Capítulo XXII: Analisando a postura do orador…e do público

Ninguém discursa para auditórios vazios nem profere palestras para públicos inexistentes. A oratória é, portanto, um processo dinâmico, do qual participam aquele que fala e aqueles que ouvem; o processo, todavia, transcende o falar e o ouvir, posto que o orador e o público, estando frente a frente, se observam, estudam
e interagem.
Sendo a postura do orador importante para o público, e vice-versa, torna-se necessário aqui analisar separadamente esses dois itens:

1. Postura do orador

A partir do momento em que o orador ingressa no auditório, mesmo antes de pronunciar a primeira palavra, ele já é o alvo de todas as atenções e, como ainda não se manifestou pela voz, é natural que todos os olhares se voltem para sua postura, que deve ser a mais natural possível, observando-se, no entanto, algumas normas básicas, conhecidas como “linguagem corporal:

a) Se estiver sentado, levante-se para cumprimentar a todos, começando pelos que ocupam a mesa diretora (quando houver) e as autoridades presentes (que devem ser mencionadas em ordem decrescente de importância)* e o público em geral; tente identificar, no auditório, a presença de pessoas importantes e mencioná-las; agindo assim, você os estará prestigiando e, ao mesmo tempo, sendo prestigiado. Aja sem pressa, olhe para o público e comece devagar, como se estivesse refletindo antes de falar, demonstrando, assim, estar ciente da responsabilidade que lhe é confiada.

b) Não cruze os braços nem coloque as mãos no bolso. Se o nervosismo deixar suas mãos trêmulas, apoie-se delicadamente na mesa ou na tribuna.

c) Muitos oradores imaginam que, iniciando a sua fala com uma anedota ou um “caso engraçado”, estarão descontraíndo e cativando o auditório. Puro engano. A anedota que você vai contar pode ser conhecida de muitos ou de poucos, e ninguém rir dela…você estará desmoralizado para continuar.

d) Se houver necessidade do uso de um microfone, não fique dizendo: -“alô…alô…estão me ouvindo?…um…dois…três…”. Comece a falar e, caso não haja som, o próprio auditório lhe dirá. Teste se o problema foi sanado batendo com os dedos no microfone.

e) No decorrer da apresentação, evite a gesticulação excessiva ou brusca; o movimento das mãos deve ser elegante e calmo.

* Na maçonaria, o orador da loja e todos os irmãos que desejarem se manifestar durante uma sessão devem, primeiramente, cumprimentar o Venerável Mestre, mesmo quando autoridades maiores como, por exemplo, o Grão-Mestre, estiverem presentes. A exceção a esta regra é quando o Grão-Mestre, estando em visita a determinada loja, optar por assumir a direção dos trabalhos; neste caso, ele será o primeiro a ser cumprimentado.
O modo de se trajar é parte integrante da postura e vai depender de diversos fatores e circunstâncias; mas, de uma maneira geral, é recomendável que o palestrante esteja com um traje, no mínimo, semelhante ao dos que o assistem: se o público estiver de bermudas, vá de calças jeans; se este for de calças jeans, vá de social… e assim por diante. Não constitue uma gafe trajar terno em um local onde todos estão com roupas esportivas, mas o contrário sim.

2. Postura dos ouvintes

O público, mantendo-se calado, “fala com o corpo” e é extremamente interessante que o orador saiba interpretar, nesse “diálogo”, os sinais de aprovação ou desaprovação, porque isto o auxiliará a encaminhar a palestra num ou noutro sentido, a omitir ou acrescentar detalhes, a abreviar ou alongar seu discurso. Confira a linguagem do corpo, de A a Z:

a) corpo inclinado para a frente: sinal de atenção e interesse.

b) corpo inclinado para trás: desinteresse e alheiamento.

c) movimentação constante do corpo: inquietação, impaciência, desconforto.

d) sacudidelas na cabeça: desaprovação, descontentamento.

e) movimentos da cabeça para a frente e para trás: podem significar concordância ou simplesmente bajulação.

f) cabeça abaixada: perda de interesse.

g) coçar a cabeça: dificuldade em entender o que está sendo dito.

h) braços cruzados: desconfiança.
i) mãos relaxadas: descontração, plena aceitação do que está sendo dito.

j) dedos tamborilando: impaciência, irritação.

k) pernas cruzadas: descontração, informalidade.

l) pernas balançando: nervosismo, exasperação.

m) posição sentada, corpo inclinado para a frente e pernas voltadas para trás: vontade de se levantar e ir embora.

n) mão apoiada no queixo: concentração.

o) coçar o queixo: dúvida, incerteza quanto ao que se ouve.

p) queixo erguido: desafio.

q) queixo abaixado: receio, medo, atitude defensiva.

r) queixo bruscamente projetado para a frente: desafio, contestação, discordância.

s) olhos se estreitando: extrema irritação.

t) olhos que se desviam do orador quando ambos se encontram: timidez.

u) olhos que se desviam para baixo: vergonha.

v) nariz franzido: desagrado, nojo, reprovação.

x) sobrancelhas erguidas: surpresa.

y) olhos que piscam repetidamente: cansaço,
tédio.

z) cochilo: sem comentários…

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