NÃO É INCOMUM AVISTARMOS EM CAPAS, ILUSTRAÇÕES DE LIVROS, E ATÉ EM FIGURAS NA INTERNET, A CORDA DE NÓ CORREDIÇO USADA EM CANDIDATOS EM SUAS INICIAÇÕES.POR QUE A CORDA NO PESCOÇO DO CANDIDATO QUANDO DA INICIAÇÃO A UMA ORDEM INICIÁTICA OU MESMO À MAÇÔNICA?ENTÃO, SUSCITAM-SE AS PERGUNTAS:1) POR QUE USAR? 2) EXISTE, REALMENTE, ESTA TAL “CORDA”? 3) SE EXISTE, EM QUE FUNDAMENTAR-SE-IA O SEU USO OU DESUSO?Começar-se-ia pela indagação do Ir∴Kennyo Ismail: “Por que complicar o que é simples?”Com esta indagação, o nosso Ir∴Kennyo Ismail, past-master da A∴R∴L∴S∴ Flor de Lótus n° 38, da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, e membro da Academia Maçônica de Letras do D.F, cadeira n° 33., no artigo “A Corda no Pescoço”, no sítio eletrônico (http://www.noesquadro.com.br/2011/04/corda-no-pescoco.html), escreve que “há dois entendimentos respeitáveis sobre a corda no pescoço: A “Ars Quatuor Coronatum”, publicação da conceituada “Quatuor CoronatiLodge n°2076”, registrou no seu 1° Volume que a Corda no Pescoço é símbolo de controle, obediência e direção. Já o famoso Albert Pike, foi ainda mais simplista: Não é nada mais do que um dispositivo de controle do corpo do candidato…Segundo Ir∴Kennyo Ismail: “Corroborando com tais compreensões, pode-se observar que a mesma corda é empregada nos candidatos também quando do ingresso em outros graus, inclusive em graus de diferentes ritos. Mesmo que amarrada de forma e em lugar diferente, sempre é simbolicamente usada para guiar. Apesar desse objetivo primário, nos graus mais “modernos”, a corda acabou ganhando também conotação de elo, união, fraternidade. Se no primeiro grau a corda é posta no pescoço, nada mais é do que sinal de que o candidato ainda não é possuidor da confiança total dos presentes, por isso recebendo um direcionamento menos fraterno e amigável.É muito fácil comprovar o significado da corda no pescoço: Basta pegar uma corda com nó corrediço e colocar no pescoço de alguém. Então pergunte à pessoa como ela se sente, quais os pensamentos e sentimentos que vêm à mente. Haverá duas sensações: A pessoa poderá relacionar a situação ao enforcamento ou se sentir como “um animal laçado, como um cachorro na coleira.”. Entretanto, segundo o ínclito Irmão Jules Boucher, em sua A Simbólica Maçônica, ressalta sobre a herança anglo-saxônica da Corda com Nó Corrediço:“A preparação do Recipiendário comporta, além do mais, uma Corda, em forma de nó corrediço, passada ao redor do pescoço. Essa corda simboliza tudo o que ainda prende o profano ao mundo de que ele está saindo. (..). Além do mais, o próprio Mestre apresenta-se com o torso inteiramente nu e as duas pernas descobertas. Por outro lado, a Corda é enrolada duas vezes ao redor do braço direito do Companheiro e três vezes ao redor da cintura do Mestre.” Em The Dumfries N° 4 MS., C. 1710, tem duas questões de ‘corda’ em seu catecismo:P. Onde você foi trazido?R. Vergonhosamente por uma corda em volta do meu pescoço. . .P. Que corda no seu pescoçoR. Para me enforcar se eu devesse, mas pode confiar Acredita-se que esta seja a primeira alusão a uma corda, como uma peça de equipamento então usada na preparação do Candidato. Não apareceu novamente nos primeiros documentos rituais até 1760, quando foi descrito pela primeira vez como um ‘cabo de reboque’. O Irmão Harry Carr apresentou na Loja Quatuor Coronatide Londres, um trabalho intitulado “Aspectos Hebraicos do Ritual”, onde ele analisa com profundo conhecimento, o hebraísmo nos rituais maçônicos, e este, um traço deveras marcante.Fatos… – talvez estes, ou ainda impressões abstraídas…- talvez também estas, além de depreensões de constrangimentos relatados pelos iniciados (ou por escritores afoitos a novas mudanças), talvez tivessem motivado a abolição desse objeto dos chamados “modernos” rituais maçônicos das Lojas Simbólicas, visto que os chamados “Modernos” modificaram