1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende trazer para os dignos Confrades uma visão do movimento da Inconfidência Mineira, um tanto quanto compendiada, até porque o objeto proposto, todos o dominam com galhardia.

A Inconfidência Mineira, em sua história, apresenta um grande leque de informações e cabe ao pesquisador eleger aquelas que mais se aproximam da realidade dos episódios ocorridos nas Minas das Gerais.
É neste arcabouço da história política mineira que se busca descrever com atenção os passos de um Inconfidente que teve papel relevante na construção do movimento da Inconfidência. Ele estava inserido em seu tempo, motivo pelo qual interpretar as atitudes de sua vida à luz de sua época nos permite compreender melhor determinados posicionamentos de certos autores.

Antes de me aprofundar no principal relato procurarei perpassar pela História da Inconfidência Mineira, marcando este trabalho com registros do movimento e sucinto histórico do seu mártir principal.

2. A INCONFIDÊNCIA MINEIRA

A Inconfidência Mineira foi uma tentativa de revolta de natureza separatista, abortada pela Coroa portuguesa em 1789, na então capitania de Minas Gerais, contra, entre outros motivos, a execução da Derrama e o domínio português.

Na segunda metade do século XVIII a Coroa portuguesa intensificou o seu controle fiscal sobre a sua colônia na América do Sul, proibindo as atividades fabris e artesanais na Colônia e taxando severamente os produtos vindos da Metrópole.

Em 1783, fora nomeado, para governador da Capitania de Minas Gerais, Dom Luís da Cunha Pacheco e Meneses. Exerceu um governo de uma administração definida por corrupção. As jazidas de ouro em Minas Gerais começavam a esgotar, evento que ajudou na decisão da Coroa de instituir a cobrança da Derrama na região, uma taxação compulsória em que a população deveria completar o que faltasse da cota imposta por lei de 100 arrobas de ouro (1.500 kg) anuais, quando esta não era atingida.

A Derrama atingiria expressivamente a classe mais opulenta de Minas Gerais, ou seja, proprietários rurais, intelectuais, clérigos, militares, quase todos mineradores que, descontentes, começaram a conspirar. Entre esses descontentes destacavam- se José de Resende Costa, José de Resende Costa Filho, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Domingos de Abreu Vieira, Joaquim José dos Reis, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, José da Silva de Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa, Carlos Correia de Toledo e Melo, Cônego Luís Vieira da Silva, Luís Vaz de Toledo Piza, Inácio José de Alvarenga Peixoto e o alferes Joaquim José da Silva Xavier.

A conjuração pretendia eliminar a dominação portuguesa das Minas Gerais, estabelecendo ali um país livre. Não havia intenção de libertar toda a colônia brasileira, pois naquele momento uma identidade nacional ainda não havia se formado. A forma de governo escolhida pelos inconfidentes foi o estabelecimento de uma república, inspirados pelas ideias iluministas da França e da recente independência norte-americana.

O governador da Capitania das Minas Gerais, desde 1788, Luís Antônio Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, Visconde de Barbacena, resolveu lançar a Derrama. Por isso, os conspiradores acertaram que a revolução deveria irromper no dia em que fossem cobrados esses impostos. Nesse momento, com o apoio do povo descontente e da tropa rebelada, o movimento poderia ser vitorioso.

No entanto, a Derrama não aconteceu. O movimento foi delatado pelos portugueses, Coronel Joaquim Silvério dos Reis, tenente-coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago e o açoriano Inácio Correia de Pamplona, em troca do perdão de suas dívidas com a Fazenda Real.
Diante das acusações, o Visconde de Barbacena procedeu às investigações, decretou a prisão dos lideres do movimento, transferindo-os para o Rio de Janeiro onde responderam pelo crime de traição à Coroa Portuguesa.

Antes do desfecho do movimento, merece destaque a morte de Cláudio Manoel da Costa, em Vila Rica. Na constituição do inquérito judicial, todos negaram a sua participação, menos o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que assumiu a responsabilidade como cabeça do movimento.

Finalizando esta sinopse da Inconfidência Mineira: em 18 de abril de 1792 ocorreu à leitura da sentença no Rio de Janeiro, doze dos inconfidentes foram condenados à morte. Porém, em audiência no dia seguinte, foi lido decreto de D. Maria I pelo qual todos, à exceção de Tiradentes, tiveram a pena comutada para expatrio nas colônias portuguesas da África.

