3. RITO E RITUAL, MAÇONARIA SIMBOLICA E MAÇONARIA FILOSOFICA. Rito nada mais é que um conjunto de cerimônias adotado por uma determinada entidade. Todas as religiões possuem um rito e consequentemente um ritual, pois, todo sistema litúrgico, ritualístico e simbólico que possui um começo, um meio e fim é um ritual na forma mais simples de se dizer, a igreja católica possui ritos e rituais, as igrejas evangélicas também, religiões espiritas, africanas, indianas, mulçumanas e muitas outras instituições iniciaticas e religiosas possuem ritos e praticam rituais. Segundo MELKISEDEK(2002,p.37), rito é o conjunto de cerimônias, reguladas segundo as tradições do sistema adotado; é o cerimonial de um culto; ordem ou conjunto de quaisquer cerimônias; é o sistema de organização maçônica que reúne suas regras e preceitos cada rito em maçonaria tem sua origem, número próprio de graus, tradições, mas devem observar em comum todos os ritos, as leis ou princípios fundamentais da Ordem, para que sejam reconhecidos e adotados, ou seja devem observar os Landmarks, ou antigos limites. [5]. Na maçonaria já se foram praticados mais de 110 ritos, hoje na maçonaria do Grande Oriente do Brasil temos 7(sete) principais Ritos Maçônicos: Rito Escocês Antigo e Aceito, Rito Moderno, Rito York, Rito Brasileiro, Rito Adonhiramita, Rito Schroeder e Rito Escocês Retificado. Onde nesses ritos a maçonaria se divide em maçonaria Simbólica e filosófica, por exemplo no Rito Adonhiramita os graus Simbólicos vão do Grau 1° ao Grau 3°: Aprendiz, Companheiro e Mestre respectivamente, e no filosófico vai do Grau 4 ao Grau 33, Segundo CAMINHO (2009, p.16), não se pode evidenciar que o rito, composto de 33 Graus, seja um só, a divisão entre Maçonaria Simbólica e Maçonaria Filosófica decorre de uma divisão de poderes. [1]. Desta forma observamos que se ter um ritual ou fazer um ritual não quer dizer que seja satânico, rito ou ritual nada mais é que um sistema de cerimônia, onde em matéria de maçonaria serve de um guia de como se movimentar em uma Loja Maçônica, onde os obreiros acompanham toda a ritualística da mesma forma que o católico acompanha a ritualista do folheto litúrgico. Apesar de muitos pensarem que na maçonaria os graus acontecem em um sistema único e em uma única forma de maçonaria, a realidade é totalmente ao contrário. Na maçonaria existe dois campos de atuação com poderes diferentes que os regem, A maçonaria Simbólica, é dividida em três graus: Aprendiz que é o grau inicial, neste se permanece por um ano, logo após temos o grau de Companheiro Maçom, onde por mais seis meses o maçom continua seu desenvolvimento mental, intelectual, espiritual, filosófico, simbólico e ritualístico, onde passando seis meses ele se submete a um teste que lhe são passado de cunho intelectual, ritualístico e simbólico tal como acontece no grau de aprendiz para o de Companheiro Maçom. O Maçom se torna apto para ser lhe conferido o Grau de Mestre Maçom, onde na junção destes três é passado toda a mística e filosófica tradição da Lenda do Terceiro grau que se começa a ser contada no Grau de Aprendiz e se termina no Grau de Mestre, todos esses graus possuem sinais, palavras e toques maçônico para mútuos reconhecimento entre irmãos e assim é constituída a maçonaria simbólica com suas leis, constituições e regulamentos. 