A lenda dos “SANTOS COROADOS”, data da época do Imperador Gaius Aurelius Valerius Diocletianu, ou simplesmente Diocleciano I (284 -305 d.C.) nascido em 236 na Dalmácia. Seu reinado foi muito longo e caracterizou-se pela capacidade administrativa sustentada num caráter e numa personalidade carismáticas. Estabelecer as bases da Tetrarquia, dividindo o poder entre os setores “pars Orientis” e “pars Occidentis”, permitindo, assim, a sobrevivência do Império Romano do Oriente por mais de 1000 anos.

Um dos mais antigos documentos sobre Maçonaria é o manuscrito Regius ou Manuscrito de Halliwell do século IV. Trata-se de um poema maçônico, escrito em inglês arcaico, composto de 796 versos dos quais 37 são reservados à honra dos “Quatuor Coronati” ou Quatro Santos Coroados, patronos das artes da alvenaria e da escultura. Os “Quatuor Coronati” foram Carpófaro, Severiano, Severo e Vitorino.

Eram quatro artesãos e Mestres em lavrar e aplainar a pedra bruta, assim como hábeis artífices no ofício de escultores. Os quatro haviam se convertido à fé cristã. Tendo Diocleciano I ordenado que eles esculpissem uma estátua ao deus Esculápio (deus da saúde), eles o negaram. No ano 298, foram então condenados, açoitados com cordas cujas extremidades estavam providas com pontas de chumbo; desfaleceram e foram encerrados em barris com ferros pontiagudos e lançados no rio. Recolhidos por outros cristãos, foram sepultados na Via Lavicana nos arredores de Roma.  Por muito tempo os nomes desses mártires ficaram desconhecidos, apenas chamando a atenção as coroas que eles traziam nas cabeças. É que, Diocleciano mandara que lhes fossem cravadas coroas de ferro no alto da cabeça, fixadas a marteladas através de um longo cravo em forma de punhal que lhes perfurava o crânio numa extensão vertical de 15 cm aproximadamente. No ano 305 cinco outros escultores cristãos, pertencentes à classe militar dos “cornicularii” de Pannonia, no Danúbio, também desobedeceram às ordens de Dioccleciano. Recusaram-se, da mesma forma, a esculpir estátuas pagãs e a queimar incenso em honra do deus Esculápio. Eram eles Sinforiano, Simplicio, Nicostrato, Cláudio e Castore. Antes de serem mortos, seus corpos foram atirados à fúria de cães famintos e bravios. Os cinco de Pannonia também tiveram seus crânios perfurados passaram a ser venerados juntos outros quatro dos quais não se sabiam os nomes. Quando o Papa Melchiades dirigiu a Igreja, entre 310 a 314 dC., criou um edito de tolerância que terminava com a perseguição  aos cristãos e o resgate de seus corpos martirizados. Descobertos os corpos daqueles primeiros mártires (Carpófaro, Severiano, Severo e Vitorino) denominou-os “Os Quatro Santos Coroados” ou “Quatuor Coronati”, determinando que sua festa fosse celebrada a 8 de novembro. Os construtores medievais imaginaram cada um dos quatro colocados nos quatro pontos dos Templos, vigiando a obra.

Mais tarde os pedreiros cristãos lembraram-se dos nomes dos quatro mártires romanos, e a Maçonaria adotou seus nomes como patronos das Lojas dedicadas ao estudo e às pesquisas da Arte Real.

Em suas figuras, retratadas nas Lojas de Pesquisa, Carpófaro, Severiano, Severo e Vitorino aparecem portando a trolha, a régua, o esquadro, o maço e um jogo de cinzéis. Nos séculos posteriores organizaram-se os “Collegia Fabrorum” e dentre os Collegii, se venerava a memória dos “Quatro Santos Coroados” e suas ferramentas de pedreiro, que logo tornaram-se emblemas de suas atividades. Essa tradição alcançou os “freemasons” ingleses do século XII, e as “guildas”, que se colocavam sob a proteção de um rei e de um santo. Nos chamados “steimettzen” (canteros alemanes) durante a construção da Catedral de Estrasburgo, os Mestres Construtores adotaram os “QUATUOR CORONATI” como patronos daquele Grêmio Operativo.

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