Estou retornando o tema da educação, não só porque o assunto é fascinante, mas também e sobretudo porque surge o tempo em que sua abordagem se torna iminente.

Antes, uma breve parada, para lembrarmos Guerra Junqueiro, no introito do livro Velhice do Padre Eterno. Ali, ele diz que “terminada a colheita, arroteia-se o terreno e semeia-se de novo”. Pois é, passada a recente refrega eleitoral e anunciado o nome do escolhido, cabe-nos a apresentação para o exercício da cidadania, oferecendo as sementes com que o novo semeador possa realizar os sonhos de quantos lhe confiaram sua representação na expectativa de um amanhã mais promissor para nosso País.

Não há como relegar ao depois os cuidados com a educação no Brasil, especialmente nestes tempos em que a mídia internacional divulga índices que de muito inferioriza nossa posição diante dos níveis de qualidade já alcançados por outras nações. Mais ainda, as inovações tecnológicas surgem a cada instante e não irão estancar em sua velocidade, para esperar que se lhes alcancem. Os que estive-rem atrás terão que adquirir velocidade su-perior, para em superando o atraso, iguala-rem-se aos já desenvolvidos. Então o esfor-ço reclamado é muito grande, na acumu-lação do saber e no tempo. A não ser que o binômio trabalho/progresso seja submetido pelo ócio/miséria.

O Diário de Pernambuco, em recente editorial (02.11.2010), com toda sua responsabilidade de “o jornal mais antigo em circulação na América Latina”, alerta para o que se deve fazer imediatamente. “Pássada a guerra eleitoral, a presidente eleita terá seu primeiro acerto se reco-nhecer que o Brasil está muito longe do paraíso e o povo tem direito a menos mar-keting, mais transparência e mais ação …” Honesto em sua análise, não omite o que já se fez, “mas não há como manter o cresci-mento sem uma revolução na educação …” E ilumina o caminho, acendendo o lampião: “Ao governo federal, que fica com 70% do imenso bolo tributário, não é mais possível dar as costas ao ensino médio”.

A Maçonaria está engajada nesta luta pela melhoria da qualidade do ensino, da erradicação do analfabetismo, do ensino profissionalizante, da implantação de centros tecnológicos. Como se pensar em desenvolvimento econômico e social sem os recursos humanos qualificados para operacionaliza-lo? Sem o ensino a que nos estamos reportando? Comenta-se que ressalta das pesquisas do IBGE, recentemente procedidas, que o maior bolsão de pobreza, no Brasil, encontra-se no Nordeste . Coincidentemente, 50% de todos os analfabetos do País residem nesta porção do Brasil.

O professor Mangabeira Unger, da Havard e ex-Ministro para Assuntos Estratégicos no Brasil, em entrevista concedida ao DP (1º/11/2010), responde assim: “O Nordeste pode tornar-se vanguarda de um projeto de desenvolvimento do Brasil. Agora, a região precisa deixar de aparecer no imaginário do país como o pobrezinho, pedindo uma compensação aqui e outra acolá … Um projeto que veja o Nordeste não como um assunto regional, mas nacional. Não há solução para o Brasil, sem solução para o Nordeste.”

Daí, decerto, o clamor do Diário de Pernambuco, no sentido de que se proceda, imediatamente, “uma revolução na educação”. A Maçonaria entende e instrui que quanto mais educado, e quanto mais possuidor de conhecimento for o homem, mais se habilita para usufruir dos benefícios do progresso. Emerge deste entendimento, sua missão permanente que é o “combate a ignorância, por ser a mãe de todos os vícios”.

A Confederação Maçônica do Brasil – COMAB já convocou a Asssembleia Geral de seus Grãos-Mestres em quatro oportunidades (Fortaleza, Salvador, Blumenau e Recife) para tratarem desta campanha sobre a educação. Um livro foi publicado – “Educação & Maçonaria” revelando suas preocupações e sugestões. Uma quinta Assembleia está anunciada e terá lugar no Norte do País, precisamente em Macapá/Amapá. Porque , seguindo o conselho do poeta luso, este é o momento de irmos retornando às semeaduras.

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