3.1 LOJA SIMBOLICA OU MAÇONARIA SIMBOLICA 1. Aprendiz Maçom (12 meses) 2. Companheiro Maçom (6 meses) 3. Mestre Maçom (MELKISEDCK,2002, p.40) [5]. Após se tornar Mestre o maçom estar apto a votar e ser votado para qualquer cargo dentro da instituição maçônica e continuar sua caminhada de estudos e aprofundamentos morais e éticos na Potência Maçônica Filosófica que no Rito Adonhiramita, vai do Grau 4 ao Grau 33, em suas sessões só é permitido a entrada de Mestres Maçons a parti do grau 4 em diante, onde um Mestre Maçom que não foi iniciado nos Graus filosóficos não tem acesso a maçonaria filosófica, portanto seus graus são os seguintes: 3.2 LOJA FILOSóFICA OU MAÇONARIA FILOSóFICA DO GRAU 4 AO 21 Grau 4 – Mestre Secreto Grau 5 – Antigo Maçom ou Mestre Perfeito Grau 6 – Preboste ou Juiz Grau 7 – Primeiro Eleito ou Eleito dos Noves Grau 8 – Segundo Eleito ou Eleito de Pérignan Grau 9 – Terceiro Eleito ou Eleito dos Quinze Grau 10 – Aprendiz Escocês ou Pequeno Arquiteto Grau 11 – Companheiro Escocês ou Grande Arquiteto Grau 12 – Mestre Escocês ou Grão Mestre Arquiteto Grau 13 – Cavaleiro do Real Arco Grau 14 – Grande Eleito ou Sublime e Perfeito Maçom Grau 15 – Cavaleiro do Oriente ou da Espada, ou da Águia Grau 16 – Príncipe de Jerusalém Grau 17 – Cavaleiro do Oriente e do Ocidente Grau 18 – Cavaleiro Rosa+Cruz Grau 19 – Grande Pontífice ou Sublime Escocês Grau 20 – Venerável Mestre das Lojas Regulares, ou Mestre “Ad Vitam” Grau 21 – Cavaleiro Noaquita ou Cavaleiro Prussiano (MELKISEDCK,2002, p.41) [5]. 3.3 LOJA FILOSóFICA OU MAÇONARIA FILOSóFICA DO GRAU 22 AO 33 Grau 22 – Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano Grau 23 – Chefe do Tabernáculo Grau 24 – Príncipe do Tabernáculo Grau 25 – Cavaleiro da Serpente de Bronze Grau 26 – Cavaleiro da Mercê ou Escocês Trinitário Grau 27 – Grande Comendador do Templo Grau 28 – Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto Grau 29 – Cavaleiro do Santo André Grau 30 – Cavaleiro Kadosch Grau 31 – Sumblime Iniciado e Grande Preceptor Grau 32 – Soberano Prelado Inquisidor e Ouvidor Geral Grau 33 – Patriarca Inspetor Geral (MELKISEDCK,2002, p. 41 e 42) [5]. 4. COMO SE CONSTITUI A INSTITUIÇÃO MAÇONICA DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – GOB E OS LANDMARKS. O Art.3° da Constituição do Grande Oriente do Brasil nos relata que o GOB é uma Federação Indissolúvel dos Grandes Orientes dos Estados e do Distrito Federal, das lojas Maçônicas Simbólicas e dos Triângulos, fundado em 17 de Junho de 1822, é uma Instituição Maçônica com personalidade Jurídica de direito privado, simbólica, regular, legal e legitima, sem fins lucrativos, com sede própria no Distrito Federal na SGAS – Quadra 913 – Conjunto “H”. [3]. O Art. 14° nos diz que os Maçons agremiam-se em oficinas de trabalho denominadas lojas quando constituídas de 7 Mestres Maçons Regulares e Ativos. No Art. 19° onde fala da administração de uma loja relata que ela é composta pelo Venerável Mestre, 1° vigilante, 2° Vigilante, e demais dignidades eleitas, conforme o Estatuto e o Rito Determinarem. [3]. Art.7° O Regulamento Geral da Federação fixa os requisitos para a criação, instalação e funcionamento dos Grandes Orientes dos Estados e do Distrito Federal, bem assim o relacionamento destes com o Grande Oriente do Brasil. § 1° Os Grandes Orientes a serem criados serão instituídos por Lojas Maçônicas neles sediadas, desde que em número não inferior a treze. § 2° A expressão “Federado ao Grande Oriente do Brasil” figurará, obrigatoriamente, como complemento do