Continuação Em seguida, cada um deles recitava um Pai-Nosso, enquanto os capelães recitavam a oração ao Espírito Santo, e, em seguida, traziam o Evangelho, sobre o qual o Recipiendário prestava o seu juramento de responder com franqueza, sinceridade e lealdade às seguintes questões: 1º – Não tendes nem esposa nem noiva? 2º – Não estais engajado em nenhuma outra Ordem; não fizestes nenhum outro voto, juramento ou promessa? 3º – Tendes alguma dívida convosco mesmo ou com algum outro, a qual não vos seja possível pagar? 4º – Estais em plena saúde física? 5º – Não destes, ou prometestes dar, dinheiro a nenhuma pessoa para que, assim, facilitasse vossa admissão à Ordem do Templo? 6º – Sois filho de um cavaleiro e de uma dama; pertencem vossos pais à linhagem dos cavaleiros? 7º – Não sois nem padre, nem diácono, nem subdiácono? 8º – Não fostes excomungado? Procurai não mentir, pois se o fizerdes, sereis considerado perjuro e tereis de abandonar a Casa. Concluído esse interrogatório, o Grão-Mestre, ou aquele que o substituía, ainda se dirigindo à Assembleia, indagava se ainda havia outras perguntas a serem formuladas e, caso reinasse o silêncio, ele se voltava ao Recipiendário, dizendo: ‘Ouvi bem, meu caro Irmão, o que ainda vos vamos pedir: Prometei a Deus e a Nossa Senhora que, ao longo de toda a vossa vida, obedecereis ao Mestre do Templo e ao comandante sob cujas ordens estareis sujeito. E mais: que todos os dias de vossa vida vivereis imaculado. E mais ainda: prometei a Deus e a Nossa Senhora Santa Maria que, em todos os dias de vossa vida, respeitareis os bons costumes vigentes na Casa e aqueles que os Mestres e os doutos haverão de acrescentar. Mais: que, em cada um dos dias de vossa vida, ajudareis, com todas as forças e com todo o poder que Deus vos outorgou, a conquistar a Terra Santa de Jerusalém e a proteger e defender as propriedades dos cristãos. E ainda: que jamais abandonareis essa religião em favor de outra, seja ela qual for, sem permissão do Grão-Mestre e da Assembleia, etc.’ E a cada vez o futuro Cavaleiro devia responder: ‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’ Isso feito, aquele que conduzia a Assembleia assim anunciava sua admissão: ‘Vós, por Deus e por Nossa Senhora, por São Pedro de Roma, por nosso Padre Apóstolo e por todos os Irmãos do Templo, acolhei vosso pai e mãe e todos aqueles que foram acolhidos em vossa linhagem e em todos os benefícios que já fizeram e farão. E vos comprometeis sobre o pão e sobre a água e sobre a pobre vestimenta da Casa, do sacrifício e do trabalho farto.’ A seguir, tomando o manto do Templário, ele o colocava no pescoço do novo Cavaleiro, seguido pelo Irmão capelão que entoava o salmo: ‘Ecce quam Bonum et quam jucundum habitare in unum…’ (‘Oh! Quão bom e quão agradável viverem unidos os Irmãos!…’) Segundo M. Mignard, algumas vezes, durante as iniciações, eles entoavam alguns versículos dos Salmos, ou alguma alocução em alusão ao espírito da fraternidade, como o Salmo 133 e a oração do Espírito Santo. ‘O Espírito de Deus me criou e o sopro do Todo-Poderoso me deu a vida.’ (João 33: 4) Veni, Creátor Spíritus [Ao Espírito Santo] Veni, Créator Spíritus, [Espírito criador] Mentes tuórum visita, [Visita a alma dos teus] Imple supérna grátia, [Nos corações que criaste] Quae tu creásti péctora. [derrama a graça de Deus] Qui díceris Paráclitus, [Ó fogo quem vem do alto,] Altíssimi donum Dei, [Teu nome é consolador,] Fons vivus, ignis, cáritas, [Unção espiritual,] Et spiritális únctio. [perene sopro de amor.] Tu septifórmis múnere, [Por Deus Pai tão prometido,] Dígitus patérnae déxterae, [És dedo da sua mão,] Tu rite promíssum Patris, [Os teus sete