Falar sobre a história da Maçonaria Brasileira constitui uma tarefa INGENTE, face a dois motivos de suma importância. O 1º, diz respeito a sua origem que historiadores modernos buscaram encontrar nas mãos dos ingleses que aqui aportaram com o espírito de conquistas. O 2º, por envolver um processo de libertação, obviamente obrigando ao sigilo absoluto e discrição necessária.

Em caráter oficial a Maçonaria surgiu na Inglaterra no ano de 1717, vinculada a Casa Real e a Igreja Anglicana. Nas Américas, é provável que tenha sido inserida primeiro na América do Norte e percorrido todo o continente Americano até chegar ao Brasil. A notícia que temos é de que a primeira Loja instalada no Brasil foi em Pernambuco com a denominação mascarada de “Areópago de Itambé” em 1796. De lá para cá diversos fatos e ocasiões marcaram a história da Maçonaria Brasileira, dentre elas, a Inconfidência Mineira e a pessoa de Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes. Na verdade a Maçonaria contribuiu significativamente não só com o movimento de Minas, mas em todos os capítulos que culminaram com a nossa independência.

Martírio de Tiradentes - Aurélio de Figueiredo

Martírio de Tiradentes – Aurélio de Figueiredo

Joaquim José da Silva Xavier nasceu na fazenda do Pombal, comarca do Rio das Mortes, próximo a Vila de São João Del Rei. No ano de 1746, não se sabendo, porém o dia de seu nascimento. Era o quarto filho de Domingos da Silva Santos, Português, e de Dona Antônia da Encarnação Xavier. Tiradentes foi batizado no dia 12 de novembro de 1746. Em 1º de Dezembro de 1775 ingressou na carreira militar e alistou-se na 6º Cia. de Dragões da Capitania de Minas Gerais, e por ser descendente de portugueses cristãos, teve o privilégio de ingressar nas armas já como oficial, sem passar pelos postos subalternos. No ano de 1787, cansado da vida militar, Tiradentes pediu licença no regimento, e foi para o Rio de Janeiro, onde apresentou ao vice-rei Dom Luiz de Vasconcelos alguns projetos de engenharia e hidráulica, para a canalização e captação dos rios Catete e Maracanã, para abastecimento da cidade e edificação de moinhos. Terminada sua licença Militar, Tiradentes, em Agosto de 1788, volta a Minas comandando a escolta da mulher do Visconde de Barbacena, novo Governador de Minas Gerais.

Onde e quando Tiradentes se tornou maçom ainda é alvo de bastante especulação, o certo e o que interessa é que era Maçom. Tiradentes era conhecido na época como “mazombo”, nome dados aos maçons naquele tempo.

Tiradentes foi Maçom convicto e entusiasta, o que demonstrou nas suas andanças e na pregação das doutrinas maçônicas que se identificam com a Liberdade. É de se louvar o comportamento e o trabalho do destemido Maçom Tiradentes, arriscando a vida com sua pregação de Liberdade. Participou de várias Lojas Maçônicas em Minas Gerais, com o apoio resoluto da maioria das populações, que viam na Maçonaria, intransigente defensora da Liberdade, da dignidade, dos direitos do homem, um meio para reagir contra os desmandos dos prepotentes e contra as arbitrariedades daqueles que desonravam o poder. O fracasso do movimento Inconfidência Mineira, que tinha como principal objetivo gerado pelo descontentamento e pela forma abusiva com que Portugal explorava as minas da capitania, bem como a delação pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis, é por todos conhecido através da história.

Foi em Diamantina que ele encontrou ambiente propício para fundar uma Loja Maçônica com a finalidade precípua de congregar elementos interessados no movimento revolucionário. Cita Felício dos Santos, uma autoridade em história, em um de seus livros no ano de 1864 o seguinte trecho: “A inconfidência de Minas tinha sido dirigida pela Maçonaria. Tiradentes e quase todos os conjurados eram pedreiros-livres”.

Iniciado, com as Lojas fundadas, a pedra fundamental fora lançada. Os planos foram traçados e Tiradentes depois de prender o governador, despertaria Vila Rica aos gritos de Liberdade. A pretexto de restaurar a ordem, Paulo Freire e suas tropas ocupariam a cidade e, com Vila Rica sob controle, declararia sua Adesão à Inconfidência. Tiradentes resolve passar em todos os conjurados e verificar se cada um estava cônscio de sua responsabilidade, obtendo um sim de cada um deles. Em Março de 1789, segue para o Rio com desculpa de ver como iam os seus requerimentos de obras públicas, porém sua verdadeira missão era conseguir o apoio da guarnição do Rio de Janeiro e durante sua viagem ia divulgando suas idéias, sem maiores cautelas, pelas hospedarias e vilas do Caminho Novo, e durante sua viagem, a conspiração foi denunciada em uma carta dirigida ao Governador Visconde de Barbacena e assinado pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis.

Em 21 de Abril de 1790 no Campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro, por volta das 11 horas Tiradentes foi enforcado. Ainda hoje, surgem notícias de que Tiradentes não foi enforcado, mas libertado pela Maçonaria e conduzido ao Paraná onde mudara de nome e iniciado o tronco dos Brum.
Foi, portanto, Tiradentes, ao proceder maçonicamente e assumindo a heróica atitude que o levou a sofrer morte horrível e infamante, sem sombra de dúvidas, o primeiro Mártir Maçom brasileiro publicamente conhecido a dar sua vida pela causa da liberdade da sua pátria.

Frei Raimundo Penaforte, escreveu o seguinte sobre Tiradentes: “Foi um daqueles indivíduos da espécie humana, que põem em espanto a própria natureza. Entusiasta, empreendedor com o fogo de um D. Quixote, habilidoso com um desinteresse filosófico, afoito e destemido, sem prudência às vezes, em outras, temeroso ao cair de uma folha; mas o seu coração era sensível ao bem. A Coroa quisera, com o espetáculo do enforcamento, afirmar o seu domínio sobre a colônia brasileira. Tiradentes tentara, com o sacrifício, salvar os companheiros e abrir ao povo o caminho da emancipação política. Um espírito inquieto, um homem leal, esse Alferes Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha TIRADENTES. Herói sem medo de todo um povo”.

Referências Bibliográficas
– CAMINO, Rizzardo da. Introdução a Maçonaria: História do Brasil. 2.
ed. Rio de Janeiro: Aurora, 1972.
– CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do Primeiro Grau. 4. ed. São Paulo: Madras, 2009.
– CAPARELLI, David. Enciclopédia Maçônica. São Paulo: Madras, 2008.
– REDMAN, Graham. Rito de York Atualizado: Trabalho de Emulação e Aperfeiçoamento. São Paulo: Madras, 2011.
– Trabalho Maçonaria na Inconfidência Mineira. Ir∴ Nêodo Ambrósio de Castro. M∴M∴ da ARLS Benso di Cavour nº 28, Oriente de Juiz de Fora/MG;
– Trabalho Alferes Tiradentes. Ir∴ Jair de Almeida Gomes.

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