I. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo estudar e decifrar os símbolos que compõem o Avental e a Joia do Mestre Secreto, apoiando-se em quatro pilares: a história, a simbologia, a filosofia e a experiência pessoal de cada Ir∴ que constitui o grupo. Ressalte-se, que o trabalho em epígrafe, não tem o condão de esgotar o tema, muito pelo contrário, é uma pequena contribuição para estimular os IIr∴ a darem continuidade na marcha da busca do conhecimento. A bem da verdade, e, muito embora o material de pesquisa referente aos temas, seja escasso, o grupo envidou os seus melhores esforços, para trazer o que de melhor poderia constituí-lo. Segundo o nosso ritual e o que aprendemos em nossa instrução de grau, o olho na abeta, tem por significado: II. O OLHO NA ABETA “O OLHO NA ABETA DO AVENTAL É O SIMBOLO DO SOL, O OLHO DO UNIVERSO, CONSIDERADO PELOS ANTIGOS COMO A IMAGEM DA DIVINDADE.” Se olharmos atentamente, o formato da abeta, iremos ver que nada mais é do que o formato do Delta, ou seja, o Triângulo em posição ao contrário, dentro do triângulo temos o olho que, no conjunto, é chamado de Delta Luminoso que é localizado nas oficinas no Oriente e em cima do trono. O Olho em seu conjunto também significa que é o olho da consciência, sendo que nada poderá permanecer oculto perante ele, pois ele tudo vê. Comparado com o sol ele é uma fonte inesgotável de luz e energia e, é por isso que quando de nossa iniciação na ordem maçônica, quando nos é desvendado nossos olhos, nos é dada a luz. Ele também é considerado, simbolicamente, o olho da sabedoria e da providência, que observa tudo, vê e provê, simbolizando, ainda, os atributos da Divindade, sendo que dentro de nossa ordem, temos ele como a imagem divina da suprema relevância para nossa vida. No sentido esotérico tratar-se-ia do terceiro olho, que seria o olho espiritual e não um órgão do ser humano. Na simbologia maçônica ele representa a existência da humanidade, a vida e o ser supremo, em sua plenitude, ou seja, ele representa o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, o qual tudo sabe e tudo vê e que por ele somos guiados. III. AS CORES: AZUL, BRANCA E PRETA Na simbologia maçônica podemos encontrar um paralelo nas diversas fases graduais que o iniciado tem passar para atingir o ápice da Escada de Jacó. No Rito Escocês essas fases são representadas pela Maçonaria azul, correspondentes às Lojas Simbólicas, a Maçonaria branca correspondente às Lojas de Perfeição e Capitulares, e a Maçonaria vermelha, que corresponde aos graus filosóficos. Este último comporta, ainda, uma divisão em Maçonaria negra, que integra os três últimos graus da escalada de trinta e três graus previstos. a) BRANCA: Simboliza uma das cores mais importantes usadas pela Maçonaria, simboliza a inocência, a candura é a cor dos Aventais de Aprendizes e Companheiros. b) AZUL: Simboliza a Piedade, temperança, doçura, lealdade, sabedoria, recompensa, amizade, fidelidade, perfeição infinita de Deus. c) PRETA: Tristeza, morte, circunspeção (moderação; prudência; reserva; cautela; seriedade). Os alquimistas justificavam esse simbolismo dizendo que toda semente seria inútil se permanecesse intacta na terra, sem apodrecer e ficar negra. IV. O RAMO DE LOUREIRO A lenda Grega conta que Apolo, o mais belo deus do Olimpo, autoconfiante com seu arco de prata irritou o Cupido com sua arrogância, assim, o Cupido, por vingança, lançou duas flechas, uma de amor em Apolo e outra de chumbo na ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu, que afastava dela o desejo de amar. Doente de amor, Apolo começou o assédio sobre Dafne, que recusava todos os seus pretendentes, não deixando de recusar até mesmo o belo deus. Em certa ocasião Apolo começou uma perseguição a Dafne, que corria desesperada pela floresta, sem, no entanto, conseguir esconder-se ou evitá-lo. Ele estava cada vez mais próximo de seu objetivo quando Dafne, ao ver seu pai por entre as árvores, suplicou-lhe que fizesse parar o seu sofrimento. Peneu então, vendo que Apolo já tocava os cabelos da filha a enfeitiçou. Assim, Dafne sentiu seu corpo adormecer, sua pele se transformou em casca, os cabelos em folhas, os braços enrijeceram e viraram galhos, os pés fincaram-se no chão e se transformaram em raízes. Transtornado, Apolo se agarrou à árvore, em que se transformara o seu grande amor, e chorou, prometendo que os ramos do loureiro sempre o acompanhariam em forma de uma coroa verde e vistosa, participando de seus triunfos eternamente. Dessa maneira, os ramos de loureiro ficaram associados a Apolo, tanto que nos Jogos Olímpicos ele ainda constitui parte do prêmio, significando a busca apaixonada pela conquista de um ideal. Mitologia à parte, nos dias atuais, o louro simboliza o dever do triunfo sobre as próprias paixões, é o símbolo da glória e da consagração; por ter o loureiro as