I – A SITUAÇÃO DO MUNDO NA
ÉPOCA DO NASCIMENTO DE JESUS

Roma dominava o mundo e entre os povos dominados havia um que se autodenominava o Povo de Deus; que se constituía pelas 12 tribos de Israel, também chamado povo Hebreu. Esse povo venceu várias vicissitudes, graças à instituição do profetismo.

O profetismo é a doutrina religiosa utilizada pelo povo Hebreu, na qual os profetas prediziam o futuro, através da inspiração divina.
Samuel fundou as confrarias de Nebiim, que eram escolas de profetas, para guardar a tradição esotérica e o pensamento religioso universal de Moisés.

Os profetas acreditavam em um Messias ou Salvador. Durante oito séculos o verbo dos profetas criou a imagem do Messias.

II – O DESENVOLVIMENTO DE JESUS

Em Nazaré, na Galiléia, transcorreu a infância de Jesus.
Jesus foi consagrado a uma missão profética, pelo desejo de sua mãe Maria, antes mesmo de seu nascimento.
Nazareno, Nazirita ou Nazireu significa: “Filho Consagrado a Deus por sua Mãe”.

III – OS ESSÊNIOS

A ordem iniciática dos essênios constituía no tempo de Jesus, a última remanescente das confrarias de profetas organizadas por Samuel. Jesus foi iniciado nessa ordem.

Os dois principais centros essênios localizavam-se na Palestina, em Engaddi, à margem ocidental do Mar Morto e no Egito, à margem do Lago Maoris.

A palavra essênio para alguns estudiosos deriva do termo sírio “Asaya” que significa médico, terapeuta, curador e para outros especialistas do Hebraico “Asah” que significa criar.
Os essênios tinham vida simples, meditativa e contemplativa, eram frugais, vegetarianos, castos, infensos a sacrifícios de animais e à escravatura.

Acreditavam na pré-existência e na imortalidade da alma; viviam na comunhão dos bens e dedicavam-se às artes pacíficas: Tecelões, carpinteiros, vinhateiros e jardineiros; nunca armeiros ou comerciantes.

Existiam ainda os essênios casados, que formavam uma espécie de terceira ordem, filiada e submetida à outra. Um dos principais objetivos da ordem era preparar o caminho para o Messias.

Os essênios faziam juramento para observar os deveres da ordem e nada revelarem de seus segredos. Mantinham a instituição de ágapes fraternais, que era a forma primitiva da ceia instituída por Jesus. A ordem mantinha três graus de iniciação e poucos alcançavam o grau superior, que era o quarto grau.

Os membros da ordem viviam espalhados em pequenos grupos por toda a Palestina e mutuamente se ofereciam a mais completa hospitalidade e, por isso, Jesus e seus discípulos viajavam de cidade em cidade, de província em província sempre seguros de encontrarem abrigo.
Jesus recebeu dos essênios a tradição esotérica dos profetas e a doutrina do Verbo Divino ou Mistério do Filho do Homem e do Filho de Deus, que ensinava que a mais alta manifestação de Deus é o homem.
Jesus, nos vários anos que passou entre os essênios, exercitou-se na terapêutica oculta e dominou os sentidos para desenvolver o espírito.

Os essênios concediam a iniciação superior, isto é, o quarto grau somente em caso especial de uma missão profética, desejada pelo iniciado e confirmada pelos anciãos.

Nesta cerimônia de passagem para o quarto grau, o chefe da ordem apresentava ao irmão o cálice de ouro, símbolo da iniciação suprema que continha o vinho da vinha do Senhor, símbolo da inspiração divina.

Jamais o chefe da ordem apresentava a taça de ouro a um irmão, no qual não reconhecesse os sinais de uma missão profética. Porém esta missão ninguém podia defini-la para o iniciado, pois, que deveria encontrá-la sozinho. Tal é a lei dos iniciados: “NADA DO EXTERIOR, TUDO DO INTERIOR”.

No mais profundo segredo, Jesus foi iniciado no grau superior, que é o quarto, recebendo o cálice de ouro com o vinho da vinha do Senhor. A partir deste momento Jesus estava livre, senhor de suas ações, liberado pela ordem.

Posteriormente Jesus anunciou aos irmãos essênios que iria pregar “O evangelho do Reino dos Céus”, isto queria dizer: levar os grandes mistérios ao alcance das pessoas simples, traduzindo-lhes a doutrina dos iniciados.

