Continuação

A Eliminação dos Templários
A supressão dessa poderosa Ordem é uma das maiores máculas na tenebrosa história da Igreja Católica Romana. Os relatos do processo francês foram publicados por Michelet, o grande historiador, entre 1851 e 1861, e existe uma excelente compilação das provas apresentadas, tanto na França como na Inglaterra, em uma série de artigos que apareceram em 1907 na Ars Quattuor Coronatorum (XX, 47, 112, 269). Vamos apenas apresentar um esboço do que aconteceu:
Filipe, o Belo, então rei da França, necessitava desesperadamente de dinheiro. Já havia desvalorizado a moeda e aprisionado os banqueiros lombardos e judeus e, depois de confiscar lhes suas riquezas, acusando-os falsamente de usura – algo abominável para a mente medieval –, expulsou-os de seu reino. Em seguida, resolveu desfazer-se dos Templários, depois que eles haviam lhe emprestado bastante dinheiro e, como o papa Clemente V devia sua posição às intrigas de Filipe, o assunto não foi difícil de ser resolvido. Sua tarefa foi facilitada ainda mais pelas acusações apresentadas pelo ex-cavaleiro Esquin de Floyran, que tinha interesse pessoal no assunto e pretendeu revelar todo o tipo de coisas malévolas: blasfêmia, imoralidade, idolatria e adoração ao demônio na forma de um gato preto ou algo parecido com um Bode!

Essas acusações foram aceitas por Filipe com deleite. E em uma sexta-feira, 13 de outubro de 1307, todos os Templários da França foram aprisionados sem nenhum aviso prévio por parte do mais infame tribunal que jamais existiu, um aglomerado de demônios em forma humana, chamado, em grotesca burla, de Santo Ofício da Inquisição, que, nesses dias, tinha plena jurisdição naquele e em outros países da Europa. Os Templários foram horrivelmente torturados, de modo que alguns morreram e os outros assinaram toda a classe de confissões que a Santa Igreja desejava. Os interrogatórios se relacionavam principalmente à suposta negação de Cristo e ao fato de terem cuspido na cruz e, em menor grau, com graves acusações de imoralidade. Um estudo das evidências revela a absoluta inocência dos Templários e a engenhosidade diabólica mostrada pelos oficiais do Santo Ofício, encarregados da prisão dos acusados pela Inquisição, que os mantinha incomunicáveis, carentes de defesa adequada e de consulta pertinente, ao mesmo tempo em que faziam circular a versão de que o Grão-Mestre havia confessado diante do papa a existência de crueldades na Ordem. Os Irmãos foram convencidos por meio de adulações e promessas, subornados e torturados, até confessarem faltas que jamais haviam cometido e tratados com a mais diabólica crueldade.

Assim era a “justiça” daqueles que usavam o nome do Senhor do Amor durante a Idade Média; assim era a compaixão exibida em relação a seus fiéis servidores, cuja única falta foi a riqueza obtida legalmente para a Ordem e não para si mesmos. Filipe, o Belo, obteve dinheiro. Mas, que carma, mesmo com 20 mil vidas de sofrimento, poderá ser suficiente para um ingrato vil? A Igreja romana, sem dúvida, tem sua participação. E pergunto: como anular uma maldade tão incrível quanto essa?

O papa desejava destruir a Ordem e reuniu o concílio em Viena, em 1311, com tal objetivo, mas os bispos recusaram-se a condená-la sem primeiro escutá-la. Então, o papa aboliu a Ordem em um consistório privado efetuado em 22 de novembro de 1312, apesar de ter aceitado o fato de que as acusações não haviam sido comprovadas. As riquezas do Templo deviam ser transferidas à Ordem de São João; porém, o certo é que a parcela francesa foi desviada para os cofres do rei Filipe.
O último e mais brutal ato dessa desumana tragédia ocorreu em 14 de março de 1314, quando o Venerável Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem Templária, e Gaufrid de Charney, Grande Preceptor da Normandia, foram queimados publicamente como hereges reincidentes, em frente à grande Catedral de Notre Dame. Quando as chamas os rodearam, o Grão-Mestre incitou o rei e o papa a que, antes de um ano, se reunissem a ele diante do trono de julgamentos de Deus e, de fato, tanto o papa como o rei morreram dentro de 12 meses.

