O grande judeu Yeshua Bem Yosef citou essa metáfora, registrada no livro de Mateus, capítulo 7, verso 6, assim como em tantos de seus vários e ricos ensinamentos, através de símbolos e parábolas. Há de se imaginar, numa fração de segundos, o poder de carisma extraordinário desse pregador em sua época, e de como atraía multidões em sua maneira de falar a todos e com uma excelência em sua oratória sacerdotal. Não à toa que se especulem ter sido Yeshua um judeu essênio, pelo exímio conhecimento das Sagradas Escrituras e de sua filosofia, de seu elevado conhecimento, chegando a desenvolver a filosofia do amor ao próximo, já preconizada no Antigo Testamento, há 500 anos a. C. aproximadamente, no livro de Levítico, capítulo 19, verso 18: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.”. – Isto significa conhecimento; Luz. O simbolismo é muito presente na cultura dos judeus e em seus escritos. Na Torá, que reúne a coletânea de seus livros sagrados (Pentateuco), elemento marcante em suas religião e filosofia teológica, assim como noutros escritos efetuados também por judeus que eram (como os discípulos do Mestre Galileu), no Novo Testamento, o simbolismo e a metáfora são muito interessantes, fascinantes, e requerem um estudo muito acurado e atento. Nas palavras do rabi Yeshua, exemplificativamente, chamou Herodes de “raposa” (Lucas 13:32) e aos judeus fariseus de “serpentes, raça de víboras” (Mateus 23:33). Seus seguidores frequentemente foram chamados de “ovelhas” (João 10:27). Esta prática é comum em outros livros da Bíblia também, como por exemplo, quando se refere a pessoas teimosas e sem entendimento, quando são comparadas a “cavalos e mulas” (Salmo 32:9). Líderes que abusam das suas posições são chamados de “lobos” (Atos 20:29; Ezequiel 22:27) e de “leões” (Sofonias 3:3), assim como a figura do mal, chamado diabo, é descrito como “leão” (1 Pedro 5:8), “dragão” e “serpente” (Apocalipse 12:9). Em Mt 7:6, embora eivado que pareça ser do caráter “hostil” à primeira vista, ou à primeira audição e/ou interpretação, a máxima de Yeshua é constituída de duas partes fundamentais: 1ª – “não dar o que é santo aos cães” e 2ª – “nem lançar pérolas aos porcos”. Explica-se, pois, que desde a cultura hebraica, os sacerdotes no templo de Salomão ou Templo Sagrado, poderiam comer o peito e a coxa direita dos sacrifícios, e aos que oferecem o sacrifício poderiam comer o que sobrar, durante dois dias, depois dos quais deveriam queimar o que restou. A mesma coisa se deve observar nos sacrifícios oferecidos pelos pecados. Os que não têm meios de sacrificar, porém, oferecem dos animais somente duas pombas ou duas rolas, uma das quais é oferecida em holocausto, sendo que a outra pertence aos sacerdotes. Portanto, não poderiam eles jogar o que é santo, ou dedicado ao que é santo, aos cães, animais inferiores que são para os judeus, visto que consideravam em alto penhor sacrifícios no templo, o que era sacro. Segundo a lei mosaica, cães e porcos eram imundos (Lev. 11:7, 27). Era permissível dar aos cães a carne dum animal dilacerado por uma fera (Êxo. 22:31), mas a tradição judaica proibia dar aos cães carne “santa”, quer dizer, carne de sacrifícios animais. A Míxena declara: “Ofertas de animais [em hebreu: qodashim: “coisas sagradas”] não podem ser remidas para serem dadas como alimento aos cães”. Assim, do mesmo modo, o “lançar de pérolas aos porcos”; lançar o que há de mais precioso, o seu conhecimento sacro ou de sua cultura, assim como o de seus elementos sagrados, sua filosofia litúrgica aos “porcos”, ou aos hereges ou não judeus, – que não possuíam, segundo a tradição judaica instituída por Moisés em suas leis, o direito de partilhar do que era genuinamente do povo judeu, visto que era exclusivamente para os judeus, por se tratar de uma aliança com o Senhor Todo Poderoso, o Deus de seu povo, de Nome Inefável e Impronunciável, constituía-se um ato proibido e considerado um verdadeiro absurdo, uma transgressão religiosa, moral e legal em seu meio e totalmente inaceitável, porque entendiam como perjúrio e quebra de fidelidade do aceite