Meus Irmãos, vocês não sabem, ainda, como é grande a minha satisfação e orgulho de poder estar aqui hoje falando sobre as “Impressões pessoais da minha Iniciação”. Hoje, já posso dizer, que este é um dos grandes momentos da minha vida atual. Eu acredito que o Homem já traz no seu DNA uma série de características, creio eu que umas biológicas e outras espirituais, e durante esta vida terrestre, com o passar dos tempos e das experiências, vai moldando-se. Por isso, acredito que ter as características e sentimentos de um Irmão é algo já intrínseco da pessoa, como é intrínseco jogar futebol, ser um gênio da matemática… só que as pessoas necessitam de aprendizados evolutivos, dentro de instituições e com pessoas que realmente as tornem o que podem efetivamente ser. Por várias razões, alguns têm essa possibilidade, ou por vontade própria, ou pelo convite de alguém (este sim: um verdadeiro padrinho nas nossas vidas) de poder ingressar em uma instituição que o leve a aprender e poder sempre evoluir naquilo que faz. Eu, graças ao Grande Arquiteto do Universo, tive a possibilidade de ter este padrinho na Maçonaria e graças a ele aqui estou. Desde o início, na câmara de reflexão, já percebemos que estamos terminando um período de nossa vida para iniciar algo muito mais importante. Somos levados por caminhos tortuosos, ou pelo menos eu pensava que era isso, vendados, tendo que confiar num guia desconhecido. Quando, enfim, chegamos e somos desvendados, estamos dentro de um minúsculo cômodo, onde nos pedem para retirar todos os bens e metais, para depois ter uma porta sendo trancada com certa violência às nossas costas, e ficamos na companhia de um crânio, correntes pendendo de uma parede, e frases de efeito poderoso, tudo indicando que aquilo pode ser um fim. Mas, por outro lado, a vida sempre teima em tentar mais uma vez, nem que seja apoiada na luz de uma vela, num copo de água, e no tão sagrado pão nosso de cada dia, também presentes neste cômodo. Todos esses objetos, frases escritas, um testamento que devemos preencher e um questionário que devemos responder, nos levam a refletir. Refletir o que foi a vida até aquele momento e o que será depois. Sim, não é uma morte. É um recomeço, uma nova oportunidade de perceber o quão infelizes fomos até aquele momento e o quanto ainda devemos evoluir tendo a irmandade maçônica fortemente presente a partir deste dia. Depois, somos novamente vendados e conduzidos, novamente por caminhos tortuosos, só que neste momento já estamos com confiança muito maior neste nosso guia. Até num certo momento que paramos, em frente à porta do Templo. Desse instante até a primeira viagem, passamos por vários questionamentos e o juramento sobre a Taça Sagrada, onde devemos estar realmente seguros que desejamos nos tornar um Maçom, que estamos entendendo o que nos está sendo perguntado e que temos plena consciência que estamos aceitando algo que será o grande diferencial nas nossas vidas: a passagem de uma vida profana para uma nova filosofia de vida. A primeira viagem, que representa o ar, nos leva por caminhos tortuosos com sons que lembram trovoadas e tempestades, o que me leva a imaginar tempos sombrios, onde o conhecimento ainda era muito escasso. Por outro lado, o vento, também presente nesta primeira viagem, me traz a lembrança do ar que é elemento vital através da respiração e nos traz a vida. Na segunda viagem, que representa a água, somos levados por um caminho mais tranquilo porém, por todo percurso, se ouve o som de metais, o que me lembrou de guerras, de conflitos e mortes. Logo após, sou levado a lavar as mãos, o que me levou a pensar em rios tranquilos que nos lembram da importância de ser um agente de paz e conciliação, mas também remontam a oceanos turbulentos que nos deixam clara a importância de nossa participação como servidor do povo, levando a caminhos de Igualdade, Liberdade e Justiça. Já a terceira viagem, que representa o fogo, é realizada por um caminho muito tranquilo, onde encontramos serenidade. Depois somos levados a passar pelas chamas que entendo ser mais um processo de limpeza para nos livrar dos vícios do mundo profano. Depois das três viagens, ainda vendados, passamos por mais uma cerimônia que realmente completa todo ciclo: é quando a venda nos é retirada e podemos ver novamente a luz, porém com mais uma surpresa: várias espadas estão apontadas para nós, intensificando ainda mais a luminosidade que adentra aos nossos olhos. Logo percebemos que estas espadas não são de guerra, mas sim de proteção e de amizade. Na sequência, somos conduzidos ao Altar dos Juramentos com a mão direita sobre o Livro da Lei onde o Venerável Mestre com a Espada Flamejante sobre nossa cabeça nos recebe como Aprendiz Maçom e membro ativo da Loja. É nesse momento que percebemos que realmente cumprimos todos os requisitos e estamos aceitos. Isto traz uma emoção muito forte e a grande responsabilidade de não decepcionar nem nossos novos amigos que acabamos de conhecer e nem as nossas responsabilidades para com a Maçonaria, respeitando os seus preceitos, estudando para melhorar interiormente e colocando em prática seus fins supremos: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE. No final, ainda passamos pelo ensinamento de como trabalhar a P∴ B∴ que deve sempre nos lembrar da nossa responsabilidade como Aprendiz Maçom, que é o fortalecimento moral e espiritual, nos afastando dos defeitos e paixões, para assim nos tornarmos úteis à sociedade. Caros Irmãos, é evidente que estas percepções já estão influenciadas por leituras e conversas que aconteceram no período desde a minha iniciação até o dia de hoje. Mas, mesmo assim, podem ter certeza que todos os sentimentos descritos aqui foram percebidos naquele momento, porém agora estão bem mais compreendidos. 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