A pesquisa entrelaçando os temas Educação e Maçonaria elaborada por Samuel Vieira da Silva, aluno do Programa de Pós-graduação em Ensino (PPGen) do Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES), da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Santo Antônio de Pádua/RJ, sob a orientação do Prof. Dr. Adílio Jorge Marques, tem como objetivo apresentar à comunidade acadêmica a contribuição e a atuação da Maçonaria na Educação brasileira no final do século XIX. Há pouquíssimas pesquisas envolvendo a temática “Maçonaria” no meio acadêmico. Ainda hoje o tema é cercado de polêmicas. A principal dificuldade numa pesquisa envolvendo a Maçonaria reside no acesso a documentos, devido a sua estrutura fechada que, via de regra são reservados apenas aos pertencentes à Ordem. A Maçonaria é sempre mencionada nos livros de história do Brasil, principalmente quanto a sua atuação política no século XIX, no entanto, a participação da instituição noutros acontecimentos históricos nacionais carecem de maiores pesquisas. A pesquisa se desenrola a partir da participação da Maçonaria na fundação e manutenção de escolas no final do século XIX. Pretende-se compreender como se deu essa participação, os principais atores, os motivos que levaram a Maçonaria a criar e manter escolas no período e como funcionavam essas instituições. Antes do mote principal da pesquisa o texto faz um resumo das origens da: – Franco-Maçonaria e da história da Maçonaria brasileira, de sua chegada às terras Tupiniquins até o final do século XIX destacando as relações entre a Igreja Católica e a Maçonaria conhecida como “A Questão Religiosa”. A partir dessas compreensões a pesquisa nos leva ao ponto de destaque de sua investigação que é a crise da Educação brasileira no final do século XIX o que levou a Maçonaria brasileira a engendrar esforços no sentido de promover um ensino laico e gratuito a população, principalmente aos jovens, através de escolas fundadas e mantidas pela Maçonaria. Do ponto de vista metodológico a pesquisa é desenvolvida através de uma abordagem documental e bibliográfica, que são pouco exploradas por serem usualmente utilizadas no meio maçônico, como por exemplo: livros, jornais, revistas, atas e boletins onde o público alvo são os pertencentes à Ordem. O recorte temporal da pesquisa foi estabelecido com base no auge da crise da Educação brasileira e das relações conturbadas envolvendo o Estado, a Maçonaria e a Igreja Católica também conhecida historicamente como: “A Questão Religiosa”. No final do século XX diversas pesquisas envolvendo a participação da Maçonaria em acontecimentos históricos têm aumentado exponencialmente em países Europeus. Esse vento chegou ao Brasil no início do século XXI onde pesquisas envolvendo a temática tem se tornado terreno fértil no meio acadêmico. Ano após ano tem aumentado a quantidade de pesquisas acadêmicas envolvendo a Maçonaria, apesar de ainda existir certa oposição por ser uma instituição tida como fechada e envolta a mistérios e teorias conspiratórias. A historiografia vem realizando estudos acompanhando novas abordagens sobre métodos de se pesquisar a história acrescendo reflexões teóricas de outras ciências a fim de se ter novas alternativas para se pesquisar. Essa forma de olhar a história questiona fontes e problematiza os processos de reconstrução do passado abandonando assim afirmações tidas como resolutas. O aumento de fontes e objetos historiográficos proporcionados por essa visão recente da historiografia vem permitindo um novo olhar aos métodos de pesquisa. Assim, esse movimento de descobrir, ou melhor, redescobrir o passado, sobretudo o passado da nossa educação através da instituição Maçonaria ficará expresso na pesquisa através do uso de novas fontes que, embora desconhecidas, por talvez não possuírem notoriedade, tiveram importância em seu tempo e contribuíram para a construção da nossa história. Portanto, enxergar a história ainda que por uma pequena, mas importante fresta, constituída de personagens e vidas tidas como invisíveis, mas de extrema relevância para nossa história, será o legado dessa pesquisa. A ideia de pesquisar as relações entre a Maçonaria e a Educação surgiu através das leituras de artigos e livros de:- Eliane Lucia Colussi, Doutora e Professora titular na área de história medieval da Universidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul. A autora em seu artigo “A maçonaria brasileira e a defesa do ensino laico (século XIX)” publicado na revista História & Ensino da Universidade Estadual de Londrina afirma que a temática é pouco abordada pela historiografia brasileira, além de ser um tema polêmico. A autora em seu livro “A Maçonaria Brasileira no Século XIX” de forma sucinta, numa obra de 46 páginas recheadas de ilustrações fala um pouco sobre a Maçonaria e suas origens; sobre a Maçonaria brasileira e encerra falando da influência da Maçonaria na política e na cultura brasileiras. No livro “Plantando Ramas de Acácia: a maçonaria gaúcha na segunda metade do século XIX” fruto da Tese de Doutorado em História na Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Eliane Lucia Colussi fala sobre a Maçonaria brasileira no século XIX dando maior enfoque a participação da Ordem no Estado do Rio Grande do Sul. Nessa obra, de caráter um pouco regionalizado, a autora também procura entender como os historiadores escreveram a história da Maçonaria no país. A pesquisa almeja delinear um caminho para a história da Educação nacional por meio da participação da instituição Maçonaria. Portanto, pretende-se preencher lacunas da história do Brasil que foram omitidas em grande parte dos livros de história, retirando das trevas parte da história nacional, trazendo à luz a importância da Maçonaria para a Educação brasileira ao demonstrar que sua atuação ao promover a educação de jovens e pobres no final do Séc. XIX deixou um legado positivo na história da Educação brasileira; que os ideais da Maçonaria para o ensino brasileiro não se esgotaram e que a Maçonaria ainda tem muito a oferecer ao ensino no país. Referências – ACHIAMÉ, Fernando. Esquadro e Compasso em Vitória: álbum da Loja Maçônica União e Progresso. Vitória: IHGES, 2010. – ALMEIDA FILHO, J. C. A. 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