Continuação…

A partícula “de” não indicava seus nomes, mas a cidade, a vila ou o lugarejo que habitavam. (Mais tarde, o nome de sua residência transformou-se em seu nome de família) Todos os cavaleiros que tenham professado vestem mantos brancos de comprimento médio. Os mantos usados são entregues aos escudeiros e irmãos servos, ou aos pobres. Os mantos brancos que os escudeiros e servos vestiam originalmente foram substituídos por mantos negros ou cinzas.

Apenas os cavaleiros vestem mantos brancos.
Cada cavaleiro possui três cavalos, pois a pobreza não permite que tenham mais que isso.
Cada cavaleiro tem somente um escudeiro ao qual não poderá castigar, já que ele o serve 
gratuitamente.
Ninguém pode sair, escrever ou ler cartas sem autorização do Grão-Mestre.
Os cavaleiros casados habitam à parte e não vestem clâmides ou mantos brancos. Os cavaleiros seculares que desejam ser admitidos no Templo serão examinados e ouvirão a leitura da regra antes de seu noviciado.O Grão-Mestre escolhe seu Capítulo dentre seus Irmãos. Nos casos importantes que dizem respeito à Ordem ou à admissão de um Irmão, todos podem ser chamados para o Capítulo, se essa for a vontade do chefe.

Na obra A História dos Cavaleiros Templários, de Élize de Montagnac (Madras Editora), encontramos um texto muito oportuno a respeito da iniciação, que passamos a transcrever:
“(…) Os estatutos e regulamentos recomendavam, acima de tudo, a prece, a caridade, a esmola, a modéstia, o silêncio, a simplicidade, o desdém à riqueza e à opulência, a abnegação, a obediência, a proteção aos pobres e oprimidos; cuidar dos enfermos; o respeito aos mortos entre outros”.
Tal Código de regras é composto de 72 artigos e foi descoberto em 1610, em Paris, por Aubert-le-Mire, cientista e historiador, decano de Anvers. Mas a cada dia os regulamentos concernentes à hierarquia, à disciplina e ao cerimonial eram ajustados e adaptados ao Código Latino, assim declarado perfectível.
“Portanto, não é de se surpreender que, além desse, hoje são conhecidos outros três códigos manuscritos, os quais não são nada mais do que sua continuação. Um foi descoberto em 1794, na biblioteca do príncipe Corsini, pelo cientista dinamarquês Münster; o outro foi encontrado na biblioteca Real por M. Guérard, conservador e restaurador; o terceiro foi encontrado nos arquivos gerais de Dijon por M. Millard de Cambure, mantenedor dos arquivos de Borgúndia.”

Desse último, datado de 1840, foi que extraímos a descrição do modo de iniciação dos Irmãos cavaleiros; a verdade sobre essas recepções nos sugere serem elas revestidas de um grande interesse, após as absurdas e terríveis lendas que as cercam. Por favor, observem a quantidade de coincidências com os nossos Rituais (maçônicos).

“Antes que um novo Irmão fosse recebido, era necessário sondar os espíritos para saber se ele vinha de Deus: Probate Spititus, si ex Deo Sunt. Em razão disso, ao longo de certo período, impunham-se ao candidato diversas privações de todas as naturezas; incumbiam-lhe os trabalhos mais pesados e baixos da casa, tais como: cuidar do fogão e da cozinha, girar o moinho, cuidar das montarias, tratar dos porcos, etc. Após isso, procedia-se à admissão, a qual era feita da seguinte forma: A Assembleia reunia-se, ordinariamente, à noite. O candidato esperava do lado de fora; por três vezes, dois cavaleiros se dirigiam a ele para perguntar o que ele desejava; e por três vezes o candidato respondia que era sua vontade adentrar a Casa. A seguir, então, o candidato era conduzido à Assembleia, e o Grão-Mestre, ou aquele que presidia a sessão em seu lugar, apresentava-lhe tudo de rude e penoso que o aguardava naquela vida em que estava prestes a entrar.

Dizia-lhe: ‘Devereis ficar desperto e alerta quando mais quiserdes dormir, suportar o cansaço quando mais quiserdes repousar. Quando sentirdes fome e quiserdes comer, ser-vos-á ordenado que vades aqui ou acolá, sem vos ser dada nenhuma explicação ou motivo. Pensai bem, meu querido Irmão, se sereis capaz de sofrer todas as asperezas.’ Se o candidato respondesse ‘Sim, eu me submeterei a todas, se assim agradar a Deus!’, o Mestre complementava: ‘Estai ciente, querido Irmão, de que não deveis pedir a companhia da Casa para obter benesses, honrarias e riquezas, nem satisfazer o vosso corpo, principalmente em relação a três aspectos:

1º – Evitar e fugir dos pecados deste mundo;
2º – Servir a nosso Senhor;
3º – Ser pobre e fazer a penitência nesta vida para a santidade da alma.
Sabei também que sereis, a cada dia de vossa existência, um servo e escravo da Casa.
Estais certo de vossa decisão?’
‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.
‘Estais disposto a renunciar para sempre à vossa própria vontade, e nada mais fazer além daquilo que vos for determinado?’
‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.
‘Então, retirai-vos e orai a nosso Senhor para que Ele vos aconselhe’.

Assim que o candidato se retirava, o presidente da Assembleia continuava: ‘Beatos senhores, puderam constatar que essa pessoa demonstrou ser possuidora de um grande desejo de ingressar na Casa, e declarou estar disposta a dedicar toda a sua vida como servo e escravo. Se há entre vocês alguém que saiba alguma coisa que possa impedir que esta pessoa seja recebida como cavaleiro, que nos dê conhecimento agora, pois após sua admissão, ninguém mais terá crédito para fazê-lo’.

Caso nenhuma contestação fosse apresentada, o Mestre perguntava: ‘Admitamo-lo como oriundo de Deus?’
‘Por inexistir qualquer oposição, fazei-o retornar como vindo de Deus.’
Então um dos membros que se manifestaram saía ao seu encontro e o instruía como ele deveria pedir seu ingresso.
Retornando à Assembleia, o Recipiendário ajoelhava-se e, com as mãos postas, dizia:
‘Senhor, eu compareço perante Deus, perante vós e perante os Irmãos, para vos pedir e implorar em nome de Deus e de Nossa Senhora que me acolham em vossa Irmandade, e nos benefícios da Casa, espiritual e materialmente, como um que será servo e escravo da Casa, em cada um dos dias de toda 
a sua vida.’

O presidente da Assembleia lhe respondia: ‘Pensastes bem? Ainda pensais em renunciar à vossa vontade em favor do próximo? Estais decidido a submeter a todas as dificuldades e asperezas que vigoram na Casa e a cumprir tudo aquilo que vos for mandado?’
‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’
E continuava o presidente, agora se dirigindo aos cavaleiros presentes à Assembleia:
‘Então levantem-se, nobres senhores, e orem a Nosso Senhor e a Nossa Senhora Santa Maria pedindo que ele seja bem-sucedido.’

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