Tema deveras delicado e convulsivo, no âmbito maçônico, é tentar definir a extensão conceitual e prática do significado das expressões Autoridade e Liderança Maçônicas, já que muitas vezes esbarra nas vaidades e egos dos Irmãos.

Etimologicamente, as palavras autoridade e liderança detêm significados distintos, com características conceituais bem marcantes para definir os seus usos de maneira muito clara e objetiva.

Autoridade é um sinônimo de “poder”, por imposição ou mandato, sendo à base de qualquer tipo de organização hierarquizada, de forma com que denotam uma pessoa que pratica o governo (atos de direção e comando) sobre outrem, de forma com que haja uma característica dualística no exercício da atividade, que é mandar e ser obedecido.

Já a liderança é uma característica pessoal de quem, por natureza, consegue comandar pessoas, sem que haja um fundamento obrigacional entre as partes, de forma com que se atraia e angarie seguidores, influenciando positivamente suas personalidades, comportamentos e mentalidades, em razão da postura e ações do influenciador.

Em resumo, à autoridade, se obedece; à liderança, se segue; a autoridade se constitui por imposição ou eleição; a liderança se forma por natureza de sua personalidade; a autoridade se respeita por questão de direito; a liderança, em razão de seus exemplos, qualidades e virtudes; a autoridade tem tempo
pré-definido de comando e gestão; a liderança se eterniza em suas ações e história; a autoridade impõe, em razão de seu cargo e das leis que vigem; a liderança ensina por sabedoria e experiência, transmitindo a perpetuação de boas práticas.

Ou seja, de maneira muito geral, a autoridade é o exercício do comando em razão de seu cargo hierárquico superior aos liderados, seja por imposição ou mandato, enquanto a liderança seria a arte de influenciar e comandar pessoas em razão da predisposição dos seguidores em acreditar nas qualidades e virtudes do influenciador.

Trazendo tais conceitos para a estrutura de nossa Ordem, logicamente analisando-se sob o ponto de vista prático, teremos que nem toda Autoridade Maçônica é uma Liderança, apesar de haver conseguido ascender ao cargo que ocupa em processos eletivos, teoricamente democráticos.

E ainda, nem toda Liderança Maçônica necessita ser uma Autoridade, para que possa exercer sua influência positiva sobre os demais irmãos que lhe seguem, em razão das virtudes e qualidades do influenciador.

Ademais, deve-se ater, também, aos limites de que, normalmente, toda Autoridade Maçônica que age de forma harmônica, baseada nos princípios e costumes da Ordem, decidindo sempre de forma equânime, justa e perfeita, notoriamente deterá uma ascendência sobre os demais irmãos, cristalizando-se como uma liderança forte da Instituição, um ícone de retidão, dedicação e perfeição. Ou seja, um baluarte!

Já a Liderança Maçônica positiva, exercida à bem da Ordem e da Humanidade, é um mecanismo maravilhoso de motivação pessoal dos irmãos seguidores, já que os influenciam na prática do bem e na busca da perfeição, com base nos exemplos de amor, postura, ética, ação e firmeza.

De outro lado, aquele que exerce a Liderança com viés individualista, buscando apenas influenciar irmãos de forma negativa, almejando apenas a discórdia e o atendimento de suas próprias vontades, deixando seus exemplos positivos, decai, naturalmente, do valor humanístico coletivo de ser útil à nossa Sublime Ordem.

Da mesma forma, a Autoridade impositiva/ditatorial padece de liderança e somente agrega pessoas negativistas, gananciosas, tendenciosas, fúteis e sediciosas, as quais se mantêm próximas em razão de elos frágeis, oportunistas e provisórios, tais como medo, interesses pessoais escusos, personalidades fracas e facilmente influenciáveis. Ou seja, seguidores que não são plenamente livres e nem de bons costumes.

À bem da verdade, nossa Instituição necessita, sempre, de boas Autoridades e Lideranças, cada uma exercendo seu papel com perfeição, mas trabalhando juntas e em harmonia, para buscar incessantemente a marcha do progresso moral, social e que sirvam de norte para uma jornada menos penosa àqueles que estão nas Colunas.

Às Autoridades Maçônicas cabe, como obrigação primeira, representar o Povo Maçônico que as elegeram para dirigir os rumos da nobre Instituição, de forma com que mandar seja um simples reflexo – quase imperceptível – de seu cargo, fazendo com que o obedecer seja um ato quase involuntário e inconsciente do comandado, já que as decisões e ordens exaradas são tão próximas à perfeição que os seguidores acreditarão que elas são fruto da conclusão lógica e única sobre a matéria tratada.

