Na filosofia da antiguidade grega, a catarse constava na libertação, expulsão ou purgação daquilo que é estranho à essência ou à natureza de um ser e que, por esta razão, o corrompe. Em Maçonaria, com treinamento e condicionamento, tenta-se induzir o adepto a expurgar de dentro de si o que possui de rude e grosseiro, melhorando o que já possui de bom e expondo um ser humano capaz de produzir para si e a sociedade grandes benfeitorias, que de forma legítima pode denominar-se Catarse Maçônica.

Desde o momento em que entra na Maçonaria, o maçom é admoestado em só continuar sua jornada se realmente estiver disposto em melhorar a si mesmo. Mesmo porque, ser maçom por curiosidade é perda de tempo, pois todos os segredos da Maçonaria estão amplamente revelados em centenas de livros espalhados pelas livrarias; inclusive aquilo que muitos ainda consideram segredos da Ordem como palavras sagradas e de passe, passos, sinais de reconhecimento, toques, e outros. Buscar um ambiente social onde encontre amigos para conversar também não justifica, haja vista existirem clubes sociais bem mais glamorosos e chiques para se frequentar. Distração é outro detalhe que não condiz com a presença nas atividades em loja.

Conquistar relacionamentos para formar clientela para atividades profissionais está totalmente fora de questão, apesar de os relacionamentos abrirem as portas de certos gabinetes do poder e possibilitar tráfego de influências. Tampouco a satisfação de vaidades e busca por honrarias não faz sentido para comprovar a presença do maçom num templo. Apenas se justifica a assiduidade pela Catarse Maçônica.

Dizem os profanos que todo maçom é rico, bom de vida porque é amparado por seus irmãos em seus negócios; uns para driblar o fisco, outros para obter melhores contratos, e outras. Aquele que vive a realidade da ordem maçônica sabe perfeitamente o quão distante esta afirmativa está da realidade. O maçom conquista seus recursos de subsistência com dedicação e suor igual a qualquer cidadão. Por aplicar bons princípios na circunvizinhança, conquista clientes e trabalho de valor pelo simples fato de as pessoas confiarem mais nele pelo que ele é. Porque em todas as oportunidades de sua vida profissional e social ele se comporta conforme o que aprendeu de sua convivência com outros maçons, dentro e fora dos templos. Uma pessoa assim não tem necessidade de expor sua condição de maçom, ela brilha por si mesma e progride materialmente.

Do que aprende na convivência maçônica, leva para seu lar as benesses de um pai, avô, tio, irmão, comportado e amoroso. Raramente se machuca com pequenos detalhes de comportamento em sua relação conjugal, pois sua condição de eterno aprendiz o condiciona a estudar e pensar, a pensar antes de falar. Aquele irmão que não acordou para esta realidade, certamente está perdendo tempo ou adormecido em plena atividade.

Na Maçonaria é importante exercitar intimidade com a arte da dúvida, ser rebelde e questionador de tudo pelo simples gosto de investigar a verdade; inclusive questionar o ensinamento transmitido pelos rituais e filosofias da própria Ordem. Ficar acomodado e inerte é inútil, perda de tempo para obter a Catarse Maçônica. As atividades o tornam hábil orador, debatedor ardoroso e sempre instiga a expressão de pensamentos novos. Se isto não estiver ocorrendo é porque tem algo errado com ele ou com a loja que freqüenta. Com esta atividade aliada a uma profunda espiritualidade, culmina em transformar-se líder dentro e fora da Maçonaria. É a razão de tantos maçons obterem destaque, enriquecerem em cultura, saúde, espiritualidade e como conseqüência natural obterem sucesso e recursos financeiros suficientes para levar uma vida tranqüila e de qualidade.

Na sociedade, os bons pensadores são assassinados já na pré-escola, na universidade apenas rezam a missa de sétimo dia. Infelizmente a escola só transmite conteúdo, encapsula o professor em metas que não preparam o aluno para a vida; não ensinam a pensar. Alunos são tratados como se fossem “pendrives”, lotam a memória deles com “coisas”, enquanto isto a inteligência é subutilizada. Os debates na Maçonaria usam os centros de inteligência em seus diversos níveis, enquanto a memória é apenas coadjuvante no processo. Num debate reage-se em frações de segundos e arruma-se a casa da memória, construindo novos e inusitados pensamentos nos eternos ciclos de tese, antítese e síntese. Professores e alunos deveriam ser debatedores de idéias e não meros repetidores destas.

