Fabre d’Olivet diz: “Os dez primeiros capítulos da Gênese, filha do passado e cheia do futuro, herdeira de toda tradição do Egito, trazem germens das ciências futuras. O que a Natureza tem de mais profundo, o que o espírito pode conceber de mais maravilhoso, o que a inteligência tem de mais sublime, ele o possui”.

Todo o progresso humano ocorre em ciclos. A moderna ciência materialista vive sua era fugaz, enquanto a Filosofia já solapou seus fundamentos. A nova era irá mostrar um autêntico renascimento desta.

Os princípios imortais enunciados por Platão, interpretados à luz do pensamento moderno, menos complicado e dialético, vão despertar novamente a atenção do mundo pensante. Todos sabem que a fonte do conhecimento de Platão foram os Mistérios; ele era um iniciado e percebe-se, na maioria das páginas que escreveu, o compromisso que assumiu de não revelar às pessoas comuns os segredos ensinados somente aos iniciados, sob juramento.

A digressão anterior pareceu-me necessária, com vistas a demonstrar a base real das tradições da Palavra Perdida e colocar além do sofisma, pelo menos com os mais racionais, a ideia de que a palavra do Mestre é algo verdadeiro, cuja autenticidade e poder não são exagerados nas parábolas e grifos da Maçonaria.

“A verdadeira Palavra de um maçom deve ser encontrada no profundo sentido oculto do nome inefável da divindade, transmitido por Deus a Moisés, cujo significado esteve perdido por muito tempo em função das precauções tomadas para ocultá-lo. A verdadeira pronúncia desse nome era, na verdade, um segredo no qual estava envolvido, contudo, outro segredo muito mais profundo: seu significado.”

“Portanto, o nome inefável não só encarna a grande ideia filosófica de que a divindade é o Ens, o To On, a existência absoluta, que é a essência do existir, a substância única de Spinoza, o ser, que jamais poderia não ter existido, em contraposição àquilo que apenas vem a ser; não a Natureza ou a alma da Natureza, porém aquilo que A criou; mas também a ideia dos princípios masculino e feminino, em seu sentido mais profundo e mais elevado, a saber: que Deus originalmente cingia em Si mesmo tudo o que é; que a matéria não coexistia com Ele, nem era independente d’Ele; que Ele não apenas criou e deu forma ao Universo, a partir do caos original; mas que Seu pensamento se manifestou de forma extrínseca nesse Universo, que assim veio a ser o que antes não era, exceto enquanto nele compreendido; que o poder procriador, ou espírito, e a matéria fértil, considerada entre os prístinos a Fêmea, estavam originalmente em Deus e Ele foi e é tudo aquilo que era, ou seja, é aquilo que haverá de ser; em quem tudo o mais vive, move-se e tem seu ser.”

“Este era o grande mistério do nome inefável… e, é claro, sua verdadeira pronúncia e sentido foram considerados perdidos por todos, menos por uns poucos escolhidos, a quem tais segredos foram confiados. Dessa forma, isso foi ocultado das pessoas comuns, por conta da deidade, então tratada metafisicamente, que não era aquele Deus pessoal, bizarro e, por assim dizer, tangível, em quem acreditavam e que era o único ao alcance de sua tosca capacidade de compreensão. (…) Essa era a profunda verdade oculta na alegoria primitiva e mantida preservada do alcance de todos por um duplo véu de mistério. Era o sentido exotérico, a geração e produção das cosmogonias hindu, caldeia e fenícia. Dos poderes ativo e passivo; dos princípios masculino e feminino; do céu e a de seus luminares gerando, enquanto a Terra produzia, toda essa sabedoria, oculta do vulgo, por estar além de sua compreensão; a doutrina de que a matéria não é eterna, senão que Deus era a única existência original, o absoluto, de quem tudo provém e a quem tudo retorna. (…) E se diz, com plena convicção, ter sido esta Palavra Verdadeira perdida em razão da perda de seu significado, mesmo entre os hebreus, embora ainda encontremos esse nome (seu real significado insuspeito), no Hu dos druidas e no Fo-Hi dos chineses.”

“Existe na Natureza a força mais poderosa, por meio da qual um homem, apenas que a possuísse e soubesse como direcioná-la, poderia revolucionar e mudar a face da Terra.

