Continuação

Uma outra versão para o Graal
Normalmente em um país de maioria católica, a figura do Graal é tida como a da taça que serviu Jesus durante a Última Ceia e na qual José de Arimateia teria recolhido o sangue do Salvador crucificado proveniente da ferida no flanco provocada pela lança do centurião romano Longino (“Ao chegarem a Jesus, vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água” – João 19:33-34). A Igreja Católica não dá ao cálice mais do que um valor simbólico e acredita que o Graal não passa de literatura medieval, apesar de reconhecer que alguns personagens possam realmente haver existido. É provável que as origens pagãs do cálice tenham causado descontentamento à Igreja.
Em Os Mistérios do Rei Artur, Elizabeth Jenkins ressalta que, “no mundo do romance, a história era acrescida de vida e de significado emocional, mas a Igreja, apesar do encorajamento que dava às outras histórias de milagres, a esta não deu nenhum apoio, embora essa lenda seja a mais surpreendente do ponto de vista pictórico. Nas representações de José de Arimateia em vitrais de igrejas, ele aparece segurando não um cálice, mas dois frascos ou galheteiros”. Alguns tomam o cálice de ágata que está na igreja de Valência, na Espanha, como aquele que teria servido Cristo, mas, aparentemente, a peça data do século XIV. Independentemente da veneração popular, essa referência é fundamental para o entendimento do simbolismo do Santo Graal já que, como explica a própria Igreja em relação à ferida causada por Longino, “do peito de Cristo adormecido na cruz, sai a água viva do batismo e o sangue vivo da Eucaristia; deste modo, Ele é o cordeiro Pascal imolado”.

A primeira referência literária ao Graal é O Conto do Graal, do francês Chrétien de Troyes, em 1190. Todo o mito – e uma série interminável de canções, livros e filmes – sobre o rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda tiveram seu início ali. Tratava-se de um poema inacabado de 9 mil versos que relata a busca do Graal, da qual Arthur nunca participou diretamente, que acaba suspensa. Um mito por si só, O Conto do Graal é uma obra de ficção baseada em personagens e histórias reais que serve para fortalecer o espírito nacionalista do Reino Unido, unindo a figura de um governante invencível a um símbolo cristão.

A seguir, estão relacionadas diversas ideias a partir das quais poderíamos refletir melhor sobre a missão da Ordem, segundo C. W. Leadbeater:
1. Por intermédio da Ordem, as crianças tomariam o primeiro contato com a tônica dos Mistérios, proporcionando que alguns deles retomassem uma vibração já conhecida e que outros iniciassem uma jornada nova.
2. Nós estamos vivendo atualmente em um momento importante. Encontramo-nos no fim do século, no início de um novo ciclo, no começo de uma nova sub-raça e possivelmente vivendo durante o advento de um novo Instrutor; por tudo isso, já é o momento adequado para acontecer um renascer dos Mistérios. Dentro dessa visão, a Távola (do rei Arthur) seria a primeira escala para aqueles egos mais adiantados que nessa época estão reencarnando. Assim, ela poderia transmitir aquilo que as escolas tradicionais não dariam e, desse modo, já estaria preparando esses jovens para passos futuros.

3. O trabalho da Távola estaria ligado ao da Ordem maçônica. Ao crescerem, as crianças mais interessadas nesse tipo de atividade ritualista já estariam mais bem preparadas para o trabalho maçônico.
4. O fato de se escolher uma qualidade ao ingressar na Távola, qualidade esta que se deve desenvolver e praticar na vida diária, também acontecia nos ritos egípcios, como nos relata C. W. Leadbeater em A Vida Oculta na Maçonaria, no capítulo “Dois maravilhosos rituais”, p. 243.

5. A cerimônia do pão, do sal e do vinho era uma característica de certos ritos dos Mistérios do passado. Essa cerimônia teria sido herdada pelos essênios dos ritos caldeus e, a partir delas, chegou-se aos Mistérios cristãos; passando pelos cavaleiros templários foi que se chegou ao grau moderno da Rosa-Cruz de Heredom (Grau 18 do Rito Escocês Antigo e Aceito) e dali à Ordem da Távola Redonda.