IV – A VIDA PÚBLICA DE JESUS

Jesus entrou na vida pública por um ato de humildade e respeito, ante o profeta que ousava erguer a voz contra os poderosos do momento. Submeteu-se ao batismo público realizado por João Batista.
Jesus começou a pregar na Galiléia, curava doentes pela imposição das mãos, por um olhar, por uma ordem. Anunciou ao povo o sermão da montanha e pregava dizendo: “O reino dos céus está dentro de vós mesmos”, “Amai vosso próximo como a vós mesmos”.

À pergunta do fariseu Nicodemos Jesus responde: “Em verdade, em verdade digo-te que, se um homem não nascer de novo, ele não pode ver o reino de Deus”. Nicodemos pergunta se é possível a um homem entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer uma segunda vez. Jesus responde: “Em verdade te digo que, se um homem não nascer pela água e pelo espírito não poderá entrar no reino de Deus”. Jesus ensina de maneira simbólica que renascer pela água e pelo espírito significa que ser batizado com a água e com o fogo indica dois graus de iniciação, duas etapas do desenvolvimento interno e espiritual do homem.

Jesus se autodenominava “O Filho do Homem”, expressão que quer dizer “O Eleito da Humanidade Terrestre”.

V– A CONTENDA COM OS FARISEUS

Os fariseus formavam, no tempo de Jesus, um conjunto de seis mil homens. A palavra fariseu significava “separado” ou “distinto”. Eram observadores da Lei, mas inteiramente opostos ao espírito dos profetas que pregavam a religião do amor a Deus e aos homens; eles concentravam a religião nos ritos e na prática, nos jejuns e nas penitências públicas. Nos grandes dias eram vistos percorrendo as ruas com os rostos cobertos de cinzas, recitando orações com aparência constrita e distribuindo esmolas com ostentação, fora isso, viviam do luxo, tramando pelos cargos e pelo poder.

No templo a religião era manejada como um instrumento do poder, isto é, vigorava a impostura sacerdotal, com moral interesseira, devoção formalista, resumindo, reinava a hipocrisia. Jesus declarou guerra aos poderosos, denunciando aquele reino como o reino de Satã ou Arimã, isto é, do domínio da matéria sobre o espírito que queria substituir pelo domínio do espírito sobre a matéria.
A luta travou-se inicialmente nas sinagogas da Galiléia, para continuar no templo de Jerusalém, onde Jesus pregou e desafiou seus adversários.

Os fariseus tinham inveja de Jesus por causa de suas curas e de sua popularidade. Arquitetaram atraí-lo para uma armadilha. Enviaram delegados para fazê-lo dizer uma heresia que permitisse ao Sinédrio considerá-lo blasfemador em nome da Lei de Moisés, ou então considerá-lo rebelde por intermédio do Governador Romano. Daí as questões da mulher flagrada em adultério e sobre o denário de César.

VI – A ÚTIMA VIAGEM A JERUSALÉM
A CEIA, A MORTE E A RESSUREIÇÃO

O povo tinha a ideia de que Jesus seria o libertador de Israel e seria coroado Rei. Em razão disso, os adeptos de Jesus acorreram das regiões vizinhas para saudá-lo. Jesus oferecia-se ao suplício com resignação e serenidade, o povo aclamava-o dizendo: “Hosana ao Filho de Davi”.

No dia seguinte compareceu no templo, e no pátio, avançando para os mercadores de animais e cambistas que profanavam o adro disse: “Está escrito, minha casa é uma casa de oração e vós fazeis dela um covil de ladrões”.

Os sacerdotes admirados com a audácia e o poder de Jesus enviaram-lhe uma delegação para inquiri-lo: “Com que autoridade fazes estas coisas?”. Jesus respondeu-lhes com outra pergunta: “O batismo de João de onde vinha?”. “Do Céu ou dos homens?”. Eles responderam: “Nada sabemos sobre isso”. Jesus então declarou: “Eu também não vos direi com que autoridade faço estas coisas”.

Os membros do Sinédrio conciliavam executar Jesus que consideravam “o sedutor do povo”.

A luta entre Jesus e os sacerdotes continuava, o mestre tinha a certeza do resultado fatal. Jesus atacava os poderes constituídos, com energia disse: “Desgraçados de vós escribas e fariseus que fechais o reino dos céus àqueles que nele querem entrar”.

