INTRODUÇÃO

A instituição Maçonaria é perfeita? Claro que sim, mas os homens são perfectíveis, ou seja, estão aqui visando um aperfeiçoamento, por isso se tornam maçons. É através da maçonaria que poderemos alcançar a tão almejada perfeição. A grande meta da maçonaria é o aperfeiçoamento do homem, polindo sua mente e seu intelecto, para que o mesmo possa se tornar maduro e, consequentemente, alcançar a lucidez espiritual que lhe permita amar ao seu semelhante, assim como Cristo nos ensinou: “amar ao próximo como a ti mesmo”. Se conseguíssemos colocar em prática esses ensinamentos, a maçonaria não teria razão de existir. Como assim não o é, ela foi criada para propiciar o aperfeiçoamento humano, para que possamos nos aproximar desse importante preceito Cristão.

O que é ser Maçom?

– é ser amante da Sabedoria, da Virtude, da Justiça, da Humanidade.
– é ser amigo dos pobres, dos desgarrados, daqueles que sofrem que choram que têm fome, dos que clamam por Direito e Justiça e os utilizam como única norma de conduta, sempre pensando no bem de todos e no seu engrandecimento e progresso.
– é querer a harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano.
– é derramar por toda à parte os divinos esplendores da instrução; educar para o bem, a inteligência; conceber os mais belos ideais do Direito, da Moralidade, da Honra e praticá-los.
– é levar a prática, aquele formosíssimo preceito que nos segue a séculos, que diz com infinita ternura aos homens de todas as raças, desde o alto de uma cruz e como os braços abertos ao mundo: “amai-vos uns aos outros, formando uma só família, sede todos irmãos”.
 – é pregar a tolerância; praticar a caridade sem distinção de raças, crenças ou opiniões, é lutar contra a hipocrisia e o fanatismo.
 – é viver para a realização da Paz Universal, tendo pelos vivos o mesmo respeito que dedicamos aos nossos mortos.
(Lázaro Chaves)

Se você não reúne nenhuma dessas condições, afaste-se da Maçonaria, aqui não é seu lugar. Se você por ventura nos procurou visando interesses pessoais ou, pior ainda, alimentando esperanças alheias aos fundamentos do referido ideal, deverá ser evitado, porque ou se enganou redondamente ou irá se decepcionar em pouco tempo de estada em nossas fileiras.

Para iniciar esse tema gostaria de, primeiramente, contar uma estória sobre o início da vida maçônica de um irmão nosso.

A MINHA INICIAÇÃO

Quando fui convidado a fazer parte da maçonaria, me enchi de orgulho e altivez, afinal eu estava sendo convidado para fazer parte de uma das organizações mais secretas do mundo, onde só entravam pessoas especiais. Era isso que eu pensava sobre a maçonaria. Mesmo que eu não fosse aprovado, o simples fato de ter sido lembrado já era para mim o máximo.

Depois de um período de espera, aquele que iria reconhecer futuramente como sendo meu padrinho me informou sobre o dia da minha iniciação. Pronto! Eu fui aceito na maçonaria! Agora sim iria saber tudo sobre a instituição, iria matar a minha curiosidade sobre essa que é a mais antiga das organizações mundiais, seria um deles.

Nesse dia eu não cabia dentro de mim, tamanha era a minha alegria e satisfação em poder participar das Reuniões secretas, poder conhecer os homens importantes que doravante seriam meus irmãos, poder descobrir quais eram os seus augustos mistérios. Pronto! Terminou a minha iniciação! Participei do jantar, com a minha família sendo apresentada às famílias mais ilustres da comunidade. Era isso que pensava. Agora preciso mostrar a todos, especialmente às pessoas do meu convívio, que eu sou “MAÇOM” (iriam morrer de inveja), pois faço parte do grupo de homens importantes da minha cidade, minha nova condição.

Primeiro vou me informar com os irmãos onde posso conseguir outros plásticos para os meus carros, afinal precisava marcar meus veículos para que todos os irmãos e profanos soubessem que agora eu sou um Maçom. Preciso colocar mais adesivos, apenas no vidro dianteiro é pouco, pois só verá quem estiver vindo de frente, e os que estão atrás precisam também saber que ali vai um maçom.

Como estou sempre participando de reuniões, assinando muitos documentos, preciso comprar uma caneta nova. Navegando em um site de produtos maçônicos me deparei com uma caneta nada discreta, com um esquadro e um compasso bem visíveis (preto e dourado). É essa que eu quero. Quando for assinar algum documento, todos saberão que sou Maçom. Preciso adquirir também uma gravata bordada e um prendedor de gravatas, ambos com símbolos maçônicos, assim eu estarei bem visível.

Às vezes eu me pego pensando nas instruções, mas para que? Isso é bobeira para os irmãos Mestres, eles que precisam estudar bastante para nos ensinar, afinal eu sou apenas aprendiz e aprendiz está aqui é para aprender. Portanto, quando eu for Mestre eu vou estudar. E o meu comportamento? Melhorou em alguma coisa, a minha atitude condiz com aquilo que é ensinado em loja? Melhor esperar mais um tempo para colocar em prática os ensinamentos, afinal logo serei companheiro e logo depois mestre.