Essa força era conhecida dos antigos. É um princípio universal cuja lei suprema é o equilíbrio; e, por meio da qual, caso a ciência venha a aprender como utilizá-la, será possível alterar a ordem das estações, para produzir à noite os fenômenos do dia; para transmitir um pensamento instantaneamente ao redor do globo; para matar ou curar a distância; para conferir pleno êxito às nossas palavras, em escala universal, e fazê-las reverberar em todos os cantos do planeta. Esse princípio ativo, parcialmente revelado pelas teses empíricas de Mesmer, é precisamente aquilo que os adeptos da Idade Média chamavam de ‘matéria elementar da grande obra’”. E esta é a força motriz Keely, bem como a fohat (essência da energia ígnea), da doutrina secreta. Mas, continuando nossas citações:

“Há um princípio vital no mundo, de origem cósmica, no qual duas naturezas dualísticas oscilam entre o amor e o ódio. Esse fluido ambiente permeia tudo. É um raio desprendido da glória do Sol e fixado por meio do peso da atmosfera e da atração central. É a corporificação do espírito divino, o agente universal, a Serpente devorando sua própria cauda.”

“Com esse éter eletromagnético, essa energia calórica e vital, os antigos e alquimistas eram familiarizados. A respeito desse agente, essa fase de moderna ignorância chamada Física fala de modo incoerente, dele nada sabendo salvo seus efeitos, enquanto a Teologia lhe atribuiria falsas definições de espírito.”

“Quiescente, não é percebido por nenhum dos sentidos humanos; vibratório ou em movimento, ninguém sabe explicar sua forma de ação (exceto um verdadeiro mestre); chamá-lo de ‘fluido’ e falar a respeito de suas ‘correntes’ não passa de encobrir uma profunda ignorância, sob uma torrente de palavras.”

Quando alguém adentra um santuário da Cabala, admira-se ao ver uma doutrina tão lógica, simples e, ao mesmo tempo, tão absoluta.

Quando alguém adentra um santuário da Cabala, admira-se ao ver uma doutrina tão lógica, simples e, ao mesmo tempo, tão absoluta.

“Apenas a Cabala consagra a aliança da razão universal com a palavra divina; ela estabelece, por meio da contraposição de duas forças aparentemente opostas, o eterno equilíbrio do ser; somente ela reconcilia a razão com a fé, o poder com a liberdade, a ciência com o mistério; e tem as chaves do presente, passado e futuro.”

“A Bíblia, com todas as suas alegorias, expressa apenas de maneira velada e incompleta a ciência religiosa dos hebreus. A doutrina de Moisés e dos profetas, no fundo idêntica à dos antigos egípcios, também tem seu sentido aparente e seus Mistérios. Os livros hebreus eram escritos usando-se símbolos ininteligíveis ao profano, apenas para preservar na memória as tradições. O Pentateuco e os poemas proféticos eram simplesmente livros elementares de doutrina, ética e liturgia. O verdadeiro segredo e a filosofia tradicional só foram escritos mais tarde, sob um simbolismo ainda mais profundo. Foi, por conseguinte, uma segunda Bíblia que passou a existir, mas permaneceu desconhecida, ou antes, incompreendida pelos cristãos” (de épocas posteriores), “uma coletânea, pelo que se diz, de absurdos monstruosos; um monumento, dizem os adeptos, no qual se acha incluído tudo que os gênios da filosofia e da religião já formularam ou idealizaram a respeito do sublime; um tesouro cercado de espinhos; um diamante oculto em uma misteriosa pedra em estado bruto.”

“Quando alguém adentra um santuário da Cabala, admira-se ao ver uma doutrina tão lógica, simples e, ao mesmo tempo, tão absoluta. A necessária união de ideias, símbolos e a consagração das realidades mais fundamentais por meio de caracteres primitivos; a trindade das palavras, letras e números; uma filosofia simples como o alfabeto, profunda e infinita como o mundo; teoremas mais completos e claros que os de Pitágoras; uma teologia que pode ser resumida na contagem dos dedos da mão; um infinito que a mão de uma criança pode abarcar; dez cifras, 22 letras, um triângulo, um quadrado e um círculo – estes são todos os elementos da Cabala. São os princípios elementares da palavra escrita, símbolos da palavra expressa na criação do mundo.”

