1. Introdução

Relendo o livro “REGNVM” do Irm∴ G∴ (pseudônimo) Carlos Alberto Gonçalves, (Editora “A TROLHA”, Londrina. 2009.) na complementação de estudos do Curso de Maçonologia, da Uninter, na disciplina “A geometria sagrada e a visão cabalística”, alguns pontos agora bem refletidos, vieram de permeio e passei a anotações e observações decorrentes que tentarei abordar e transmitir em poucas linhas, sem esgotar o assunto. Devo admitir que não tenha ou não tinha apreço pela cabala e sempre deixava de lado tal pesquisa. Lia um pouco. Não entendia. Talvez daí venha esse desapreço.

Na obra do Irm∴ G∴, que só pelo Título já é instigante, o qual recomendo uma leitura, para quem aprecia o assunto ou busca maior conhecimento… lá pelas tantas à pág. 78, encontro o que normalmente se diz: “Pensar positivo atrai coisas positivas”. Daí advêm diversas ilações semelhantes que estamos acostumados a ouvir, mesmo em Loja como: fluídos positivos, energias positivas, egrégora e assim por diante.

Passamos muitas vezes por coisas que não podemos ver, sentir, mas que existem, por ex.: as energias trocadas entre o aparelho celular e as torres que coletam a voz, que são convertidas em energias elétricas encaminhadas ao destino e novamente convertidas em voz…São coisas que vemos acontecer, mas, por assim dizer não enxergamos e sabemos que ocorrem.

Assim é que do dicionário On line aprendemos o conceito do que é tangível e do que é intangível: Com origem no termo latim tangibĭlis, a palavra tangível permite fazer referência a tudo aquilo que se pode tocar… O que é tangível é, portanto acessível ao tacto, o sentido que permite aos organismos perceberem as qualidades dos objetos como a temperatura, a aspereza ou a dureza. A pele é o órgão principal do sentido do tacto, uma vez que alberga diversos receptores nervosos que transformam os estímulos do exterior em informação susceptível de ser interpretada pelo cérebro. Já o significado de intangível é um adjetivo para aquilo que não se consegue tanger; que não pode ser tocado; intocável. Que não pode ser percebido através do tato; impalpável.[Figurado] Que não apresenta características suficientes para ser percebido ou entendido; que tende a enganar a percepção ou o entendimento…

Dentro dessa linha se desenvolvendo, é que refletimos o tema proposto no título deste texto.

2. Desenvolvimento

O Poder do Pensamento e a Lei da Atração, vale lembrar não são a mesma coisa pela simples razão, de que primeiro, a lei tem a ver com o magnetismo e o pensamento são, em síntese, vibrações. Gerar um e outro apresentam-se passagens reveladoras.

Como sabemos a Lei da Atração/Repulsão representa os contrários. “A toda ação corresponde uma repulsão” ou “polos positivos atraem polos negativos”. Os iguais se repelem. Assim o positivo mais o negativo se atraem. Portanto, a máxima “Pensar positivo atrai coisas positivas” não pode ser entendida dessa forma.

Com o Poder do Pensamento chegamos a vibrações, energias fluídas que produzem uma certa sintonia que tende a uma determinada afinidade. Podemos refletir como uma Egrégora. Assim deduzimos: vibrações em elevada frequência produzem a harmonia e pelo contrário sendo fracas, de baixa frequência, não produzem sintonia, decorrendo a desarmonia, ou com uma falta de sintonia, não se geram frutos, que possam ser aproveitados.

Levando para o Templo, a Loja, aos trabalhos maçônicos, vamos fazer uma digressão para melhor refletir como funciona o Poder do Pensamento.

No Capítulo IV, do Livro citado, o Irm∴ G∴ traz um interessante assunto sobre as Ordens Solares, Ordens Lunares – Maçonaria e Religião. Não tenho o escopo de inferir novo conhecimento, apenas acompanhar o que já foi dito.

Desta forma, definir um Templo Religioso como sendo de Ordem Lunar, ou seja, que “recebe” a luz. (a lua “recebe” a luz do sol). A ação é “passiva”. O Padre, o Pastor, o Oficiante com seu ritual tenta trazer o ser humano de fora para dentro do culto. Os fiéis são expectadores, não partícipes da liturgia, vão em busca da palavra, da salvação. São os cultos chamados de exotéricos. O Oficiante procura dar conforto espiritual ao partícipe para que este tenha uma participação ou uma situação melhor na sociedade, com a graça pretendida, ou seja “recebida”, alcançada. Pelo lado material, ainda vamos “enxergar”, o Templo, a Igreja, como algo bonito, reconfortante, com suas torres e, cercada de vitrais, herança do modelo das grandes construções, ainda existentes, da época medieval quando foram erigidas na sua maioria sob a influência dos Templários (eles sabiam de “coisas”) como “receptoras” de luz.