e enxugaram os Catecismos (nomes dados aos questionários dos Rituais à época, no séc. XVIII) e, quanto aos “Antigos”, pertencentes à Loja dos Antigos, fundada oficialmente em 1751, (porém com existência muito anterior e de livre ação, por serem irlandeses e escoceses e conservarem-se tradicionalistas), rivalizaram com os que proclamavam de “modernos”, pertencentes à obediência da Grande Loja de Londres ou “Grande Loja dos Modernos” com relação a diversas mudanças ritualísticas. Somente em 1813 houve a unificação dessas Lojas numa única potência, a Grande Loja Unida da Inglaterra, e arrefeceram-se as disputas havidas.Segundo o Ir∴Irmão Alferio Di Giaimo Neto, em suas Pílulas Maçônicas, declara que as causas da separação foram enraizadas principalmente na negligência e na débil administração da Primeira Grande Loja naquele tempo e, principalmente, em certas mudanças nos costumes e na Ritualística, as quais foram feitas deliberadamente com o propósito de excluir impostores e oportunistas na Ordem, devido a publicação do livro “A Maçonaria Dissecada” de Samuel Prichard.O valoroso Ir.Alferio ainda cita algumas prováveis mudanças que provavelmente colaborariam na referida separação: ⦁ A descristianização da Franco-maçonaria desde os primórdios, em 1723, quando foi feito o livro das “Constituições” pelo reverendo Anderson.⦁ Desleixo referente aos dias de São João Batista e São João Evangelista, como festivais especiais Maçônicos.⦁ A mudança dos modos de reconhecimento no Grau de Aprendiz e no Grau de Companheiro. Esta era, aparentemente, a principal causa ofensiva.⦁ Abandono de partes esotéricas na Instalação de Mestres.⦁ Negligências referentes ao Catecismo, ligadas a cada Grau.Felizmente, em 1813, após anos de preparação e acertos, as duas Grandes Lojas se uniram e deram ao mundo maçônico a Grande Loja Unida da Inglaterra, Potência Mor das Obediências Maçônicas.Segundo o Ir∴Carl Dyer, 2010, em “O Simbolismo na Maçonaria”, p. 154, menciona que o “uso de uma corda no pescoço também tem uma série de explicações. Em alguns antigos rituais, está especificada uma referência bíblica, I Reis, 20: 32:“Então cingiram sacos aos lombos e cordas aos pescoços e, indo ter com o Rei de Israel, disseram-lhe: Diz o teu servo Bene-Hadade: Deixa-me viver, rogo-te. Ao que disse Acabe: Pois ainda vive? É meu irmão.“Daí, segundo ótica judaico-cristã, depreende-se o uso da corda no pescoço como um símbolo de submissão. (A referência a “sacos aos lombos” também é, muitas vezes, citada como justificativa para o uso do avental como um emblema). Todavia, nas cerimônias da Grande Loja dos Antigos, era costume em algumas Lojas usar a Corda de Nó Corrediço nos três Graus, sendo amarrado duas ou três vezes nos outros Graus. A razão dada para esta prática era que a cada sucessivo compromisso, o candidato se amarrava não apenas uma vez, mas duas ou três vezes e o uso da corda desta forma era um símbolo de servidão. Outras explicações indicam que isso possibilitaria que o candidato fosse reconhecido em caso de rompimento e fosse trazido de volta; ou que uma corda sendo usada por alguém em um país hostil como símbolo daquilo que aconteceria se ele fosse pego espionando parece algo um tanto quanto grotesco. “E aquela como um sinal de submissão, à parte da explicação prática que o Mestre da Loja apresenta no decurso da Cerimônia, parece ser a mais razoável.”Mas…, a que realmente esta passagem bíblica do Antigo Testamento nos remete e o que ela significaria?Resumidamente, esta passagem narra e descreve a história de humildade e sabedoria do rei Acabe, rei dos israelenses, numa peleja contra o rei sírio Bene-Hadade, que após perder a batalha e preparar-se um ano depois para subjugar o povo de Israel, é novamente vencido e, humildemente, prostra-se diante do rei Acabe, pedindo pela sua vida. O rei Acabe, misericordiosamente, perdoa-o, considera-o um