título distintivo do Grande Oriente do Estado e do Distrito Federal. Art.8° Os Grandes Orientes dos Estados e do Distrito Federal têm por dever o progresso e o desenvolvimento da Maçonaria em suas respectivas jurisdições e são regidos por esta Constituição, pelo Regulamento Geral da Federação, pela Constituição que adotarem, bem como pela legislação ordinária. Art.9° As sedes e foros dos Grandes Orientes dos Estados serão sempre nas Capitais e a do Distrito Federal, em Brasília. Art.12° Os Grão-mestres Estaduais e Distrital, como também seus Adjuntos, serão eleitos conjuntamente para um mandato de quatros anos, em oficinas Eleitorais especificadamente para este fim instaladas nos Estados e no Distrito Federal, pelo sufrágio direto dos Mestres Maçons para tal habilitados nas Lojas jurisdicionadas, em turno único, em data única, no mês de março do quarto ano de mandato, vedada a reeleição. (Novo texto pela Emenda Constitucional n.22, de 25 de março de 2015, publicado no Boletim Oficial n.6, de 15/04/2015). (VADE MÉCUM MAÇONICO, 2015). [3]. A Maçonaria é como se fosse um pais dentro de outro pais, possui constituição própria, a divisão em 3 poderes: executivo, Legislativo e Judiciário, Temos a figura do Grão Mestre Geral que reside na sede no Distrito Federal que tem o Status e a Função comparada como se fosse o Presidente do Brasil Maçônico cargo esse que é escolhido democraticamente por processo eleitoral muito parecido com da constituição brasileira Federal, existe também a figura dos Grãos Mestres Estaduais que possui o Status e a função comparada como se fossem Governadores dos Estados Brasileiros tanto que cada Estado tem um Grão Mestre Estadual, e por último temos os Veneráveis de Lojas que possuem o Status e função de Prefeitos e as lojas que funcionam como fossem os Municípios. A maçonaria do Grande Oriente do Brasil também possui os cargos de Deputados Estaduais Maçônicos em cada estado e tem a câmara de Deputados Federais Maçônicos em Brasília que funciona da mesma forma que a brasileira com as mesmas funções, também possui os Grandes Secretários de Estado Maçônico Estadual e Federal, temos também toda a corte jurídica no mesmo formato da brasileira, com Juízes, Procuradores e Ministros etc. Art.4° O Grande Oriente do Brasil, regido por esta constituição, I – Não divide a sua autoridade, nem a subordina a quem quer que seja; II – Tem jurisdição nacional e autoridade sobre os três graus simbólicos; III – É o único poder de onde emanam leis para o governo da Federação; IV – Age perante os problemas nacionais e humanos de maneira própria e independente; V – Mantém, com as demais Potências Maçônicas, relações de fraternidade e é o responsável pelo cumprimento e manutenção da lei maçônica. Parágrafo único: Serão respeitados os LANDMARKS, os postulados universais e os princípios da Instituição Maçônica. Art. 5° A soberania do Grande Oriente do Brasil emana do povo maçônico e em seu nome é exercida pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, independentes e harmônicos entre si, sendo vedada a delegação de atribuições entre eles. (VADE MÉCUM MAÇONICO, 2015) [3]. Segundo MENDES (2011, p. 1), os Landmarks nada mais são que as Leis universais da Maçonaria que toda instituição maçônica e maçom regular e ativo deve seguir são um total de vinte e cinco Landmarks, sua expressão tem um significado ao pé da letra na língua inglesa, de “marcação de terra” (Land = terra e mark = marca para limites entre duas ou mais áreas de terra). Essa nomenclatura foi inspirada no Velho Testamento – Provérbios, 22,28 e 23,10: “Não removas os antigos limites que teus pais fizeram” e “não removas os antigos limites nem entre nos campos dos órfãos”. Deuteronômios, 19,14: “não tomarás nem mudarás os limites do teu próximo que os antigos estabeleceram na tua propriedade”. Esta palavra surgiu pela primeira vez na compilação dos Regulamentos Gerais de 1721, incluídos na Constituição de James Anderson, que foi o responsável de copilar a Constituição Maçônica Universal. [4]. Como a nossa Ordem tem como fundamento básico a tradição, até hoje, esses “Landmarks” de Mackey são rigorosamente observados e ninguém pensa em alterá-los. É verdade que, de vez em quando, alguém revestido de vaidade e presunção apresenta teses para “atualizar” os Landmarks, mas são pregadores do deserto que não conseguem ser levados a sério. Os 25 Landmarks nos trazem uma Ordem Maçônica completa, tanto sob o ponto de vista administrativo, como litúrgico e místico. Esse conjunto de leis maçônicas são a base do desenvolvimento psicológico, emocional, moral, ético e espiritual de todo Verdadeiro, Legitimo e Regular Maçom que segue o lapidamento da Pedra Bruta, na eterna busca de se tornar a cada dia de vida mais polida e perfeita. [4]. CONCLUSÃO Portanto após toda essa reflexão e informação passada no presente artigo, esperamos ter demonstrado o que a maçonaria realmente é em sua essência. Uma instituição séria e organizada, uma ordem iniciatica, filosófica, progressista e evolucionista, que busca o desenvolvimento intelectual, moral e espiritual de seus membros. Onde para se tornar maçom a primeira grande Exigência é que ele tenha uma religião, e que acredite na existência de um Deus ou Deuses positivos, não permitindo em seus quadros de obreiros, pessoas que se auto afirmam Satanistas ou Ateus. Observamos também segundo os vinte e cinco Landmarks que os maçons devem ter uma conduta exemplar fora e dentro da maçonaria, serem Homens livres e de bons costumes, e ter por juramento, amor e devotamento a sua Pátria regente, a sua família e a Deus/Deuses. Onde o Verdadeiro maçom é reconhecido por seu caráter integro, seu espirito humanitário, sua alta espiritualidade, seu comportamento exemplar de cidadão e profissional, seu intelecto diferenciado e seu amor profundo pela Humanidade e um desejo eterno de se ver no Mundo como um eterno Aprendiz em desenvolvimento constante, isso é ser maçom e fazer maçonaria. REFERÊNCIAS [1]. CAMINHO, R. O Ápice da Pirâmide. São Paulo: Madras, 2009. [2]. ______. Maçonaria Metafísica. São Paulo: Madras, 2007. [3]. GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Vade-mécum Maçônico. GOB, 2015. [4]. MENDES, A. Os Antigos Landmarks da Ordem. Rio de Janeiro, 2011.Disponivel em:. Acesso em: 17 de Outubro de 2017, 19:34. [5]. MELKISEDEK. Iniciação á Maçonaria Adonhiramita Aprendiz. Espirito Santo: A Gazeta Maçônica, 2002. [6]. ______. O Companheiro Adonhiramita. Espirito Santo: A Gazeta Maçônica, 2003. [7]. ______. O Mestre Adonhiramita. Espirito Santo: A Gazeta Maçônica, 2007. [8]. SHULER, O.S. Psicanálise na Maçonaria. Londrina: Trolha, 2005. [9]. URBANO, H.R.J. Arsenium: O Simbolismo Maçônico Kabbala, Gnose e Filosofia. São Paulo: Isis, 2016. [10]. VENEZIANI, W.C. Maçonaria Escola de Mistérios a Antiga Tradição e Seus Símbolos. São Paulo: Madras, 2006.