Para aquele homem profano tudo está escuro, lhe falta a visão, lhe falta a luz. Ele está cego como todos os mortais que desconhecem a estrada da luz. Noutro instante, esse homem profano se encontra em uma câmara repleta de frases sugestivas e indutivas ao pensamento circunspectivo sobre seu ser, sua existência. Tal qual um encarcerado em masmorra, no silêncio de um subterrâneo, o homem profano está cercado de emblemas e pensamentos severos, que o remetem à meditação. Nessa câmara, ele terá a chance de elaborar seu testamento moral e filosófico, pois ali o homem profano deverá morrer, cedendo lugar a outro ser mais aperfeiçoado. Também ali ele fará seu compromisso, que deverá cumprir pelo resto de sua nova vida, se preparando para renascer como o HOMEM MAÇOM. Finalmente o Venerável Mestre determina: “E a luz seja dada ao candidato”. Nasce então, com a ajuda de vários irmãos, mas por opção própria, por determinação pessoal, sem sofismas, equívocos ou coerção, sem nenhum constrangimento ou sugestão, de livre e espontânea vontade, o HOMEM MAÇOM. Esse novo homem, o HOMEM MAÇOM, agora neófito na Sublime Arte Real, terá que se pautar por uma vida muito diferente da vida que praticava anteriormente no mundo profano. Ele jurou trabalhar com zelo na pedra bruta, constância e regularidade sempre serão sua tônica, sempre à procura da verdade, pondo em prática a solidariedade humana, protegendo os fracos e praticando a justiça. Ele jurou elevar sua individualidade moral, aprimorar sua personalidade a fim de servir. Assim procedendo recusou, tacitamente, ser servido. O HOMEM MAÇOM se comprometeu a bem pensar, bem querer, bem agir, aprimorar os bons e inatos pendores latentes em sua alma, construindo em si o templo ideal. Esse novel jurou, prometeu, afirmou e consentiu, perante uma grande augusta assembleia de maçons, em vivo e bom tom, construir templos à virtude e cavar masmorras ao vício. O HOMEM MAÇOM, declarando-se ser livre e de bons costumes, jurou em ter seu coração sensível ao bem e concordou em assumir enormes responsabilidades para com a sociedade e para com a humanidade, sérios deveres e grandes sacrifícios. Aceitou realizar tudo com altruísmo, sem esperar recompensas, sem esperar agradecimentos, reconhecimentos ou medalhas. Aceitou hipotecar sua inteligência, força, coragem e firmeza, com grande dedicação sem reservas, humilhando-se apenas ao Soberano Arbitro dos Mundos e Autor de todas as coisas, reconhecendo seu infinito poder e a nossa infinita fraqueza. Além de se comprometer em eivar-se de virtudes, o HOMEM MAÇOM, da mesma forma comprometida e dedicada, com a mesma intensidade e devoção, jurou se comprometer também em extinguir suas paixões, seus vícios e preconceitos mundanos, higienizando-se, limpando-se e se purificando para bem acolher as virtudes e a sabedoria. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche criou uma interessante teoria sobre o Homem, escrito no livro Assim Falou Zaratustra, na qual ele caracterizou um determinado ser, mais evoluído e mais aperfeiçoado que os homens normais, dando-lhe o nome de “Übermensch”. A tradução desse termo seria algo como o “Além-do-Homem”, porém ficou mais conhecido como o Super-Homem. Excluindo o conceito religioso e sem querer entrar também na significação política da doutrina de Friedrich Nietzsche, e tão somente analisando o conceito deste Super-Homem, verificamos que o aludido filósofo entendia que o Super-Homem deveria ser uma criatura mais evoluída do que os homens habituais. Nietzsche considerava que este novo ser deveria ser o responsável pela sua própria evolução, trabalhando incansavelmente, sem esmorecimento e sem condescendências para com a sua evolução moral e educacional, elevando-se além dos limites impostos para o homem comum. Para o Super-Homem interessava apenas o patamar superior, o mais alto possível de se atingir na escala da evolução humana, sem considerar os limites da capacidade humana impostos pelo senso comum, num sentido bem particular de trabalho incessante de si para consigo, extrapolando o paradigma pré-estabelecido pela sociedade, destruindo todo o arquétipo de homem até então conhecido, para se posicionar em um nível mais elevado do ponto de vista moral e intelectual. Para tanto, o Super-Homem teria que se reinventar. Considerando sua realidade tal como ela é, sem maquiagens, ilusões, misticismo ou supertições, ele deveria se superar na busca do que é ser ideal, no que é ser supremo, promovendo uma auto-leitura do seu íntimo, revendo a si mesmo e, neste processo, se reconstruindo. Literalmente, visitando o seu interior e, retificando-se, descobrindo a pedra bruta que há em si para, então, iniciar o processo da auto-lapidação, submetendo seu corpo, sua alma e suas paixões à constante disciplina. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche criou uma interessante teoria sobre o Homem, escrito no livro Assim Falou Zaratustra, na qual ele caracterizou um determinado ser, mais evoluído e mais aperfeiçoado que os homens normais, dando-lhe o nome de “Übermensch”. A tradução desse termo seria algo como o “Além-do-Homem”, porém ficou mais conhecido como o Super-Homem Para galgar esse plano excelsior, o Super-Homem, amante do trabalho constante, deveria sedestituir da vulgar moral dos homens comuns e de tudo o que poderia lhe assemelhar e fugir do enquadramento social expresso pelo arquétipo do homem terreno. Promover uma auto-limpeza do seu caráter e de sua moral seria fundamental e a verdadeira gênese do Super-Homem, que se apoiaria nessa base virgem e receptiva aos novos conceitos. Sobre isso Nietzsche assim se expressa: “O corpo purifica-se pelo saber, eleva-se com o esforço inteligente: todos os instintos do que pensa e conhece se santificam; a alma do que se eleva alvoroça-se.” Uma vez desprovido das mazelas do homem comum e reformatado com os conceitos mais elevados existentes, o Super-Homem se libertaria das influências do mundo humano. As mazelas das paixões típicas desse mundo não mais o influenciariam. Os hábitos e os valores da sociedade humana não mais ditariam o seu destino, senão apenas os valores que ele mesmo estabeleceu para si, considerando os conceitos superiores. Extrapolando a doutrina de Nietzsche, entendemos que a evolução natural desse Super-Homem seria então, tendo reconhecido sua evolução moral e intelectual frente aos demais homens, se voltar para a humanidade e se posicionar como referência para todos os demais homens comuns, como ser ideal e objetivo almejado por todos. Para Nietzsche, querer o homem tentar se igualar aos deuses seria objetivo muito longínquo. Assim ele expõe: “Poderíeis criar um Deus? Pois então não me faleis de deuses! Poderíeis, contudo, criar um Super-homem.” Mais fácil e atingível tentar se melhorar enquanto ser humano, evoluindo em seus caracteres peculiares, alcançado uma escala intermediária da evolução entre o homem e os deuses. Com isso o objetivo seria mais real e atingível para todos os que se disporiam a atravessar a ponte de ligação entre ambos. Ele jurou trabalhar com zelo na pedra bruta, constância e regularidade sempre serão sua tônica, sempre à procura da verdade, pondo em prática a solidariedade humana, protegendo os fracos e praticando a justiça Assim deveria se posicionar o HOMEM MAÇOM. Tal qual o Super-Homem de Nietzsche, ele desceu às profundezas de seu ser. Procedeu a uma análise particular, se retificou e se reconstruiu dentro de rígidos princípios doutrinários maçônicos para se tornar um homem diferente, melhor. Um homem mais trabalhador, mais dedicado, amante das elevadas virtudes e dos bons princípios, difusor de um estilo de vida mais limpo, honesto e perfeito. O HOMEM MAÇOM se tornaria avesso às mazelas do ser humano, combatente incansável dos erros, vícios e pecados do homem comum. O HOMEM MAÇOM se posiciona como a reserva moral da sociedade onde se encontra, devendo difundir, discretamente, seu modo de vida ilibado, não apenas eivado de pontos positivos, mas também completamente desprovido de qualquer mancha de vício que possa macular seus caráter e seus atos. Partindo da premissa que seus atos serão sempre justos e perfeitos, O HOMEM MAÇOM não deverá se envergonhar ou sequer se acanhar em praticá-los. Com sutileza, discrição e ponderação, porém de forma segura e firme o HOMEM MAÇOM deve ser impositivo nas suas ações e demonstrar que seus atos devem ser vistos como referência por todos. Furtar-se a praticar todos os princípios de vida que a Maçonaria lhe outorga a usar é negar todo o juramento realizado na presença da Assembléia Maçônica e tornar-se um perjuro por omissão. Ignorar todos os princípios e continuar na vida profana a proceder conforme sempre se procedeu e igualando-se ao homem comum é escarnecer do carinho fraterno da Irmandade que teve o zelo, o trabalho e a dedicação em lhe escolher, iniciar e revelar todos os segredos da Arte Real. O HOMEM MAÇOM deve se posicionar em sociedade tal como se posicionaria o Super-Homem de Nietzsche. Entendendo que a ele cabe fazer valer e aplicar em sociedade todos os ensinamentos superiores, sejam eles morais, intelectuais ou filosóficos, posicionando-se como referência para os demais homens profanos. Viver tal qual o Super-Homem deve ser o objetivo primeiro de todo o HOMEM MAÇOM. Leave a ReplyYour email address will not be published.CommentName* Email* Website Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar. Δ