2.1. TIRADENTES

Joaquim José da Silva Xavier (1746 – 1792) é considerado o grande mártir da Independência do Brasil, nasce na Fazenda Pombal, às margens do Rio das Mortes, entre São José (atual Tiradentes) e São João Del Rei, Minas Gerais, filho do fazendeiro português Domingos da Silva Santos e da brasileira Maria Antonia da Encarnação Xavier. Ficou órfão aos onze anos e foi criado pelo padrinho português Sebastião Ferreira Leitão, dentista. E com este aprendeu a profissão de dentista prático a qual lhe rendeu a alcunha de “Tiradentes”.

Trabalhou como mascate e minerador. Com noções em mineração, tornou-se técnico em reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos, chegando a trabalhar para o governo no reconhecimento e levantamento do sertão brasileiro.

Em 1780 ingressou na vida militar, assentando praça na 6ª Companhia de Dragões da Capitania de Minas Gerais, no posto de Alferes, que corresponde na atualidade, a segundo-tenente. Como militar sempre se destacou pela correção e coragem, na aplicação das tarefas que lhes eram confiadas. Entretanto, pela sua altivez às opressões do governo colonial, que condenava à pobreza e à ignorância os brasileiros natos, constantemente fazia críticas pungentes e jamais conseguiu promoção a posto superior a alferes.

Foi nomeado pela rainha D. Maria I, comandante da Patrulha do Caminho Novo, estrada que conduzia ao Rio de Janeiro, com a função de garantir o transporte do ouro e dos diamantes extraídos da Capitania.

Discutia junto aos conterrâneos o feitio da exploração do Brasil pela metrópole, evidenciada pelo volume de riquezas tomadas pelos portugueses e a pobreza em que o povo permanecia.
Insatisfeito com todo o descalabro dos governos da Capitania das Minas Gerais e pela promoção militar que não se concretizava, pediu licença das atividades militares e seguiu para o Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro permaneceu por mais de um ano, desenvolveu projetos importantes como a canalização dos rios Andaraí e Maracanã, para melhoria do abastecimento de água. Porém estes não foram deferidos para conclusões das obras. Novamente sentindo-se desprotegido, voltou às Minas Gerais.

Na ocasião, a Capitania de Minas Gerais não possuía uma boa situação econômica, já não se produzia muito ouro e o pagamento dos impostos da Cora era cada vez mais difícil.

Surgiu o anúncio da Derrama e a conjuração começou a ser preparada. Contudo, o desfecho foi à suspensão da cobrança dos impostos pelo Visconde de Barbacena, diante da delação do movimento. Os inconfidentes foram presos, julgados, um enforcado e os demais expatriados.

Em 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e o largo da Lampadosa, atual “Praça Tiradentes”, onde fora armado o patíbulo. Executado e esquartejado, lavrou-se a certidão de que estava cumprida a sentença, e foi declarada infame sua memória. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, os restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo, arrasaram a casa em que morava e declararam infames os seus descendentes.

REFERÊNCIAS:

ALVES, Herinaldo Oliveira. Traços Biográficos do Cônego Luís Vieira da Silva: Ser Cristão na América Portuguesa (Século XVIII – Sociabilidade e Identidade Social), 14 páginas. Retirado: IN: Revista Brasileira de das Religiões. Maringá (PR) v. III, n.9, jan/2011 – Disponível em http://www.dhi.uem.br
“Autos da Devassa da Inconfidência Mineira” – Edição promovida pela Câmara dos Deputados e Governo do Estado de Minas Gerais – Brasília – Belo Horizonte, de 1976 a 1983, vl. 1 e 2, 1978.
FEITOSA, Francisco. Tiradentes: O Protomártir da Inconfidência do Brasil. Revista Virtual. Arte Real No 14. Abril, 2008. página 6.
JOAQUIM, Felício dos Anjos. Memória do Distrito Diamantino. Ed. Itatiaia. 1976. Página 167.
VARGAS, Raimundo Fernando Queiroz. A Verdadeira face de Inconfidência Mineira. Guanapá Gráfica, Editora e Papéis Ltda.1997. 296 páginas.
VIEIRA, José Crux Rodrigues. Tiradentes: A Inconfidência diante da História. Belo Horizonte: Copiadora Bandeirante, v.2, 1993. p/659/690.
<…> Internet, 15/02/2011. Tiradentes. A melhor resposta. http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim
<…> Internet, 13/12/2011. A Inconfidência Mineira. http://pt.wikipedia.org/wiki/Inconfid

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