6. No seu livro Pequena História da Maçonaria, falando sobre o rei Arthur, o Irmão Leadbeater diz que a “sua Távola é também um fato e não uma ficção, e que seus cavaleiros usavam um rito dos Mistérios cristãos”.
7. Em uma das aulas oferecidas na Escola de Sabedoria, em Adyar, o Irmão Geoffrey Hodson disse que “toda a lenda do Santo Graal é uma alegoria dos caminhos do discipulado e da iniciação. Todos os acontecimentos e as aventuras descrevem experiências interiores dos discípulos e iniciados, com o rei Arthur como Hierofante”.
8. Os quatro graus da Távola Redonda se encontram nos Graus do Rito Templário, segundo nos mostra Papus no livro O que deve saber um Mestre Maçom, p. 36. O primeiro Grau dos Templários era “Aprendiz” (Pajem); o segundo, “Companheiro”; o sétimo, “Escudeiro”; e o oitavo, “Cavaleiro”.

9. Como o Irmão Leadbeater diz, “Os Mistérios do Santo Graal foram celebrados simultaneamente em vários centros, onde indubitavelmente se misturaram com outras linhas de tradição, e neles encontramos evidentes vestígios das Escolas Secretas, em que resplandeceu a chama da sabedoria oculta durante o começo da Idade Média” (Pequena História da Maçonaria, p. 159).
Parece haver uma íntima relação entre o conteúdo do livro A Mãe do Mundo, do Irmão Leadbeater, e os objetivos da Ordem da Távola Redonda, principalmente pela chamada feita por Nossa Senhora e pelo seu profundo interesse na educação das crianças. Também porque a dra. Annie Besant e Rukmini Devi Arundale, entre outros, foram pessoas ligadas ao movimento Mãe Universal e tiveram participação ativa na Ordem da Távola Redonda”.

Cronologia
Decidimos inserir aqui um resumo da cronologia das datas mais importantes na vida da Ordem e no seu tempo, para facilitar a compreensão dos fatos:

1091 – Nasce São Bernardo de Claraval.

1095 – Urbano II proclama a I Cruzada.

1099 – Godofredo de Bouillon toma Jerusalém.

1104 – Hugo de Champagne vai pela 
primeira vez à Terra Santa.

1108 – Hugo de Champagne vai pela 
segunda vez à Terra Santa.

1110 – Presença de Hugues de Payns na Terra Santa.

1113 – São Bernardo une-se a Cister.

1114 – Terceira viagem de Hugo de Champagne à Terra Santa.

1115 – Hugo de Champagne oferece terrenos 
à Ordem de Cister.

1118 – Hugues de Payns e oito cavaleiros juntam-se com o objetivo de proteger os peregrinos na Terra Santa. Apresentação ante Balduíno II.

1120 – A confraria adota o nome de 
“Pobres Cavaleiros de Cristo”.

1124 – Hugo de Champagne une-se 
aos Templários em Jerusalém.

1128 – O Concílio de Troyes encarrega a 
São Bernardo a constituição de regras para a 
Ordem do Templo. De “Laude Novea Militiae” – Exortação à nova milícia.

1129 – Data oficial da fundação da Ordem do 
Templo, em 14 de janeiro, no Concílio de Troyes.

1130 – A Ordem converte-se no exército regular do reino de Jerusalém.

1136 – Morre Hugues de Payns; sucede 
lhe Robert de Craon.

1138 – Primeiro feito de armas na Terra Santa: 
derrota em Teqoa frente aos turcos. 
Os Templários são exterminados.

1139 – Omne datum optimum, bula do papa Inocêncio II que dota a Ordem de 
numerosos e exclusivos privilégios.

1142 – Os Templários recebem a sua 
cruz como emblema.

1144 – Proclama-se a II Cruzada.

1145 – Novas bulas de Inocêncio II, Milites templi 
e Militia Dei; entre os novos privilégios, é-lhes 
permitido construir castelos e oratórios próprios.

1148 – Euvard des Barres, Mestre da Ordem, 
e os seus Templários salvam o rei Luís VII 
no monte Kadmos.

1150 – Novo Grão-Mestre do Templo: 
Bernard de Trémelay.

1153 – Eugênio III entrega-lhes a cruz vermelha sobre o hábito, que se torna no distintivo da sua capa branca.
– Tomada de Ascalón e morte do Mestre Bernard de – Trémelay e 40 dos seus Templários.
– Morre São Bernardo de Claraval.