folhas sempre verdes também simbolizam a imortalidade da Natureza, filosoficamente, da vontade. Concomitantemente, a luta pelo ideal também está sendo travada quando dizemos submeter nossas vontades, ou vencer as paixões, isso, também, objetiva uma conquista, a conquista do intelecto, é uma conquista interior, portanto, merecedora do ramo de louro; aquele no avental, que significa o triunfo sobre as próprias paixões e a conquista da paz interior. É a parte “misteriosa” da Maçonaria, reservada aos Iniciados. O Mestre Secreto não é o dirigente do grupo ou o Presidente; cada membro do Grau 4 é constituído Mestre Secreto, porque passa a ser dirigente de si próprio iluminado pelos conhecimentos que adquire. V. O LAUREL E A OLIVEIRA Segundo ADOUM, esta folhagem simboliza a vitória sobre si mesmo, é a paz na vida espiritual e física. Significa, portanto, vitória e Paz, as quais se consegue pelo triunfo do espírito sobre a matéria. Diz-se, porém, o “Manual Del Maestro Secreto” que o Laurel e a Oliveira que coroam o Mestre Secreto. “São os Emblemas da vitória, alcançada sobre si mesmo, sobrepondo aos seus ideais, vícios, erros e paixões”. É a paz da Alma que deriva desta conquista, a Paz que sucede as tempestades interiores, a luta obscura com os instintos e tendências negativas (nindanas para os Indus) polaridade em equilíbrio, internamente desconhecida para aquele que não tenha triunfado alguma vez vitoriosamente na sua luta sobre suas tendências inferiores. A Oliveira de Paz identifica-se Simbolicamente com o Rei Salomão o Rei Universalmente conhecido e renomado pela sua sabedoria e cujo nome significa “Igualmente Paz”. VI. A LETRA Z A letra Z, que se encontra escrita sobre a Chave de Marfim, é a primeira letra da Palavra de Passe. Mas é, sem dúvida alguma, a letra hebraica Zaim, cuja forma é a de um Malhete ou a de um sete e que, precisamente, tem o valor numérico 7. Segundo Magister, a letra Zaim, em sua forma hebraica, tem o significado de sua primeira letra, ou seja, dente, isto é, diz ele: “Mostra uma curiosa analogia com o material de que se compõe a mística chave que permite o ingresso ao Santuário. E o próprio dente tem sido venerado como emblema da Sabedoria. A Espada Flamígera é a letra Zaim, inicial da palavra de passe, que indica, além do seu valor numérico 7, a necessidade de realizar filosoficamente a idade simbólica do Mestre, para que nos seja possível acertar-nos em estado de pureza, inocência e consequüente incorruptibilidade – ao Fogo Divino que, com a regeneração, nos faz participar do seu Poder Criador”. (p.93) E, realmente, escreve Eliphas Levi (DRAM), relacionando a letra Zain com a sétima figura do Taro, o Triunfo, ela significa para os cabalistas: “Arma, gládio, espada flamejante de querube, setenário sagrado triunfo, realeza, sacerdócio”. Como se pode constatar por esta citação, estamos sempre nos encontrando em presença de símbolos cabalísticos, e com eles nos depararemos em todos os Graus filosóficos. Assim, o setenário, sobre o qual Eliphas Levi escreve: “O setenário é o número sagrado em todas as teogonias e em todos os símbolos porque é composto do ternário e do quaternário. O número 7 representa o poder mágico em toda a sua força: é a alma servida pela natureza; é o sanctus regium de que falam as clavículas de Salomão, e que é representado, no Taro, por um guerreiro coroado, trazendo um triângulo em sua couraça, estando em pé em cima de um cubo, ao qual se acham atreladas duas esfinges, uma branca e outra preta, que puxam em sentido contrário e voltam a cabeça, olhando uma para a outra. Este guerreiro está armado de uma espada flamígera, e tem, na outra mão, um cetro rematado por um triângulo e uma bola. O cubo é a pedra filosofal. As esfinges as duas forças do grande agente, correspondentes a Jakin e Boaaz, que são as duas colunas do Templo, a couraça é a ciência das coisas divinas, que faz o sábio invulnerável aos golpes humanos; o cetro é a varinha mágica; a Espada Flamejante é o sinal da vitória sobre os vícios que são em número de sete, como as virtudes; as ideias dessas virtudes e desses vícios eram figuradas, pelos antigos, pelos Símbolos dos sete planetas então conhecidos” E, desta forma somos naturalmente levados a um outro Símbolo, que representa o setenário e é um dos ornamentos indispensáveis do Grau: o candelabro de sete velas. Temos de considerar, porém, a letra Zaim na mesma figura cabalística do Triunfo. Sobre este Símbolo do Taro, J. Iglesias (LCP) escreve: No Plano Espiritual simboliza a ascendência do espírito sobre a Matéria, o conhecimento dos sete princípios que dirigem os atos criadores, e existência potencial das sete virtudes que dão eficácia a estes atos; No Plano Mental representa o desenvolvimento da dúvida pela luz do intelecto, a eliminação dos erros pela posse gradual da verdade; No Plano Físico propende a inspirar