Com relação à filantropia, um dos objetivos principais da loja, eu vejo alguns irmãos que estão sempre procurando auxiliar alguma instituição de caridade, reservando uma parte de seu tempo trabalhando em prol de seus semelhantes, prestando serviço voluntário para alguma instituição beneficente. Tudo bem! Isso é para eles mesmos, eu não tenho tempo suficiente para me dedicar a isso, eu sou muito ocupado.

Após algum tempo como aprendiz vou ser elevado à categoria de Companheiro. Muito bem! Só não gostei dessa história de ter que assistir algumas instruções, isso não é para mim, bem que eles poderiam deixar para mais tarde. E essa coisa de ter que fazer um trabalho sobre um tema escolhido pelo irmão 2º vigilante, outra bobagem, vai me obrigar a estudar e a pesquisar. Bom, tudo bem! Eu vou à Internet, é só copiar e colar. Pronto! Está ai meu trabalho para ser elevado ao Grau de Companheiro.

Com essa história de fazer pesquisa na internet acabei sendo obrigado a ler alguma coisa, e quando você lê algo sempre um pouco fica guardado. Mas quando eu chegar a mestre, aí sim, eu farei muitas pesquisas para melhorar meus conhecimentos. Agora, se eu precisar instruir os irmãos mais novos, tô fora! Afinal, se eu pesquisei e aprendi sozinho, os outros também deverão fazer o mesmo.

Pronto! Cheguei a Mestre! Agora sim meu ensinamento está completo, minha pedra Bruta está totalmente polida, meu edifício interior está pronto. Mas o que aprendi? Está guardado onde? Será que passei 3 anos inutilmente frequentando as reuniões da loja? Tais perguntas começaram a fazer parte do meu dia-a-dia. Foi quando, lendo alguns textos maçônicos, me deparei com um que me chamou a atenção, de autoria desconhecida.

UMA ESTÓRIA MAÇÔNICA

Um querido, e, poderoso irmão partiu para o Oriente Eterno. Lá chegando, foi recebido por alguns irmãos (3), que o conduziram até uma loja onde se reuniam os Maçons daquele Oriente.

O nosso poderoso irmão estava todo paramentado, portando todas as honrarias e medalhas conquistadas na sua longa e extensa vida Maçônica. Era um irmão grau 33. Ao entrar no Templo, de forma ritualística, foi colocado entre colunas, o que o deixou meio constrangido. Pensou que devia ser um procedimento normal e assim se postou entre colunas. Começou o seu telhamento, deixando-o mais intrigado ainda, “eu sou grau 33 e como comprovação eis aqui minhas comendas, fora meus 30 anos de maçonaria”. Mais uma vez aceitou, meio a contra gosto, mas respondeu com firmeza e determinação a todas as perguntas formuladas.

Por fim, o Venerável mestre, como última pergunta, lançou aquela clássica “sois maçom”, que o mesmo prontamente lhe respondeu M.I.C.T.M.R, momento em que o Venerável lhe disse: “Será que seus irmãos realmente o reconhecem com tal?”.

Foi solicitado ao irmão que olhasse para a direita onde havia um telão, sendo repassada toda a sua vida, a partir da sua iniciação. O vídeo mostrava algumas atitudes que em nada tinham a ver com os princípios maçônicos, mostrava o irmão parando em um semáforo e rapidamente fechando o vidro de seu carro, pois estava se aproximado um flanelinha que provavelmente iria lhe solicitar alguma ajuda. Mostrava também o irmão colocando a mão vazia no tronco de beneficência, demonstrando claramente que a beneficência não era o seu forte. Nos trabalhos da Oficina ele pouco ou nada participava, afinal tem irmão com mais tempo para poder se dedicar a essas bobagens.

Mas se o irmão não tinha a beneficência como um de seus preceitos mais fortes, poderia concentrar seus esforços no estudo da ritualística, da simbologia, mas não, o Ritual era o que comumente se chama de Ritual Rexona, ficava muito bem embaixo do braço. A biblioteca da loja era um local que o mesmo jamais entrou. “Tudo bem, não faço caridade, não estudo, mas sou um irmão frequente às Reuniões, especialmente nos dias dos nossos jantares, pois é um bom momento para podermos fazer um pouco de política (ou politicagem)”. Era nessas horas de confraternização que o irmão conchavava com outros, sempre falando (mal) da atual diretoria da loja, pois era seu objetivo assumir a presidência, precisando arrumar alguns irmãos para apoiá-lo para tanto, mesmo à custa de mentiras e falcatruas.

Conforme o vídeo ia passando, o irmão cada vez mais ia ficando com vergonha, pensando e refletindo em toda a sua vida inútil e sem propósito na Maçonaria. Quando o vídeo chegou ao fim, o Venerável mestre lhe perguntou: “Ainda se diz maçom, meu irmão?”.