dos princípios dado pelo seu Deus ao seu povo. Fulcralmente, o símbolo “pérola”, nessa máxima de Yeshua, é o objeto fundamental da metáfora utilizada pelo Galileu, e quem o fizesse, era o detentor das palavras sagradas, era o emissor desse ritual de coisas santas, dignas somente para aqueles que se fizessem iniciados na filosofia ou a entendessem, aceitassem-na de coração, renascessem de suas “câmaras de reflexão”, ou seja, aceitassem aquele rito pela fé e através do amor. “Por outro turno, há no mesmo ensinamento os símbolos “cães” e “porcos”, referindo-se aos hereges, ou àqueles que não estavam devidamente preparados, aos ainda profanos, no sentido de estarem ainda por “fora” do âmbito sagrado ou ritualisticamente sagrado”, que não podiam ou não queriam ver a Verdadeira Luz, ou desfrutar, efetivamente, das “pérolas” ou do conhecimento sagrado, primordial para o espírito, para a salvação de todos que se encontrassem nas trevas, ou salvação do mundo da escuridão, do mundo da ignorância e dos erros, para se alcançar um conhecimento espiritual elevado, por diversas vezes chamado de “céus”, um conhecimento evolutivo de si mesmo, através de sua “fé”, através do conhecimento, ou seja, da mensagem sagrada que é a “pérola”. A “pérola” é, noutra relação poética ou simbólica, o cálculo ou pedra polida residente no interior de uma concha, de um ser que a poliu, pedra valiosa e reluzente, duradoura, atrativa e salutarmente sedutora, assim como a Sabedoria verdadeiramente o é. E os “cães” e “porcos”, animais considerados inferiores para os judeus, não são dotados de racionalidade e discernimento para coisas santas, sacras, são seres brutos, e que por não entenderem o que sejam as “pérolas”, subitamente se tornam unidades potenciais de ferocidade e da verdadeira hostilidade contra aqueles que lancem tais “pedras polidas” aos corações, contra aqueles que são os emissores da Verdadeira Luz e contra quem possa insistir em emitir ou lançar tais “pérolas”, posto que para os profanos, essas “pérolas” não passam de meras “pedras” sem valor algum e não significam absolutamente nada para eles, porque para os seres não evoluídos o mais vital e importante são elementos como comida ou metal precioso ou qualquer matéria profana venal que considerem ou valorizem. Esta postura judaica de Yeshua e o seu ensinamento sobre a Luz lançada a pessoas que não ainda estão preparadas para recebê-La, é de suma importância filosófica para todos nós, visto que essa Luz deve ser emitida com muito desvelo, por até mesmo não agredir ou “machucar” as visões dos ainda despreparados para esse entendimento. Inspira-nos a nós todos sobre muitas reflexões…, inclusive as maçônicas, sobre muitos conceitos, sobre muitos prismas, desde o ponto de vista seletivo dado a um postulante à Ordem, ao referencial de visão que traçamos a um profano, o devido preparo a um novel em nossas honrosas Colunas, os excelentes e permanentes ensinamentos ofertados a todos os Irmãos, as nossas posturas fraternais e de discrição, às nossas aprendizagens constantes para a evolução de nossos espíritos e caráter, desbastando e polindo nossa Pedra Bruta, como chama a atenção Yeshua para a prática das Virtudes, e sobremaneira nos faz recordar, a nós maçons, o valioso ensinamento da Circunspecção Maçônica. A Circunspecção Maçônica, nesse sentido, não de modo hostil, em absoluto!, mas de modo filosófico sobretudo, é a grande Virtude em relação aos nossos sagrados arcanos e à nossa Sublime Ordem (e que jamais devemos perder de vista, negligenciar ou olvidar), – é a de que devemos ser discretos e vigilantes, valorizar respeitosamente nossos Princípios Maçônicos, preservá-los e a nós mesmos conforme nossos Juramentos e Leis maçônicas nos ensinam e que na senda da Circunspecção Maçônica, devemos ser sábios, emissores de Luz, de conhecimento e de amor fraternal, mas não devemos, jamais, dar aos “cães” o que é “santo” e nem lançar nossas “pérolas” aos “porcos”. Leave a ReplyYour email address will not be published.CommentName* Email* Website Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar. Δ