Egrégora, ou Egrégoro para outros, (do grego egrêgorein, Velar, vigiar), possui várias definições, mas todas convergem para o sentido de uma soma de consciências individuais em um grupo, cujo resultado é infinitamente superior ao do simples processo aritmético. É a aura formada pela união de um grupo, a força da alma coletiva. No sentido esotérico, egrégoras são “devas”, entidades ligadas à natureza que, invocadas pela união, podem ser manipuladas, a fim de atingir-se um objetivo comum. A Maçonaria especulativa dos dias atuais possui rituais e alegorias seculares, cuja reiteração constante nos trabalhos pode levar o recém-iniciado ou alguns IIr∴ mais antigos a considerá-los enfadonhos e demorados. Porém, o significado da ritualística é muito mais abrangente e extrapola os limites materiais e sensoriais da vida profana. Já ao concentrar-se no Átrio, os IIr∴ MM∴ preparam-se para o processo de desvinculação do mundo material, liberando-se de toda a rotina e pensamentos diários e abrindo suas mentes para a simbiose que virá a se estabelecer no Templo, entre o mundo real nele representado – o axis mundi, seus respectivos templos interiores e o Sagrado. “Cobrir o Templo” não pode simplesmente ser interpretado como o ato de resguardar-se da presença de profanos curiosos e/ou mal-intencionados. Ao fechar a porta do Templo e dirigir-se ao Ir∴ 1º Vig∴ dizendo sua frase milhões de repetidas vezes, o Ir∴ G∴ do Templ∴ informa estar o ambiente interno livre das interferências externas, sejam elas de qualquer esfera, física ou espiritual. Nesse momento, também os IIr∴ presentes devem ter seu templo interno coberto, sua mente livre de pensamentos impuros e perturbadores. A chamada aos oficiais e os questionamentos a eles efetuados são o processo de invocação dos seres habitantes dos mundos invisíveis, os devas representativos de cada função imprescindível à formação da Loja. Por fim, o Ven∴ Mest∴, formando com os IIr∴ VVig∴ a manifestação da Trindade Divina; e após a leitura da passagem do L∴ da L∴; em nome do G∴ A∴ D∴U∴, declara aberto os trabalhos. O S∴, a B∴ e a A∴, feitos simultaneamente por todos os presentes são o clímax do ritual de junção do microcosmo ao macrocosmo; da comunhão dos planos Físico e Divino; o momento em que todos passam a estar unidos por um elo transcendental; o nascimento de um único consciente coletivo, capaz, através de seu poder ilimitado, alcançar todos os objetivos sinceros e positivos, desligado de interesses mesquinhos; manifestação sagrada da ação interventora e conciliadora do G∴A∴D∴U∴ Por conclusão: A Egrégora Maçônica. A Egrégora Maçônica, manifestada também em toda sua intensidade durante a C∴ U∴, visa a maximização do poder das consciências presentes por um objetivo específico, somadas estas a de todos os IIr∴ MM∴ que caminham e caminharam pela Terra. Toda a energia acumulada pelos séculos em inúmeras sessões maçônicas pelo mundo afora, todo o esforço dedicado pelos obreiros praticantes dos augustos mistérios; uma cadeia mística interligada por uma corrente de energia. Pergunto aos IIr∴ estaríamos todos livres das influências do mundo profano quando aqui adentramos? Nosso templo interior está realmente coberto? As atribulações do dia-a-dia não acabam por interferir em nossa concentração e prejudicar o que se repete pelo infinito dos tempos? Ainda antes, no Átrio, preparamo-nos adequadamente para receber e transmitir a energia-fruto de nossa união no Templo? Caso não venhamos a estar preparados, tornar-se-ão os trabalhos cansativos – por repetitivos. As etapas ditas “administrativas”, como a leitura das colunas gravadas e do balaústre, e a passagem do Sac∴ de PP∴ e II∴ e do T∴ de S∴ serão aproveitadas para conversas paralelas e desconectadas da reunião, estaremos ansiosos pelo fim dos trabalhos, com a consequente passagem ao salão dos banquetes, despojados de nossas vestes ritualísticas e liberados para tratar de assuntos mais amenos. Sim, devemos nos preparar. Já no amanhecer do dia destinado à reunião entre os IIr∴ podemos pressentir a energia positiva que advém da proximidade da hora. Mesmo que nossas atividades diárias venham a ser desgastantes, é em Loja que encontraremos o amparo da acolhida, o amor fraternal e a força do eterno recomeçar. O Átrio deve ser entendido em toda sua significância. Deve ser o local da despedida do mundo externo e da concentração e inspiração para adentrarmos, em silêncio e respeitosamente, àquele espaço onde poderemos unir nossas forças para o bem comum e de toda a humanidade. Por fim, nossa estada, do meio-dia à meia-noite, no tempo do não tempo, naquele que representa não só as características do Templo do Rei Salomão, mas que sim, é um ser vivo organismo que passamos a compor quando do início dos trabalhos, deve ser aproveitada ao máximo. Nossa energia espiritual deve estar interligada a dos demais IIr∴, sejam os presentes, sejam aqueles que por aqui passaram, sejam todos os obreiros de todas as épocas e lugares. Deixemo-nos levar e satisfeitos estaremos por fazer parte dessa construção. Dessa consciência individual e da força congraçadora, construtiva e transformadora da Egrégora Maçônica depende a continuidade da maçonaria como guardadora dos augustos mistérios, e da humanidade como um todo, na busca por seu aperfeiçoamento. Sintetizando o Salmo 133: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! … Porque ali o Senhor ordena a Benção e a vida para sempre.” Referências Bibliográficas: A Vida Oculta na Maçonaria, Charles Webster Leadbeater, Ed. Pensamento. O Esoterismo na Ritualística Maçônica, Eduardo Carvalho Monteiro, Ed. Madras. Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, G∴L∴M∴E∴R∴G∴S∴ Trabalhos publicados na internet por: Ir∴ Monte Cristo (incógnito) www.hermanubis.com.br Ir∴ Fernando César Gregório, M∴ M∴ Loja Honra, Amor e Caridade – Bariri/SP, Brasil www.maconaria.net