Nos Templos iniciáticos, tomando por base um Templo maçônico, não encontramos janelas. Não podemos confundir templo com igreja. A Maçonaria nunca foi uma religião, uma seita ou algo desse tipo, como muitos tendem assim entender. Pelo contrário, possui um caráter de Ordem Solar, ou seja “ativo”. Todos os partícipes, obreiros são operadores “ativos” do Ritual, que no “desbastar” da Pedra operam uma transformação real e de onde tudo se emana. Um trabalho interno de dentro para fora, a partir daí. São os cultos chamados de esotéricos. A diferença do Templo Religioso, a Igreja, tomando por base o cristão, para o Templo Maçônico fica evidente. Muitas vezes não enxergamos ou não queremos ver o seu sentido.

Como diz o Irm∴ G∴ No início do Capitulo IV: Como tudo que é estável no universo, ou seja tudo o que existe em manifestação, a espiritualidade está sujeita duas formas primordiais de força: uma é ativa (a iniciação) a outra passiva (a religião); uma “age, produz, faz, a outra “recebe”. Antes de serem opostas ou antagônicas são complementares e justificam uma a existência da outra, tal qual o claro justifica o escuro, o quente/o frio, o alto/o baixo, o forte/o fraco e por aí adiante. Da interação dessas forças resulta o que chamamos “Espiritualidade”.

Importante que se faça essa diferenciação entre o Templo, Igreja e o Templo Maçônico. Como se viu, o Templo Igreja recebe a Luz de fora para dentro, é toda iluminada por seus vitrais. Já para o Templo Maçônico vamos encontrar um significado, desprendendo-nos de suas partes físicas externas e alegóricas, muito profundo, e, particularmente simbólico.

Uma primeira definição buscada nos sites nos diz: Templo (do latim templum, “local sagrado”) é uma estrutura arquitetônica dedicada ao serviço religioso, como culto. O termo também pode ser usado em sentido figurado. Neste sentido, é o reflexo do mundo divino, a habitação de Deus sobre a terra, o lugar da Presença Real. É o resumo do macrocosmo e também a imagem do micro cosmo: ‘o corpo é o templo do Espírito Santo’ (I, Coríntios, 6, 19). Colado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Templo

Num segundo momento encontramos no Curso de Maçonologia, Disciplina: Conhecimentos Gnósticos, com o Professor Daniel Bortholossi uma referência assim transcrita: Etimologicamente, a palavra templo relaciona-se com o sânscrito tamas, “escuridão”, de onde vem também o latim tenebrae (por temebrae), “Trevas”.

Complementando ainda: – resultado da pesquisa com aproximadamente 8.430 resultados, verificamos:

Maçonaria Revelada
https://books.google.com.br/books?id=fitJBQAAQBAJ
Maxell Egens – 2009 – Body, Mind & Spirit
Etimologicamente, a palavra templo relaciona-se com o sânscrito tamas, “escuridão”, de onde vem também o latim tenebrae (por temebrae), “Trevas”. Significa, portanto, lugar escuro, e por conseguinte “oculto”, aludindo ao antigo costume de construir os templos em grutas ou criptas subterrâneas, fora da luz exterior e ao amparo da indiscrição profana. Ou seja este é o real significado para o Templo Maçônico dentro desse nosso contexto.

Não precisamos de mais significados. O Obreiro quando forma o cortejo na Sala dos Passos, segue ao Átrio e penetra em silêncio profundo no Templo, o encontra na penumbra, escuro, sem luz. As portas são cerradas.Toma seu lugar, a palavra circula, é aberto o Livro da Lei e as luzes se acendem. Tem início o Trabalho de desbaste.

Esta ritualística, muitas vezes é despercebida, ou ignorada. Todo o ritual deve ser mantido, pois se repete por séculos da mesma maneira. Se um Obreiro não estiver sintonizado nos meandros ritualísticos, apresentar uma postura não regulamentar, usar da palavra, cochichos laterais ou, muito comum hoje mexer no celular, olhar as horas, manifestar cansaço, ou ainda não ter deixado lá fora os problemas profanos e outros tantos descabimentos, a Egrégora não se forma. A Loja não se forma, ou se assim funcionar haverá uma “sintonia” em baixa frequencia.

O que queremos, isto sim! Uma Loja formada com alta frequencia de vibrações positivas. Entramos na escuridão e fez-se a Luz. O conhecimento é buscado, a verdade, o logos, a palavra é revelada, fecha-se o ciclo.

