Após séculos de atuação, alguns remetem o início da maçonaria aos primeiros ensinamentos Bíblicos, enquanto outros sugerem o áureo período egípcio. Levantamentos recentes demonstram trabalhos maçônicos já em 1600, porém, uma data indiscutível é a da organização, burocratização e institucionalização de 1717, com o surgimento da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Independente da sua origem, visto que na realidade este não é o foco desta crônica, os ensinamentos maçônicos sempre foram conhecidos por serem discretos aos olhos profanos, relembrando que realmente secreto em nossa Ordem são os sinais, toques e palavras de reconhecimento mútuo, ou de graus, e não necessariamente os conteúdos que estudamos. Por muito tempo fomos chamados de secretos, mas atualmente, já nos denominamos discretos!

Com esse avanço dos meios de comunicação e do entendimento sobre o que é a Arte Real e, em especial a importância de nos mantermos atualizados e estudando constantemente, a maçonaria moderna ganhou um forte aliado (e em alguns momentos um inimigo): a internet. Por meio da agilidade de compartilhamento, e dependendo do seu objetivo, a facilidade de anonimato, a internet se tornou uma grande ferramenta de divulgação e fonte de pesquisa. Nunca se estudou tanto maçonaria de forma ampla e livre… mas prossigamos…

Assim como a própria maçonaria, a internet ganhou um novo status de uso. Deixou de ser apenas uma fonte de consulta aos documentos históricos, e passou a oferecer aos irmãos conteúdos fáceis e rápidos (alguns deles de origem duvidável), em especial pelos grupos (antissociais) de compartilhamentos. Alguns irmãos, ávidos pela comunicação e conhecimento (?), compartilham mensagens numa velocidade astronômica. Algumas “notícias” são compartilhadas antes mesmo de terem ocorrido, criando um caos na sociedade, alimentado pelas conhecidas fake-news. Não obstante as mensagens de cunho maçônico e/ou falsas surgiram os famosos e excessivamente corteses “bons-dias”, “boas-tardes” e “boas-noites”, o que para alguns pode ser um tanto enfadonho, entediante, ou ainda nas palavras de alguns capitães maçônicos, chega a ser broxante.

Voltando um pouco na história, e aqui começamos a alcançar o cerne desta crônica, lá para a década de 1960 a 1980, diversos pesquisadores matemáticos propuseram uma teoria que buscava entender a simetria, a denominada teoria dos grupos. Sem adentrar os aspectos matemáticos, pois me falta conteúdo, de forma resumida, pontual e extremamente tendenciosa, ela aponta que o irmão José, que está no grupo 1, 2, 3 e 4 com o irmão João, independente do título do grupo, por exemplo, “Geral”, “Administrativo”, “Estudos” ou “Família”, recebe três a quatro vezes a mesma mensagem compartilhada… seja o bom dia, o bom final de semana, ou o persistente Breviário.

Ao mesmo tempo, que me senti impelido a permear o assunto, após provocações de alguns irmãos, analiso e me pergunto o que levaria a esse comportamento. Seria necessidade de aprovação do grupo (em especial daqueles de opiniões apaixonadas e extremistas), ou ainda algum tipo de política do “sempre visto e sempre lembrado” mal feita? Ou ainda, devemos responder em todos os grupos ao mesmo irmão com um “bom dia/tarde/noite”? Chego à conclusão de que se trata da pura atitude automática de uma sociedade [às vezes secreta/discreta] que precisa rever seus conceitos e comportamentos, em especial quando se espera destes homens a liberdade dos vícios, os bons costumes cotidianos e a posição de vanguarda da comunidade. Na base do ensinar pelo exemplo, estaríamos oferecendo ao outro o que realmente esperamos deste? Pode ser que seja puro azedume da minha parte, pode ser que eu esteja correto, mas independente das possibilidades, reflitamos.