Temos notícias que alguns Cavaleiros Templários franceses se refugiaram entre seus Irmãos do Templo da Escócia e, naquele país, suas tradições chegaram a fundir-se, em certa medida, com os antigos ritos celtas de Heredom, formando, assim, uma das fontes das quais mais tarde brotaria o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Há muito pouco tempo, a escritora Barbara Frale encontrou na biblioteca do Vaticano um documento denominado “Chinon”. Trata-se de uma carta na qual o papa Clemente V perdoa o Grão-Mestre Jacques de Molay. Você poderá ler sobre isso com mais detalhes na obra de Bárbara Frale, Os Templários – E o Pergaminho de Chinon Encontrado nos Arquivos Secretos do Vaticano, publicada pela Madras Editora.

O Santo Graal e a Arca da Aliança
A Habrit Arca da Aliança é conhecida em hebraico como Aron. É sagrada para o Judaísmo e o Cristianismo. Do ponto de vista historiográfico, essa versão é tida como a mais aceita e foi documentada. Não se pode, porém, excluir a hipótese de que os Templários estivessem de posse de algum segredo histórico ou alquímico visado pelo rei da França. Qual seria esse segredo? Ninguém sabe.

Segundo Rocco Zíngaro, os Templários conservavam o Santo Graal, o cálice da Última Ceia, cuja posse conferiria poderes sobre-humanos. E de acordo com outro Templário sob investigação, são Bernardo de Chiaravalle, eles conservavam a Arca da Aliança, a caixa em que Moisés guardava as tábuas da Lei, seu cajado e sobre a qual Deus se manifestava. Por outro lado ainda, o segredo dos Templários poderia estar ligado ao conhecimento da Sagrada Geometria, para construir-se as catedrais góticas. Há, enfim quem sustente que o segredo dos Templários estivesse relacionado com o Sudário. Nos processos contra os Templários, diz-se que eles guardavam uma “cabeça barbuda de um morto”, que teria permanecido com eles entre 1204 e 1307. Para o cientista britânico Allan Mills, em linha com essa hipótese do italiano Carlo Giacchè, a imagem do Sudário seria de um cruzado Templário morto em batalha, e não de Jesus. Algo mais recente abre a possibilidade de ser o Sudário uma obra do maravilhoso artista Leonoardo da Vinci.

Para o pesquisador francês Jacques de Mahieu, os Templários possuíam, por exemplo, cartas geográficas atlantes que contrastavam com a visão oficial de mundo imposta pela Igreja e que revelam a posição da América, séculos antes de seu descobrimento. E prossegue, dizendo que os Cavaleiros Templários tinham alcançado, escondidos, o “novo continente”, muito tempo antes de Colombo. Chegando ao México, teriam se apoderado de minas de prata, procurando obter para si imensas quantidades de dinheiro que permitiram ao Oriente expandir-se para toda a Europa e construir gigantescas fortificações e majestosas catedrais.

Quanto à América, não é estranho. Se analisarmos, as caravelas que descobriram o Brasil possuíam velas brancas com a cruz de malta em vermelho no centro. Conheça um trecho da obra O Templo e a Loja, de Michael Baigent e Richard Leigh:
“Em Portugal, os Templários foram dissolvidos por um inquérito e, simplesmente, modificaram o seu nome, tornando-se os Cavaleiros de Cristo. Eles sobreviveram sob esse título até o século XVI, com as suas explorações marítimas deixando marcas indeléveis na História. (Vasco da Gama era um Cavaleiro de Cristo; o príncipe Henrique, o Navegador, era um Grão-Mestre da Ordem. As embarcações dos Cavaleiros de Cristo navegavam sob a conhecida cruz vermelha Templária. E foi sob essa mesma cruz que as três caravelas de Colombo atravessaram o Atlântico rumo ao Novo Mundo. O próprio Colombo era casado com a filha de um Grão-Mestre anterior da Ordem, e teve acesso aos mapas e diários de seu sogro.)”.

Alguns estudiosos supõem que os Cavaleiros chantageassem o Vaticano, ameaçando revelar que Jesus não havia morrido; outros explicam com a “descoberta” da América (diversas lendas mexicanas falam de misteriosos homens usando mantos brancos e longas barbas, vindo do Ocidente).

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