Quando perguntado o que se faz em uma loja maçônica, é respondido prontamente: Levantam-se Templos à virtude e cavam-se masmorras ao vício.
Desta forma, com o intuito de levantar templos à virtude, meu primeiro trabalho falará de uma que sempre cobrada, a meu ver, vem a ser, talvez, a mais cara ao aprendiz maçon.

A Paciência

Paciência é a arte de esperar. Podendo aqui ser definida como a virtude de manter um controle emocional equilibrado, a capacidade de esperar o momento correto para certas atitudes, de aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha obtido, a capacidade de se liberar da ansiedade.

Nos textos judaicos encontramos que “você pode obter os melhores resultados, e até perfurar o granito mais duro, tendo paciência”. Franz Kafka, escritor alemão certa vez disse: “- talvez haja apenas um pecado capital: a impaciência. Devido à impaciência fomos expulsos do paraíso; devido à impaciência não podemos voltar.”

Esperar e aprender a ter paciência faz parte de nossa formação, no próprio Livro das Leis temos vários exemplos: Quando Moisés estava com pressa para liberar os filhos de Israel, ele matou um egípcio e teve que fugir sozinho para salvar a sua vida. Mas depois de passar 40 anos, pacientemente e humildemente, cuidando de ovelhas no deserto, com tempo para ouvir a voz de Deus em vez de seguir seus próprios impulsos, ele finalmente estava preparado para o lento, laborioso e paciente trabalho do Êxodo.

No site da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues encontra-se o texto do Ilustre Irmão Rui Bandeira intitulado A integração do Aprendiz, que de forma simples e brilhante define a importância desta virtude em nossa ordem, senão vejamos:

“O maçon deve cultivar muitas virtudes – todas as Virtudes! Mas uma das primeiras a que deve dedicar seus esforços é a virtude da paciência. Na Maçonaria não há micro-ondas que aqueçam instantaneamente, ou quase, o coração dos seus elementos; a Maçonaria não é um aviário que faça crescer em poucas semanas a ave do conhecimento, para consumo massificado – desse crescimento acelerado só resultaria um insípido pseudoconhecimento, de reduzido ou nulo valor nutritivo para o espírito do maçon. Na Maçonaria, dá-se atenção à eficácia, mas reconhece-se o imenso valor do tempo. Há que dar tempo para que se assimile um conceito, para que ele seja perfeitamente integrado no maçon, em termos racionais e emocionais, para que, só então, se avance para o passo seguinte. Os princípios e o método maçônicos vêm dos tempos do trabalho artesanal, do paciente burilar da pedra até que esta atinja a forma desejada, não se dão bem com prontos a vestir, prontos a comer e muito menos com prontos a conhecer…

Paciência, pois! O trabalho metódico, calmo, firme, seguro, persistente, dará seus frutos! Poderá não dar os frutos que, à partida, se pensava que desse, mas alguns frutos dará. E dará quando, tempo após tempo, for tempo de os dar! A nossa vida “moderna” habituou-nos a obter tudo já, agora e imediatamente, a querer tudo para ontem, para o podermos largar hoje e avançar amanhã para novos objetivos. A Maçonaria não é assim, a Maçonaria poderá ser hoje por alguns considerada anacrônica, mas dá valor ao Tempo, à Sequência, à Evolução, à Consistência.

E, afinal de contas, o que mais admiramos? O moderno, brilhante e construído em poucos meses edifício, ou a vetusta e arcaica catedral que demorou décadas a ser finalizada?

Assiduidade, expectativas equilibradas e paciência são as ferramentas que, utilizadas adequada e diligentemente pelo novo maçom, lhe conferirão a devida integração na Maçonaria. E, quando o novo maçom der por isso… já será maçom antigo e recordará com ternura o tempo em que era um inexperiente Aprendiz buscando encontrar na Maçonaria o seu lugar, sem estar ainda ciente que esse lugar é onde ele quiser, para onde ele for, onde ele estiver!”

Rui Bandeira. Respeitável Loja Mestre Afonso Domingues

“você pode obter os melhores resultados, e até perfurar o granito mais duro, tendo paciência”

Assim, vemos claramente que aprender a ter paciência é uma das lições mais frequentes que o Grande Arquiteto do Universo quer ensinar a nós, Maçons. Em Eclesiastes 3:1-8 está escrito:
“Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar;
tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se
de abraçar;
tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora;
tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.”
Então, Irmãos, só posso concluir que “tenha a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em alguma coisa.” (Tiago 1.4)

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