dons são fonte] Sermóne ditanas gútura. [De toda vida e oração] Accénde lúmen sénsibus. [Acende o lume das mentes,] Infunde amórem córdibus. [Infunde em nós teu amor;] Infirma nostri córporis, [nossa carne tão frágil,] Virtúte firmans pérpeti. [sustenta com teu vigor.] Hostem repéllas lóngius, [Atira longe o inimigo,] Pacémque dones prótinus, [Conserva em nós tua paz,] Ductóre sic te praevio, [A ti queremos por guia,] Vitémus omne nóxium. [noss’alma em ti se compraz] Per te sciámus da Patrem, [Ao Pai e ao Filho possamos] Noscámus atque Fíluim, [Em tua luz conhecer;] Teque utriúsque Spíritum [Dos dois tu és o Espírito,] Credámus omni témpore. [O sol de todo saber.] Deo Patri glória [Louvemos ao Pai celeste,] Et Filio qui a mórtuis [Ao Filho que triunfou,] Surréxit, ac Paráclito, [E a quem, de junto ao Pai,] In saeculórum saecula. Amen. [à santa Igreja enviou. Amém.] Então, aquele que tornou Irmão o novo Cavaleiro levanta-o e, convidando-o a sentar-se diante de si, diz: ‘Caro Irmão, nosso Senhor vos conduziu ao vosso desejo e vos introduziu em uma fraternidade tão bela como esta Cavalaria do Templo, pela qual deveis dedicar extrema atenção para jamais cometer algo que vos faça perdê-la – que assim Deus vos conserve!’ Finalmente, após enumerar as causas que poderiam acarretar a perda do hábito e da Casa, acrescentava: ‘Já vos dissemos as coisas que deveis fazer e as coisas das quais deveis manter-se afastado… E, se por acaso não abordamos tudo o que deveria ser dito sobre os nossos deveres, vós indagareis. E Deus vos ajudará a falar e a fazer o bem. Amém!’ (referência ao deus egípcio Amon).’” Pois bem, aí está, segundo as únicas regras conhecidas, como eram realizadas as cerimônias de iniciação qualificadas de infames e nas quais eram ultrajadas tanto a divindade como a moral; mas, na realidade, o maior crime cometido era o de continuarem secretas. O mistério com o qual os Templários cercavam suas reuniões enchia de terror a imaginação dos contemporâneos daquela época, e não foge muito de nossa época também. Em geral, tudo o que os homens não podiam ver ou compreender adquiria, aos seus olhos, as mais sinistras tonalidades. Em 1789, quando a população sitiou a Bastilha, imaginava-se ser de boa-fé trabalhar pela libertação de grandes grupos de prisioneiros abandonados nas celas das prisões. Qual não foi o seu espanto ao ver as vítimas do despotismo real? Não havia mais do que sete, entre os quais falsários e dois desequilibrados mentais. “Os Cavaleiros Templários trouxeram para o Ocidente um conjunto de símbolos e cerimônias pertencentes à tradição maçônica” Os Cavaleiros Templários trouxeram para o Ocidente um conjunto de símbolos e cerimônias pertencentes à tradição maçônica, e possuíam certo conhecimento que agora é transmitido somente nos Graus Filosóficos e Capitulares da Maçonaria. Desse modo, a Ordem era também um dos depositários da sabedoria oculta na Europa durante os séculos XII e XIII, embora os segredos completos fossem dados somente a alguns membros; portanto, suas cerimônias de admissão eram executadas pelo Grão-Mestre, ou Mestre que este designasse, pois eram estritamente religiosas e em absoluto segredo, como já mencionamos. Por causa desse segredo, a Ordem sofreu as mais terríveis acusações. Há também uma passagem no Ritual Templário, na qual o pão e o vinho eram consagrados em Capítulo aberto durante uma esplêndida cerimônia: tratava-se de uma verdadeira eucaristia, um maravilhoso amálgama do sacramento egípcio com o cristão. Continue Lendo Leave a ReplyYour email address will not be published.CommentName* Email* Website Salvar meus dados neste navegador para a próxima vez que eu comentar. Δ