E, dessa maneira, poderíamos seguir apresentando citações desse verdadeiro “Mestre dos Mistérios”, um autêntico príncipe adepto entre os maçons, cuja relevante obra, mesmo sob a forma de compilação, é um monumento que resistirá ao tempo, mais nobre que a coroa dos reis. Se não compreendeu até o último dos enigmas daquilo que transcreveu – e ele também fez uso de enigmas –, discerniu o suficiente para aprender como descobrir o todo. Pode-se, portanto, inferir que a Bíblia sagrada como uma das grandes luzes na Maçonaria tem um significado muito profundo quando associada ao nome inefável ou Palavra Perdida. Os termos apresentados ao neófito, em sua busca pela Palavra Perdida, explicitam que poderá viajar a países estrangeiros e receber honorários de Mestre. Os honorários de um verdadeiro Mestre são o conhecimento e o poder para sua viagem no interstício reencarnatório.

A forma aparente desse grifo foi adotada a partir de seu uso pelas sociedades de maçons práticos, de dois ou três séculos atrás. As leis que então governavam o sinal de um membro ou do mestre edificador eram muito rígidas, jamais sendo esse sinal concedido de forma indigna; e, quando recebido, representava um passaporte entre construtores sobre um vasto domínio. Porém, em um sentido mais profundo ou cabalístico, a palavra do Mestre que habilitava seu possuidor aos honorários de Mestre era, na verdade, algo muito diferente. Os honorários do verdadeiro Mestre eram a satisfação e o poder que emanavam da posse do real conhecimento. O conhecimento é poder apenas quando alguém compreende aquilo que possui e é, portanto, capacitado a usá-lo para finalidades que se acham no íntimo do seu coração. Assim também ocorre para o mago. O Irmão Albert Pike demonstra conclusivamente que o poder da palavra se acha no conhecimento da Filosofia, que é sua perfeita síntese. Este é, em parte, o significado de “saber como pronunciar a palavra”.

Como já apresentado, a Cabala dos antigos hebreus, que Moisés aprendeu em sua iniciação nos Mistérios do Egito e da Pérsia, a qual Pike e muitos outros declararam ser idêntica entre os hebreus, egípcios, hindus e outras nações da Antiguidade, era conhecida então como doutrina secreta. A razão para tal nome é revelada na íntegra, no que já mencionamos até agora. O que Pike diz, referindo-se à relação do Pentateuco com a Cabala, é a verdade das escrituras exotéricas de cada nação da Antiguidade.

Quantas gerações de imbecis ou materialistas julgam você, meu Irmão, seriam necessárias para recuperá-la? A maioria da Humanidade, em todas as eras, não só não possuiu o segredo e o poder da palavra do Mestre, mas também foi incapaz de compreendê-los. Não conhecemos alguma coisa porque alguém nos disse como ela é. Deixemos que os deuses gritem para sempre a verdade de todas as eras nos ouvidos de um idiota, e esse idiota, ainda assim, estaria ligado à sua futilidade, para sempre. Aqui está a concepção e o princípio de todas as iniciações. É o conhecimento revelado por etapas, de maneira ordenada, sistemática, passo a passo, à medida que o neófito vai aprimorando sua capacidade de aprendizagem. O resultado é um crescimento, uma evolução e não a simples posse. Além do mais, conhecimento não é uma mera soma, algo adicionado a uma coisa já existente, e sim uma mudança progressiva ou transformação da estrutura original, no sentido de transmutá-lo, a cada etapa, em um novo ser. O verdadeiro conhecimento ou o crescimento da sabedoria no homem é um eterno vir a ser; uma progressiva transformação no sentido da similaridade da bondade divina e do supremo poder.

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A iniciação e a regeneração são sinônimas.

O ritual da Maçonaria baseia-se nessa lei natural e a cerimônia de iniciação ilustra a cada passo esse princípio. Se o resultado obtido é uma posse em vez da regeneração, na maioria dos casos o princípio permanece, não obstante, verdadeiro. A mera repetição de princípios morais ou lições de ética e sua ilustração simbólica e representação dramatizada são absolutamente infrutíferas. Estas apelam à consciência e ao senso moral em cada indivíduo, e ninguém regrediu após as lições recebidas na Loja. Por intermédio desses “ritos e benefícios”, o maçom é, com relação a toda a Humanidade, em nossa civilização assim chamada de moderna, o que mais se aproxima da antiga sabedoria. Ele tem a posse do território no qual se acham ocultas as joias da coroa da sabedoria. Pode contentar-se, se o desejar, simplesmente revirando o chão e obtendo uma colheita de cascas ou restolhos. Pode cavar mais profundamente e encontrar não apenas a pedra angular da arca, a Arca da Aliança, os pergaminhos da Lei, porém usando o espírito oculto nas asas do querubim, pode elevar-se liberto por meio da escória do tempo e, ao conhecer Alohim, face a face, também aprender a dizer Eu Sou aquilo que sou! A leitura disso é semelhante à de uma rapsódia, e os pontos de referência, tradições e grifos da Maçonaria nada representam além disso?

