Envolto em escuridão, o Neófito tem um encontro inusitado.

Ele: quem está aí?

(Uma voz áspera e cansada surge)

Ela: Euuuuu…

Ele: eu quem? Revele seu lume!

Ela: a Morte! (num som sussurrado)

Ele: vieste me buscar?

Ela: sim, pois é tempo de acordar…

Trouxe vosso
testamento

O qual deve
assinar.

Ele: testamento? Assinar?

Qual dos meus bens queres levar?

Ela: teus vícios, teus medos,

Tua vaidade,
teus mais
escuros segredos.

Ele: então não vieste me matar…

Vieste me libertar!

Onde tu habitas?

Ela: na ponta de uma Espada,

Destes que a sorte é minada.

Ele: de que espada falais?

Seria está cuja ponta afiada,

Que gelada, sinto no peito meu?

Ela: Simmmm…

Ele: nada vejo Morte aliada,

Apenas sinto. Assim…

Levai contigo o que desejais

Não deixais se quer uma raiz.

Ela: impossível…

Pequenas nódoas te lembrarão,

Que deves ser um eterno Aprendiz.

Ele: e este ar gelado?

Que pousa ao meu lado

E de ti Morte o olhar velado?

Ela: Nããããooo… vem do passado!

Do homem que será enterrado.

Deixe-me ver, Neófito, tens as

mãos calejadas?

Ele: por que a pergunta?

Ela: pois, com elas deverás

Por noites infindas trabalhar

O maço e o cinzel deves usar.

O que vim buscar vem do lapidar…

Tuas farpas, tuas fagulhas,
teus fragmentos

Aquilo que aniquila no desbastar.

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ARLS Luz do Ocidente, no 2706 Oriente de São Caetano do Sul • GOSP/GOB

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