desejos e impulsos de superação, criar contrastes entre o mundo interno e externo e determinar vacilações e resoluções, as primeiras deprimentes, as segundas afortunadas; Axioma Transcendente: Quando a ciência entrar em teu coração, e a sabedoria for doce à tua alma, pede e te será dado. VII. A CHAVE DE MARFIM A chave não possui uma origem conhecida, porém sempre está associada à abertura ou fechamento de alguma coisa, como se vê a seguir: “Dar-te-ei as Chaves do Reino dos Céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos Céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado nos Céus”. (Mateus 16:19) “Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo: Não temas, eu sou o Primeiro e o Último, e aquele que vive pelos séculos dos séculos, e tenho as Chaves da morte e do Inferno” (Apocalipse 1:17-18). O marfim tem sido desde os mais antigos povos, já civilizados, um material precioso de adorno e provém, na maioria das vezes, dos dentes dos elefantes. Trata-se de uma matéria óssea, muito branca e que se presta à escultura e confecção de joias. O marfim simboliza a pureza e o elefante a inteligência. Na Maçonaria, a chave é um símbolo exclusivo dos Graus Filosóficos; quando da iniciação do Grau de Mestre Secreto é entregue ao iniciado o avental e a fita contendo a joia do grau a qual representará, para o mestre secreto, que o mesmo deve manter em segredo os ensinamentos recebidos e guardá-los em seu coração; e sempre lembrando que o marfim com sua brancura, representa a pureza e a fragilidade que deve ser cuidadosamente manipulada para se “fechar” e/ou “abrir” o “cofre” sem destruir a chave. “A BUSCA DE UMA VIDA SENSATA, JUSTA E PIEDOSA” DA CONCLUSÃO Como se vê, meus queridos IIr∴, o presente trabalho é composto pelas Joias e pelo Avental do M∴ S∴, os quais estão carregados de história, de simbologia, de filosofia, todos estes aplicáveis à vida do maçom e deste, para o mundo profano. Os Símbolos do Grau de Mestre Secreto giram em torno da consagração ao silêncio do sábio, a discrição do bom Obreiro e do sigilo que todos os maçons devem carregar consigo em sua jornada. Todos estes símbolos, repletos de ensinamentos maçônicos, se completam entre si e, servem de bússola para o que o maçom trilhe esta senda, conhecida por todos nós como “vida”. O maçom verdadeiramente iniciado e, porque não dizer praticante, que continuamente busca a verdade, almeja para si e, também para os outros, encontrar a paz (oliveira), aquela que habita no seu interior (espiritual), aquela que a humanidade desde a sua criação busca encontrar e implar no seio da sociedade (na vida terrena). Entretanto, as aflições deste mundo (e aí, podemos citar os problemas de saúde, financeiros, familiares, etc.), por vezes, ao longo da nossa jornada, nos assolam e por escolha ou falta dela, assim, carregamos em silêncio (letra z), estas aflições, que acabam turbando os nossos corações e afastando de nós os louros (das vitórias e dos triunfos) desta vida. Nestas horas de luto (preto da orla do avental) e que nos encontramos tão apequenados é que recordamos que: “Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”. (Provérbios 15:3) (Os olhos na abeta). E nesta força, nos levantamos e dispomos a seguir da nossa caminhada para buscar a vivência da justiça, da sensatez e da piedade, a começar em nós. Esse estado de espírito começa em nós, em nossos relacionamentos, na vida da família, nas casas de oração, enfim, em toda sociedade. Neste espírito, podemos vivenciar plenamente a máxima do G∴ do M∴ S∴ “Fidelidade ao dever que vossa consciência vos impõe”. Também, neste espírito, é que desejamos que todos nós ao terminarmos essa vereda chamada vida e ao nos posicionarmos de pé e à ordem perante o GADU, que estejamos cingidos com o nosso avental de A∴ M∴, esse mais alvo que a neve, assim como começamos a nossa pequena estadia terrena (branco do avental e a chave de marfim). Bibliografia – A Bíblia Anotada – Editora Mundo Cristão – São Paulo – Apostilas de Instruções do Grau 4º. – Comentários aos Graus Inefáveis do REAA – Denizart Silveira de Oliveira Filho – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – Dicionário Maçônico – Rizzardo da Camino – Madras. – Instruções para Lojas de Perfeição – Para 4º Grau – Nicola Aslan – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – Instruções para Lojas de Perfeição – Para 5º ao 14º Grau – Nicola Aslan – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – Manual Heráldico do Rito Escocês Antigo e Aceito – Volume I – Graus 1º a 18º – José Castellani em parceria com Cláudio Roque Buono Ferreira – Editora A Gazeta Maçônica – 1995 – Nelson Luiz Campos Leite – Guia Devocional Diário No Cenáculo -Setembro/Outubro de 2011. – Rede Mundial das Informações – Internet – Rito Escocês Antigo e Aceito – 1º ao 33º – Rizzardo da Camino – Madras – Ritual do Grau 4º.