irmão, posto que está vivo às provações e manifesta-se submissamente, pedindo compaixão. O rei Acabe perdoa-o, faz uma aliança, e libera o rei Bene-Hadade para seu retorno à Síria. “É APENAS UMA COINCIDÊNCIA?Escultura do lado externo da Capela de Rosslyn“Muitos artigos publicados por autores maçônicos sugerem que a ligação entre a Maçonaria e os Templários revelada nesta escultura é apenas simples coincidência. A figura mostra um homem ajoelhado entre duas colunas. Ele está de olhos vendados e tem uma corda com um laço corrediço ao redor do pescoço. Seus pés estão em posição estranha, pouco natural, e a mão esquerda segura um exemplar da Bíblia. O final do laço em volta de seu pescoço é controlado por um homem que usa um manto à moda dos templários.”“ANÁLISE DETALHADA DA PEÇA ENTALHADA EM PEDRA A escultura de Rosslyn revela algumas características que a identificam como sendo maçônica, conforme demonstra a escultura. O que perturba alguns autores ingleses ironiza o Dr. Lomas, é que a escultura foi entalhada 570 anos antes, ou seja, 270 anos antes da fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra (ou seja, em 1507). Quando esta informação foi divulgada, houve grande desconforto entre os membros da maçonaria inglesa. Portanto, o uso da Corda no pescoço do candidato nas iniciações maçônicas era praticado pelos “Antigos” maçons, pelo menos desde o séc. XIV e ainda atualmente em algumas Lojas, a exemplo das do R∴E∴A∴A∴ da Grande Loja da França e Rito de York e depois retirado de alguns catecismos pelos “Modernos” especulativos no princípio do séc. XVIII. Para confirmar ou rejeitar o ponto de vista dos autores que defendem a hipótese de coincidência, o Dr. Lomas, no trabalho “Ligações entre os Templários e a Maçonaria” do IrElias Mansur Neto, aplicou o Teste da Hipótese Nula:De acordo com Robert Lomas em 25/08/2000:(…) Existem 7 pontos de concordância entre a peça entalhada e a cerimônia de admissão ao primeiro grau da maçonaria de hoje. São eles: 1- Um dos homens está com os olhos vendados. Isto não é comum nas estátuas medievais, sendo que a estátua da justiça é o único exemplo conhecido. Não existe outra figura com os olhos vendados em Rosslyn. 2- Sobre o homem ajoelhado: Isto é comum nas estatuas/figuras medievais e existem outras figuras ajoelhadas em Rosslyn. 3- Sobre o homem que está segurando uma bíblia em sua mão esquerda: Existem alguns entalhes mostrando figuras segurando livros ou pergaminhos nas mãos em Rosslyn. 4- Sobre o homem que tem uma corda ao redor do pescoço: existem poucas figuras conhecidas, no período estudado, com uma corda enlaçada ao redor do pescoço. A mais conhecida é uma estátua chamada The Dying Gaul. Existe outra em Rosslyn que tem um laço ao redor do pescoço. Trata-se da figura de um homem sendo enforcado, que representa o anjo Shemhazai cujos pecados obrigaram Deus provocar o Dilúvio. Tal figura mostra o anjo Shemhazai com muito medo de olhar Deus face a face, e por isto, mostra sua cabeça virada para uma direção contrária de onde se localiza a figura de Deus. Shemhazai está representado com um laço ao redor do pescoço, mas em Rosslyn não existe outra figura assim representada. 5- Um dos homens parece ter seus pés numa posição que é ainda usada pelos candidatos à iniciação na maçonaria de hoje. Esta é uma posição pouco comum e não existe outra figura em Rosslyn nesta posição. 