O verdadeiro Templo ao qual nos referimos, do começo ao fim, na Maçonaria, como em todas as iniciações primitivas, é o Tabernáculo da alma humana.

Ele é construído sem o uso de martelos ou quaisquer outras ferramentas metálicas. É semelhante (feito à semelhança) àquele outro, o Templo espiritual, não construído por mãos humanas, eterno nos céus, pois a antiga filosofia (Cabala) ensina que o espírito imortal do homem é o artífice do corpo e sua fonte de vida, que está não apenas imanente nele, como nele se projeta, enquanto a alma, o veículo imediato do espírito, habita o corpo e é dissipada ao morrer. O espírito é imortal, puro e eternamente imaculado. É o Christos ou Hiram, o mediador entre a alma ou a porção física do homem e o espírito universal – o Pai no Céu. O “pobre Candidato cego”, ou seja, o homem de sentidos imersos na matéria, aprenderia o nome inefável para obter a Palavra Perdida; buscando um atalho “ascenderia de alguma outra forma”. Ele obteria sabedoria sem autodomínio, poder sem sacrifício. Ele não irá ouvir a voz que intercede, “seja paciente, meu Irmão, e quando o templo estiver concluído, se o achar digno, irá recebê-lo por aquilo que por tanto tempo se empenhou em obter”. Não! Ele vai querer isso agora! E silencia a voz que por ele intercede, derrotando apenas a si mesmo, foge para os desertos do remorso e implora aos rochedos para escondê-lo do clamor de sua consciência acusatória. Hiram (Christos) ressuscitou. Por ser imortal, na verdade, não pode morrer. Nenhum pecado humano é final. Quando percebe seu erro e é purificado pelo sofrimento, o espírito humano ascende novamente, e até mesmo derrotado pode aspirar à vitória, e, então, recebe um termo substituto para a Palavra Perdida. Ouve, não importa se desfalecido ou confuso, a divina harmonia. As futuras gerações, ou seja, as encarnações posteriores, e um empenho mais sincero garantem uma recompensa maior. Ele aprende a “conhecer, querer, ousar e permanecer em silêncio” (saber, querer, ousar, calar). Amor Fraterno, Libertação e Verdade; Prudência, Temperança, Justiça e Compaixão – todas as virtudes e beatitudes são nele infundidas.

O Candidato aprende não meramente a tolerar a religião de outros, mas a respeitá-la como a sua própria, embora seja ainda adepto daquela à qual foi apresentado quando nasceu. Para tornar essa obrigação razoável, ele aprende, por meio da Cabala ou doutrina secreta, que no coração de toda grande religião se acham as mesmas verdades eternas. Divergem apenas quanto às formas e observâncias. O nome inefável é expresso de muitas maneiras. Ainda assim, a palavra é única e eterna. A Maçonaria não é apenas uma ciência universal, mas uma filosofia mundial; não deve fidelidade a nenhum credo e não pode adotar nenhum dogma sectário como tal, sem deixar, portanto, de ser maçônica. Oriunda da Cabala, e adotando conteúdos ou símbolos judaicos ou cristãos, ela, porém, neles percebe verdades universais as quais reconhece em todas as demais religiões. Muitos Graus têm sido cristianizados apenas para sucumbir, na medida em que cada Grau eventualmente será, se for restringido por credos tacanhos, aviltado pelo medo fanático, e assim venham a excluir homens bons de quaisquer outras fraternidades. Será Jesus menos Christos, só porque Krishna era chamado “o Bom Pastor”? Ou por que o Cristo mexicano foi crucificado entre dois ladrões? Ou ainda, por que Hiram esteve três dias em uma tumba antes de ressuscitar? Não somos nós tão egoístas em nossa religião quanto em relação aos outros bens que possuímos? Então por que um homem, enquanto reverencia como seu bem mais sagrado a religião de seus antepassados, procura sempre depreciar e destruir a de seu irmão?