Já às Lideranças Maçônicas é delegado o papel de serem os catalizadores das boas e melhores práticas, influenciadores positivos dos irmãos, agregadores de ideias e de ideais, formadores de opinião e transmissores de valores, sabedoria, experiência e princípios.

Obviamente, as Autoridades Maçônicas poderão se utilizar destas Lideranças como mecanismos de disseminação dos macros objetivos de suas gestões e da Ordem como um todo, de forma com que haja um profundo alcance dos ideais e dos interesses, os quais geralmente são coletivos.

Via de consequência, as Autoridades devem garantir liberdade de ação, pensamento e manifestação, por parte destas Lideranças, claro que desde que exercidas sob o prisma dos princípios maçônicos e dos bons costumes, segundo as bases da verdade, franqueza e imparcialidade, já que são estas quem geram a empatia ou apatia dos irmãos para com os projetos e ações das gestões.

Neste prisma, as Lideranças devem – desde que as Autoridades sejam justas e perfeitas – se sujeitarem à obediência das decisões e ordens, incentivando à adesão dos demais irmãos à prática do bem fazer e do acolhimento aos objetivos e ideais da gestão.

Ou seja, é uma via de mão dupla entre as Autoridades e Lideranças Maçônicas, de forma a se buscar o progresso da Ordem e da Humanidade, através do esforço e cumplicidade mútuos, as quais visam, precipuamente, garantir a perpetuação do bem fazer e de nossos princípios e costumes.

Ademais, não olvide de que as Autoridades Maçônicas devem preservar, sempre, as boas Lideranças existentes, já que essas se perpetuam por suas ações e história, podendo, um dia, chegarem a exercer um cargo na Sublime Instituição, dando continuidade aos seus projetos e aos seus macros objetivos, e, mutatis mutandis, aqueles antigos gestores se tornaram líderes em suas novas bases, dando prosseguimento na influência positiva de seguidores.

Chega-se, então, à definição da principal virtude de cada uma destas importantes personalidades de nossa Instituição, às Autoridades Maçônicas, é reservada a generosidade, enquanto às suas Lideranças, a humildade!

Exato! As Autoridades Maçônicas, no âmbito do exercício de suas atividades, devem deter a sensibilidade de compreender e acolher os interesses do Povo Maçônico e a capacidade de se colocar no lugar do outro, cristalizando-se no princípio ético e moral de ser “o espelho”, o correspondente e emissário dos desejos daqueles que o elegeram para o cargo diretivo.

Deterem a generosidade de compreenderem que um dia passarão, como gestores, mas que suas marcas e história perpetuar-se-ão nos anais da Ordem, de forma com que saberão que seus retornos às fileiras, como atores coadjuvantes nas Colunas, os aguardam e exercerão estes novos papéis de maneira ordeira, feliz e acorde.

Quanto às Lideranças, necessitam da humildade de compreenderem sua importância para todo o sistema, porém reconhecerem que as regras, princípios e costumes devem ser sempre seguidos, de forma com que as Autoridades Maçônicas constituídas, desde que justas e perfeitas, são os prumos e níveis da construção, merecedores de respeito e acolhimento, indiscutível, de suas condutas, posturas, decisões e ordens.

E que, quando alçados da função de liderança para cargos de gestão, que tenham a humildade de ouvir seus antecessores de maneira profunda, meditar sobre suas experiências anteriores, aproveitar de suas sabedorias, para embasar a dinâmica de seus projetos e ações, visando alcançar seus ideais e objetivos.

E a ambas, concomitantemente, é obrigatória a presença das virtudes da sobriedade e serenidade, no sentido de ser necessária a compreensão de que seus atos e palavras podem arrastar a nossa Sublime Instituição ao abismo do caos e da discórdia.

Por isso, suas ações devem ser planejadas, pensadas e suas palavras sempre dirigidas com extrema cautela e parcimônia, de forma com que o silêncio e a meditação constante são ótimas conselheiras.

Neste mundo, tudo se transforma, tudo está interligado, numa grande espiral, de forma com que Autoridades Maçônicas, hoje, serão nossas Lideranças amanhã, e vice e versa, devendo sempre haver respeito e compromisso destes para com o progresso, a tradição e evolução da nossa Ordem e da Humanidade.

Que o GADU irradie, sempre, iluminação e sabedoria a estes relevantes e essenciais personagens da Sublime Ordem, para que consigam perceber a importância de suas existências e o quanto suas posturas, ações e decisões influenciam, positiva ou negativamente, para o sucesso da Maçonaria.

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AELS Obreiros da Paz, n° 19 Oriente de Bujari • GLEAC/CMSB

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