Foi nesse momento que o nosso irmão acordou, suando frio e aliviado, pois percebeu que ainda não havia partido para o Oriente Eterno. Estava sonhando, o G∴A∴D∴U∴ havia lhe propiciado uma nova chance. Não pensou duas vezes, guardou toda suas honrarias, medalhas e paramentos do grau 33, retirou seu avental de aprendiz do fundo da gaveta e foi para a loja, sentando-se bem no fundo da coluna do Norte (local reservado aos aprendizes).

Tal estória me tocou profundamente, me fez refletir toda minha vida fútil e inútil dentro da maçonaria. Precisava tomar uma atitude drástica e tomei, não vou esperar uma nova chance do G∴A∴D∴U∴, eu vou fazer meu momento agora. Não voltei para a coluna dos aprendizes, mas retomei meus estudos, a partir do Grau de aprendiz, na tentativa de recuperar o tempo perdido. Não vou esperar partir para o Oriente Eterno para ser cobrado pelos meus atos, o meu momento é agora. Talvez esse texto esteja me mostrando a minha segunda oportunidade propiciada pelo Grande Arquiteto, não posso perdê-la.

A partir desse momento passei a refletir: Será que como maçom eu tenho participado de forma atuante em minha oficina? Estou realizando algo para me qualificar como um verdadeiro maçom? Estarei agindo no mundo profano de acordo com os preceitos maçônicos? A tríade: -Liberdade, Igualdade e Fraternidade está sendo colocada em prática no meu dia-a-dia?

Todo momento o Maçom deve ser grato pelo chamado recebido, e demonstrar essa gratidão com seu modo de vida, sempre dentro dos preceitos da sublime instituição. A Maçonaria agrega um grupo de iniciados que, além de amarem o próximo, amam a si mesmo, evoluindo mentalmente, sempre na procura e busca incessante do saber. A Maçonaria não oferece nenhuma vantagem aos seus membros, a não ser no que diz respeito à Solidariedade, à Fraternidade e ao aprimoramento moral e intelectual.

Como se reconhece um Maçom? O maçom é reconhecido pela sua conduta. O maçom foi “pescado no mundo profano” independente da vontade do G∴A∴D∴U∴, ele foi escolhido entre milhões de pessoas. Portanto, é um privilégio ser maçom, e por ser um privilégio temos que fazer jus a essa condição de seres diferenciados.

Após essas breves considerações, passemos a pensar e a refletir: Que maçom eu sou ou, que maçom quero ser.

CONCLUSÃO

A interpretação filosófica é muito importante na nossa vida. Como comprovação, analisemos uma frase muito antiga, que diz: “O homem só será completo quando plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”. Isso é muito interessante, mas devemos analisar essa frase pelo seu cunho filosófico.

– plantar uma árvore significa toda nossa participação na conservação do nosso mundo, qual é importante preservarmos o local em que vivemos, é nossa contribuição à natureza, melhorando essa terra que nos foi cedida por empréstimo para que aqui vivêssemos um período, longo ou curto, mas sempre deixando algo de bom;
– ter um filho é bem diferente de fazer um filho, pois fazer qualquer um faz, mas ter, somente aqueles que querem dar continuidade às suas obras, para não parar o trabalho iniciado em benefício do planeta e dos que aqui habitam;
– escrever um livro é a garantia que suas obras serão eternizadas, aquilo de bom plantado estará gravado para eternidade, servindo como fonte de estudos para as gerações futuras.

Esse é o nosso pensamento sobre essa frase milenar e importante, tão importante como a própria maçonaria, pela sua essência filosófica e interpretativa, como o que deixamos acima transcrito.

Pode parecer que essa estória seja até um pouco forçada, mas eu não duvido que esteja tão fora da realidade de boa parte dos irmãos. Aqui nós procuramos enfocar alguns casos imaginários e esporádicos, os temas podem variar em maior ou menor intensidade, mas com certeza estão presentes em muitos dos irmãos de lojas. O que aqui foi escrito teve um único objetivo: fazer os irmãos pensarem em que tipo de maçom, eles estão se transformando. Estão realmente polindo a pedra bruta, estão realmente evoluindo? Os irmãos realmente o reconhecem com Maçom? É só para pensar e refletir.

BIBLIOGRAFIA
– Lázaro Chaves; Mantenedor da página “Cultura Brasileira” disponível em Cultura Brasil Acesso 01-11-2009
– Apostila de 1ª Instrução do Grau de Aprendiz.
– FORATO, Denílson, deslumbramento Maçônico, Revista Universo
Maçônico, Ano II nº 5 – 2008.
– Da CAMINO. Rizzardo. Rito Escocês Antigo e Aceito 1º ao 33º.
São Paulo Ed. Madras, 2007.
– Você pertence a Ordem Maçônica? O Maçom,
Franca ano I nº 2, maio/junho 2009.
– NUNES, Marco Antonio, Distantes das Colunas, O Companheiro,
Araraquara, ano XXII, Ed. 77 Outubro/Novembro/Dezembro 2008 Pg. 21.

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