“Insensatos e cegos que pagais o dízimo e negligenciais a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós vos assemelhais a sepulcros caiados, que parecem belos por fora, mas, dentro estão cheios de ossos de mortos e toda a espécie de podridão”.

Após ter estigmatizado a hipocrisia religiosa e a falsa autoridade sacerdotal, Jesus considerou a luta terminada. Saiu de Jerusalém e dirigiu-se ao Monte das Oliveiras. Do cimo do monte Jesus contemplou o templo e disse aos discípulos: “Estais vendo tudo isto? Não restará pedra sobre pedra”.

Em seguida o mestre retirou-se para Betânia, mas como tinha predileção pelo “Monte das Oliveiras”, vinha ali quase todos os dias, para ensinar seus discípulos. Mas o Sinédrio já havia deliberado e decidido sobre a morte do mestre. Judas Iscariotes já havia prometido entregá-lo.

Estava-se na véspera da páscoa, Jesus disse aos discípulos que preparassem a ceia em Jerusalém na casa de um amigo. Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e apresentou-lhes dizendo: “Este é o cálice da nova aliança, com meu sangue, derramado por vós”.

A ceia é um símbolo de iniciação. Entre os profetas e os essênios, o ágape fraternal marcava primeiro grau da iniciação. A comunhão sob a espécie do pão significava o conhecimento dos mistérios da vida terrestre, a partilha dos bens da terra e consequentemente a união perfeita dos irmãos filiados. No grau superior a comunhão sobre o vinho, o sangue da vinha, significava a partilha dos bens celestes, a participação dos mistérios espirituais e da ciência divina.
Jesus legando estes símbolos aos apóstolos ampliou-os, porque através deles estende a fraternidade a toda humanidade.

Acrescentando a eles o mais profundo dos mistérios, a maior das forças, o seu sacrifício, que estabeleceu a cadeia do amor invisível, mas inquebrantável, entre eles e os seus.

Após a ceia, Jesus diz que vai passar a noite em oração no Monte das Oliveiras. Judas Iscariotes conduzindo os soldados chega onde está Jesus, beija-o, para que com este gesto, reconheçam seu mestre. Jesus retribui-lhe o beijo. Em seguida os soldados prenderam Jesus e o conduziram ao tribunal.

O Sinédrio reuniu-se em sessão plenária, naquela mesma noite. Só havia testemunhas de acusação, nenhuma de defesa. O processo é uma pretensa medida de proteção pública contra um crime de lesa religião. Na realidade a vingança de um sumo sacerdote inquieto, que sente ameaçado seu poder.

Caifás levanta-se e acusa Jesus de ser um sedutor do povo, um mistificador. Algumas testemunhas fazem seu depoimento, mas se contradizem. Finalmente, uma delas refere-se àquela frase considerada blasfêmia, que o mestre essênio havia proferido várias vezes perante os fariseus: “Eu posso destruir o templo e reconstruí-lo em três dias”. Pergunta-lhe o pontífice sobre esta frase, mas Jesus cala-se.

Porém esta acusação mesmo provada, não seria suficiente para motivar uma pena capital. É preciso uma acusação mais grave. Para obtê-la, Caífas dirige ao mestre a questão vital de sua missão, dizendo-lhe: “Se és o Messias, dize-nos!”, Jesus responde: “Se eu vô-lo digo, vós não me acreditais e se eu vô-lo pergunto, não me respondereis”.
Caifás, agindo como juiz de instrução, continua inquirindo Jesus e com solenidade diz: “Conjuro-te pelo Deus vivo, a dizer-nos se és o Messias, o filho de Deus”. Assim interpelado Jesus responde tranquilamente: “Tu o disseste. Mas, eu vos declaro que, a partir deste momento vereis o filho de Deus sentado à direita do Pai, vindo sobre as nuvens do céu”.

O sumo pontífice rasga sua veste de linho e exclama: “Ele blasfemou! Para que precisamos de mais testemunhas? Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?”, os membros do Sinédrio respondem com unanimidade: “Ele merece a morte!”.

Mas ainda não está terminado. O Sinédrio podia pronunciar a pena de morte, porém, para executá-la era preciso a aprovação da autoridade romana. Jesus é apresentado a Pilatos e este o interroga: “És tu o rei dos judeus?” Jesus responde: “Meu reino não é deste mundo”. És rei então? “Sim, nasci para isto. Vim ao mundo para dar testemunho da verdade”. “O que é a verdade?” Jesus calou-se. Pilatos diz: “Não encontro nenhum crime nele”. E propõe aos judeus soltarem-no, entretanto o povo, instigado pelos sacerdotes, grita: “Solta Barrabás”.

