I O dia se fazia cinza, macilento Não pensar era preciso, mas ele passou lento Acordei, sem medo, curioso, ansioso Irmãos alertas me saudavam, iluminavam: “Reflita sobre a Morte, sobre a Eternidade”, me falavam. Pensei naqueles que fazem de mim o que sou Em meu pai, no Pai, em meu padrinho… E o dia passou lento em meu caminho. Mas o que sou? Se a cada minuto A cada segundo, me torno mais extinto. O fato é que (eu) existo… Refletir sobre a Eternidade? Sim…, Pois aí de mim, se não fosse assim. Minha Eternidade tem três colunas O GADU, que é Deus, a família e o trabalho Sobre o (meu) Pavimento Mosaico, o assoalho, Imóvel estátua de mármore – a Ordem! Eis a minha Eternidade, minha felicidade E o que faz de mim de verdade um homem. II A noite chega embriagada de seu lume, No céu a Lua Nova trazia Fertilidade (é dia de Nossa Senhora da Piedade) No caminho pensava na Vida, em tudo que se passava tinha comigo um Terço e as luzes da cidade. Entre Irmãos percebi os olhares diferentes As vozes, os passos, as risadas ecoavam em minha mente E foi, exatamente, nesse momento que o Tempo parou… Parou, puxou o ar e tudo se fez em silêncio. O Templo se vestiu de escuridão Desfeito o nó da gravata, expus o coração, Amarraram-me pela cintura Senti a ponta da espada em meu peito [a lâmina gelada dos meus perseguidores] Foi ordenado: Contemple o Firmamento… e me levaram. A nave jazia em profundo negrume, Assim como todos os membros da assembleia, Acusaram-me de assassinato, me revistaram, Truculentos… Temi por minha vida, mas resisti. Fui interrogado, julgado e levantaram a mão contra mim. “Não devo nada a esses!” pensei comigo, E fiquei a mercê dos que julguei inimigos. Éramos três – três ladrões? Três assassinos? Três irmãos? Três amigos? Éramos três… III Compreendo os três primeiros passos Dado lentamente sob a luz do compasso A garganta, o coração e as vísceras Desenhadas num horizonte a perder de vistas Compreendo as sombras no Firmamento Doze homens vasculhando a memória do Tempo Volta após volta em minha sepultura A Acácia, o pano manchado de sangue, o caixão Eu sou o Irmão Arquiteto, nomeado por Salomão Entrei vestido de assassino, amarrado, difamado, Saiu empunhando a Prancha de Traçar Mestre entre os Mestres, e muito encorajado No Meio da Câmara mais segredos desvendados Venerabilíssimos Irmãos cada dia mais amados Meus irmãos como tal me reconhecem Olhares de orgulho que enobrecem Um Mestre de Cerimonia que sorri entre as velas A Harmonia profunda que ilumina o fascículo Três Luzes que cantam e ensinam E o Livro da Lei aberto em outro capitulo. Que nosso Grande Arquiteto do Universo a todos ilumine e guarde. Fraternalmente. Leave a ReplyYour email address will not be published.CommentName* Email* Website Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar. Δ