1166 – Doze Templários são julgados e condenados por terem entregado uma fortaleza ao Islão.

1177 – Oitenta Templários participam na batalha de Montgisard, entregue a Saladino por Balduíno IV, rei de Jerusalém.

1187 – Proclama se a III Cruzada. Na batalha de Hattin, 140 Templários sob o comando de Gérard de Ridefort são feitos prisioneiros e executados por Saladino; Ridefort é perdoado. Saladino toma Jerusalém.

1191 – Os Templários conquistam Chipre.

1202 – Proclama-se a IV Cruzada.

1215 – Proclama-se a V Cruzada.

1219 – Em 5 de novembro, heroica participação dos Templários, ao lado dos cruzados de Juan de 
Brienne, na conquista de Damieta no delta do Nilo.

1223 – Proclama-se a VI Cruzada.

1231 – Possivelmente, os Templários negociam em segredo com o Sultão de Damasco a devolução de Jerusalém.

1244 – Desastre de Forbie, em 17 de outubro, no assédio de Gaza: de 348 Templários, apenas 36 escapam. Derrotas e conflitos na Terra Santa, vitórias sem precedentes na Península Ibérica.

1248 – Proclama-se a VII Cruzada.

1250 – Em 8 de fevereiro, Guillaume de Sonnac, Mestre da Ordem, morre na batalha de al-Mansura.

1254 – Fim da sétima Cruzada. Gregório X tenta a fusão das Ordens do Templo e do Hospital sem êxito ante a resistência do Mestre Jacques de Molay e do rei de Aragão.

1268 – Proclama-se a VIII Cruzada.

1291 – Caída de São João de Acre e perda definitiva da Terra Santa. Guillaume de Beaujeu morre no assédio de Acre e a elite da Ordem é aniquilada.

1294 – Jacques de Molay, último Grão-Mestre do Templo.

1297 – O Templo empresta 2.500 libras a Filipe, O Belo.

1298 – O Templo empresta 50.000 libras a Filipe, O Belo.

1301 – Entrevista de Molay com Ramón Llull em Chipre.

1304 – Calcula-se que a Ordem tenha 30.000 membros.

1305 – Primeira denúncia contra os Templários.

1307 – Em 13 de outubro, detenção dos Templários em toda a França. A 24 de outubro, é julgado o Mestre Jacques de Molay.

1310 – Os Templários julgados em Castela e 
Portugal são absolvidos. Em França, 54 Templários são condenados a morte.

1312 – Em 3 de abril, a bula Vox clamantis dissolve a Ordem do Templo. Os bens são transferidos para a Ordem do Hospital. Concílio de Tarragona e absolvição dos Templários catalano-aragoneses.

1314 – Acaba o processo inquisitorial contra a Ordem, em 18 de março, com a queima na fogueira do Mestre Jacques de Molay e Geoffroy de Charnay em Paris. Também morriam Filipe, O Belo, e o Papa Clemente V.

Bibliografia:

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FRALE, Barbara. Os Templários – E o Pergaminho de Chinon Encontrado nos Arquivos Secretos do Vaticano. São Paulo: Madras Editora, 2004.
FRAUSSINET, Édouard. Ensaio sobre a História da Ordem dos Templários. São Paulo: Madras Editora, 2007.
GARDNER, Laurence. A Linhagem do Santo Graal – A Verdadeira História do Casamento de Maria Madalena e Jesus Cristo. São Paulo: Madras Editora, 2006.
HAAGENSEN, Erling e LINCOLn, Henry. A Ilha Secreta dos Templários. São Paulo: Madras Editora, 2007.
LUNN, Martin. Revelando o Código Da Vinci. São Paulo: Madras Editora, 2006.
MONTAGNAC, Élize de. História dos Cavaleiros Templários. São Paulo: Madras Editora, 2005.
PHILLIPS, Graham. Os Templários e a Arca da Aliança. São Paulo: Madras Editora, 2005.
YOUNG, John K. Locais Sagrados dos Cavaleiros Templários. São Paulo: Madras Editora, 2005.
http://templariumordum.blogspot.com/2005/05/cronolgia.html

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