A maior parte do povo brasileiro imagina que a proclamação da independência do Brasil resumiu-se somente no Grito do Ipiranga e que, pacificamente, todos aceitaram que os laços entre Portugal e Brasil estavam definitivamente rompidos. A história não foi bem assim e a proclamação da independência, por D. Pedro I, foi apenas o início de um banho de sangue entre brasileiros separatistas e portugueses e brasileiros fiéis à coroa de Portugal. As lutas eclodiram desde logo em grande parte do território brasileiro pois, principalmente, o norte e nordeste mantiveram-se fiéis a Portugal. A Maçonaria da época encontrava-se extremamente dividida. As Lojas do Rio de Janeiro e São Paulo eram subordinadas ao Grande Oriente da Inglaterra e as Lojas do norte e nordeste respondiam ao Grande Oriente de Portugal. Note-se que não existia, ainda, o Grande Oriente do Brasil. Isto, por si só, já era motivo suficiente para que duas vertentes distintas se formassem dentro da Ordem, uma defendendo a separação e outra não. Além disso, no Rio de Janeiro, houve uma divergência enorme de objetivos entre os dois grandes líderes da época, José Bonifácio e Gonçalves Ledo. José Bonifácio defendia a independência, com a continuação dos plenos poderes do imperador e Gonçalves Ledo defendia a independência, mas de forma liberal e republicana, isto é, com a criação de uma constituinte e de uma limitação aos amplos poderes do imperador. Foi dentro desse quadro que, efetivamente, se deu a independência, tendo sido D. Pedro I inteligentemente usado pela Maçonaria para satisfazer os seus propósitos. Seria inadmissível para alguém, que conheça um mínimo da história do Brasil, julgar que o imperador reunia qualidades para ser Maçom. A sua vida devassa, como relatam os historiadores, alguns admitindo que ele teve mais de cem filhos, entre os do casamento e outros havidos com escravas, prostitutas e algumas oportunistas que queriam graças do imperador. Dessa forma, os Maçons não teriam como admiti-lo na Ordem pelos seus méritos e pela sua conduta. O fizeram e, rapidamente, o Ir∴ Guatimozim, este foi o nome Maçônico por ele adotado, foi guindado a assumir alto posto unicamente com o intuito de usá-lo como peça importante na proclamação da independência. José Bonifácio e Gonçalves Ledo se desentenderam, tendo José Bonifácio deixado a Loja para criar uma vertente dissidente, mas venceram as ideias de Gonçalves Ledo. Os Maçons da época eram constituídos, na sua maioria, por aristocratas, senhores de engenho e fazendeiros que dependiam totalmente da mão de obra escrava. Por isso eram todos escravagistas abominando a ideia de libertação ou a proibição do tráfico de negros vindos da África. Houve uma pressão enorme desses Maçons junto ao imperador, propondo um pacto de apoio à causa separatista desde que o imperador mantivesse os escravos e a escravidão, sem alterar nada. Tal pacto vingou e perdurou por mais de sessenta anos após a independência do Brasil. É lamentável como, durante todo esse tempo, nada se fez para acabar com tal aberração. O Brasil não podia preterir da mão de obra escrava e, para tanto, estava disposto a fazer qualquer acerto que fosse necessário. A abolição da escravatura no Brasil, que deveria ter se dado concomitantemente com a independência, não aconteceu e a participação Maçônica na época foi nula Existiram, naturalmente, dentro da Ordem, alguns poucos Maçons que defendiam a abolição da escravatura, a maioria figuras afro-brasileiras como o engenheiro André Rebouças, o advogado Luiz Gama e o jornalista José do Patrocínio. Mais tarde, outro grande defensor da abolição foi Rui Barbosa, que desejava que ninguém pudesse ingressar na Maçonaria se tivesse escravos ou os traficasse. Conforme falamos de início, após a proclamação da independência, D. Pedro enfrentou uma série enorme de revoltas, principalmente no norte e nordeste do país. Como não havia meios de sufocar tais rebeliões, o jeito foi a contratação de mercenários para detê-las. Uma das figuras mais marcantes da independência foi o Almirante Cockrane, mercenário escocês que, ávido por dinheiro, participou de várias batalhas sangrentas para consolidar a independência. Não fosse a ajuda milagrosa desses mercenários talvez o Brasil tivesse perdido grande parte do seu território. A Maçonaria contribuiu, sem dúvida, para a independência do Brasil, mas foi com enorme esforço que conseguiu que vingassem as ideias do seu grande líder Gonçalves Ledo que, na nossa modesta interpretação, foi o grande responsável pelas mudanças. Foi o esforço de Gonçalves Ledo e dos seus seguidores que permitiu fosse feita uma primeira constituição brasileira. Em síntese, para que alguns mitos que correm na Ordem não sejam eternos e sim possam ser contraditos e desfeitos, resumimos o que segue: A proclamação da independência do Brasil teve sim a valiosa colaboração da Maçonaria, mas não foi esta sozinha a responsável por tudo como muitas vezes se apregoa. A abolição da escravatura no Brasil, que deveria ter se dado concomitantemente com a independência, não aconteceu e a participação Maçônica na época foi nula. Pelo contrário, lutou-se para a perpetuação daquele estado de coisas, como mencionamos anteriormente. Mais de sessenta anos depois e apoiada apenas por um pequeno grupo de Maçons, acontecia a libertação dos escravos, mais pressionada Bibliografia: – Gomes, Laurentino – 1822 – Pesquisas na Internet Leave a ReplyYour email address will not be published.CommentName* Email* Website Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar. Δ