Exercícios para praticar em frente ao espelho: Uma anedota. “Logo no primeiro dia de aula, a mãe vai buscar o garoto na escolinha de primeiro grau. E a primeira pergunta que o garoto faz, ao ver a mãe, a deixa completamente abalada: ‘– Mamãe, o que é sexo?’ Sem saber o que responder, ela afaga a cabeça do moleque e diz: ‘– Olha, é melhor que, à noite, o teu pai te explique…’ E encerra a conversa por aí. À noite, quando chega o pai, ela vai direto ao assunto: “– Olha, João, hoje o Pedrinho mal saiu da escola e já veio me perguntando o que é sexo… essa escolinha…não sei não’! O pai resolve então ter uma conversa com o garoto, de homem para homem. Manda a mulher sair da sala, a irmãzinha menor também… e começa então, com grandes rodeios, a entrar no assunto. Depois de vinte minutos de prosa, começa a perceber que o garoto está ficando impaciente e completamente desinteressado pela conversa; irritado, então, ele pergunta: ‘– Mas… me diga, por que é que voce quiz saber o que era sexo? E o garoto, ingenuamente: “– É que a professora mandou escrever, na capa do caderno, a idade e o sexo de cada um'”. Sabem o que é isso? Falta de comunicação, que acontece frequentemente… e não apenas entre crianças e adultos. Observação 1: Percebam que o estilo de um “caso” ou de uma anedota é simples e descontraído, o ritmo é rápido e direto e a linguagem é coloquial, sem ornamentos ou figuras de construção, como convém quando se narra algo curioso ou engraçado. Nesse tipo de narrativa, não há exigência de impostação de voz ou de gestos solenes, mas de simpatia, espontaneidade e comunicabilidade. Observação 2: Confronte com o texto do próximo capítulo e estude as diferenças entre ambos. Exercícios pra praticar em frente ao espelho: Uma poesia. O NAVIO NEGREIRO – VI Castro Alves “Era um sonho dantesco…o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros…estalar de açoite… Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar… Negras mulheres, suspendendo às têtas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães; Outras, moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoas vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente… E da ronda fantástica a serpente Faz doidas espirais… Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos…o chicote estala. E voam mais e mais… Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que de martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra, E após fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: ‘Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar’! E ri-se a orquestra irônica, estridente… E da ronda fantástica a serpente Faz doidas espirais… Qual num sonho dantesco as sombras voam!. Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanás!…” Observação: Diferentemente do capítulo anterior, a leitura desse texto exige dramaticidade, pompa, gestos largos, expressões solenes, ritmo de leitura mais lento e impostação de voz. Treine diante do espelho como se fosse um ator… e não um orador. Leave a ReplyYour email address will not be published.CommentName* Email* Website Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar. Δ