AS ARMADILHAS QUE DISTORCEM O CONHECIMENTOO tema central da presente explanação é demonstrar e comparar as características fundamentais para a aquisição do conhecimento (gnose) e os meandros do contra conhecimento (erro e sofisma).Iniciamos com a filosofia, mais precisamente com Sócrates e Platão, filósofos atenienses do século IV a.C.Foi nessa época que nasceu o movimento sofista, guinado principalmente pela tenra e primaz democracia Grega. Sabemos que Sócrates foi um grande estudioso desses temas e forte opositor ao sofisma, assim também como seu discípulo Platão, conforme os diálogos descritos por ele no compêndio “A República”. Esses temas foram objetos de estudo de vários outros filósofos, sábios e pensadores e apesar de parecerem simples, eles possuem uma variedade de tentáculos que nos confundem e podem nos induzir às falsas conclusões.Uma das formas de se estudar e avaliar determinado tema ou objeto de estudo é conhecer o seu antagônico, assim podemos trilhar a abrangência entre os dois extremos. Esse é o nosso caso, onde temos o Erro e o Sofisma de um lado, antagônicos da Verdade que é o objeto principal para alcançarmos overdadeiro conhecimento para a boa aplicação prática em nossas vidas.Devemos reconhecer e saber nos livrar do Erro e do Sofisma, e por outro lado buscar e trilhar o caminho da Verdade,entendendo ser esse o melhor caminho para a construção do nosso Templo Interior e consequentemente a base sólida para nos guiar na “ConstruçãoSocial” da qual somos agentes incontestes. “É melhor admitir o desconhecimento sobre determinados assuntos do que formular deduções baseadas em fracas experiências que acabarão em um redondo erro ou sofisma.”A VERDADEPara que o Irmão possa entender as dificuldades de se compreender e dominar a Verdade, apresentamos algumas indagações colocadas por Leibnize outros grandes filósofos: O que é a Verdade? A verdade é definível? O verdadeiro será, ou não, exatamente o mesmo que “ente” ou “ser”?Onde se encontra primariamente a Verdade? na inteligência ou nas coisas? Haverá uma só verdade,em virtude das quais todas as coisas são verdadeiras?Qual é a essência da Verdade? Qual é a Verdade da essência das coisas? Haverá uma ou outra Verdade Eterna, além da Verdade Primeira? Todas as Verdades derivam da Verdade Primeira? A verdade tem princípio e fim? A verdade criada será imutável? A verdade existirá nos sentidos humanos?Existirá alguma coisa falsa ou errada? Existirá falsidade nos sentidos e na inteligência? Toda Ação humana significa o verdadeiro e o falso?A não-verdade e uma dissimulação ou um erro? Essas e outras questões podem ser apresentadas e as mais variadas e diferentes respostas e deduções poderiam ser construídas e ainda assim não entenderíamos completamente o que é a Verdade, ou seja: a verdade é uma utopia.Uma das escolas que estuda a Verdade nega a possibilidade de se conhecer qualquer Verdade e afirmam ser impossível conhecê-la com plena certeza, pois nunca sabemos se as coisas são como realmente parecem ser, isto porque, todo o nosso conhecimento vem dos nossos sentidos e já está comprovado que os nossos sentidos nos enganam e são passíveis de erros. Os seguidores dessa linha cética de pensamento argumentam que um mesmo objeto é passível de opiniões diferentes e contraditórias entre si, ficando assim demonstrada a possibilidade de erros da inteligência, daí a absoluta incapacidade humana para conhecer a Verdade absoluta.Outra escola mais moderna sustenta que, embora se possa saber (conhecer) alguma coisa, jamais será possível ultrapassar os limites da simples probabilidade sobre o conhecimento das coisas, sem jamais se chegar à “certeza absoluta” a respeito dela.Outra corrente de pensamento afirma que a Verdade e o Erro só existem em nosso juízo, que são atos da inteligência e não dos sentidos, cuja função única é fazer com que sejam apreendidos os fenômenos e as aparências das coisas e nessa função não há falibilidade alguma. Argumenta que todo o Erro da inteligência é sempre acidental, tanto, que as opiniões são sempre retificáveis, daí a crença de ser o homem capaz de conhecer a Verdade, mesmo que ela seja difícil de ser encontrada. Essa é a escola mais otimista que recomendo para seguirmos na prática sem descartar a possibilidade das demais.Uma quarta corrente, conhecida como “dogmática”, afirma com base em argumentos positivos, que o ser humano é verdadeiramente capaz de conhecer a Verdade. René Descartes, em seu método cartesiano, proclama que, “para demonstrar a aptidão do espírito para conhecer a