, a equidade, o bem comum e a democracia.

Esse trecho do poema “O outro Brasil que vem aí”mostra que Gilberto Freyre sonhava com um Brasil melhor e nos leva a uma reflexão: porque, tantos anos depois, aquele Brasil não chegou até nós? Por que continua violento, desigual e elitista?
A resposta está no fato de que nós, brasileiros, investimos em uma educação orientada somente para o crescimento econômico, sem responsabilidade ética e justiça social. Para Genro (2004) trilhamos um caminho contrário ao dos sonhos de Freyre e deixamos incompleto tudo o que começamos a fazer.

O autor nos completa “O Brasil se fez independente de maneira incompleta, republicano de maneira incompleta, industrializado de maneira incompleta, democrático de maneira incompleta, porque só a educação completa a história de um povo”(Genro, 2004).
Vivemos hoje uma sociedade excludente, temos cada vez mais uma preocupação individual com a sobrevivência, nos faltam perspectivas. Falta-nos a busca do sonho, da utopia como a possibilidade concreta do vir a ser.

Essa busca precisa começar e a Maçonaria deve assumir seu papel fundamental na formação de valores sociais como a solidariedade, a equidade, o bem comum e a democracia. A Maçonaria deve ser a construtora do saber com justiça social, promovendo no seu interior a discussão de temas como: ética, direitos humanos, diversidade, participação política e paz. Precisamos ser fonte vital de cidadania, um instrumento do aprendizado, da segurança, da proteção e inserção da criança e do adolescente no seu meio social.

A efetivação da cidadania exige não só um Estado de Direito, como também um convívio social regido pelos princípios democráticos. Para isso, é necessário que, além dos governantes, cada cidadão e cada cidadã adotem esses princípios e orientem sua atuação social e seu comportamento pessoal por eles.

Mas só transformaremos o sonho de um Brasil educado, fraterno e brasileiro em realidade se contarmos com o esforço de cada maçom. Nós somos os agentes fundamentais de uma mudança consciente de atitudes por parte da população, rumo a uma educação cidadã. “Precisamos enfrentar as dificuldades de hoje sem perder o compromisso com o sonho do amanhã; temos o dever de tornarmo-mos mais críticos e conscientes do nosso papel social, inconformados com a desigualdade, comprometidos com a ética, coma justiça e com a solidariedade”(Genro, 2004).

“O que nos parece indiscutível é que, se pretendemos a libertação dos homens não podemos começar por aliená-los ou mantê-los alienados. A libertação autêntica, que é a humanização em processo,não é uma coisa que se deposita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mitificante. É práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo” (Freire, 1988, p.67

Referências
CASTELLANI, J Fragmentos da Pedra Bruta – Ed. A Trolha
1999 – Volume 1 .
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 28 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
FREYRE, Gilberto O outro Brasil que vem aí in Poesia reunida,
Ed. Pirata, 1980.
GENRO, T Carta dos Ministros in Ética e Cidadania – construindo os valores na escola e na sociedade – Brasília, 2004
SALIBA, A – A função social dos iniciados na Maçonaria – Revista Arte
Real – Ano II – n° 12 Fevereiro de 2008, pg 11

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