O maçom entra no templo para divertir-se prá valer e fixar os princípios simples, porém profundos da filosofia; objetivando a Catarse Maçônica. O sucesso do método maçônico atrela símbolos e alegorias ao treinamento com disciplina para reeducação emocional. É um processo de formação de bons pensadores em resposta de bons debates. Resgata-se um pouco do dano que a escola fez.

Pena que alguns, profundamente afetados, adoentados pelo que aprenderam nas escolas, não estão dotados para perceber e avaliar a preciosidade do método da Catarse Maçônica. Limitam-se em repetirem aquilo que as escolas fazem, entopem a memória dos obreiros com conteúdo ao lerem de forma mecânica os rituais e suas instruções. Com isto, pouco ou nada acrescentam, porque não desenvolvem a capacidade de pensar com discussões, questionamentos, dúvidas, debates… É comum ouvir o mestre dizer ao aprendiz – tenha paciência, você vai ver isto mais tarde; na maioria das vezes é medo de não ter a resposta, porque este mestre está ciente que é apenas um repositório de informações e não um pensador hábil que sabe utilizar-se da informação da memória para modificá-la, adaptá-la a cada situação – pode até ter conteúdo, mas desenvolveu pouca inteligência neste setor. E esta característica o acompanha na vida fora da Maçonaria.

Somando espiritualidade, emoção e racionalidade o sucesso da Catarse Maçônica é garantido até para os sem formação acadêmica; inteligência não é questão de saber muito, mas de como usar do pouco para produzir muito. Adicionalmente, também não é questão de falar muito, mas de falar o suficiente com proficiência. Sócrates era hábil utilizador de sua inteligência, pelo diálogo convencia os outros e chegava até ao ponto de revelar um não saber com sua ironia. Platão fez uma demonstração – experiência maiêutica – onde pretendia provar que o cérebro humano já contém o necessário de forma inata, bastando para isto à pessoa apenas ser lembrada – foi quando por um diálogo, carregado de ironia socrática, entabulada com um escravo, fez com que aquele desenvolvesse o Teorema de Pitágoras.

O sofista Protágoras disse que “o homem interpreta a natureza ao seu modo e conforme ditado por seus interesses”; sabe-se que ele muda de posição quando interage com outros; é a tribo influindo no individuo. É uma característica da psique que veio se desenvolvendo desde os tempos das cavernas e está profundamente incrustada nos processos cognitivos do homem de hoje.

Utilizar-se desta, foi um grande estalo intuitivo dos iluministas ao reunir pessoas, das mais diferentes crenças e formações para se influenciarem mutuamente para o bem, na solução de problemas da humanidade.

A Catarse Maçônica é um método educacional voltado para a saúde mental, o desenvolvimento da inteligência, da espiritualidade, da sociabilização, e outras, mas principalmente voltada ao fomento do amor fraterno, a única solução para todos os problemas da humanidade, para honra e À G.’. D.’. G.’. A.’. D.’. U.’..

Bibliografia

  • ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni, História da Filosofia, Antigüidade e Idade Média, Vol. 1, ISBN 85-349-0114-7, 1ª edição, Paulus, 670 páginas, São Paulo, 1990.
  • Sócrates ou Sócrates de Atenas, filósofo grego. Nasceu em Atenas em 468 a. C. Faleceu em 399 a. C. Um dos mais importantes pensadores de todos os tempos.
  • Platão ou Platão de Atenas, filósofo grego. Também conhecido por Aristócles Platão de Atenas. Nasceu em Atenas em 428 a. C. Faleceu em Atenas, em 347 a. C. Considerado um dos mais importantes filósofos de todos os tempos.
  • Protágoras ou Protágoras de Abdera, filósofo de nacionalidade grega. Nasceu em Abdera em 480 a. C. Faleceu, em 411 a. C. Foi o primeiro pensador a chamar-se de sofista.

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