UM MOMENTO HISTÓRICO PARA A MAÇONARIA BRASILEIRA

A noite de 04 de abril de 2017 deve ser contada como uma data histórica para a Maçonaria brasileira, pode escrever. Ao longo dessas linhas você compreenderá a causa, e para isso é importante viajarmos um pouco no tempo e no espaço. Convido-o a me acompanhar. Há 140 anos atrás, na França, no ano de 1877, se iniciaria um processo de afastamento e de desentendimentos crescentes entre a Maçonaria francesa e a Maçonaria inglesa. Neste ano, inicialmente com intenções louváveis, mas equivocadas, de tolerância e de acolhimento, seria proposta a retirada de quais- quer menções religiosas e a obrigatoriedade da menção ao Grande Arquiteto do Universo nos rituais maçônicos do Grande Oriente da França. Tal proposta, que foi colocada em pleno funcionamento a partir de 1789, foi a porta de entrada para um radical e odioso materialismo, anticlericalismo e intolerância que se transformou em um tipo de inquisição ateia que condenava maçons religiosos e de tendência metafísica a perseguições, ostracismo e até proibições que afetavam diretamente a vida familiar desses maçons (proibição de batizar os lhos, proibição de matricular os lhos em colégios religiosos, proibição de casar-se em cerimônia religiosa etc.). É óbvio que as repercussões desses atos foram péssimas e, em pouco tempo, a Maçonaria francesa ligada ao Grande Oriente da França foi considerada irregular e teve suas relações suspensas com todas as Grandes Lojas e Grandes Orientes regulares de todo o Mundo. O radicalismo de certas facções da Maçonaria francesa infelizmente só cresceu com o passar do tempo. Infestada de socialistas, comunistas ateus, anarquistas etc., a face da rica tradição maçônica francesa foi sendo deformada, até se transformar em um tipo de caricatura grotesca, que fazia das Lojas outrora, Sublimes Templos da Verdade, em conciliábulos de conspiradores, locais de complô contra tudo aquilo que a Maçonaria regular tem em alta conta.

No Brasil, apesar da permanente amizade e reconhecimento entre o Grande Oriente do Brasil (GOB) e a Grande Loja Unida da Inglaterra, alguns grupos praticantes do Rito Moderno, ao arrepio daquilo que está na Carta Magna do GOB, se mantiveram ideologicamente alinhados às ideias novas vindas da Maçonaria irregular francesa. Em outras palavras, apesar de sua liação regular ao Grande Oriente do Brasil, Potência Tradicional, Regular e Histórica, tais maçons preferiram optar pela adoção de todo tipo de reforma materialista, pela destruição do sentido original dos rituais e pela degeneração geral da tradição do Rito Moderno. Obviamente, isso trouxe ao Rito Moderno uma série de dificuldades junto aos outros ritos. Foi acusado de ateu, materialista, irregular, “arremedo bufo de Maçonaria” etc. Contra esse estado de coisas se levantaram diversos maçons praticantes do Rito Moderno que, sabendo não ser essa a verdade sobre a autêntica tradição maçônica francesa, lutaram durante décadas para fazer prevalecer o bom senso e a regularidade original. Em 2013, depois de esgotadas todas as possibilidades para a permanência de maçons regulares junto a um corpo deliberadamente alinhado com doutrinas irregulares fundou-se o Supremo Conselho Filosófico do Rito Moderno do Brasil. Com imensas dificuldades, sob uma chuva de ataques e incompreensões dos que não queriam a restauração, os corajosos Irmãos que se juntaram a ele sabiam bem o que desejavam: o Rito Moderno REGULAR, autêntico, em acordo com os rituais de 1783/1785, longe das deformações ateias e invenções que foram infligidas ao Rito desde 1877. Foi assim, com a consciência em paz, que pouco a pouco o Supremo Conselho Filosófico do Rito Moderno do Brasil (SCFRMB) foi crescendo e trabalhando. No dia 04 de abril de 2017, o Soberano Grande Inspetor Geral do SCFRMB, Irmão Sérgio Ruas, acompanhado do Grande Secretário Geral de Educação, Cultura e Orientação Ritualística, Irmão André Otávio Assis Muniz, do Grande Secretário Geral de Planejamento, Irmão Julio Beles Lussari e do Delegado Litúrgico do SCFRMB para o Estado do Paraná, Irmão Augusto Cesar Alvino da Silva, adentraram o templo do District Grand Lodge of South America Northern Division (Distrito Amé- rica do Sul – Divisão Norte da Grande Loja Unida da Inglaterra) para participarem da cerimônia de Iniciação dos Graus Maçônicos Aliados do Saint Paul’s Council n. 254.

O Soberano Irmão Ruas, logo no início da Cerimônia foi chamado para ocupar um lugar ao Oriente, junto com as maiores autoridades da Ordem dos Graus Alia- dos e do Distrito da Grande Loja Unida da Inglaterra no Brasil. A cerimônia foi se desenrolando até o momento do solene Juramento…Sobre a Bíblia. A Bíblia foi leva- da para o Soberano do Rito Moderno e, naquele mo- mento, a atenção de todos se voltou para o Oriente. Por alguns segundos o ar ficou suspenso. O Soberano Ruas, tomou o livro da Bíblia e com uma expressão solene a beijou! Beijou por diversas vezes e com sincero respeito e devoção! As expressões eram um misto de alegria e espanto. O chefe do Rito Moderno da maior Potência Filosó ca do Rito Moderno fora dos países francófonos estava ali, dentro de um templo inglês, beijando o Livro Sagrado e prestando seu JURAMENTO SOLENE sobre ele! Para os que estavam ali, foi o privilégio de assistir a prova, incontestável, irrefutável, de espiritualidade, fé, respeito e devoção. Todos os outros membros do SCFRMB que ali estavam também prestaram seu Juramento sobre o Livro Sagrado. Publicamente, diante de diversas das mais altas autoridades maçônicas, o Supremo Conselho Filosóco do Rito Moderno do Brasil mostrou sua REGULARIDADE, sua abertura ao Sagrado, ao Metafísico, ao Divino, e sua negação diante do materialismo, do ateísmo e de tudo aquilo que deturpou e degenerou o Rito ao longo desses 140 anos. Naquela noite, na grande e materialista metrópole de São Paulo/SP, algo de extraordinário aconteceu. Depois de 140 anos, um homem chamado Sérgio Ruas, reatou os laços de fraternidade da verdadeira Maçonaria.

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