Verdade, convém começar por uma dúvida universal”. Essa dúvida seria metódica e extensível a todas as coisas ou seres, consistindo em saber, em primeiro lugar, senão existiria uma Verdade absoluta capaz de afastar totalmente a possibilidade de dúvida. Só então e após essa descoberta é que se iria buscar o critério de certeza. O fundamento cartesiano está na célebre sentença desse filósofo – “Penso, logo existo”, Verdade essa que é absoluta e que refratária a toda e qualquer dúvida.A “dúvida cartesiana”, como é geralmente conhecida, apresenta algumas restrições, uma vez que existem certas verdades que se formam por uma evidência absoluta, como são, por exemplo, as fórmulas e axiomas da matemática e os enunciados das Leis Naturais que são imunes a qualquer espécie de dúvida, e por princípio são revestidos do critério da certeza (Verdade).O filósofo e psicólogo William James, coloca a Verdade como sendo um acordo (contrato), como uma conformidade com a realidade, dessa forma o falso(erro), significa o desacordo ou a desconformidade com esse acordo ou realidade. Esta definição é tida como pacífica entre os filósofos pragmatistas, os intelectualistas e também os juristas, mesmo assim, há interpretações diferentes do que seja “acordo” e “realidade”, muito embora sabemos que “realidade” é uma ideia verdadeira a respeito de algo, notadamente a respeito de “algo sensível”. O ERROReconhecendo as dificuldades de se entender a Verdade (conforme posto acima), é certo que temos as mesmas dificuldades com relação ao Erro, nesse caso, podemos ainda acrescentar outras indagações:O Erro é o contrário da Verdade (recíproca)? O Erro é tudo o que não é verdade excluente? Existe uma distância entre a Verdade e o Erro onde estão situadas as coisas normais com maior ou menor intensidade de dúvida se são verdadeiras, falsas ou erradas? Existe alguma coisa efetivamente Verdadeira, Falsa ou Errada ou tudo é relativo, tudo é dúvida?Postas essas indagações, podemos ter uma ideia sobre as dúvidas que também grassam a respeito do Erro. Sob o ponto de vista do Direito, o Erro é um vício no processo de formação da vontade, uma forma de noção falsa ou imperfeita sobre alguma coisa ou alguma pessoa. Erro é um dos vícios do consentimento dos negócios jurídicos; a manifestação de vontade defeituosa devido a uma interpretação má dos fatos ou das leis. Ainda sob o ponto de vista jurídico, o Erro pode ser substancial ou essencial quando invalida o ato jurídico e acidental quando pode ser resolvido facilmente, sem prejuízo ou anulação do ato jurídico. “O erro sutil e o sofisma são como lobo na pele de um cordeiro a distorcer o nosso entendimento.”O SOFISMASofisma é um enunciado falso que parece ser verdadeiro numa compreensão superficial. Nem todo enunciado que parece verdadeiro, mas não é, pode ser considerado Sofisma, normalmente é a forma lógica do enunciado que determina ser ou não um Sofisma. É comum considerar Sofisma os enunciados aparentemente verdadeiros, mas com induções mal feitas, devido às contingências que existem entre lógica e a epistemologia na história do pensamento. Um criminoso tentando se livrar da acusação do crime, cuja versão parece ser verdadeira, mas não é, não é considerado Sofisma, mas mentira, falso testemunho, inverdade.Assim como temos dúvidas conceituais a respeito da Verdade e do Erro, fatalmente também obtemos com relação ao Sofisma, por isso o seu conceito também é “aberto”; sujeito a interpretações das diversas escolas e correntes tais como a Verdade e o Erro. Quanto à sua origem, pode se dizer que o Sofisma nasce do lapso ou da intenção de iludir, sendo que esse lapso pode ser do emissor ou do receptor. A caracterização de um Sofisma é subjetiva, pois, temos em primeiro lugar que nos restringir à classe de questões que podem ser refutadas pela lógica e a lógica por sua vez é respaldada pelos enunciados e premissas filosóficas, nem sempre convergentes. Por isso, o Sofisma pode se tornar polêmico ou impossível de ser caracterizado.Não há critérios objetivos para definir o que é uma coisa que parece verdadeira, isso depende da acuidade de cada um, daí a importância do nosso conhecimento (gnose), e da nossa sabedoria para ampliarmos a nossa capacidade de julgamento. Uma contradição camuflada pode ser encarada como Sofisma se quem a avaliar julgá-la sutil, já outra pessoa com maiores conhecimentos e sabedoria, pode considerá-la grosseira e rotulá-la como simples mentira, equívoco ou contradição.Existem inúmeros fatores que favorecem o efeito de ilusão do Sofisma. Exemplos: o uso de forma de silogismo tem associação com fatos com conotações de credibilidade; o uso de formas elaboradas que levam a uma conotação de credibilidade; os arredondamentos de valores e mau uso das fórmulas; tomar o improvável e o impossível como sinônimos. O Sofisma pode ser classificado em: Sofisma formal se as premissas que o sustentam são válidas, mas sua falsidade derivar do mau uso das regras de inferência lógica, o que pode ser mostrado como recursos da lógica formal, usando seu-matabela-verdade; Sofisma material se resultar falso mesmo sendo validado pelos critérios da lógica formal. Sua falsidade vem da falsidade das premissas.Se ao encerrar essa explanação, o Irmão se sente ainda mais confuso sobre os temas apresentados, então é porque atingimos um grau elevado de veracidade, pois a Verdade, o Erro e o Sofisma são temas bastante difíceis de apresentar e de compreender. Vemos aqui, a aplicação praticada tão propalada frase de Sócrates“ Só sei que nada sei”, ou do nosso Irmão Ziraldo “Só uma coisa é certa: nada é certo”. Cabe aqui ainda, uma grande lição para o Irmão levar para o longo de sua vida: é melhor admitir o desconhecimento sobre determinados assuntos do que formular deduções baseadas em fracas experiências, que acabarão em um redondo erro ou sofisma. O erro sutil e o sofisma são como lobo na pele de um cordeiro a distorcer o nosso entendimento.Na prática, porém, existem formas bastante confiáveis para determinar o verdadeiro do falso, o acerto do erro. No campo da subjetividade a verdade e o erro são mais evidentes e até fáceis de distinguir, por exemplo na matemática, 3 vezes 5 somente tem uma única resposta verdadeira, todas as demais são falsas(erradas).Na teoria, jamais poderíamos calcular o perímetro de um círculo porque o valor do PI é um número irracional (possui infinitas casas depois da vírgula),mesmo assim, podemos chegar a um valor com altíssimo grau de precisão e estatisticamente muito próximo da verdade.Estamos a cada momento fazendo inúmeras “comparações simples” do tipo “essa fruta é uma laranja? ”, cujas respostas sempre são “verdadeiro” ou um “falso”. Fazemos mentalmente grandes cadeias dessas “comparações simples” e sabemos instintivamente que se todas as respostas forem “verdadeiras”, então, todo o conjunto é verdadeiro. Esse é um exemplo da “tabela da verdade” estudada em lógica, que utilizamos imperceptivelmente em nosso dia-a-dia sem mesmo montarmos formalmente a tal tabela. Não devemos nos deixar absorver pelo aparente pessimismo e pela dúvida, pois a maioria das nossas questões cotidianas são passíveis de uma grande dose de certeza quando se trata de julgarmos da verdade e do erro. “O que parece confuso e difícil na teoria pode ser mais fácil e confiável na prática como uso do bom senso”.É muito importante, no entanto, conhecermos os conceitos formais da Verdade, do Erro e do Sofisma, pois a nossa evolução pessoal e as nossas ações passam por três etapas importantes: conhecimento (gnose), julgamento (com base no conhecimento) e tomada de ação (baseada no julgamento). Essas três etapas são tão automáticas que nem percebemos, mas são utilizadas por nós em cada uma das múltiplas ações que executamos diariamente, sejam elas simples como pentear o cabelo, ou complexas com se tornar Presidente da República. A VERDADE NUA E CRUAA pintura “A Verdade saindo do Poço” de Jean-Léon Gérôme, escultor e pintor francês, de 1896, está ligada a uma parábola do século XIX. Conta-se que a Verdade e a Mentira um dia se encontram e a Mentira disse à Verdade: hoje é um dia maravilhoso! A Verdade olha para os céus, suspira e confirma, pois o dia estava realmente lindo. Elas caminharam juntas e passando por um poço, a Mentira disse à Verdade: a água está muito boa,vamos tomar um banho juntas?A Verdade, desconfiada, conferiu a água e viu que a água estava realmente muito gostosa. Elas se despiram e foram ao banho.De súbito, a Mentira saiu da água, vestiu as roupas da Verdade e fugiu. A Verdade furiosa, saiu do poço e correu para encontrar a Mentira e pegar suas roupas de volta, mas não conseguiu a encontrar.O Mundo, vendo a Verdade nua, desvia o olhar, com desprezo e raiva.A verdade atira-se no poço e desaparece para sempre escondendo sua vergonha.Daí por diante, a Mentira viaja ao redor do Mundo vestida como a Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade, porque: “O Mundo não nutre nenhum desejo deencontrar a Verdade nua.” Autor: Ir.:Carlos Roberto PakuczewskyARLS Templários da Arca SagradaOr.: de Blumenau • GOSC – SC ANÚNCIO