A Grande República, à qual o Irmão Pike se refere, é o ideal da Maçonaria; o espírito que paira como anjo protetor sobre a Loja. É o que torna impossível a qualquer judeu ou parsi, budista ou brâmane entrar em qualquer Loja sem testemunhar a profanação de seus altares sagrados ou desprezar sua religião, e o anjo esconder sua face, retirando-se dos altares já profanados pela ausência de fraternidade. A Maçonaria é a religião universal apenas porque abraça, e continuará sendo enquanto abraçar todas as religiões. Por essa razão, exclusivamente, é ela universal e eterna. Nem a perseguição nem a má representação podem algum dia destruí-la. É possível que não haja lugar para ela em uma geração de fanáticos; e esse momento é perigoso, pois estamos sendo dirigidos por um fanático, incompetente; retirar-se-ia por um século; porém, novamente, eis que surge um novo Mestre edificador com a chave do “Palácio Fechado do rei”, abre as cortinas, acende as luzes, atiça novamente a tocha do altar sagrado, limpa os entulhos, e, quando contempla, o pavimento de lajedos está tão brilhante como quando veio originalmente das pedreiras da verdade, as joias são de puro ouro e reluzem ao toque, e as grandes luzes permanecem majestosas e intactas. “Quando o aprendiz se acha preparado, surge o mestre.” E, ainda assim, os homens são tão tolos e vis, a ponto de imaginar que podem destruir esse legado das eras, essa herança dos imortais! Nenhuma era é tão obscura a ponto de eliminar totalmente a Luz da Loja. Nenhuma perseguição é tão sangrenta a ponto de macular seus membros. Não há anátemas de papas tão duradouros que perdurem sequer um segundo no relógio do tempo. Essas razões servem apenas para manter o povo nas trevas e retardar o reino da fraternidade universal. Portanto, a Humanidade – a grande órfã – o verdadeiro Mestre lamenta. Sorri das paixões dos papas ou reis e apieda-se da loucura humana. Apenas aguarda indiferente os resultados, sabendo estarem eles sob uma lei eterna; todavia, feliz e condescendente, sempre que, não importa onde, seus ensinamentos alcancem mentes receptivas e encontrem guarida no âmago da fidelidade. Ao longo de eras, reis, papas e sínodos empenharam-se ao máximo em eliminar essa doutrina secreta, excomungando ou queimando seus mestres. Os jesuítas apossaram-se de suas Lojas, tornando completamente irreconhecíveis muitos de seus graus, fazendo deles um instrumento desprezível a serviço da hierarquia sacerdotal.

Finalmente, os jesuítas tornaram-se fartos do ouro e insolentes com o poder adquirido, e a Igreja, ao sentir-se ameaçada, destruiu ou baniu os destruidores. Será que o poder em altas esferas irá algum dia desistir ou dar uma trégua em suas guerras? Jamais! Contudo, pode-se ignorá-lo ou desafiá-lo; porém ele jamais permitirá que seus segredos sejam desnudados ou que outro poder maior lhe tome o lugar. Quem acredita em tal benesse leu a história em vão. O Reino Celestial é tomado pela força, mas pela força moral ou coragem moral, e a primeira grande batalha é pela conquista do Eu. O domínio do espírito servil, que, ligado aos ídolos carnais, torna-se cego às verdades do espírito eterno. Aquele que vence essa batalha pode, finalmente, tornar-se Mestre.

Com base em tudo o que escrevemos até agora, temos de exigir o retorno de nossos rituais; não podemos cruzar os braços, admitir que pessoas, e acreditem, as mais ignorantes que já tive o desprazer de conhecer, simplesmente mudem e, com toda certeza, sem saber absolutamente nada do que estavam fazendo, e outros, ainda mais tolos, assinem suas modificações. No mínimo vislumbravam uma troca de favores pessoais, porque não é possível que todos concordem com as alterações infundadas que fizeram. Nossos Rituais perderam sua fonte, sua ligação com o eterno.

É comum hoje em dia, em todos os cantos do mundo, e são poucas as exceções, encontrarmos todos os nossos Rituais impressos e à venda para quem quiser comprá-los, e essa é uma ideia que não posso dispensar. Isso foi apenas mais um parêntese.

Que o GADU possa iluminar todos os homens e que os mesmos despertem e lutem pelos verdadeiros ideais nobres da existência…

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Grão-Mestre do Grande Priorado do Brasil das Ordens Unidas, Religiosas, Militares e Maçônicas de São João Jerusalém, Palestina Rodes e Malta - GPB   Bibliografia: COSTA, Wagner Veneziani. Maçonaria – Escola de Mistérios: A Antiga Tradição e Seus Símbolos. São Paulo: Madras Editora, 2008 – nova edição, 2015.

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