No meio de tantos símbolos faz-se necessário não enxergar com a visão apenas alegórica. Alegorias bonitas, estrategicamente colocadas: o piso, as paredes, as colunas, o teto, a ritualística em si. A Maçonaria tem através de seus procedimentos litúrgicos e esotéricos a finalidade de propor um sistema de aperfeiçoamento pessoal, moral, que possa influenciar a sociedade como um todo. Estas alegorias têm uma representação figurativa para a transmissão de um significado outro.

Como exemplo, o Pavimento ou o Piso mosaico, ladeado por sua orla denteada (ou dentada), tem seus triângulos e seus quadrados que podem ser vistos apenas como uma alegoria, sem o seu significado simbólico. E, vejam que há diferença grande entre uma alegoria e um símbolo que não será tratado nestas considerações.

Deixando de lado as suas diversas interpretações, (que podemos bem ver em excelente trabalho do Professor: PEÑALOZA, Rodrigo: “Pavimento Mosaico: uma incursão pela Cabala medieval”. Revista Ciência & Maçonaria, vol. 1, n. 2, pp. 137-156, 2013.), podemos ajustá-lo, apenas como uma alegoria a mais, ou dotá-lo, simplificadamente, de um significado para seus quadrados brancos e pretos que o representa, como o dia e a noite, a luz e as trevas, o bem e o mal, e, assim por diante. Os seus triângulos, cujos vértices estão voltados de uma maneira peculiar, simétrica e simbólica, e que também podem ser vistos nos Painéis de Aprendiz e Companheiro, sendo os brancos voltados para fora e os pretos voltados para dentro…

Ora, cabe, pois, uma reflexão. Se o Obreiro estava na escuridão, sem o conhecimento dos mistérios, da palavra, da verdade, ao adentrar no Templo (trevas), ou no momento iniciático do “Faça-se a Luz” e a “Luz foi feita” ele a recebe num lugar: a Loja constituída, onde a sintonia de vibrações positivas são latentes. Ver, ouvir e aprender são verbos transitivos de seu aprendizado na Sessão. No encerramento dos Trabalhos, ao se fechar o Livro da Lei, o Templo volta a penumbra…

Formado o cortejo de saída e ao sair o último dos Obreiro, cerram-se as portas do Templo… Este assim permanecerá, o Templo nas “trevas” até a próxima Sessão… O Obreiro saí ao mundo profano “iluminado”. Ou seja, olhando o lugar onde pisa com o vértice branco do triângulo voltado para fora, indica que lá no mundo profano a Luz e conhecimento adquirido na plenitude dos trabalhos realizados, na batuta do desbaste da pedra em sua formação ou aperfeiçoamento moral, nos princípios da Ordem, irá, com certeza, se expandir. Assim, como se diz, normalmente, depois de tudo, simplesmente, o Maçom irá “agir, produzir, fazer”.

3. Conclusão

A máxima se completa: “Pensar positivo atrai coisas positivas”, não nesta Lei da Atração, mas no Poder do Pensamento, buscado na sintonia de vibrações positivas, na egrégora alcançada, no conjunto de forças em busca do conhecimento, do melhoramento ou mesmo da formação moral, espiritual. Aqui alicerçada pela construção de um Templo interior dentro dos princípios de Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

Se nas Ordens Religiosas, (o culto é Lunar, recebe a luz de fora para dentro) existe a manifestação do “eu” em busca de uma “salvação” ou uma “remissão” dos pecados para devolver o ser humano mais espiritualizado a sociedade…

Nas Ordens Iniciáticas, como a Maçonaria (O culto é Solar, emana a Luz) existe a manifestação do “nosso” na aquisição de virtudes e a eliminação de vícios com o desbaste constante em prol do bem comum e da sociedade como um todo. É o eterno “levantar templos à virtude e cavar masmorras ao vício”.

O Obreiro assim “iluminado”, ao emanar aos seus convivas as vibrações positivas recebidas, cumpre sua função de Iniciado. Pelo menos assim deveria ser e proceder como tal! “Pensar positivo já é um passo, a Ação é o verdadeiro objetivo”.

É o que se espera da Ordem! … Observemos, pois!

Referências:
– Obra citada: livro “REGNVM” Irm∴ G∴ (pseudônimo) Carlos Alberto Gonçalves (Editora “A TROLHA”, Londrina. 2009).
– Texto publicado: PEÑALOZA, Rodrigo: “Pavimento Mosaico: uma incursão pela Cabala medieval”. Revista Ciência & Maçonaria, vol. 1,
n. 2, pp. 137-156, 2013.
– Diversos sites e dicionários consultados na Rede.

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