6- A cerimônia está sendo realizada entre duas colunas, exatamente como é feito na maçonaria de hoje. 7- O laço está sendo controlado por um homem claramente vestido à moda dos Templários. Existem muitos outros símbolos e imagens dos Templários entalhados em Rosslyn. SEGUNDO HENRY CARR, EM “SEIS SÉCULOS DE RITUAL MAÇÔNICO”, DESCREVE: “Agora temos outro documento escocês, o Manuscrito Dumfries No. 4 datado de cerca de 1710. Ele contém uma massa de material novo, mas eu só posso mencionar alguns dos itens. Uma de suas perguntas é: “Como você foi trazido? Vergonhosamente, com uma corda em volta do pescoço”. Este é o primeiro cabo de reboque; e uma resposta mais tardia diz que a corda “é para me enforcar se eu trair a minha confiança”. Dumfries também menciona que o candidato recebe o ‘Real Segredo’ ajoelhado no “em meu joelho esquerdo”. Assim, qual é a probabilidade de que todos estes fatores estejam juntos por coincidência? “Adotamos a Hipótese Nula.” “AVALIAÇÃO DAS PROBABILIDADES 1- A probabilidade de que o homem esteja vendado por acaso é 0,5, pois ele poderia estar vendado ou não. Este é o pior caso de probabilidade, o que dá a Hipótese Nula a melhor chance de sucesso, uma vez que não existe outra figura com os olhos vendados em Rosslyn. 2- A probabilidade de o homem estar ajoelhado por acaso é 0,5, uma vez que, novamente, ele poderia estar ajoelhado ou não.3- A probabilidade de que o homem esteja segurando uma Bíblia por acaso é 0,5, pois ele poderia estar segurando uma Bíblia ou não. 4- A probabilidade de o homem ter uma corda ao redor do pescoço é 0,5, ainda que exista somente uma figura com os olhos vendados em Rosslyn. Novamente, estou dando à Hipótese Nula a melhor chance de ocorrer por acaso. 5- A probabilidade que o homem esteja com os pés numa postura maçônica (somente nesta posição o candidato pode ser feito maçom) é de 0,5, porque ele poderia estar nesta posição ou não. Nenhuma outra figura em Rosslyn mantém os pés nesta. Estranha posição, (à moda dos maçons), de modo que novamente concedemos à Hipótese Nula, o benefício da dúvida. 6- A probabilidade de a cerimônia ter ocorrido entre duas colunas é de 0,5, porque a alternativa seria não realizá-la entre colunas. 7- A probabilidade de que um Templário esteja controlando o laço ao redor do pescoço do homem é de 0,5; isto é mais uma generosidade com relação à Hipótese Nula, porque o laço poderia estar frouxo ou sendo controlado por outra pessoa que não fosse um templário. Na moderna cerimônia maçônica de iniciação, o laço é controlado pelo segundo diácono enquanto o candidato faz o juramento com a mão sobre a Bíblia.Agora precisamos considerar a possibilidade de que todas estas 7 probabilidades tenham ocorrido ao mesmo tempo. Para achar a probabilidade composta, devemos multiplicar todas as probabilidades mencionadas, umas pelas outras. Ou seja: (0,5)x(0,5)x(0,5)x(0,5)x(0,5)x(0,5)x(0,5) = 0,0078Portanto, existem somente 8 chances em 1000 de que os elementos de ligação entre a Maçonaria e os Templários (na pessoa de Sir William St. Clair, arquiteto projetista e construtor da Capela de Rosslyn) tenham sido colocados na peça entalhada, por acaso. Por causa de tais evidências, recusa-se a Hipótese Nula e reafirma-se a proposição de que Sir William St. Clair foi ligado à Maçonaria em 1440 e, que esta ligação envolvia os Templários.” Apenas trata-se de uma comprovação de probabilidade de que a Corda no pescoço do iniciado existiu e que era usada pelos maçons Operativos e pelos “Antigos” Especulativos pela simbologia da submissão e obediência à Ordem Maçônica e a seus Sublimes Princípios. Infere-se que ao correr dos anos, (várias foram as justificativas e muitos foram os motivos, como por exemplo, o constrangimento), os assim chamados Maçons “Modernos” Especulativos reformaram e suprimiram, de seus Rituais, a utilização da Corda de Nó Corrediço nas iniciações). Infere-se, também, a partir das evidências mostradas na Capela de Rosslyn, que apontam para o fato de que os Maçons Operativos usavam a Corda de Nó Corrediço em suas Iniciações ou Promoções, que os Maçons “Antigos”, baseados na existência e uso antigo da Corda pelos Maçons Operativos, continuaram e defenderam o uso antigo da Corda, que se torna também tradicional o seu uso, da Corda de Nó Corrediço. Autor: Ir.:Alexandre L. Fortes MI 33°ARLS Ir.:Cícero Veloso, Nº 4.543Or.: de Teresina • GOB-PI ANÚNCIO