Então Pilatos manda açoitar Jesus acreditando que seria suficiente para acalmar o povo, mas a população mais furiosa gritava: “Crucifica-o”. O sofrimento mudo e estóico de Jesus provocou em Pilatos um temor. Os sacerdotes percebendo que Pilatos estava emocionado, astuciosamente gritam: “Ele se diz filho de Deus!”. “Se libertares este homem, não és amigo de César, porque quem se diz rei declara-se contra o César. Nós não temos outro rei senão César”.
Com este argumento Pilatos é forçado a render-se e pronunciar a condenação. Pilatos, depois de lavar as mãos do sangue inocente, pronunciou a frase: “Condemno, íbis in crucem”. Jesus é levado ao Gólgota e crucificado. Aos seus algozes diz: “Pai, perdoai-os, porque não sabem o que fazem”. Depois de algum tempo Jesus diz: Meu pai, porque me abandonastes?”. Finalmente diz: “Está tudo consumado”.

Após a crucificação e sepultamento de Jesus, propaga-se a notícia de que o mestre havia ressuscitado. Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé, encontraram Jesus fora do sepulcro e ouviram-no dizer: “Ide e dizei a meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. É lá que eles me verão”.

Estando os onze apóstolos reunidos na Galiléia perceberam, Jesus entrar, o mestre disse-lhes: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a todas as criaturas humanas” (Marcos, XVI-15). Em seguida Jesus desapareceu como uma luz.

Segundo Mateus e Marcos, Jesus apareceu pouco tempo depois em uma montanha, diante de aproximadamente quinhentos irmãos reunidos pelos apóstolos. Mostrou-se mais uma vez aos apóstolos reunidos, depois as aparições cessaram.

Mas a fé estava criada, o impulso dado, o cristianismo vivia. Os apóstolos, cheios do fogo sagrado curavam os doentes e pregavam o evangelho do mestre.

Três anos depois, um jovem fariseu de nome Saulo, animado contra a nova religião por um ódio violento, que perseguia cruelmente os cristãos; a caminho de Damasco com vários companheiros subitamente é envolvido por um relâmpago que o derruba por terra. Tremendo gritou: “Quem és tu?”. Então ouviu uma voz que dizia: “Eu sou Jesus, que tu persegues. Seria duro para ti resistir aos aguilhões”.

Seus companheiros assustados ergueram-no. Eles tinham ouvido a voz sem nada ver. Saulo ofuscado pela luz só recobrou a visão após três dias (Atos, IX,1-9). Converteu-se à fé do Cristo e tornou-se Paulo, o apóstolo dos gentios.

VII – COMENTÁRIOS SOBRE TERMOS E
EXPRESSÕES USADOS À ÉPOCA

Filho da Virgem: Designação que os povos antigos usavam para com seus grandes instrutores e iniciados. Significa, também, o iniciado nos mistérios maiores.

Filho da Viúva: Significa o iniciado
dos mistérios menores.

Filho do Homem: Significa o eleito da humanidade terrestre, seu símbolo é o cordeiro e a cruz.

Filho de Deus: Significa uma consciência
identificada com a verdade divina,
uma vontade capaz de manifestá-la.
O eleito da humanidade celeste.
Nazareno: É o filho consagrado a Deus por sua mãe, a uma missão profética antes do nascimento.

O evangelho do reino dos céus: Quer dizer,
levar os grandes mistérios ao alcance dos simples, traduzir-lhes a doutrina dos iniciados.

Fariseu: Significa separado, distinto.
Representava o partido da restauração nacional.

Saduceu: Representava o partido
sacerdotal e aristocrático.

Bibliografia
SCHURE, Edouard, Ed. Ibrasa – “Os Grandes Iniciados”.
VERMES, Geza, Ed. Mercúrio – “Os Manuscritos do Mar Morto”.
SHONFIELD, Hugh, Ed. Mercúrio – “A Odisséia dos Essênios”.
A BÍBLIA SAGRADA – Edições Paulinas.

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ARLS ASGARD, n° 353 Oriente de Holambra • GOP/COMAB