Teimoso feito uma mula. Narcisista, desses que sorri muito para o homem do espelho. Polêmico ao extremo e muito corajoso. Assim era Lord Cochrane. Um corsário inescrupuloso louco por dinheiro, um vilão, ou um herói na Independência do Brasil? As três coisas juntas explicariam quem foi Lord Cochrane, um escocês mercenário que foi contratado por D. Pedro I para se tornar no primeiro almirante da nossa desorganizada e ineficiente Marinha de Guerra. Entretanto, pelos seus feitos, esse escocês era uma celebridade na época da Independência do Brasil. Era um dos homens mais falados e temidos do mundo daquele tempo. Fez tanto alarme e vítimas de despojos nas costas da Espanha e França, que o próprio Napoleão Bonaparte o chamou de “El Diablo”. A sua ascensão ao topo da mídia e ao estrelato mundial teve começo quando assumiu o posto de oficial da Real Marinha Inglesa durante as guerras contra Napoleão. Sua primeira vitória ocorreu em 1800, quando contava 25 anos, no comando do brigue Speedy, um navio equipado com 14 pequenos canhões e 84 marinheiros. Considerado um navio pequeno em relação aos grandes vasos de guerra da época, ele conseguiu capturar o navio espanhol El Gamo, muito maior, armado de 32 canhões de grosso calibre e uma tripulação de trezentos homens. Depois dessa façanha, foi promovido a comandante da fragata Pallas, infernizando a vida de Napoleão Bonaparte, quando lhe impôs humilhante derrota no Mar Mediterrâneo Pois bem. Assim como o famoso brado: “Independência ou Morte!” que nunca existiu e aquele cavalo gordo e bonito e fogoso montado por D. Pedro I quando retrata a Independência do Brasil só existiu na mente de Pedro Américo, o povo brasileiro pouco ou nada sabe sobre a importância que teve Thomas Alexander Cochrane na história do Brasil. Um país de tamanho continental que tinha tudo para dar errado terminou triunfando, graças, talvez, as suas próprias fraquezas. Um país onde existia um exército com muitos soldados descalços, soldos atrasados, composto por negros forros, índios, e a despreparada escória de Portugal como soldados e marinheiros, todos, ou quase todos analfabetos. Ou vocês acham que os soldados portugueses iriam entrar de alma e coração numa guerra matando seus irmãos? Um país com poucos vasos de guerra, canhões velhos e enferrujados. Armas velhas, pólvora da pior qualidade, teria força suficiente para enfrentar Portugal? Tudo isso foi possível por que o Brasil tinha na penumbra de seus problemas, cabeças pensantes de um grupo coeso de homens que articulava ações e estratégias que conseguiram fazer a Independência sem sangue e a República sem guerra – A Maçonaria! Tudo isso pensava José Bonifácio de Andrada e Silva, quando aconselhou o Príncipe a contratar Lord Cochrane para ser o primeiro almirante da Marinha do Brasil. Por uma proposta vantajosa em libras esterlinas e assenhorear de todos os despojos que fizesse nas águas brasileiras, esse escocês veio expulsar os portugueses do Brasil e conseguiu a façanha. Numa de suas atuações a fragata Niterói comandada por um americano, o capitão John Taylor perseguiu os portugueses até a foz do Rio Tejo, em Lisboa. Essa fragata levava a bordo um marinheiro voluntário de apenas 15 anos. Ninguém menos que Joaquim Marques Lisboa, um gaúcho que mais tarde se fez herói na Guerra do Paraguai – o Marquês de Tamandaré. Lord Cochrane terminou sua empreitada saqueando sob a mira de seus canhões a cidade de São Luís no Maranhão. E não me perguntem por que o então Presidente do Brasil – José Sarney em visita à Abadia de Westminster em Londres aproximou-se de uma tumba de 1860, onde se lia na inscrição: “Thomas Alexander Cochrane” e pisoteou-a com raiva. Perguntado no Brasil a respeito daquele ato ele respondeu: “Pisei sim, pisei com força e com gosto a tumba daquele corsário”! Fonte: https://jblouro.com … (Ensaios do livro “1717, 1822, 1889 – A Maçonaria Suas Origens e Atuação na História do Brasil – Uma história que não foi contada”, págs. 247- 256).